sábado, 21 de novembro de 2015

Russia comprova que os Estados Unidos não ataca a infraestrutura do Estado lslâmico.

Foto - http://www.voltairenet.org/article189321.html
















Governo da Rússia comprova por meio de fotografias e vídeos que os Estados Unidos da América praticamente não combateu o “Emirado Islâmico” durante o ano, especialmente na eliminação de suas fontes de financiamento.

A publicação de uma série de fotografias que mostram o volume significativo de petróleo que vende o Emirado Islâmico, Vladimir Putin demonstrou que o governo dos Estados Unidos não age seriamente sobre a luta contra o terrorismo, diz o escritor e jornalista Pepe Escobar.



Na cimeira do G20, que teve lugar na Turquia, o presidente russo, Vladimir Putin emitiu uma série de fotografias que mostram o volume de petróleo vendido pelo Emirado Islâmico. "Eu mostrei aos nossos colegas várias imagens de satélite e feitas por aeronaves, que mostram claramente o volume do comércio ilegal de petróleo e derivados. Colunas de petroleiros carregados que se estendem por dezenas de quilômetros, de modo que para 4000 ou 5000 metros de distância no horizonte. Parece que um sistema de oleoduto", disse Putin, ressaltando a necessidade de acabar as receitas ilegais de venda de petróleo que financiam os terroristas.

Pepe Escobar diz que com esta ação, Vladimir Putin "demonstrou fotograficamente a todos os participantes do G-20, o mito de que Washington está seriamente empenhada na luta contra o Emirado Islâmico."

Pepe Escobar aponta que, imediatamente após a revelação do presidente russo, os Estados Unidos bombardearam -para o primeiro tempo- os petroleiros do Emirado Islâmico que trocaram de óleoduto. O único bombardeio de colunas de veículos fabricados antes era o trabalho da força aérea iraquiana, precisa Escobar.

Surgem perguntas óbvias: por que o Pentágono, que dirige as operações na Síria por um ano, não poderia detectar as rotas dos terroristas antes? Será que os Estados Unidos não tem satélites?




"A principal razão pela qual a administração Obama não tinha pensado nisso antes [de bombas serem jogadas nas rotas do petróleo] é a Turquia", diz Pepe Escobar. O jornalista disse que Washington precisa manter um relacionamento bilateral com os aliados de Ancara, que se beneficiam do contrabando de petróleo, para usarem a base aérea de Incirlik.

Gursel Tekin, um membro do Partido Socialista da Turquia, revelou que o petróleo vendido pela Emirado Islâmico atinge a Turquia através da BMZ, empresa de transporte controlado por ninguém menos que Bilal Erdogan, filho do presidente Recep Tayyip Erdogan, esclarece Escobar.


No vídeo, o avião russo mostra  os tanques petroleiros destruídos e os poços de petróleo utilizados pelo Emirado Islâmico na Síria como a sua principal fonte de financiamento.

Link original desta matéria: http://www.voltairenet.org/article189321.html

Reflexão: Os movimentos sociais e a violência do Estado. Este artigo é de 2014.

Autor: Antonio Paulo Benatte (Professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG).

É difícil entender o que se passa no Brasil desde junho de 2013. Os acontecimentos políticos, grandes e miúdos, multiplicaram-se desde então; protestos e movimentos sociais de diversos tipos pipocam em todos os lugares, das classes médias urbanas aos segmentos mais pobres, excluídos ou minoritários da sociedade. 

A tensão social no ar é temperada com gás lacrimogêneo, spray de pimenta e coquetéis molotov.

A resposta do Estado tem sido uma repressão brutal e crescente, cerceando o direito democrático de livre associação, expressão e manifestação. 

Lembremos. No dia da comemoração dos 25 anos da “constituição cidadã” de 1988, cidadãos e professores em greve apanharam publicamente na cidade do Rio de Janeiro; logo a seguir, o leilão do petróleo do campo de Libra mobilizou contingentes do exército, da marinha, da Força Nacional e da Polícia Militar, evidenciando que a política de repressão aos protestos de rua partia não apenas de governos municipais e estaduais, como também do governo federal. Desde então, a maré de movimentos e a sua repressão tem sido constante e permanente, com fluxos e refluxos.

Quando começaram os cassetetes, as balas de borracha, o spray de pimenta e o gás lacrimogênio, foi como se ocorresse um curto circuito no tempo. Como se uma máquina do tempo nos levasse aos anos 1980, ou mesmo aos anos da ditadura midiática-civil-militar de 64, à ditadura varguista do Estado Novo, ou ainda aos começos da república, com seu positivismo da “Ordem e progresso” a qualquer custo, da governabilidade truculenta, tempo da Revolta da Vacina, do massacre de Canudos, Contestado, etc. A história se repete, a diferença é apenas de grau.

Greves e ocupações são reprimidas com violência em muitas partes. Ativistas e militantes são vigiados e perseguidos, enquadrados por atos de vandalismo e formação de quadrilha. Os casos de prisão, tortura e morte desenham a face mais hedionda de uma série de acontecimentos que desmascaram a falácia institucional do “Estado democrático de direito”. 

violência, evidentemente, é mais crua sobre os anônimos das periferias. Quantos Amarildos são presos, torturados e assassinados nas periferias das cidades? No campo, líderes e sem terras são assassinados por lutarem pela reforma agrária, prevista na constituição. Comunidades indígenas veem-se ameaçadas em seus direitos de demarcação de terras, também um direito constitucional.

Enquanto isso, um novo tipo de espionagem estatal, sob os auspícios da ABIN (Agência Brasileira de Informação), instaura veladamente uma vigilância sob as redes sociais. Sob a alegação de espionagem internacional, o governo brasileiro deixará de utilizar softwares cujos fabricantes não permitam monitorar os acessos à rede mundial de computadores. E logo teremos um marco regulatório da internet, tão importante na maré das manifestações de junho.

O caso das leis da Copa faz lembrar o ano de 1968, com a promulgação do AI-5 e a dura repressão que se lhe seguiu. Mais longe ainda no tempo, os projetos de leis repressivas que tramitam no Senado evocam a famigerada Lei de Segurança Nacional. Nos meados dos anos 1930, durante o governo Vargas, a política de esquerda se fortaleceu; na contramão, o Congresso se tornou cada vez mais conservador, debatendo o caso dos “subversivos” e aprovando a Lei de Segurança Nacional que dava ao governo maior poder de ação sobre as ações consideradas “subversivas”, principalmente a ação dos comunistas. 

Com o medo da “ameaça vermelha”, o poderio do Executivo foi aumentando gradativamente; em 1936, o estado de sítio declarado pelo poder Executivo foi estendido; no mesmo ano, em novembro, foi aprovado o Tribunal de Segurança Nacional, dando a Vargas um novo instrumento de perseguição e repressão a qualquer movimento que fosse contrário às ideias e práticas de seu governo. Ora, essa mesma lei,durante os “anos de chumbo” que se seguiu ao golpe de Estado de 1964, foi empregada para caçar, torturar e assassinar milhares de militantes.

Na história do Brasil, o militarismo, o autoritarismo e o abuso de poder nunca deixaram de estar na ordem do dia. A Polícia Militar aprende na mesma cartilha que formava as forças armadas da ditadura. Quando enfrenta uma manifestação, eles entendem que o povo é inimigo. Daí a demanda pela desmilitarização da polícia e da política; enquanto isso, a polícia se torna cada vez mais uma polícia política, assim como na ditadura varguista e na ditadura midiática-civil-militar a partir de 64.

Como nas duas últimas ditaduras, mais uma vez o Estado tem a conivência e o apoio das grandes mídias, eficazes no processo de criminalização dos movimentos, protestos e manifestações. Como dizem Michael Hardt e Antonio Negri, as grandes mídias buscam nos conduzir “pelos regimes de produção linguística e comunicativa: destruí-los com palavras é tão urgente quanto fazê-lo com ações.” Daí que vejo com otimismo o crescimento de mídias alternativas e a demanda pela democratização das grandes corporações midiáticas, a começar pela Rede Globo – que, como se sabe e se grita nas ruas, cresceu apoiando o governo dos militares. Como diria Maquiavel, “Governar é fazer crer”. 

O Estado, mancomunado com as grandes mídias, quer fazer crer uma série de coisas, inclusive que vivemos em uma democracia quando, de fato, vivemos em uma ditadura que cerceia e reprime não apenas os movimentos sociais organizados quanto os indivíduos, notadamente os mais pobres.

Em suma, entre as grandes questões de nosso tempo está o recrudescimento da violência do Estado contra a sociedade; ou melhor, contra determinados segmentos dela: os segmentos politicamente dominados e economicamente explorados há séculos; os movimentos que lutam pela conquista e manutenção de direitos básicos, sociais, políticos e civis.

A constituição de 1988 dispõe, em seu artigo 5º, sobre os direitos e garantias fundamentais do indivíduo, resguardando de forma taxativa os princípios cernes dos direitos civis e políticos. Os direitos de primeira geração consistem nos direitos políticos e civis. No âmbito político: direito a voto, participação política, direito a associação. No âmbito civil: integridade física, direito de ir e vir.

Desse ponto de vista, a ditadura no Brasil não acabou. Na história política recente não há verdadeira solução de continuidade entre a última ditadura e a mais recente democracia. Para além dos discursos, as práticas evidenciam a inexistência de rupturas efetivas. O militarismo, o autoritarismo, o abuso de poder é uma estrutura de longa duração, inerente a um estado histórico de coisas. 

Precisamos repensar e reescrever totalmente a história do último meio século, ao mesmo tempo em que lutamos contra todo tipo de autoritarismo no Estado como na sociedade. Penso que essa é uma herança maior da maré de movimentos que arrebenta o país desde julho de 2013.

Nas ruas somos como um enxame dispersado com violência e fumaça. Mas os enxames não são dóceis; possuem os ferrões do calor de vários corpos, inúmeras potências e vontade de ação. O Estado, as instituições e as corporações já se deram conta disso; daí a necessidade dos gritos de não violência e a insaciável busca por uma docilidade dos manifestantes. O silêncio e a inação nos fazem dóceis, domesticados; perpetuam a conivência e o acomodamento. Constituímos uma multidão; o participante político do século XXI vive em meio ao solapamento das representações. Dessa forma, nosso papel deve ser de atividade constituinte e não representativa; “a criação da história é, nesse sentido, a construção da vida da multidão”, conforme Hardt e Negri.

À violência e ao policiamento do cotidiano, sintetizados na prática do controle, há que se responder com um mesmo potencial, de uma ruptura produtora de descontinuidades e da tentativa de sinalizar o inesperado, o atual, o que ainda não existe e que só pode ser parido pela história ao mesmo tempo individual e coletiva. Essas potências são múltiplas e construídas na nervura do atual, que passam do virtual para o possível dos desejos, dos afetos, das forças e das novas formas de articular a vida de todos os dias.

Link original desta matéria: http://cienciasocialceara.blogspot.com.br/2014/03/movimentos-sociais-e-violencia-do-estado.html

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Departamento de Produção Mineral muda comando 12 dias após tragédia em Mariana.

Da Agência Brasil
O Ministério de Minas e Energia informou hoje (18) que o geólogo Telton Elber Corrêa assumirá interinamente a diretoria-geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Ele substitui Celso Luiz Garcia, que ontem (17) pediu exoneração, alegando “dificuldades de saúde” para permanência no cargo.

A troca de comando na autarquia responsável pela fiscalização da produção mineral no país ocorre 12 dias após uma barragem de rejeitos se romper em Mariana (MG). Segundo o ministério, Garcia, que estava desde junho no cargo, afirmou que a decisão foi tomada “por orientação médica”.

Luiz Garcia informou que a mudança “abrirá a oportunidade para que outro diretor-geral, em melhores condições de saúde, possa dar continuidade aos projetos que o DNPM necessita”.

Telton Corrêa é funcionário de carreira do DNPM desde 1984. Começou a trabalhar na  Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia em 2009.

O rompimento da Barragem de Fundão, da Mineradora Samarco - controlada pela Vale e pela BHP - destruiu o distrito de Bento Rodrigues e deixou mais de 600 pessoas desabrigadas.

A onda de lama que se formou chegou ao Rio Doce, provocando a mortandade de peixes e impedido o abastecimento de água em cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. Sete pessoas já foram identificadas como vítimas da tragédia, quatro corpos aguardam identificação e 12 pessoas permanecem desaparecidas.
Edição: Armando Cardoso.

Leia Mais: A CPRM, O Nióbio Brasileiro, controvérsias e mitos.  http://maranauta. blogspot.com.br/2015/11/a-cprm-o-niobio-brasileiro.html

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A CPRM, O Nióbio Brasileiro, controvérsias e mitos.


Foto - Google images.
Por: Chirley Xavier Lamana e Pércio de Moraes Branco.

Circulam já há algum tempo, na internet, denúncias de que o Brasil estaria dilapidando suas valiosas reservas de nióbio; que é praticamente o único produtor desse metal, mas não está lhe dando o devido valor; que o vende a preços irreais; que permite que seja contrabandeado etc.

Há nessas afirmações algo de verdadeiro, algo de falso e também algumas coisas que são apenas parcialmente verdadeiras.

O que é o nióbio

O nióbio é um metal branco, brilhante, de baixa dureza, extraído principalmente do mineral columbita. Está presente, porém, em todos os minerais de tântalo e é obtido também a partir do pirocloro, loparita, euxenita, manganotantalita e samarskita. Seu nome vem de Níobe, personagem mitológica que era filha de Tântalo, em alusão à grande afinidade entre os dois metais. Nos Estados Unidos é chamado mais de colúmbio.

É muito resistente à corrosão e a altas temperaturas, e basta adicionar alguns gramas de nióbio a uma tonelada de aço para deixá-lo mais leve e com maior resistência a fraturas e torções.

O nióbio é atualmente empregado em automóveis; turbinas de avião; gasodutos; tomógrafos de ressonância magnética; nas indústrias aeroespacial, bélica e nuclear; além de outras inúmeras aplicações como lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos e até piercings.

Reservas mundiais e brasileiras

O metal existe em diversos países, mas 98% das reservas conhecidas no mundo estão no Brasil e nosso país é responsável atualmente por mais de 90% do volume comercializado no planeta, seguido por Canadá e Austrália.

As reservas brasileiras são da ordem de 842,46 milhões de toneladas e encontram-se em Minas Gerais (75%),  Amazonas (21%) e Goiás (3%). Há reservas pequenas também em Roraima, mas elas, como as do Amazonas, estão em região de fronteira ou em áreas de reservas indígenas, e não há previsão de abertura de novas minas no país além das atualmente em lavra. Além disso, o nióbio de São Gabriel da Cachoeira (AM) requer tecnologia específica que permita seu aproveitamento econômico. 

Oferta e demanda

A oferta do produto está praticamente toda nas mãos de duas empresas privadas, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração - CBMM (que detém 80% da produção mundial) e a Mineração Catalão de Goiás. Essa situação pode não ser desejável, mas as exportações dessas duas empresas colocam o nióbio em 3º lugar na nossa pauta de exportação mineral, logo após o minério de ferro e o ouro.

Segundo Marcelo Tunes, diretor de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração - Ibram, o aumento da demanda é mérito dos produtores brasileiros, que sempre buscaram conquistar novos clientes no mundo.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o volume de liga ferro-nióbio exportado cresceu 110% em 10 anos, passando de 33.688 toneladas em 2003 para 70.948 em 2012. 

A demanda mundial por nióbio tem crescido nos últimos anos a uma taxa de 10% ao ano, puxada principalmente pelas compras dos chineses. A China “e diversos outros países começam a enxergar os benefícios do uso do nióbio em obras de infraestrutura, para a construção de estruturas mais leves que não se degradam no tempo e com um impacto ambiental menos intenso”, afirma um executivo da mineradora Anglo American.

O Brasil produz o concentrado, a liga ferro-nióbio e produtos feitos com o metal, participando de todos os segmentos do mercado de nióbio e sendo predominante no setor de ferro-nióbio. Este assegurou, em 2006, ingresso de 300 milhões de dólares de divisas no país. Desde a década de 70, não há comercialização do minério bruto ou do concentrado de nióbio (pirocloro) no mercado interno ou externo.

O metal é vendido, sobretudo, na forma de liga ferro-nióbio, com 66% de nióbio e 30% de ferro. Segundo o governo, as exportações da liga atingiram em 2012 aproximadamente 71 mil toneladas, no valor de US$ 1,8 bilhão. Portanto, estamos aproveitando muito bem esse recurso mineral.

Embora nossas reservas sejam muito grandes (842,46 milhões de toneladas), há quem tema que elas estejam sendo lavradas de modo inadequado, com risco de o nióbio vir a faltar no futuro. Essa preocupação, porém, não procede. Somente em Araxá (MG), há reservas para 200 anos, no atual nível de consumo. E as reservas de Rondônia e do Amazonas sequer entraram em produção ainda.

Outra informação sem fundamento que tem sido divulgada é que a produção não é aumentada por motivos obscuros e antinacionais. A afirmação carece de fundamento porque, se o mercado mundial fosse inundado por uma grande produção de nióbio, ainda que todo ele fosse brasileiro, a tendência seria seu preço cair acentuadamente.

Rogério Cerqueira Leite, renomado físico brasileiro, lembra que dominar o mercado mundial como o Brasil domina é mais um obstáculo que uma vantagem, pois nenhum consumidor gosta de depender de um único fornecedor. Muitos deles preferem evitar essa dependência usando substitutos do nióbio, como vanádio, tântalo e titânio, ainda que mais caros.

Importância estratégica

Apesar do seu uso crescente e das inúmeras possibilidades de aplicação, o nióbio não tem a importância e o valor que possuem, por exemplo, o ouro e o petróleo. Mas é natural que o virtual monopólio brasileiro desperte cobiça e preocupação das maiores potências econômicas. E é normal também que ele dê origem a desconfianças infundadas sobre o modo como o Brasil está aproveitando essa grande riqueza. 

Esses boatos devem ter sido reforçados em 2010, quando o site WikiLeaks divulgou documento secreto do Departamento de Estado americano no qual as minas brasileiras de nióbio eram incluídas na lista de locais cujos recursos e infraestrutura são considerados estratégicos e imprescindíveis aos EUA.

Depois disso, uma fatia da CBMM, maior produtora mundial de nióbio, foi vendida para companhias asiáticas, numa transação bilionária. E em 2011, um grupo de empresas chinesas, japonesas e sul-coreanas comprou 30% do capital da mineradora com sede em Araxá (MG) por US$ 4 bilhões.

A inexistência de uma política estratégica para o nióbio brasileiro

“O Brasil detém praticamente todo o nióbio do planeta, mas esse potencial é desaproveitado”, assegura Monica Bruckmann, professora e pesquisadora do Departamento de Ciência Política da UFRJ e assessora da Secretaria-Geral da União de Nações Sul-Americanas - Unasul. “O que se esperaria é que o Brasil tivesse uma estratégia muito bem definida por se tratar de uma matéria-prima fundamental para as indústrias de tecnologia de ponta e que pode ser vista como uma fortaleza para a produção de energias limpas e para o próprio desenvolvimento industrial do país”, acrescenta ela.

Adriano Benayon defende a nacionalização do nióbio brasileiro. Diz ele que, com a produção restrita a dois grupos econômicos, é “evidente” que o interesse é exportar o nióbio do Brasil “ao menor preço possível”. Benayon acredita que o Brasil poderia ganhar até 50 vezes mais o que recebe atualmente com as exportações de ferro-nióbio, caso ditasse o preço do produto no mercado mundial e aumentasse o consumo interno do mineral.

Para Roberto Galery, professor e pesquisador da faculdade de Engenharia de Minas da UFMG, nosso país deveria usar o nióbio como um trunfo para atrair mais investimentos e transferência de tecnologia. “Se o Brasil parasse de produzir ou vender nióbio hoje, isso geraria certamente um caos”, afirma ele. Galery acredita que exista uma enorme pressão de fora para obter um produto do qual eles precisam a um preço acessível.

O jornalista Darlan Alvarenga chama a atenção para o fato de que, apesar de deter quase um monopólio do nióbio, o governo brasileiro nunca definiu uma política específica para o metal ou um programa voltado para o desenvolvimento de uma cadeia industrial que vise agregar valor a este insumo.

O novo marco regulatório da mineração, encaminhado ao Congresso Nacional na forma de projeto de lei em junho de 2013, não prevê nada específico sobre o nióbio. Estaria então o Brasil tirando pouco proveito de sua posição estratégica em relação ao nióbio?

O governo federal não concorda com as críticas, julgando satisfatórios os investimentos feitos no desenvolvimento de tecnologia de produção e na estrutura do mercado. O Ministério de Minas e Energia confirma que não tem uma política de estatização de jazidas de nióbio, assim como não a tem para qualquer outro bem mineral.

A venda poderia estar sendo feita por preços abaixo dos desejáveis se as empresas compradoras revendessem o nióbio por valores bem superiores aos que pagam aqui. Mas os produtores afirmam vender diretamente para o cliente final, para as siderúrgicas que aplicam o nióbio nos seus aços, com todas as operações de venda feitas dentro do Brasil. O preço, dizem eles, segue totalmente a lei da oferta e da procura.

A questão do preço

Considerando-se que nosso país detém um quase monopólio da produção do nióbio, há quem diga que o Brasil deveria definir um preço internacional para o produto. Além de não fazer isso, ele estaria vendendo por menos do que poderia vender e propiciando o surgimento de suspeitas de subfaturamento. Como a mercadoria não é negociada na bolsa, não são divulgados os preços das transações. Mas há várias razões para crer que o preço atual não é baixo demais e para que não se estabeleçam valores muito acima dos preços hoje praticados.

Darlan Alvarenga explica que o preço médio de exportação do ferro-nióbio subiu de US$ 13 o quilo em 2001 para US$ 32 em 2008 (com um salto entre 2006 e 2008) e lembra que, segundo especialistas, uma grande alta no preço do nióbio poderia incentivar sua substituição por produtos similares e até uma corrida pela abertura de novas minas em outros países. Atualmente estão sendo desenvolvidos novos projetos de exploração de nióbio no Canadá, no Quênia e nos Estados Unidos (em Nebraska, que hoje importa 100% do nióbio que consome).

Elmer Prata Salomão, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral - ASPM, concorda que uma eventual intervenção governamental na oferta ou no preço do nióbio pode ter consequências funestas. Segundo ele, nosso nióbio tem um preço “praticamente imbatível" e se ele for elevado outras jazidas no mundo todo entrarão em produção. Ele lembra o que aconteceu com a China: ela decidiu reduzir a oferta e aumentar o preço das terras-raras, acarretando o surgimento de 50 novos projetos de produção desses bens minerais.

Elmer Salomão faz também uma advertência: o setor mineral tem contribuído para os investimentos no país e para o superávit da balança comercial, e não deve ser utilizado como combustível ideológico para políticas intervencionistas.

O mito do contrabando de nióbio

Entre os mitos envolvendo o nióbio brasileiro estão os de que ele valeria tanto quanto o ouro e de que haveria contrabando, feito sob complacência das autoridades brasileiras. A liga ferro-nióbio, ao contrário de pedras preciosas e drogas, por exemplo, tem uma alta relação volume/preço e o contrabando, para compensar, deveria ser de toneladas, não de alguns quilos, como no caso de gemas ou drogas.

Em 2012, uma onça de ouro (31,1 gramas) valia US$ 1.718. O mesmo peso de ferro-nióbio custava US$ 0,82. Assim, contrabandear 1 kg de ouro poderia ser compensador, pois ele valia US$ 55.241, mas 1 kg de liga ferro-nióbio valia apenas US$ 61,6!  Em reais, com a cotação de junho de 2013, 1 kg de ouro valia R$ 121.530; e 1 kg de nióbio, apenas R$ 135.

FONTES:

ALVARENGA. D. Monopólio brasileiro do nióbio gera cobiça mundial, controvérsia e mitos. G1 Economia e Negócios, acessado em 21 de junho de 2013.

BRANCO, P. de M. Dicionário de Mineralogia e Gemologia.  São Paulo, Oficina de Textos, 2008. 608 p. il.

LEITE, R. C. C. O nióbio e o besteirol nacionalista. São Paulo, Folha de S. Paulo, 10 de janeiro de 2006. 3c. il.

 - Publicada em: 04/07/2013 às 09:59 Seção: Canal Escola


terça-feira, 17 de novembro de 2015

UFMA. IV SEDMMA foi marcado por debates sobre territorialidades e lutas sociais.

Como resultado das discussões foi elaborada uma carta de apoio às famílias atingidas pelo desastre ambiental em Minas Gerais

SÃO LUÍS - Encerrou-se na última sexta-feira, 13, no Centro de Ciências Humanas (CCH) o IV Seminário Desenvolvimento Modernidade e Meio Ambiente (SEDMMA), que trouxe como tema "Territórios, mineração e desigualdades ambientais no Brasil: diversidade sociocultural e luta por direito". O evento tinha como foco a comemoração de 10 anos do Grupo de Estudos Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA).
Na quarta-feira, 11, o primeiro dia do Seminário foi marcado pela exposição 'GEDMMA 10 ANOS' , onde foram expostas fotografias que retratam o trajeto de pesquisas e lutas nessa década de existência. 
Durante a tarde do mesmo dia, na sessão  solene de abertura, o coordenador do grupo, professor Horácio Antunes,  lembrou das dificuldades no início da formação do GEDMMA. "Era um grupo que, quando começou, não tinha nem lugar para se reunir, mas foi se fortalecendo e hoje tem grande representatividade nas lutas sociais"  destacou.
Continuando a programação, ocorreu a mesa "Territórios de libertação", com a participação dos representantes da Rede Justiça no Trilhos,  Majú do Nascimento Silva, e da comunidade do Taim, Alberto Cantanhede, além do professor Bartolomeu Mendonça, do GEDMMA.
No segundo dia, a manhã foi de debates nos grupos de trabalhos "Conflitos Ambientais e Movimentos Sociais"; "Grupos e povos tradicionais e territorialidades" e "Desenvolvimento e ambiente". Também houve a exposição de painéis no hall do CCH.
No mesmo dia, ainda aconteceram duas mesas-redondas. Na primeira, intitulada "Diversidade sociocultural e luta por direitos", participaram a professora Eliane Cantarino O’Dwyer, da Universidade Federal Fluminense(UFF), o professor José Carlos dos Anjos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e a representante do Quilombo Santa Rosa dos Pretos, Anacleta Pires.
A professora da UFF destacou a importância de discussões em temas cotidianos de lutas territoriais. "O papel do cientista social é divulgar publicamente o que obtém a partir de suas pesquisas, e por isso é bastante pertinente que na academia exista eventos que abram espaço para expor tais resultados, e  fortalecer essa responsabilidade social", ressaltou.
Na segunda mesa-redonda, "Mineração, territórios e desigualdades socioambientais", participaram a professora Andréa Luisa Zhouri Laschefski, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a representante do Povoado Piquiá de Baixo, Jordânia da Conceição Silva, e o representante do Movimento dos Sem Terra (MST), José Jonas Borges da Silva. O debate girou em torno de discussões sobre as responsabilidades ambientais e sociais de grandes empresas com as comunidades do entorno de suas estruturas. A professora Andrea aproveitou para apresentar o vídeo de uma reportagem feita na comunidade Bento Rodrigues, devastada por recente desastre ambiental, onde os moradores entrevistados já demonstravam preocupação.
No último dia de evento, a mesa-redonda de título "Justiça ambiental e conflitos pelo controle do território"teve como palestrantes a professora Raquel Maria Rigotto, da Universidade Federal do Ceará (UFC), o professor Clayton Gerhardt (UFRGS), e o representante da comunidade Cajueiro, Clóvis Amorim.
Encerrando as atividades, ocorreu a programação de comemoração dos dez anos do grupo de estudos, onde membros e coordenadores apontaram a significância do grupo que, além de contribuir para o desenvolvimento acadêmico, também proporciona experiências singulares junto às lutas sociais.
A estudante de Ciência Sociais e integrante do GEDMMA, Maria Ecy Lopes, considerou o evento como bastante satisfatório e destacou a dinâmica adotada nas mesas. "As discussões que tivemos ao longo do seminário foram extremamente satisfatórias, pois proporcionaram um diálogo entre estudiosos da área e povos das comunidades estudadas",  enfatizou.
Como resultado das discussões levantadas no seminário, o grupo elaborou uma carta de apoio as famílias atingidas pelo desastre em Minas Gerais, que está disponível no site do grupo
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Revisão: Patrícia Santos

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Fonte: Jeane Assunção
Última alteração em: 16/11/2015 19:12

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Vídeo mostra helicóptero militar dos Estados Unidos escoltando comboio de 200 toyotas do Estado Islâmico.

A Rede Voltaire publicou ontem, um vídeo onde aparece um helicóptero apache dos EUA, escoltando um comboio  de algo em torno de 200 caminhonetes armadas do Estado Islâmico

O vídeo postado na Internet mostra uma caravana de cerca de 200 Caminhonetes Toyota Hilux do Emirado Islâmico na Síria sendo escoltadas por um helicóptero militar dos EUA Apache.

De acordo com um relatório de domingo da agência de notícias UAE News Hour, e podendo ser confirmado no vídeo, ele foi postado há uma semana, se observa o helicóptero norte-americano voando muito baixo sobre a caravana, sem que nenhum dos veículos equipados com metralhadoras do Emirado Islâmico, dispare suas pesadas armas de fogo ou faça algum movimento em direção ao apache norte-americano.



Link original desta matéria: http://www.voltairenet.org/article189276.html

domingo, 15 de novembro de 2015

Aviação francesa lança grande ataque aéreo contra Estado Islâmico na Síria.

Foto - br.sputniknews.com.


A aviação francesa realizou, neste domingo, um grande ataque aéreo contra posições do grupo militante Estado Islâmico na Síria, infirmou o Ministério da Defesa do país. Segundo o comunicado do ministério, um centro de comando e um campo de treinamento foram destruídos no ataque à região de Raqqa

Os ataques acontecem dois dias depois da maior série de atentados terroristas em solo francês. Na noite de sexta-feira, integrantes do Estado Islâmico abriram fogo em um restaurante; detonaram três bombas perto do Stade de France, onde França e Alemanha disputavam uma partida amistosa de futebol; e tomaram reféns na casa de shows Bataclan. Mais de 120 pessoas morreram.Segundo o comunicado do ministério, um centro de comando e um campo de treinamento foram destruídos no ataque à região de Raqqa.
Na terça-feira anterior (dia 10 de novembro), a Força Aérea da França realizou um ataque contra instalações petrolíferas do grupo terrorista Estado Islâmico na Síria.
Em setembro, a França já havia realizado ataques aéreos contra o grupo terrorista, também na Síria. O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, comentou na ocasião que os ataques foram realizados "com fins de autodefesa". Neste sábado, após os atentados em Paris, o mesmo Valls afirmou que o país está em guerra contra os terroristas.
Desde março de 2011,a Síria está envolvida em uma guerra civil, com as forças do governando combatendo vários grupos de oposição — inclusive terroristas como o Estado Islâmico e a Frente Nusra. O conflito já causou mais de 250 mil mortes, segundo estimativas da ONU.