sábado, 3 de janeiro de 2015

Hidrelétrica chinesa supera Itaipu em geração de energia.

China, energia elétrica, Brasil, economia, central hidroelétrica
© Foto: heninen.net

A central hidrelétrica da barragem de Três Gargantas, na China, considerada a maior infraestrutura do tipo no planeta, superou em 2014 a de Itaipu, construída em parceria entre o Brasil e o Paraguai, como a maior produtora de eletricidade do mundo. 

Segundo nota da agência estatal chinesa Xinhua, a companhia que gere a central, China Three Gorges, produziu 98,8 milhões de megawatts por hora (MWh) no ano passado, ultrapassando a marca da hidrelétrica sul-americana, que produziu 87,8 milhões de MWh. Itaipu perde assim o primeiro lugar no ranking mundial, conquistado consecutivamente em 2012 e 2013, ano em que gerou 98,6 milhões de MWh. 

De acordo com a operadora chinesa, a quantidade de energia produzida em 2014 permitiu poupar 49 milhões de toneladas de carvão, que continua a ser a principal fonte de energia da China, bem como evitar a emissão de 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, principal responsável pelo aquecimento global.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Durante posse Ricardo Berzoine mantêm promessa de democratizar a mídia.

Em novo artigo, a jornalista Tereza Cruvinel, colunista do 247, informa que a inspiração para o projeto de regulação dos meios de comunicação, no Brasil, poderá vir da Entidade Reguladora para Comunicação Social, de Portugal, agência que, em 2010, participou de um seminário sobre o tema organizado pelo ex-ministro Franklin Martins; antes disso, porém, o ministro Ricardo Berzoini deve começar esta batalha pela regulamentação dos artigos da Constituição (220 a 223) que tratam de comunicação; "no conjunto, eles proíbem monopólios e oligopólios, obrigam a produção de conteúdos regionais (hoje no Brasil concentrados no eixo Rio-SP), garantem a liberdade de expressão e os direitos do cidadão", diz ela; leia a íntegra e saiba como foi a posse de Berzoini.

Foto - Brasil 247.

2 DE JANEIRO DE 2015 - Por Tereza Cruvinel.

Sem fazer uso uma só vez da expressão anatemizada “regulação da mídia”,  o novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, tomou posse hoje no cargo reiterando a disposição de abrir um amplo debate com a sociedade brasileira sobre os melhores caminhos para tornar mais efetiva e mais democrática a atividade de comunicação no Brasil.  “A liberdade de expressão deve ser um valor assimilado por cada cidadão, e sob esta premissa podemos avançar na consolidação da democracia,. que não deve reduzir-se ao direito de votar.  A democracia deve assegurar também, entre outros direitos, o de consumir e difundir informação e, principalmente, o de participar livremente  da construção de um conjunto de ideias e valores pelo nosso próprio povo”.
Em entrevista coletiva a seguir, ele evitou fixar cronograma para o início desta ou de  qualquer outra ação do ministério mas,  respondendo à pergunta desta colunista do 247, admitiu que pode tomar a iniciativa de propor a regulamentação dos artigos 221, 222 e 223 da Constituição, que nunca foram regulamentados.   “A regulamentação é tarefa do Congresso mas nós podemos propor e estimular a tramitação desta matéria; A regulamentação seria uma boa oportunidade para ampliar o debate e fazer com que toda a população saiba do que estamos falando.
De garantir o direito à comunicação, dentro do marco intocável da liberdade de expressão”... Estes artigos vedam o monopólio e o oligopólio no setor, exigem diversidade regional na produção de conteúdos, pluralidade e equilíbrio entre os sistemas estatal, público e privado de radiodifusão. Com base no artigo 223, foi criada a EBC para implantar o sistema público.
Berzoini quer reler o projeto de regulação deixado pelo ex-ministro Franklin Martins e conhecer outra experiências regulatórias, como a de Portugal, que segundo a coluna Painel, da Folha,  poderia ser o modelo adotado. Nenhum modelo será copiado, diz ele, mas todos serão examinados.  Nenhuma proposta, acrescenta, será apresentada antes da ocorrência do diálogo e do debate com a sociedade e os setores envolvidos. Por isso vale conhecer mais a experiência da agência portuguesa, a ERP.
Agência reguladora da mídia em Portugal, defende os interesses do cidadão diante dos meios.

A ERC – Entidade Reguladora para Comunicação Social, de Portugal, foi uma das agências internacionais de regulação da mídia que participaram, no final de 2010, do seminário sobre o tema organizado pelo então ministro-chefe da SECM, Franklin Martins. O seminário recolheu subsídios para o projeto que, acolhido por Lula, foi entregue à sucessora Dilma Rousseff, e esta o repassou ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
A ERP foi criada em 2005, como agência pública dotada de autonomia administrativa e financeira, nos moldes de nossas agencias reguladoras de serviços públicos, como ANP, Anatel e Aneel. Ela dispõe de um Conselho Regulador, composto por quarto membros indicados pelo Congresso e um escolhido pelos pares. Este conselho traça as diretrizes de ação, que são implementadas por uma diretoria executiva.
Há também um conselho fiscalizador da própria gestão da ERP. Compete à agência regular e supervisionar todos os meios de comunicação, privados e públicos (estes últimos são muito fortes em Portugal, ao contrário do Brasil, onde a EBC ainda é um projeto nascente) buscando assegurar a observância dos direitos e deveres constitucionais.
A liberdade de imprensa, o direito à informação, a independência dos “media”, como eles dizem, em relação aos poderes político e economico. Seu regimento diz também que a mídia deve expresser o confronto entre as diversas correntes de opinião, evitando a prevalência de “pensamento único” sobre qualquer tema. Garante ainda o direito de resposta e ao contráditório em casos de veiculação de informação mentirosa, caluniosa, falsa ou distorcida. O leitor que diga honestamente: tudo isso não está fazendo falta aqui no Brasil? Não para censurar ninguém, mas para garantir ao cidadão uma boa informação. Não se faz democracia sem cidadãos bem informados.
Atualmente a ERC decide questões (levadas a ela por pessoas físicas ou jurídicas) sobre garantias da liberdade imprensa, direito de resposta, programação televisiva, direitos dos jornalistas, concessões de canais de radiodifusão, pluralismo, entre outros. Quase todos os países da Europa têm uma regra legal que exige o pluralismo (de opinião, de programação, de expressão da diversidade cultural, política e étnica) na programação dos veiculos de radiodifusão.
Afinal, eles são concessão do Estado a exploradores privados. Em 2014, a ERC determinou que não apenas o sistema público (encabeçado pela TV Pública RTP) estava obrigada a observar estes princípios mas também as emissoras privadas SIC e TVI.   Aqui no Brasil, a pluralidade está prevista na Constituição mas apenas a EBC e seus canais públicos (TV Brasil, rádios e Agência Brasil) têm obrigação legal de observância deste quesito, sob a fiscalização do Conselho Curador.
As concessões de canais são examinadas pelo órgão do Poder Executivo (o Ministério das Comunicações no caso do Brasil) mas precisam de um parecer favorável da ERP.

Neste momento em que o debate está apenas começando, a publicação do resumo do seminário de 2010 seria uma grande contribuição. Veriam os críticos e os temerosos que não há bicho de sete cabeças nesta questão, apenas um aprimoramento da democracia. Ou, o que seria melhor ainda, a reedição do seminário. A TV Brasil tem em seu site uma boa entrevista com o presidente da ERP, Carlos Magno Castanheira.

Segurança Pública - Força Nacional prorroga atuação por mais 90 dias no Maranhão e no Amazonas.

Aline Leal - Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli
Foto - Agencia Brasil.
A Força Nacional de Segurança prorrogou hoje (2) a permanência no Maranhão e nas regiões fronteiriças do Amazonas. 
As publicações, que saíram no Diário Oficial da União nesta sexta-feira, permitem que o reforço permaneça por mais 90 dias no Maranhão e seis meses no Amazonas.

A atuação da Força Nacional no Maranhão age a pedido do governo local e já dura 14 meses. O reforço atua no sistema prisional e no policiamento ostensivo da capital São Luís e região metropolitana e é baseado em um planejamento prévio entre as Instituições de Segurança Pública do estado. Os órgãos de segurança locais devem dar apoio logístico e a supervisionar a operação.

No Amazonas, a Força Nacional vai dar apoio às ações de Plano Estratégico de Fronteiras, do governo federal. O foco desta operação visa principalmente a combater os crimes de homicídio, roubo, tráfico de drogas e transporte de armas de fogo entre países vizinhos com o Brasil.

A operação é feita na região onde o Brasil faz fronteira com o Peru, com a Colômbia e com a Venezuela e, assim como no Maranhão,  terá apoio logístico e supervisão dos órgãos de segurança locais. No estado, 21 municípios que estão na faixa de fronteira e de divisas estaduais recebem as ações do Plano Estratégico de Fronteiras. 

Segundo o Ministério da Justiça, há operações permanentes da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, com apoio da Força Nacional de Segurança Pública.

A Força Nacional de Segurança Pública foi criada em 2004 para atender às necessidades emergenciais dos estados . Ela é formada pelos melhores policiais e bombeiros dos grupos de elite dos estados, que passam por um rigoroso treinamento na Academia Nacional de Polícia (da Polícia Federal), em Brasília, que vai de especialização em crises até direitos humanos.

Link original desta matéria: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-01/forca-nacional-renova-atuacao-no-maranhao-e-no-amazonas

Dilma dá posse a Juca Ferreira no Ministério da Cultura.

Durante a posse no Congresso Nacional Dilma Rousseff destacou o novo lema do governo federal: "Brasil, pátria educadora". (Fotos de Roberto Stuckert Filho/PR).

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, tomou posse na tarde desta quarta-feira (1/1) no Palácio do Planalto. Dilma Rousseff empossou também outros 38 titulares que vão comandar os ministérios em seu segundo mandato presidencial.
A transmissão de cargo da ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler, para Juca Ferreira deve ocorrer no próximo dia 12 de janeiro, em Brasília. Wanzeler ocupou o cargo por quase dois meses, após a saída de Marta Suplicy, que reassumiu sua cadeira no Senado Federal.
No Congresso Nacional, onde a presidenta Dilma fez seu discurso de posse, Juca Ferreira conversou com jornalistas. "Estou vindo da experiência de São Paulo, conheço as duas pontas: o governo federal e o poder local, então acho que posso ajudar", disse o ministro à Agência Brasil.
 
Foto - Pedro Vasconcelos.
Ferreira ocupou, nos últimos dois anos, o cargo de secretário municipal de Cultura de São Paulo. Antes, ele havia sido ministro da Cultura, de julho de 2008 a dezembro de 2010, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em sua primeira gestão à frente do Ministério da Cultura, Ferreira trabalhou na construção de importantes projetos de lei, como o do Vale-Cultura e do ProCultura, na modernização do direito autoral e principalmente na consolidação do Programa Cultura Viva, que busca fomentar atividades culturais já existentes por meio dos Pontos de Cultura e das manifestações culturais da diversidade brasileira.

Pátria educadora - Dilma disse, em seu discurso, que o governo vai investir no Plano de Banda Larga nos próximos anos e lembrou a importância da aprovação, no ano passado, da lei do Marco Civil da Internet. Os dois temas são fundamentais para o futuro da produção cultural.

Outra questão relacionada à Cultura é o novo lema do governo, com ênfase na educação. Dilma anunciou que a ideia central daqui para frente será "Brasil, pátria educadora". "Estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar em todas as ações do governo um sentido formador, uma prática cidadã", afirmou Dilma.
Assessoria de Comunicação 
Ministério da Cultura

Brasil - Awá-guajás estabelecem contato com índios isolados de reserva maranhense.

 Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil.


Edição: Graça Adjuto.

Após décadas resistindo ao contato com outras pessoas, inclusive de sua própria etnia, três índios awá-guajás que viviam isolados no interior da Terra Indígena Caru, na região oeste do Maranhão, aceitaram a aproximação de outros awá-guajás e seguiram com eles até aldeias onde vivem índios há tempos habituados ao contato com não índios.

Segundo o coordenador regional da Funai no Maranhão, Daniel Cunha de Carvalho, trata-se de duas mulheres e de um adolescente da mesma família (mãe, filho e avó) que moravam sozinhos.

No último domingo (28), um grupo aldeado de awá-guajás avistou a família enquanto procurava alimentos nas proximidades da aldeia Tiracambu. As circunstâncias do encontro ainda não estão claras, mas é possível que ao aceitarem a aproximação do grupo aldeado, as duas mulheres tenham identificado algum laço de parentesco com os aldeados, aceitando, assim, acompanhá-los até a aldeia.

O fato é tão incomum que a Funai interrompeu as férias do responsável pela Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados, Carlos Travassos, que viajou às pressas de Brasília para o Maranhão. Servidora da coordenadoria regional da fundação que também estava de férias teve que voltar ao trabalho e foi enviada à reserva indígena nessa segunda-feira (29) a fim de verificar a situação da jovem.

“Isso é um fato raro, já que há várias décadas esses grupos que vivem isolados têm resistido a fazer contato até mesmo com outros awás-guajás. Inicialmente, chegamos a imaginar que pudesse ter acontecido algo grave - como um problema de saúde ou reflexo da presença de madeireiros que atuam ilegalmente na terra indígena - e que se tratasse de uma tentativa de pedir ajuda”, disse Travassos.

De acordo com Carvalho, as duas mulheres e o adolescente passam bem. A Funai acionou o plano de contingência e pôs em prática as medidas necessárias à proteção dos índios isolados – suscetíveis a contrair alguma eventual doença contra a qual não tem proteção imunológica. O coordenador garante que uma equipe da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, inclusive já foi deslocada para o local.

Habituada aos hábitos awá-guajás, com quem trabalha há quase 25 anos, a missionária do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Rosana de Jesus Diniz disse ter ficado “muito surpresa” com o fato. Segundo ela, há tempos os índios aldeados relatam encontrar vestígios da presença dos grupos isolados. Esta, no entanto, é a segunda vez em ao menos uma década que um contato entre grupos foi estabelecido espontaneamente.

O outro caso aconteceu há aproximadamente dez anos, quando awá-guajás de uma aldeia da Terra Indígena Awá encontraram mulher e filho, hoje um adolescente, sozinhos em uma espécie de cabana. Os dois hoje vivem na aldeia, mas, segundo Rosana, a mulher se mantém arredia e de pouca conversa.

Daniel e Rosana acreditam que a curiosidade natural dos awá-guajás não explicaria que qualquer índio isolado deixasse sua comunidade e se aproximasse sozinho de outro grupo. Para ambos, a degradação florestal causada pela ação de madeireiros e a consequente desorganização da coesão interna dos agrupamentos indígenas podem ajudar a entender o desfecho do encontro do último domingo.

“Até hoje, todos os contatos entre grupos se estabeleceram em virtude da destruição do território pela ação de não índios”, comentou Rosana. “Toda a região vem sofrendo com o desmatamento. Como, culturalmente, cada grupo awá-guajá delimita seu território de caça e coleta, a pressão que a presença de madeireiros e o desmatamento exerce pode estar contribuindo para que os grupos isolados percam a referência territorial e, sem outros meios de sobreviver, se aproximem cada vez mais uns dos outros e de grupos aldeados”, completou o coordenador regional da Funai.

O Estado brasileiro reconhece as terras indígenas awá-guajás há décadas. Mesmo assim, a extração ilegal de madeira continua e é objeto constante das denúncias de organizações ambientalistas e indigenistas e pelo Ministério Público (MP).

Em janeiro, a pedido do MP, a Justiça Federal condenou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a União a instalarem postos de fiscalização guarnecidos para impedir a extração ilegal de madeira no interior das três terras indígenas contíguas existentes na região (Alto Turiaçu, Awá Guajá e Caru). O juiz chegou a estabelecer prazo de 120 dias para que os órgãos públicos federais comprovassem ter adotado as necessárias medidas para garantir a efetiva proteção das áreas. Segundo o MP, as determinações não foram cumpridas.

Das três reservas indígenas, a Caru é a mais desprotegida. Em razão disso, é a que mais tem atraído madeireiros. Ela foi reconhecida pela Funai em 1980, a partir do desmembramento da Reserva Florestal do Gurupi, que deu origem também à Terra Indígena Alto Turiaçu. Interligadas, as duas reservas (Caru e Turiaçu) formam, junto com a Terra Indígena Awá, homologada pelo governo federal em 2005, um complexo de áreas indígenas ocupadas principalmente pelos awas-guajás, mas também por índios ka’apor e guajajara.

Lola Benvenutti: A garota de programa mais famosa do momento, tem 22 anos, é apaixonada por literatura, formada em letras e ...

Foto - Credito no final da reportagem.
ESTA MATÉRIA FOI COPIADA DO SITE DA REVISTA FORUM.
Por Anna Beatriz Anjos
Lola Benvenutti: A garota de programa mais famosa do momento, tem 22 anos, é apaixonada por literatura, formada em letras e não tem medo de dizer: “A mulher só se objetifica se ela se sente como tal”. 
“Sempre fui assim: a única diferença é que agora eu cobro”. É assim que Lola Benvenutti se refere à sua profissão: puta. E completa: “Eu não me incomodo se a pessoa quiser me chamar de acompanhante, mas eu acho que ‘puta’ é a raiz do negócio.”
Por trás da avassaladora Lola dos ensaios sensuais, que há dois anos tomou a decisão de transformar sexo em fonte de dinheiro, está Gabriela Silva, de 22. Nascida em Pirassununga, no interior de São Paulo, começou a carreira ainda longe da capital, onde vive sozinha há cerca de um ano. Virou puta em São Carlos, durante o último ano da faculdade de Letras, que cursou na universidade federal da cidade. Ela conta que a ideia surgiu do gosto “pela coisa”: já que sabia o que lhe dava prazer, por que não viver disso?
Pensou logo em um artifício para facilitar as coisas. “O blogue foi unir essa coisa de escrever – de que eu já gostava e que tem tudo a ver com a faculdade -, e o sexo. Me pareceu a ferramenta perfeita pra isso”, narra. Os elaborados relatos das experiências com clientes chamaram a atenção de um grande portal, no ano passado. Desde que a matéria foi ao ar, o celular de Lola não parou mais de tocar. “Minha vida mudou do dia pra noite”, conta, parecendo ainda um pouco surpresa com o rumo que as coisas tomaram.
Queridinha da imprensa – já foi assunto de matérias em revistas femininas, programas de rádio e TV -, ela se considera feminista. “Ser feminista é ser dona do seu corpo, e se você decide vendê-lo isso não te torna um objeto, a mulher só se objetifica se ela se sente como tal. Se você não se sente, qual é o problema?”, questiona.
Apaixonada por literatura – frases de grandes escritores brasileiros, como Guimarães Rosa, integram seu extenso conjunto de tatuagens espalhadas pela pele -, Lola revela o livro que mudou sua vida: “Filha, mãe, avó e puta”, escrito por outra Gabriela, que travou bonita luta pelos direitos das prostitutas no Brasil. “A beleza com a qual ela fala, a delicadeza, é exatamente o que eu penso, e encontrar uma pessoa que pensa como eu e que não escreve um livro se colocando como vítima foi muito legal”, afirma.
Prestes a lançar a sua própria obra – um compilado das histórias e experiências que os programas lhe renderam -, Lola conversou com a Fórum sobre preconceito, machismo e libertação. Confira:
Fórum - Como começou a sua carreira – o que te levou a escolhê-la? Em determinado momento da sua vida, você tomou uma decisão ou as coisas ocorreram aos poucos?
Lola Benvenutti - Eu sempre tive uma sexualidade muito precoce e tinha uma curiosidade por isso. Como que seria cobrar – achava glamouroso o negócio. A minha primeira experiência veio aos dezessete e eu morava em Pirassununga, estava no colegial. Foi super legal, mas fiquei com um pouco de medo de alguém descobrir, e falei: “Vou focar, estudar, passar na faculdade, depois eu vejo isso”. No último ano da faculdade, já estava tudo encaminhado, meu TCC [trabalho de conclusão de curso], minha pesquisa, e pensei: “Ah, quer saber? Agora vou fazer o que estou a fim”. Aí criei o blogue. Mas foi muito natural, porque já saía com muita gente que eu conhecia na internet, então criar o blogue foi só uma maneira de me promover para conseguir os clientes. Não acordei um dia e falei “vou fazer”, eu só tive que tomar a decisão. Avisei minhas amigas e elas quase morreram. Já fazia de graça, pensei: “vou monetizar o negócio”.
O blogue foi unir essa coisa de escrever – de que eu já gostava e que tem tudo a ver com a faculdade -, e o sexo. Me pareceu a ferramenta perfeita pra isso. 
Fórum – Você já sentiu muito preconceito? Sente que ele vem diminuindo?
Lola - No começo, em São Carlos, eu passei por algumas coisas ruins. Riscaram meu carro inteiro, escreveram “sua vaca”, “sua puta”, “saiu com o meu marido”. Eu tinha acabado de comprar, tive que pagar uma grana pra pintar. Uma vez, a mulher de um cara me ligou e me falou um monte – ela não sabia o que eu era, ele inventou uma história e ela achou que eu era amante. Que eu me lembre, essas situações foram as piores, que me marcaram. Eu tenho uma postura muito séria, acho que isso me ajudou muito. As mulheres me entendem muito, elas me respeitam, porque eu falo: “Eu nunca vou querer tomar o marido de ninguém, é a minha profissão. Eu vou lá, sou paga por uma hora ou o tempo que for, desenvolvo aquele trabalho e tchau”. Fechou a porta, a puta nunca vai querer tomar o lugar da mulher. Acho que existe estereotipo. Até esses dias eu participei do desfile da Daspu [grife de roupas inspirada na vida das prostitutas], gosto muito da iniciativa, mas acho que não precisava ter sido tão estereotipado – mesmo na tentativa de não ser.
Lola ficou conhecida no ano passado, quando um grande portal da internet se interessou pela sua história (Foto: Reprodução/Facebook)
Lola ficou conhecida no ano passado, quando um grande portal da internet se interessou pela sua história (Foto: Victor Daguano)
Fórum - A Gabriela Leite é uma inspiração para você? 
Lola - Ah, eu amo ela!
Fórum - Na sua opinião, ela simboliza a luta em prol dos direitos das prostitutas?
Lola - Com certeza. Infelizmente, não a conheci pessoalmente, mas pra mim ela é uma puta mulher mesmo. Até no meu livro tem uma dedicatória pra ela, eu acho que me inspirou muito. Li o livro dela, mudou muito a minha vida. Faz um tempo. Eu já estava nessa, já conhecia ela, já tinha visto entrevistas, mas não tinha lido o livro. A beleza com a qual ela fala, a delicadeza, é exatamente o que eu penso, e encontrar uma pessoa que pensa como eu e que não escreve um livro se colocando como vítima foi muito legal. Ela fez um trabalho muito importante nesse sentido, de querer conscientizar as pessoas sobre a importância e a existência em relação à prostituição.
Fórum - Qual a sua posição sobre o Projeto de Lei Gabriela Leite, de autoria do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que regulamenta a prostituição como profissão? 
Lola – Concordo plenamente com a questão da legalização. Acho que tem tudo a ver. Outro dia, fui a um programa e um tinha um cara discutindo comigo, dizendo que acha que não tem que legalizar. Ele estava falando: “Você pode recolher como autônoma”, e eu respondi: “Meu amigo, o principal não é isso, é uma questão social”. Enquanto não falar que ser puta é um trabalho, vai ter essa coisa de querer colocar como vítima, marginalizar, então o principal é ser visto como profissão, ser tratado como um trabalho, e eu sou totalmente a favor.
É uma briga muito foda com as feministas, a Gabriela Leite inclusive dizia: “Sou feminista e sou puta”. Ser feminista é ser dona do seu corpo, e se você decide vendê-lo isso não te torna um objeto, a mulher só se objetifica se ela se sente como tal. Se você não se sente, qual é o problema? Socialmente, a gente está marginalizada, por isso a regulamentação é fundamental. E as feministas falam que isso incentiva… Isso existe de qualquer jeito, legalizando ou não. O tanto de meninas que me escrevem e dizem: “Ah, Lola, eu queria tanto entrar nessa vida, que dicas você me dá?”, e eu fico: “Gente do céu, está tudo errado!”, eu não posso fazer isso. Você quer entrar nessa, então ok, vamos te dar um curso sobre realidade no trabalho e você vai decidir se quer mesmo. Porque se você quer entrar nessa, pelo menos entre sabendo, entre com condições de conseguir atender o cliente,  de não entrar numa roubada, de saber se portar. Elas entram de qualquer jeito, então que tenham pelo menos um apoio. Eu acho que esse argumento de que vai incentivar é uma piada, eu nem levo muito a sério.
Fórum – De que maneira o PL tem repercutido no seu meio?
Lola - A maioria das meninas que conheço não tem interesse, porque elas não gostariam de ter esse registro na carteira de trabalho, por exemplo. Eu entendo, acho que é um problema a ser pensado, mas acho também que tem tanto a agregar. Hoje é muito complicado, mas talvez daqui a alguns anos, muitos anos talvez, ter esse registro na carteira não te faça menos merecedora de ter um emprego como advogada ou juíza. Você fez isso por um período da sua vida e agora você vai trabalhar como outra coisa. Então eu fico pensando que talvez seja uma mudança necessária agora. Eu sei que é difícil, mas a gente tem que forçar um pouco, senão vai ser sempre marginalizado.
Fórum - Algumas feministas acreditam que a prostituição é a “exploração das mulheres pelos homens”, e que, portanto, é um símbolo forte do patriarcado. O que pensa sobre isso?
Lola - Esse pensamento, pra mim, é um retrocesso. Hoje a mulher é muito mais sexualizada do que antes. O grande problema da prostituta que se vitimiza é porque é social. Socialmente, as pessoas olham e falam: “Essa daí é puta”, e ela se sente mal por causa disso, mas se não acontecesse… Claro, isso demora muito tempo pra ser mudado, mas se a gente não começa nunca, nunca vai mudar. A culpa é social mesmo, não é que a mulher fica: “Nossa, eu sou um objeto dos homens”, isso não existe. Mesmo sem ser puta, a mulher gosta de dar, se fosse assim, a gente sempre estaria sendo usada. Eu acho ridículo isso, a gente tem vontades, não é só o homem que decide. Eu até diria que, na maioria das vezes, é a mulher que escolhe. Então, é um argumento muito flutuante, talvez elas deveriam se prostituir para ver a realidade e mudar de ideia. É fácil você falar quando está de fora, quem está de fora tem um pensamento, quando você está lá é que a coisa aperta. É importante ter essa vivência pra falar com propriedade sobre o assunto.
Fórum – Essa questão da vitimização ocorre, claro. Mas no seu meio, você sente que as mulheres ainda se veem muito muito dessa maneira? Muitas das prostitutas ainda recorrem a esse caminho por ser a última opção ou tem cada vez mais mulheres querendo, de fato, fazer isso?
Lola - Eu acho que tem muita gente que se diverte, acho que tem muita gente que se culpa, mas acho que as que se culpam é essa coisa social. Ela gosta, ela se diverte… Não gosto de trabalhar em boate, mas conheço algumas meninas, e elas gostam, é divertido pra elas, mas eu vejo que elas ficam mal porque têm um filho, e o filho não pode saber, a mãe recrimina, os amigos têm vergonha. Então, ela se sente mal porque tem uma pressão social pra que não seja aquilo. Acho que o principal problema é esse. Lógico, tem as mulheres que não têm outro meio de vida e acham que esse é o mais propício no momento, mas penso que existem muitas que escolheram sim, que se divertem, que não sofrem.
Aos 22 anos, ela é formada em Letras pela UFSCar e pretende, por meio de um mestrado, estudar o universo da prostituição (Foto: Reprodução/Facebook)
Aos 22 anos, ela é formada em Letras pela UFSCar e pretende, por meio de um mestrado, estudar o universo da prostituição (Foto: Reprodução/Facebook)
Fórum – E a sua experiência em relação à família e amigos, como foi?
Lola - É engraçado, porque muita gente fala mal, que eu fiz isso pra aparecer, e eu digo: primeiro, nunca achei que tudo isso ia acontecer, mesmo. Minha vida mudou do dia pra noite. Eu criei um blogue, pra mim não tinha nada de tão diferente. Mas renunciei a muitas coisas, muitas. O primeiro ano em que fiquei em São Paulo aprendi muita coisa. Minha mãe ficou um ano sem falar comigo, sem atender um telefone, foi difícil.
Meu pai, aconteceu de eu encontrar com ele e ele nem me abraçar – meu pai, que sempre me deu um beijo de boa noite, me carregou no colo pra cama -, e isso foi muito difícil, essa desilusão nos olhos deles. Pra mim foi pior, porque um namorado, por exemplo, tem que gostar de mim do jeito que eu sou, e sempre fui assim: a única diferença é que agora eu cobro. Quem gostar de mim tem que entender que é meu jeito, eu não vou conseguir me castrar pra ser o que as pessoas querem. A família é um negócio que me vez muita falta. Graças a deus a gente retomou, conseguimos conversar.
Eles aceitam. É assunto em que a gente não toca muito, sei que é difícil e também não é de se esperar que eles falem: “Filha, parabéns, continue dando e cobrando”. Não espero isso. Eles optaram por estar do meu lado. E agora com o livro, acho que acendeu um orgulho nos dois. 
Fórum – Você comentou que muitas meninas te procuram e dizem querer seguir a profissão, mas que elas vêm muito despreparadas. Você já passou por situações ruins? Tem alguma específica para contar?
Lola - Acho que eu tenho muita sorte, devo ter um anjo da guarda muito bom. Coitado dele, deve estar em frangalhos já! Eu acho, por exemplo, que você não pode levar ninguém pra sua casa, não pode entrar no carro de um cara. E no começo, eu não tinha carro, então fazia essas coisas. Uma coisa muito ruim nunca aconteceu, por sorte. Eu mesma há pouco tempo saí com um cara, um estrangeiro, e ele falando que tinha sido jogador de futebol, mostrando fotos dele com o técnico. Já sou experiente, como ia imaginar que uma pessoa ia fazer um negócio desse? [Confira a história aqui]. 
Perdi uma grana. Por isso, acho que às vezes você pode entrar numa roubada. Por exemplo, no começo da carreira, eu achava extremamente deselegante pedir o pagamento antes. Até hoje acho. Mas você não sabe, se depois que você transou com o cara ele te diz: “Não tenho dinheiro”. O que você vai fazer? Até você chamar a polícia… São pequenas coisas que você só aprende apanhando na vida, e talvez isso sendo ensinado antes, profissionaliza mesmo.
Fórum – Então você propõe que, com essa regulamentação que pode vir com o PL Gabriela Leite, sejam criadas iniciativas como essa?
Lola - Sim, porque existem cursos profissionalizantes e especializações pra várias carreiras, por que não pra essa? Pra elas terem uma noção de inglês e espanhol. Como agora, na Copa do Mundo. Muita gente está perdendo dinheiro sendo enganada por cliente porque não sabe lidar com isso. Conseguir abrir uma empresa, conseguir o cartão de crédito para atender o cliente, onde anunciar, como fazer a publicidade dela. São questões que elas têm que aprender mesmo, como se comportar, eu acho que talvez até um apoio psicológico pra enfrentar essas coisas do dia-a-dia que a gente escuta.
Fórum -  Em uma entrevista recente, você disse que o que precisa mudar em relação à prostituição não é o trabalho em si, mas sim a relação entre o cliente e a garota de programa. Em que sentido essa relação precisa ser transformada?
Lola - O que é problemático é o cara que vem falar comigo e acha que porque ele está pagando pode fazer o que quiser. Esse é o cara que eu não atendo. Falta um respeito dos donos de boate, falta um respeito dos clientes. Eu acho que o homem que objetifica a mulher no sentido de achar que “é vagabunda, vai fazer o que eu quiser”. Essa relação do cara respeitar a mulher, apesar de ela cobrar, é o que é o mais difícil hoje em dia.
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Lola está prestes a lançar seu próprio livro, que reunirá relatos sobre suas experiências como prostituta (Foto: Victor Daguano)

Fórum – E o machismo? Como ele se faz sentir de forma mais direta no seu meio?
Lola - Esse é o principal, isso de o cara achar que só porque está pagando, pode te tratar como um pedaço de carne, te jogar pra lá e pra cá. É realmente o ponto de não ser visto como profissão, acham que você é uma vagabunda, uma vadia, e vai te tratar de qualquer jeito. E se for, qual o problema? Cobrando ou não, é um respeito, você decide, a mulher tem o poder da escolha, e às vezes não se respeita isso. Por isso, acontecem esses episódios de violência… Nunca aconteceu comigo nada de ruim, mas vejo histórias ruins, então acho que ainda é um reflexo do machismo.
Fórum – Você tem intenção de iniciar um mestrado. O que quer estudar, exatamente?
Lola -  Quero estudar os mais diferentes ambientes da prostituição. As prostitutas da boate, as prostitutas do site, qual é a principal diferença… Gostaria muito de conversar com as meninas, de ter uma pesquisa com as entrevistadas, e de ser uma pesquisa que signifique alguma coisa pro movimento. Eu gostaria que tivesse um peso. Durante a graduação, sempre me perguntei: “O que isso muda para a sociedade”? Gostaria de estudar alguma coisa que possa mudar uma visão, possa ajudar as pessoas. Não sei se vai, mas só de querer já é o ponto fundamental.
Fórum – Quais os efeitos da Copa sobre o mercado?
Lola - A minha vida é muito agitada, e essa coisa de a mídia me dar muita visibilidade me ajuda, mas sempre falo, o foco dos estrangeiros são as mulatas, as morenas, eles querem ir pro Rio. Cidade que tem essa beleza das praias e das meninas atrai mais esse tipo de cliente. E lógico, tem clientes que querem meninas que falem inglês, que sejam modelos, mas é uma parcela um pouco menor. Então movimenta o mercado, muito, mas não sinto tanto porque meu cliente é muito específico. 

O cara que sai comigo quer conversar, ele quer carinho, é um cliente diferenciado. Acho que o meu perfil atrai muito isso, e isso me ajudou a encontrar pessoas muito legais, clientes que viraram amigos, pessoas que estão do meu lado. É um pouco da imagem que você constrói e eu tive a possibilidade porque fui pra mídia. Às vezes, a menina é muito legal, mas ela não consegue dizer isso porque está só no site, e no site você vê só as fotos, você não sabe como a pessoa é.
Fórum – O que te atrai tanto assim nessa profissão que você escolheu? O que te move a continuar?
Lola - Na escola, eu era o patinho feio. Ninguém acredita, mas é verdade. E aí eu falei que ia gostar de mim – as tatuagens são parte de um processo de criação do “eu”. É muito legal um cara pagar pra estar com você. Por isso que eu falo que pra mim isso não é tratar a mulher como objeto, é valorizar: ele está pagando pelo prazer da sua companhia. Naquela hora, sou paga pra ser a mulher perfeita, e sou. Quando o cara sai do quarto, ele está apaixonadíssimo, isso é muito legal, saber que você tem esse poder. E uma adrenalina também, essa coisa de você abrir a porta e não saber quem é, eu acho fantástico. E gosto muito de sexo, tenho uma facilidade pra chegar ao orgasmo, isso me motivou. Se eu fosse uma mulher frígida ia ser bem complicado. São todas essas coisas juntas.
Fórum – E com relação às denominações? A própria Gabriela Leite falava que não aceitava ser chamada de prostituta, de garota de programa, ela era puta. Você tem também esse tipo de opinião ou não?
Lola - Eu gosto, aliás, comecei a falar isso depois de ler o livro da Gabriela, depois que vi as entrevistas. Acho até engraçado, acho que choca, e é um choque legal, porque eu falo com muita naturalidade. A Gabriela Leite dizia que usar os outros termos é como se a gente pedisse desculpa à sociedade por um termo tão forte. Eu não me incomodo se a pessoa quiser me chamar de acompanhante, mas eu acho que “puta” é a raiz do negócio. E também tira essa coisa de as pessoas olharem pra mim e acharem que eu sou uma patricinha que está vendendo o corpo.
Fórum – Você falou, em outros depoimentos à imprensa, que já conseguiu conciliar um namoro ao seu trabalho. Como isso aconteceu?
Lola - Se um dia eu me apaixonar e decidir que quero fazer outra coisa, não tenho nenhum problema quanto a isso, mas deixar de trabalhar porque alguém veio e falou: “Filhinha, ou você fica comigo, ou você trabalha”, não dá, não sou uma pessoa assim. Com esse cara foi assim, ele era meu cliente e no dia que em que abri a porta, já rolou uma química. A gente saiu mais algumas vezes e começamos a namorar. Depois de uns meses o cara pirou. Machista, começou a ter uns rompantes de violência, e aí eu falei: “Chega”.
Fórum – O que o sexo significa na sua vida, além de ser a base para a sua profissão? Ele é um símbolo de libertação?
Lola - Acho que a minha briga, inclusive, é mais pela libertação sexual do que pela prostituição em si. Se as pessoas se libertassem, o mundo ia ser muito melhor, as pessoas iam ser muito mais felizes. O sexo na minha vida teve uma contribuição tamanha, não só como profissão, mas na maturidade, paciência. Acredito que o sexo me possibilitou viver muitas coisas e acho que não necessariamente precisa ser puta pra ter essas vivências. Uma vez, um jornalista me perguntou quanto o sexo fazia parte da minha vida. O sexo está em tudo! Foi na hora em que parei pra pensar: eu leio sobre o assunto, eu escrevo sobre o assunto, eu falo sobre o assunto, eu sou uma pessoa muito sexualizada. Não consigo me imaginar daqui uns anos uma dona de casa. Não é uma crítica, mas não consigo me imaginar, largar mão de tudo isso e ter uma vida mais tranquila.
Fórum – Você gosta muito de literatura – tem até frases de grandes escritores tatuadas. Quais são os seus autores preferidos?
Lola - Gosto muito de Mia Couto, que é um escritor moçambicano. Ele e Guimarães Rosa, me emociono sempre que leio; às vezes tenho que parar o livro porque o olho enche d’água. É uma sensibilidade que quase não é humana, acho muito lindo o jeito que eles escrevem. Mas tem vários, gosto muito de Hilda Hilst, que tem muito essa pegada erótica; gosto do Nelson Rodrigues, Gabriel García Márquez. O meu livro de cabeceira é “Grande Sertão: Veredas”, do Guimarães Rosa – ele entende muito da alma do ser humano. Mas gosto muito da literatura em geral, acho que me move.
Fórum – Você se considera feminista?
Lola - Sim, com certeza. Eu sou dona do meu corpo, tenho orgulho de ser mulher, acho que o machismo existe, acho que tem mulheres que são machistas… Acho que tem muita coisa errada – a questão do aborto, por exemplo, é ridículo que a mulher não tenha o poder sobre isso, só ela pode decidir. Tudo bem, é uma vida, mas é você que vai cuidar da vida ou é o cara que está falando que você tem que ter o filho? Não! É você. Acho que as pessoas têm que lutar, que a gente tem que brigar sempre, mas acho que falar que não existe preconceito e machismo é uma mentira. As pessoas velam as coisas, mas elas estão lá.
(Crédito da foto de capa: Victor Daguano)
Leia mais sobre prostituição: Comportamento - Garota de programa graduada em letras: ‘Faço porque gosto’. http://maranauta.blogspot.com.br/2013/05/comportamento-garota-de-programa.html

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Maranhão - Flávio Dino e Carlos Brandão são empossados na Assembleia Legislativa.


Foto - Gilberto Lima

Em cerimônia realizada na tarde desta quinta-feira (1º), o governador Flávio Dino (PCdoB) e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) eleitos em 5 de outubro foram empossados, na Assembleia Legislativa do Maranhão, pelo presidente da Casa, deputado estadual Max Barros. Para autoridades do Legislativo e Judiciário maranhense que lotaram a plenária da Assembleia, Dino prestou o compromisso de posse e, em discurso, anunciou três das 17 medidas a serem executadas de imediato pela nova gestão. 

Durante a posse, Flávio Dino destacou a importância do Legislativo para a efetivação da democracia, garantindo que o governo dialogará com todos os parlamentares, sem qualquer restrição política. “Não haverá distinção entre deputados da base do governo ou da oposição, quando se tratar de o governo analisar proposição de interesse do povo do Maranhão. Vamos olhar apenas, e tão somente, para a pertinência, a viabilidade financeira e para adequação constitucional e acima de tudo para o beneficio que possam ser auferidos com aprovação da medida proposta”, ressaltou Dino, em discurso.

Foto - Facebook Francisco Gonçalves.
O governador ainda lembrou que um novo ciclo se inicia e que se rompe com velhas práticas e se instaura uma gestão de ampla participação popular. “O Maranhão fez ouvir a sua voz desejando uma era em que o empresário investe e se estabelece por seus méritos e competências e nada deles será cobrado além do que a lei prevê. Uma era em que acesso a serviços públicos essenciais seja progressivamente universalizado e não privilégio de poucos. Uma era de direitos em substituição à era de favores a ao uso da máquina publica como instrumento de cooptação”.

A mesa da posse contou com as presenças da presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), desembargadora Cleonice Silva Freire, do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, da procuradora-geral de Justiça, Regina Rocha, a ministra do Superior Tribunal de Justiça, ministra Helena Costa, e do 1º e 2º secretário deputado da Assembleia, Rogério Cafeteira, e Carlinhos Florêncio, respectivamente.

O governador anunciou três das 17 medidas, entre projetos de lei, medidas provisórias e decretos, que marcam a mudança garantida por Dino.

O primeiro projeto de lei tem o objetivo de, segundo Flávio Dino, facilitar a transição ao fim dos mandatos de governador e evitar constrangimentos. "Estou mandando projeto de lei que me autolimita, que cria obrigações para mim mesmo quando chegar ao fim do mandato, porque eu não quero que mais ninguém sofra as dificuldades que nossa equipe sofreu no período anterior a esta data e o dia 5 de outubro".

Foto - Facebook Francisco Gonçalves.
Um compromisso de campanha foi lembrado por Dino, que apresentou à Assembleia projeto de lei para reforçar o Bolsa Família. O governo criará o Mais Bolsa Família, que será a “transferência terá o valor correspondente a uma parcela mensal do benefício variável pago pelo governo federal, no âmbito do Programa Bolsa Família, relativo a cada criança e adolescente” e servirá para compra de material escolar.

Flávio Dino explicou também que a reforma administrativa não provocará aumento de gastos com a criação de duas secretarias, entre as quais a de Transparência e Controle. "Explicito que nem no tocante a essas duas secretarias e nem quanto à reforma administrativa que estamos editando, haverá a criação de cargos novos, houve um mero remanejamento ou transformação de cargos existentes, havendo, inclusive, a extinção de cargos alocado ".

Em seguida à posse, Flávio Dino seguiu para o Palácio dos Leões, onde ocorreu a transmissão da faixa de governador, em cerimônia pública na Avenida Dom Pedro II.

Matéria transcrita do Blog do Gilberto Lima.