Por Sabrina Lorenzi.
RIO DE JANEIRO, 26 Abr (Reuters) - A Vale fechou
nesta sexta-feira acordo com a Argentina para sair do projeto de potássio Rio
Colorado, após um conturbado processo que incluiu ordens da Justiça e do
governo local proibindo a empresa de deixar as instalações e demitir os 6,5 mil
funcionários do empreendimento.
A segunda maior mineradora do mundo assinou
contrato com o governo argentino para deixar pacificamente o projeto, disse
nesta sexta-feira à Reuters uma porta-voz da companhia, sem dar maiores
detalhes sobre as condições do acordo.
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, já havia
declarado na véspera que a companhia estava em vias de negociar sua saída
"da forma mais serena e pacífica possível".
A Vale continuará com a concessão para explorar o
potássio da mina por até quatro anos, conforme prevê a lei argentina, e
continuará tentando vender o projeto para compensar os investimentos
realizados, informou a porta-voz. E caso a empresa encontre um sócio
financeiro, poderá até eventualmente retomar o projeto, acrescentou.
A maior empresa privada do Brasil anunciou decisão
de suspender Rio Colorado no começo de março, após tentar negociar por meses
com o governo argentino melhores condições para permanecer no projeto.
O anúncio da suspensão desagradou as autoridades do
país, que dias depois ameaçaram retirar a concessão da Vale e proibiram a
companhia de demitir os funcionários.
A empresa colocou o projeto em revisão em abril de
2012 devido a preocupações com inflação, impostos, infraestrutura e política
cambial, segundo disse na ocasião o presidente da companhia.
A Vale já desembolsou 2,5 bilhões de dólares no
projeto orçado oficialmente em 6 bilhões de dólares. Mas o total do projeto
poderia chegar a 10,9 bilhões de dólares devido a aumento de custos e a novas
condições econômicas, segundo estimativas de analistas.
Mesmo em meio às
incertezas sobre Rio Colorado, a Vale investiu 308 milhões de dólares no
primeiro trimestre no projeto, e um total de 611 milhões de dólares estão
previstos para este ano.
Parte dos recursos
deverão ser usados para que a empresa honre seus compromissos no país,
lembraram executivos da Vale na quarta-feira em teleconferência para detalhar
seu resultados financeiros.
Localizado na província
de Mendoza, o projeto planejado para uma capacidade de produção de 4,3 milhões
de toneladas anuais de potássio inclui, além da mina, 800 quilômetros de
ferrovia e um terminal no porto de Bahía Blanca, ao sul de Buenos Aires.
Em dezembro, pouco antes
de colocar os funcionários na Argentina em licença remunerada e suspender as
obras, a Vale disse que estava buscando um parceiro para negociar parte do
projeto e ajudar a arcar com os custos, num momento em que a mineradora tentava
concentrar investimentos no seu negócio principal, de minério de ferro.
A presidente Dilma Rousseff disse na quinta-feira, após encontro com a
presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que confiava em um acordo entre
Vale e o governo daquele país.
"O diálogo é o melhor
caminho para encontrar soluções. Por isso temos a convicção de que a empresa
brasileira Vale... encontrará um caminho para construir o melhor acordo
possível com as autoridades da Argentina", disse Dilma em uma breve
declaração após a reunião.
A presidente Dilma Rousseff disse na quinta-feira, após encontro com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que confiava em um acordo entre Vale e o governo daquele país.
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