quarta-feira, 7 de maio de 2014

Guerra nos bastidores da Ciência: o que há por trás da previsão de fracasso do esqueleto-robô da Copa.


O ex-presidente Lula em visita recente ao laboratório do projeto Andar de Novo montado na Associação à Criança com Deficiência (AACD), em São Paulo. 
Fotos: Roberto Stuckert/Instituto Lula e Facebook de Nicolelis

Se você pensa que jogo bruto, rasteiras e tentativas de assassinato de reputação são coisas da política, prepara-se para conhecer os bastidores de uma guerra na ciência de ponta. Vai se surpreender como nós.

Divergências são comuns no mundo acadêmico. Fazem parte da evolução do conhecimento científico. Certas disputas, porém, viram carnificina.

Em 12 de junho, na abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, em São Paulo, o mundo assistirá ao vivo a demonstração de um salto da ciência: um jovem paraplégico, “vestindo” uma  “roupa robótica” (exoesqueleto), dará o chute inaugural na cerimônia.

É apenas a primeira etapa do projeto Andar de Novo, liderado pelo o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis  e do participam 156 pesquisadores do Brasil, EUA, Inglaterra, França, Suíça, Alemanha, Portugal, Chile, entre outros países.

O objetivo dessa pesquisa, no futuro, é permitir que paraplégicos possam andar novamente.

Porém, Nicolelis e o projeto Andar de Novo estão sendo alvejados por alguns pesquisadores que tentam transformar esse momento histórico da ciência brasileira em algo ruim.

Em 29 de março, reportagem publicada pela Folha de S. Paulo traz críticas ao seu trabalho.  Diz a matéria:

Edward Tehovnik, pesquisador do Instituto do Cérebro da UFRN, chegou a trabalhar com Nicolelis, mas rompeu com o cientista, que o demitiu. Ele questiona quanto da demonstração de junho será controlada pelo exoesqueleto e quanto será controlada pelo cérebro da criança.

“Minha análise, baseada nos dados publicados, sugere que menos de 1% do sinal virá do cérebro da criança. Os outros 99% virão do robô”. E ele pergunta: “Será mesmo a criança paralisada que vai chutar a bola?”.

Sergio Neuenschwander, professor titular da UFRN, diz que a opção pelo EEG é uma mudança muito profunda no projeto original. Ele diz que é possível usar sinais de EEG para dar comandos ao robô, mas isso é diferente de obter o que seria o código neural de andar, sentar, chutar etc.

“O fato de ele ter optado por uma mudança de técnica mostra o tamanho do desafio pela frente.”

Engana-se quem acha que por trás desses ataques estejam razões puramente científicas.

Há guerra de egos, inveja do sucesso alheio, brigas pelo poder, disputas por verbas e até motivos ideológicos. Nicolelis vota abertamente em Lula, Dilma e no PT. E os seus pares (a esmagadora maioria) e a mídia não perdoam o seu posicionamento político. Já um dos seus críticos é antipetista, como perceberão mais adiante.

Mergulhamos então na internet. Ouvimos várias pessoas, entre os quais pesquisadores e alunos, para conhecer melhor os pesquisadores entrevistados pela Folha  e tentar entender o que está acontecendo.

Miguel Nicolelis é pesquisador e professor da Universidade  Duke, nos EUA,  e coordenador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), no Brasil.

Em junho de 2011, o IINN-ELS, criado por ele em 2005, passou por uma cisão.

O professor Sidarta Ribeiro deixou a instituição. Foi dirigir o Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Neuenschwander faz parte do grupo que acompanhou Ribeiro.

Tehovnik, que em fevereiro já havia detonado Nicolelis na mesma Folha, foi para o Instituto do Cérebro em 2012, após ser demitido do IINN-ELS por falta de produção científica.

Com base nessa e em outras informações levantadas, o Viomundo pediu a Tehovnik e Neuenschwander, via e-mail, que esclarecessem as críticas e outras questões surgidas na apuração desta matéria. Reafirmamos a solicitação outras vezes. Nenhum respondeu.

FONTES DA FOLHA NUNCA TRABALHARAM COM INTERAÇÃO CÉREBRO-MÁQUINA

É de 1985 o primeiro artigo cogitando a possibilidade de interação do cérebro com computador  — a chamada interface  cérebro-máquina.

Em 1999, Nicolelis e seu colega John Chapin, da Universidade Duke (EUA), comprovaram isso num estudo pioneiro com ratos. Em 2000, demonstraram em macacos. Em 2004, em seres humanos.

A interface cérebro-máquina é uma das áreas da ciência onde avanços estão ocorrendo. Tanto que, em 2011, a Fundação Nobel (a mesma dos prêmios) realizou, em Estocolmo, Suécia, um simpósio chamado 3 M: Mente, Máquinas e Moléculas.

Fizemos uma busca no Pubmed, considerada uma das maiores base de dados  de publicações científicas e de pesquisas biomédicas. Até 24 de abril, 1.789 artigos sobre a interface cérebro-máquina tinham sido publicados no mundo.

Em 2000, foram 19. Em 2005, 60.  Em 2010, 170. Em 2013, 309. Este ano já somam 97.

Na semana passada, Miguel Nicolelis, postou na sua página no Facebook:

Precisamente às 12:21 do dia 29/04/2014, o BRA-Santos Dumont 1 deu os seus primeiros passos e chute controlados pela atividade cerebral de um paciente do projeto Andar de Novo que também experimentou a sensação tátil desses movimentos do exoesqueleto.

BRA-Santos Dumont 1 é o nome que recebeu  o primeiro exoesqueletoOs testes estão demonstrando que o conceito de controlar os movimentos do exoesqueleto pelo cérebro – a chamada interface cérebro-máquina — funciona e é viável.

Tehovnik, no entanto, contesta a validade científica da interface cérebro-máquina assim como do projeto Andar de Novo.

Curiosamente, ele Neuenschwander não têm experiência com interface cérebro-máquina para reabilitação motora. Eles nunca trabalharam nem participaram de projeto de pesquisa na área. Também não têm publicação original na área.

O mais próximo que Tehovnik chegou foi o artigo de revisão “Transfer of information by BMI”, feito com mais dois autores e publicado na Neuroscience, em 2013.

Aí, sem experimento nenhum, apenas com base em alguns cálculos em computador, ele conclui que “mais pesquisas sobre a compreensão de como o cérebro gera movimento são necessárias antes de ICM poder se tornar uma opção razoável para pacientes paraplégicos”.

Para quem não sabe, a conclusão que “mais pesquisas são necessárias para compreensão de fenômeno X” é um lugar comum na literatura científica, geralmente utilizada quando o pesquisador não tem nada a concluir.

POUCOS TRABALHOS CIENTÍFICOS PUBLICADOS NOS ÚLTIMOS ANOS

Sergio Neuenschwander é brasileiro e sua área de pesquisa, a visão. Atualmente é professor titular do Instituto do Cérebro da UFRN.

Durante mais de 10 anos, atuou num dos mais sofisticados institutos de neurociência da Europa, o Instituto Max Planck, na Alemanha. Aí, fez pós-doutorado e trabalhou no laboratório do conceituado neurofisiologista Wolf Singer.

A ideia inicial era Neuenschwander trabalhar no IINN-ELS, mas,  devido à cisão, nem chegou a atuar na instituição.

seu nome aparece, junto com o de vários outros cientistas, como um dos responsáveis pela concepção do projeto de repatriação de capital humano, que está na origem tanto do IINN-ELS quanto do Instituto do Cérebro/UFRN.

Acontece que ele só voltou ao Brasil em 2011. Pedimos uma cópia de documentos oficiais que demonstrassem essa participação. Não enviou.

Segundo o Pubmed, Neuenschwander não publicou nenhum trabalho de relevância internacional desde a sua ida para o Instituto do Cérebro/UFRN. As suas 14 publicações listadas nessa base de dados são da época no Max Planck.

Já Tehovnik é canadense. Fez boa parte da carreira no laboratório de Peter Schiller, professor de fisiologia médica, sistema visual e sistema oculomotor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA.

Em 2009, veio ao Brasil pela primeira vez. Foi para assumir a vaga de professor adjunto na UFRN. Poucos meses depois pediu demissão.

No final de 2010, retornou. Foi trabalhar no IINN-ELS, onde recebeu uma bolsa DTI (desenvolvimento tecnológico industrial), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ficou até  janeiro de 2012, quando foi demitido.

Ainda em 2012, prestou concurso para professor de Neuroengenharia no Instituto do Cérebro/UFRN. Foi reprovado.

Atualmente, com bolsa do CNPq, é pesquisador sênior visitante no laboratório de Sergio Neuenschwander. De acordo com o Pubmed, nos últimos cinco anos, publicou quatro trabalhos científicos originais, sendo três de revisão. Apenas um envolveu experimentos feitos nos tempos de MIT.

ALÉM DE NICOLELIS, PESQUISADOR ATIRA CONTRA BRASIL, BRASILEIROS E O PT

O Research Gate é uma rede social para cientistas de todas as áreas. É como um Facebook para pesquisadores. Aí, compartilham seus artigos, comentam, fazem discussão científica.
Tehovnik tem uma conta aí. Parece metralhadora giratória.

Alguns exemplos.


 

Nele, o dr. Tehovnik diz:

Vamos comparar dois estilos de vida no Brasil. Primeiro, Paulinha, de Natal, Brasil, que é uma trabalhadora doméstica com nove filhos. Todo mês ela recebe R$ 500 do governo brasileiro, através do programa Bolsa Família. Também a cada mês Paulinha recebe um cheque de R$ 500 para a limpeza de casas durante cinco dias por semana, 8 horas por dia. Sua renda mensal total é de R$ 1 mil.


Contudo, para os R$ 500 Reais (do governo ), Paulinha vota para o partido político que lhe proporciona o apoio financeiro, ou seja, do partido PT de Lula (já que eles estão atualmente no poder) .

Em segundo lugar, temos Edward que é um cientista em Natal, Brasil. Todos os meses, ele e sua família recebem R$ 10 mil reais de um investimento no banco HSBC mais R$ 5 mil do governo federal brasileiro por bolsa científica do CNPq.

… Embora Edward não possa votar (pois ele é um estrangeiro) sua esposa, uma brasileira, vota contra do PT de Lula. Ao contrário de Paulinha, sua esposa sabe que o PT é corrupto (infelizmente  muito parecido com todos os outros partidos) .


O governo brasileiro tem investido milhões de dólares nas ideias de Miguel Nicolelis. Quais serão as consequências para a Ciência brasileira de um jovem paraplégico dar um chute numa bola, na abertura da Copa do Mundo?

A fraude na pesquisa de clonagem na Coreia do Sul quebrou a autoestima da ciência daquele país.

Será que o mesmo aconteceria com a ciência brasileira?


Em cima desses dois textos, perguntamos a Tehovnik nas mensagens que lhe enviamos:

* Qual sua opinião sobre o atual governo brasileiro?

* E sobre a situação atual do Brasil?

Imediatamente após dizer que a fraude na pesquisa de clonagem na Coreia do Sul quebrou a autoestima da ciência daquele país, o senhor pergunta: “Será que o mesmo aconteceria com a ciência brasileira?” O que exatamente o senhor quer dizer ao tentar comparar a fraude na Coreia do Sul com o projeto do professor Miguel Nicolelis?

Tehovnik não respondeu.

A propósito, no texto Perdido na tradução (Lost in translation), ele afirma:

… em Brasília, no gabinete do ministro Fernando Haddad, em agosto de 2011, nos foi assegurado pela tradução do professor Nicolelis que o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte acabara de ser demitido.


“Mentira!”, segundo outro participante. “Nem Nicolelis nem qualquer outra pessoa presente à reunião nunca disseram que o reitor da UFRN tinha sido demitido”, salienta.

SOBROU ATÉ PARA O VIOMUNDO: NOS CHAMA DE PAPAGAIOS NICOLELIANOS

Antes que perguntem, a repórter antecipa: Neuenschwander e Tehovnik receberam as perguntas do Viomundo.

Uma das provas: mensagem de Tehvonik a Larry C. Woods, com cópia para várias pessoas, entre as quais, Neuenschwander e Sidarta Ribeiro. Um dos copiados reenviou esse e-mail para a repórter, assim como a resposta de Larry C.Woods para Tehvonik.

Assunto: Os papagaios nicolelianos estão de volta! 

Os papagaios somos nós, do Viomundo. No corpo do e-mail, a mensagem que esta repórter havia mandado naquele dia, 10 de abril, um pouco mais cedo, dizendo que era o último prazo para ele responder nossas perguntas.


LARRY SUGERE QUE TEHOVNIK MANDE NICOLELIS “SE FODER’ E VIRA UM MISTÉRIO

Larry C. Woods  baixa ainda mais o nível dos ataques a Nicolelis, revelando o submundo da Ciência e um enigma.

Larry responde para Tehovnik:

Saudações Ed:

Lembre-se sempre de que este arrogante papagaio [aí, ele refere a Nicolelis] “não é teu chefe”!

Eu posso dizer pelo jeito e tom que ele geralmente intimida todas as pessoas.

Mande ele “se foder”!

Será que a informação vem do Researchgate?

Talvez ele tenha tido acesso a alguns dos seus e-mails.

Romulo Fuentes (o sapo) e Antonio Pereira (a toupeira) são meus suspeitos.

Cumprimentos,

Larry

 

Um cientista note-americano a quem mostrei esse e-mail ficou pasmo. Segundo ele, nos EUA, cientista não usa palavrão em e-mail para várias pessoas.

Larry tem inglês abrasileirado e entende português. Foi capaz de compreender as perguntas do Viomundo. Também conhece bem a pequena comunidade que trabalha com neurociência, em Natal. Tanto que cita Nicolelis, Rômulo Fuentes, diretor do IINN-ELS, e Antônio Pereira, do Instituto do Cérebro/UFRN.

Larry C. Woods é LC Woods, o segundo autor do artigo de revisão “Transfer of information by BMI”, publicado por Tehovnik, em 2013 na Neuroscience.

A sua “gentileza” nos motivou saber mais dele, para entrevistá-lo.

Só que – acreditem! — Larry C Woods virou um grande mistério.

Na internet, não encontramos  nenhum currículo em nome do L C Woods, Lawrence ou Larry C. Woods.

Na base de busca de dados científicos, não há  nenhuma informação sobre qualquer Larry C. Woods com experiência no campo da neurociência.

Também não aparece na base de dados unificada brasileira online para os pesquisadores, onde qualquer pesquisador com afiliação primária a uma instituição acadêmica brasileira está listado.

Na internet, ele só aparece no perfil que tem no Research Gate. Aí, ligado a Tehovnik (devido ao artigo de revisão) e ao Instituto do Cérebro da UFRN. É como também se apresenta no trabalho publicado na Neuroscience.



Tentamos localizá-lo no Instituto do Cérebro da UFRN.

Perguntamos para alguns alunos, nada.

Além de e-mail para o próprio, escrevemos para Tehovnik, Neunschwander, Sidarta Ribeiro e Martim Cammarota (respectivamente diretor e diretor-administrativo da instituição). Até para a reitora. Estranhamente, nenhuma resposta.

Uma única pessoa do setor administrativo disse: ”Sim, o pesquisador Larry está conosco. Repassarei a sua mensagem para ele”. Ele, porém, não nos contatou.

Pedimos ajuda à a secretária-executiva do Instituto do Cérebro. Tanto por telefone quanto por e-mail ela  foi peremptória: Larry C. Woods não faz parte do Instituto do Cérebro.


Diante da busca infrutífera, só me restou pedir ajuda ao editor-chefe da Neuroscience, Stephen Lisberger, para esclarecer o mistério. Afinal, Larry C. Woods é coautor de artigo que saiu na publicação que ele dirige.

O dr. Lisberger diz que “LC Woods existe”,  mas não deu nenhuma prova da existência, apesar da nossa insistência.

E o mistério Larry C. Woods continua.

Seria um estudante começando a carreira?

Ou alguém da área técnica?

Teria sido do Instituto do Cérebro e foi para outra universidade?

Por que não tem rastros dele na internet, exceto o perfil no Research Gate, que o liga a Tehovnik?

Seria um pseudônimo para esconder a sua verdadeira identidade? Se sim, por quê? Qual a sua verdadeira identidade?

Se for um nome fake, seria correto usá-lo numa publicação científica do gabarito da Neuroscience?

Diante disso tudo, deixo duas perguntas para vocês:

1.Os pesquisadores  usados pela Folha (um deles associado ao ainda misterioso Larry) têm condições científicas para tentar assassinar a reputação de Nicolelis?

2. A bolsa do CNPq a Tehovnik não seria melhor utilizada se fosse destinada a um jovem cientista brasileiro que estivesse a fim de produzir?

Em tempo 1. Acabo de descobrir que o professor Neuenschwander tem um biotério com macacos no Instituto do Cérebro/UFRN. Um deles se chamaria de “Larry”.


Seria o Larry que estamos procurando?! Larry, mostra o currículo, com foto, CPF e RG!

Em tempo 2. Para Nicolelis (aqui e aqui), as declarações contra o seu trabalho são “mais uma tentativa de ataque pessoal. Nós, de nossa parte, continuamos a fazer aquilo que sabemos fazer bem: trabalhar pelo avanço da ciência brasileira”.

Conceição Lemes
No Viomundo


Link: http://www.contextolivre.com.br/2014/05/guerra-nos-bastidores-da-ciencia-o-que.html

Brasil pretende comprar mísseis de cruzeiro norte-americanos.

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Foto: www.naval-technology.com

O Brasil pretende comprar aos EUA mísseis de cruzeiro anti-navio Harpoon, segundo relata a imprensa brasileira, citando uma notificação da direção de cooperação militar do Pentágono, encaminhada na terça-feira ao Congresso dos EUA.

Trata-se de um possível contrato de 169 milhões de dólares, o qual, como se segue da carta do Departamento de Defesa dos EUA, já tem recebido a "luz verde" por parte do Departamento de Estado.
O Brasil está interessado em comprar 16 mísseis de combate Harpoon Block II, de modificação AGM- 84L, e quatro mísseis para treinamento. Os mísseis serão utilizados com as aeronaves P-3 Orion, usadas pela Força Aérea Brasileira para patrulhar a costa e as águas territoriais.
De acordo com o Pentágono, a proposta de venda de mísseis Harpoon e sua manutenção técnica posterior "não alterarão o equilíbrio militar na região nem terão um impacto adverso" na capacidade norte-americana de resposta (militar). O Congresso dos EUA tem agora 30 dias para decidir se fará alguma objeção à transação proposta.


Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_05_07/Brasil-pretende-comprar-m-sseis-de-cruzeiro-norte-americanos-3138/

terça-feira, 6 de maio de 2014

Para onde ia a cocaína do helicóptero dos Perrellas e o envolvimento da agência antidrogas dos EUA.

Postado em 05 mai 2014
helicoca
Alguns dias depois da segunda maior apreensão de drogas no Espírito Santo, o juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa recebeu em seu gabinete o agente da Polícia Federal Rafael Pacheco. Ele estava acompanhado de dois homens que falavam português com sotaque.
Apresentaram-se ao juiz como agentes da DEA – a agência antidrogas americana. Os investigadores estrangeiros queriam saber o local do pouso do helicóptero que trouxe de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, pelo menos 445 quilos de pasta base de cocaína. O local do pouso estava registrado no GPS da aeronave.
A conversa era informal e se alongou. Os agentes da DEA contaram ao juiz que, assim como o México é a rota da droga para os Estados Unidos, o Brasil se transformou no principal corredor da cocaína exportada para a Europa.
Os números oficiais confirmam essa informação. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas, divulgado semana passada pela Organização das Nações Unidas, a polícia na Europa apreende cada vez mais droga embarcada no Brasil.
Em 2005, foram 25 apreensões (ou 339 quilos). Esse número saltou para 260 (uma tonelada e meia) em 2009. Para cada apreensão de droga, há uma estimativa de que outras dez passem longe da vigilância policial.
É um negócio altamente rentável, como mostra a investigação da Polícia Federal no caso da droga apreendida em Afonso Cláudio, no Espírito Santo.
Numa troca de mensagens encontrada no celular do piloto da família Perrella, Rogério Antunes Almeida, ele conta o que estava transportando:
– Sabe quanto estou levando dentro da máquina? R$ 4 milhões. Em pó.
O homem com quem Rogério conversa foi identificado como Éder Pereira Mendes, primo do piloto, que responde:
– Nooooooooooossssssssssssaaaaaaaaaaaa.
Rogério continua:
– É besta, imagina se fosse tudo nosso. KKKKKK
– Eu sentia um trosso (sic), diz Éder.
– O trem é doido.
E Éder sonha:
– Eu ia comprar um carrinho pra mim.
O deslumbramento dos dois e a franqueza da conversa chamaram a atenção da polícia. Rogério não demonstrou nenhum receio de que a viagem pudesse terminar com ele deitado no chão, com as mãos algemadas para trás. Até brincou com Éder sobre a carga que transportava:
– Vou tirar uma foto, você mostra o tio Tonin e fala para ele dar uma xeradinha (sic).
A droga que Rogério carregava foi negociada com a participação intensa de Robson Ferreira Dias, apresentado pela Polícia Federal como comerciante em Araruama.
Um diálogo encontrado no celular de Robson mostra uma conversa dele com um homem que usa o codinome NewHi5, que mora na Colômbia. Um mês antes da apreensão no Espírito Santo, Robson combina com NewHi5 um voo para Medellin, via Panamá, onde pretende acertar detalhes para um “projeto”.
A viagem efetivamente acontece, o que indica que a droga encontrada no Espírito Santo pode ter sido negociada com o cartel colombiano.
No celular de Robson, também é encontrada uma troca de mensagem que cita um homem que mora em Amsterdã, na Holanda, identificado como Jimi.  Robson acerta detalhes para enviar “convites” para lá.
Segundo o relatório da investigação, assinado pela delegada Aline Pedrini Cuzzuol, a Polícia Federal diz que “nada do que foi obtido nos autos permitiu concluir sobre a destinação final da droga, cuja suspeita é de remessa para a Europa, via África, por navio cargueiro”.
O que se sabe de Robson é muito pouco além de que, no dia 24 de novembro, se encontrava no Espírito Santo, a bordo de um veículo Polo de sua propriedade.
Ele tem 56 anos, usa o codinome Vovô nas mensagens com outros integrantes da quadrilha, é casado com uma mulher bem mais jovem e tem um filho que foi buscá-lo na cadeia no dia em que, por decisão judicial, foi colocado em liberdade.
Até a denúncia por tráfico internacional, sua ficha na polícia apontava uma ocorrência sem gravidade: uma acusação de lesão corporal.
Robson voltou para Araruama, no Rio de Janeiro, sem embarcar a droga para a Europa. Os 445 quilos de pasta base de cocaína foram levados para a Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo, que já pediu autorização judicial para queimá-la.
A cocaína apreendida
A cocaína apreendida
A data da incineração já está marcada. É junho, durante a Semana Nacional de Combate às Drogas. Mas quem colocaria a mão no fogo para assegurar que os pacotes queimados conterão a valiosa pasta base de cocaína?
“Talvez queimem um pouco, mas a maior parte volta para o mercado”, comentou um policial civil de São Paulo, com experiência em investigação de narcóticos. O que impede que no lugar da cocaína seja colocada farinha, cal ou talco?
O Ministério Público Federal poderia fazer esse acompanhamento, pois tem o controle externo da Polícia Federal. Mas o procurador da República que fez a denúncia contra os traficantes abandonou o caso e se colocou na condição de testemunha de defesa dos acusados e sustenta que a prova que levou ao flagrante é nula, pois baseada em grampos ilegais.
Com os quatro acusados de tráfico soltos, o juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa examina a possibilidade de anular o processo, enquanto o Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro, decide, em grau de recurso, se o helicóptero deve ser devolvido à família Perrella.
Já no Paraguai, um departamento de investigação antidrogas efetuou prisões em Pedro Juan Caballerro que não chegou a ser noticiada no Brasil. É que, naquela conversa com o juiz federal em Vitória, os agentes da DEA conseguiram as coordenadas do GPS e acionaram um escritório patrocinado pela agência americana em território paraguaio.
Os agentes foram até a propriedade rural em Pedro Juan Caballerro, apreenderam outros 300 quilos de pasta base e prenderam traficantes. Nem a investigação do Paraguai nem a do Brasil apontaram para o mais importante: quem são os financiadores do tráfico?
Sobre o Autor - joaquim.gil@ig.com.br - Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. 

ALUMAR VAI DEMITIR 500 PAIS DE FAMÍLIAS - Trabalhadores da Alumar Realizam Paralisação na Rodovia BR 135.