quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Rússia. Número de suicídios cai para nível mais baixo em 50 anos.

Russia, registrou queda de 6,2% nos casos suicídios desde 2014. Foto:Shutterstock / Legion-Media
Fenômeno teria relação com consumo de álcool e qualidade de vida, segundo especialistas. Tendência negativa é registrado no país ao longo dos últimos 14 anos.
De acordo com os dados da Rosstat (agência federal de estatísticas da Rússia), 24.982 pessoas cometeram suicídio no país em 2015. A queda de 6,2% em relação aos dados coletados no ano anterior resultou no índice mais baixo desde 1956.
Essa tendência negativa já havia sido evidenciada em um relatório inédito divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2012, no qual a Rússia ficou em 14º lugar (19.500 suicídios por 100 mil pessoas).
O mesmo estudo revelou que o maior número de suicídios entre 2000 e 2012 foi registrado na Guiana (44,2 casos por 100 mil pessoas), Coreia do Sul (28,9) e Sri Lanka (28,8).
Embora o Brasil tenha sido o quarto país latino-americano com o maior crescimento no número de suicídios no período, o país é líder em números absolutos na região, com 11.821 casos.
Álcool e qualidade de vida - Para tentar entender o fenômeno na Rússia, os especialistas comparam o número de suicídios com a disponibilidade de bebidas alcoólicas e a qualidade de vida no país.
Após o início da campanha antiálcool de Mikhail Gorbatchov, em 1985, o número de suicídios caiu 40% em apenas dois anos. Mas, com a deterioração da situação socioeconômica no final dos anos 1980, a taxa voltou a crescer.
O colapso da União Soviética, as reformas do mercado, a guerra na Tchetchênia e a queda da renda levou a um número recorde de suicídios em 1994 e 1995, quando foram registrados mais de 60 mil ocorrências por ano.
Na metade da década de 1990, a proporção de suicídios era de 41 a cada 100 mil pessoas, o que representava o dobro do nível caracterizado como taxa elevada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Desde 2002, porém, o número de ocorrência começou a cair novamente. Em 2010, o indicador despencou ao nível registrado em meados dos anos 1980 e, em 2014, finalmente se encaixou na média prevista pela OMS (menos de 20 suicídios por 100 mil habitantes).
Problemas regionais - O número de suicídios na Rússia varia muito entre as regiões do país. Apesar do índice geral apontar para uma queda nas ocorrências, 37 das 85 regiões do país registraram alta taxa de suicídios.
A maior incidência é encontrada em áreas no norte do país, nos Urais, na Sibéria e no Extremo Oriente russo.
Já Moscou, São Petersburgo e várias repúblicas do Cáucaso do Norte estão entre as 18 regiões que menos registraram casos de suicídio nos últimos anos.
Originalmente publicado pelo RBC Daily.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O Maranhão da Barbárie. Homem de 30 anos é vítima de Linchamento. Necessitamos urgentemente celebrar um novo "Contrato Social".


“O homem é o lobo do homem”, esta afirmação apresenta a transfiguração do homem como um animal selvagem, consiste em uma metáfora que indica que o homem é capaz de grandes atrocidades e barbaridades contra elementos da sua própria espécie. A referida frase tornada célebre pelo filósofo inglês Thomas Hobbes,  está inserida na obra intitulada Leviatã, publicada em 1651.
Neste livro, Thomas Hobbes argumenta que a paz civil e união social só podem ser alcançadas quando é estabelecido um “contrato social” com um poder centralizado que tem autoridade absoluta para proteger a sociedade, criando paz e uma comunidade civilizada.


É possível concluir que o Homem tem um grande potencial para o bem, mas também para o mal, especificamente quando procura apenas os seus próprios interesses, não se importando com o seu próximo. Muitas vezes, essa atitude de lobo é revelada através da frase "os fins justificam os meios".

Abaixo relatamos o que aconteceu no Município de São Bernardo – MA. Levando-nos a constatar que a Barbárie retornou ao Maranhão, população revoltada, sem fé nas instituições públicas, cometeu um crime deplorável.
Um homem de aproximadamente 30 anos identificado pela alcunha de ‘Fião’, sendo suspeito de inúmeros roubos de motos na região de São Bernardo-MA, organizou-se um grupo de buscas, que foi ao encalço de “Fião”, ao encontrá-lo, o amarraram, torturam e finalmente o assassinaram com inúmeros tiros na cabeça. Esta barbaridade, ocorreu na ultima terça-feira (15), na localidade Mamorana, zona rural do município de São Bernardo. 

O Sistema de Segurança Pública do Estado do Maranhão, ainda não se manifestou oficial ou extraoficialmente  sobre mais este linchamento no interior de nosso Estado.


Famem e UVB realizam nesta quinta-feira, dia 18, o Encontro Nacional de Vereadores e Prefeitos, que acontece no Auditório Fernando Falcão, na ALEMA.


O presidente da FAMEM, prefeito Gil Cutrim, recebeu hoje, os vereadores Gilson Conzatti e Asaf Sobrinho, presidente e superintendente regional da União dos Vereadores do Brasil, respectivamente.

Na reunião, foram tratados os últimos detalhes sobre o Encontro Nacional de Vereadores e Prefeitos.

Evento promovido pela UVB e que acontece nesta quinta-feira, dia 18, a partir das 9h, no auditório Fernando Falcão, na Assembleia Legislativa. 

A programação é composta de painéis nos quais serão abordados temas diversos, dentre eles Prestação de Contas de Vereadores e Prefeitos e a Repercussão nas Eleições Municipais de 2016; Governança e Transparência na Gestão Pública; Pacto Federativo; Fortalecimento do Municipalismo; Novos Desafios das Eleições 2016; e Federalismo Fiscal. 

Informações detalhadas sobre o encontro municipalista no www.famem.org.br

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Goiás - Serial killer que já confessou ter cometido 39 assassinatos, é condenado a 20 anos de prisão.

Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil.
O vigilante Thiago Henrique Gomes da Rocha, de 28 anos, foi condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato da estudante Ana Karla Lemes da Silva, de 15 anos, morta a tiros em 15 de dezembro de 2013 no bairro de Jardim Planalto, em Goiânia.

A sentença foi lida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no 1º Tribunal do Júri de Goiânia, após o júri, formado por sete pessoas, decidir pela condenação do réu por homicídio duplamente qualificado, isto é, por motivo torpe e sem que a vítima tivesse chance de se defender. 

Rocha demonstrou tranquilidade ao ser interrogado pelo juiz e ao longo da sessão, transparecendo maior agitação somente no momento em que era lida a sentença. Em seu depoimento, ele afirmou não se lembrar de ter matado Ana Karla.

Foto - www.dailymail.co.uk
O promotor Cyro Terra, do Ministério Público de Goiás, recorrerá da sentença para que a pena seja aumentada para 30 anos. A defesa também alegou que entrará com recurso, visando a diminuição da sentença, levando em consideração que Rocha confessou o crime no depoimento na delegacia. O juiz acatou ambos os recursos, contando a partir de hoje o prazo de cinco dias para a apresentação dos argumentos.

A defesa usou o diagnóstico de psicopatia e transtorno de comportamento antissocial, atribuído a Rocha por uma junta médica oficial do Tribunal de Justiça de Goiás, para argumentar que o réu não tinha plena consciência do mal que causava ao cometer o crime, tendo uma “imputabilidade reduzida”. Nenhuma prova foi contestada. 

O promotor, em sua manifestação, defendeu que a condenação do réu é justa, merecida e necessária, pois caso fosse solto ele voltaria a matar.

Serial killer - Rocha foi preso em outubro de 2014 e chegou a confessar, em depoimento à polícia, ter cometido 39 assassinatos, sendo então rotulado como serial killer de Goiás. 
Alguns meses depois, orientado pela defesa, ele informou número menor de homicídios dos quais confessava ser autor.

Após concluída a fase de investigação, Rocha foi acusado por mais 29 homicídios, além do de Ana Karla Lemes da Silva. O próximo júri popular a ser enfrentado por ele está marcado para 8 de março, referente ao assassinato de Juliana Neubia Dias, de 22 anos, morta com 2 tiros quando estava dentro do carro do namorado, em 22 de julho de 2014.

Os crimes atribuídos a Thiago Henrique Gomes da Rocha foram cometidos entre 2011 e 2014. O vigilante abordava pessoas desconhecidas na rua e atirava.

Edição: Carolina Pimentel.

O negócio do vírus da zika e os mosquitos transgênicos.

Os dados em que se baseia a declaração de emergência internacional por causa do vírus da zika são surpreendentes. 
Não pelos riscos que a expansão deste vírus implicaria, mas, ao contrário, pela falta de evidências para motivar tão grandiloquente declaração por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) frente a uma enfermidade leve, com muito poucos indícios de conexão com doenças mais sérias e sem provas científicas a esse respeito. 
Para suprir estas ausências, acrescenta que como o vetor da doença – o mosquito Aedes Aegypti – é também o vetor da dengue echikungunya, estão atacando os três.
A reportagem é de Silvia Ribeiro, publicada por La Jornada, 06-02-2015. A tradução é do Cepat.
Este contexto alarmista, focado em aspectos singulares – o “ataque” ao vetor, isolado de suas causas – favorece enfoques precários, errôneos e inclusive perigosos. Por exemplo, a empresa Oxitec, que fez controvertidos experimentos com mosquitos transgênicos, agora, promove-os como “solução” (na realidade como negócio) frente à expansão do vírus da zika, obviamente sem mencionar os riscos que acarreta e que os mosquitos, inclusive, poderiam piorar a situação.
A empresa Oxitec já realizou experimentos de liberação de mosquitos transgênicos nas Ilhas CaymanMalásia,Panamá e Brasil. Tentou fazer o mesmo na Europa, que não deu permissão por razões de biossegurança e estudos de impacto deficientes. 
Encontrou regulações “flexíveis” no Brasil, onde fez experimentos no Nordeste, embora não tenha conseguido a autorização da ANVISA, autoridade sanitária desse país. Sua técnica é produzir Aedes Aegypti transgênicos manipulados com um gene letal condicional, que não se expressa, caso se aplique o antibiótico tetraciclina, o que fazem durante a reprodução. Em seguida, são liberados para cruzarem com mosquitos selvagens, que se não encontram o antibiótico, produzem descendência estéril.
A empresa Oxitec cita uma redução de 80-90% da população de mosquitos nas áreas de experimento. Porém, segundo documentados relatórios de Edward Hammond, da Rede do Terceiro Mundo e de GeneWatch, a realidade é muito diferente.
Em um relatório de 2015, GeneWatch explica que a diminuição de mosquitos não está comprovada, porque os mosquitos selvagens podem simplesmente ter mudado para áreas próximas. 
Os resultados das Ilhas Cayman sugerem que a técnica é muito ineficaz, já que usaram 2,8 milhões de mosquitos, semanalmente, para combater uma população selvagem de 20.000 mosquitos e, de qualquer forma, ainda que tenham informado uma baixa na área de liberação, houve um aumento da população de mosquitos em regiões vizinhas. 
Além disso, mesmo que provisoriamente tenha diminuído a quantidade de mosquitos, não existe evidência, em nenhuma parte do mundo, de que os mosquitos transgênicos tenham reduzido a incidência de dengue, nem de outras doenças.
Ao contrário, uma das preocupações sobre os impactos dos mosquitos transgênicos, particularmente em regiões endêmicas, é que a diminuição temporal possa baixar a resistência cruzada a vários sorotipos da dengue que existe nessas populações, favorecendo o avanço de formas mais agressivas como a dengue hemorrágica. 
Além disso, o deslocamento do Aedes Aegypti pode favorecer a expansão de transmissores rivais, no caso da dengue, do Aedes albopictus, que é mais difícil de erradicar.
GeneWatch também considera que a empresa Oxitec não apresentou provas de que a proteína que os mosquitos transgênicos expressam, chama tTA, não produza efeitos alergênicos ou tóxicos em animais e humanos, apesar de já se ter observado toxicidade e neurotoxicidade em ratos.
Desde 2015, a empresa Oxitec passou a ser propriedade da Intrexon, empresa de biologia sintética estadunidense, razão pela qual poderia estar considerando o uso de tecnologias de biologia sintética com mosquitos, mais arriscadas, como o uso de condutores genéticos (gene drives) que poderiam modificar toda uma população de mosquitos em uma ou duas gerações. 
As consequências em modificar toda uma espécie teriam implicações imprevisíveis, incluindo sérios impactos potenciais no ecossistema e mutações nos agentes das doenças. Já existem experimentos confinados de modificação de insetos com esta técnica em universidades dos Estados Unidos, o que motivou um alerta de cientistas sobre os altos riscos desta tecnologia, inclusive a respeito de seu potencial uso como arma biológica (The Indepent, 02/08/2015). No entanto, tendo em vista a “emergência” pelo vírus da zika, aumentam a propaganda e pressões para usar esta tecnologia.
São remendos técnicos estreitos, concebidos mais como negócio do que para realmente enfrentar os problemas. Além dos impactos que acarretam, desviam a consideração das causas e atrasam sua atenção real.
Segundo dados oficiais em 02/02/2016, foram confirmados 404 casos de microcefalia no Brasil. Somente 17 tinham simultaneamente o vírus da zika. São apenas 4,2% dos casos confirmados e só mostram que o vírus estava presente, não que fosse o causador de microcefalia, anomalia que tem um amplo espectro de causas possíveis, como exposição durante a gravidez a tóxicos, desnutrição e outras infecções, todos fatores de alta incidência entre a população pobre do Nordeste, onde estão 98% dos casos referidos.
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) publicou uma excelente Nota Técnica e carta aberta ao povo, fazendo notar que o aumento de microcefalia pode estar relacionado ao uso de inseticidas e larvicidas que são colocados na água potável (!), cuja concentração aumentou no Nordeste no período em questão, em razão do racionamento de água por secas inesperadamente mais intensas que o normal. 
Exigem uma consideração ampla das causas de microcefalia, em uma estratégia decidida com as pessoas, a partir de suas condições, que ao contrário desses enfoques técnicos de alto risco, é a única forma efetiva de enfrentar as epidemias.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Abrasco nega ter relacionado larvicida Pyriproxifen a casos de microcefalia.

Sumaia Villela – Correspondente da Agência Brasil
“Não dissemos que o larvicida [Pyriproxifen] está associado à microcefalia”. A afirmação é do coordenador do Grupo de Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Marcelo Firpo. No último sábado (13), nota técnica da entidade foi usada pelo governo do Rio Grande do Sul para justificar a suspensão do uso do Pyriproxifen, sob a alegação de que o produto pode estar relacionado à ocorrência de microcefalia em bebês.

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, Firpo argumentou que tudo não passou de um mal-entendido, mas reafirmou que a entidade é contra o uso de agentes químicos na água potável. “Na nossa nota técnica não colocamos essa relação em questão, ou seja, não dissemos que o larvicida está associado à microcefalia”, disse Firpo. 

Aedes aegypti
Nota técnica da Abrasco critica o uso de produtos químicos, como larvicidas e fumacês, como principal estratégia de combate ao mosquito Aedes aegypti  Divulgação/Fiocruz
Na nota técnica, divulgada no dia 2 de fevereiro, a Abrasco fala da necessidade de investimentos em saneamento básico e se posiciona contra o uso de substâncias químicas como principal estratégia de combate ao mosquito Aedes aegypti.

Nas redes sociais, se espalhou a notícia de que a microcefalia seria causada pelo Pyriproxifen, e a nota da Abrasco era citada como fonte.

A associação foi criada há mais de 30 anos e já participou ou participa de vários espaços de representação social, como o Conselho Nacional de Saúde (CNS), Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM).

Firpo também é pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Apesar de negar a relação com a microcefalia, ele avisa que os danos à saúde provocados por produtos semelhantes não estão descartados. E diz que a principal causa da proliferação do Aedes aegypti é a falta de saneamento básico no Brasil.

Confira a íntegra da entrevista:

Agência Brasil: A microcefalia estaria ligada ao larvicida Pyriproxifen?

Marcelo Firpo: A Abrasco já lançou uma nota de esclarecimento. Está havendo um mal entendido. Na nossa nota técnica não colocamos essa relação em questão, ou seja, não dissemos que o larvicida está associado à microcefalia.

Agência Brasil: E qual seria a relação?

Firpo: A nota técnica está disponível na página da Abrasco. A nossa posição fundamental é uma crítica ao modelo de combate ao mosquito centrado, focado no uso intensivo de venenos, larvicidas e inseticidas no mosquito adulto. Esse foco é equivocado. As populações mais atingidas são justamente as mais pobres, com problemas estruturais de saneamento básico, de acesso à água potável. Consideramos um contrassenso sanitário, um absurdo a colocação de veneno larvicida na água potável, e consideramos também um absurdo o uso de uma substância considerada cancerígena pelo Iarc [Agência Internacional de Pesquisa para o Câncer, na sigla em inglês], da OMS [Organização Mundial da Saúde] – o Malathion – nos fumacês pelo país. Existem outras medidas que deveriam ser priorizadas.

Agência Brasil: E quais seriam as soluções para acabar ou minimizar essas doenças causadas pelo Aedes aegypti?

Firpo: Aedes aegypti nunca vai ser totalmente eliminado, na nossa opinião. Existe uma série de equilíbrios ecológicos na formação das cidades. Nno máximo, vamos reduzir o nível de concentração elevada, e isso já é um objetivo bastante razoável para a campanha. E essa redução da infestação em médio e longo prazo precisa ter como foco medidas de saneamento básico. Por exemplo: nesse momento foi criado já há algum tempo o Plano Nacional de Saneamento Básico, e a previsão do governo federal é uma redução de 50% das medidas de saneamento do plano do Ministério das Cidades e de 70% de redução dos investimentos em saneamento rural da Funasa [Fundação Nacional de Saúde], do Ministério da Saúde.

Temos situação que ao mesmo tempo se fala da gravidade do vírus Zika, da dengue, da chikungunya e, simultaneamente, temos uma redução substancial da velocidade de implementação do plano de saneamento básico. Esse é o primeiro ponto: reduzir a pobreza, as desigualdades sociais e espaciais e investir no saneamento básico. Essa é a questão fundamental.

E, no curto prazo, é preciso eliminar e substituir essas medidas pontuais. O que deveríamos fazer é uma campanha de envolvimento da população e criar as condições para que as populações, principalmente com condições mais precárias, tenham outros métodos para resolver armazenamento de água. Essa população tem frequentemente acesso à água potável cortado por causa de precariedade do fornecimento, deixam de receber água em casa. Muitas vezes armazenam água em condições muito precárias. É preciso criar condições de proteção a essas formas de armazenamento e ao mesmo tempo investir na qualidade do fornecimento de água. Existem medidas como colocação de redes, fornecimento de tampas para domicílios que fazem esse armazenamento provisório.

Edição: Luana Lourenço.
Leia Mais:
1 - 2016.02.14 - A Sumitomo Chemical fabricante do Pyriproxyfen rebate suspeitas de que o larvicida cause microcefalia. http://maranauta.blogspot.com.br/2016/02/a-sumitomo-chemical-fabricante-do.html.


Artigo. O diabo e a garrafa de Mauro Santayana.

Mauro Santayana * 


(Rede Brasil Atual) - Em pleno processo de impeachment, e de julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), das ações envolvendo a chapa vitoriosa nas últimas eleições, a situação da República tem sido marcada pela espetacularização de um permanente “pega para capar” jurídico-policial, a ascensão da “antipolítica”, o aprofundamento da radicalização e a fascistização do país. 
 
Políticos e empresários têm sido presos – muitos por ilações frágeis ou exagerado rigor cautelar –, enquanto outros homens públicos e bandidos e delatores premiados apanhados com milhões de dólares na Suíça circulam livremente ou estão em prisão domiciliar. 

Milhares de brasileiros acreditam piamente que o Brasil é um país quebrado e destruído, quando temos as sextas maiores reservas internacionais do mundo e somos o terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos. 

Que um perigoso “bolivarianismo” pretende implementar uma ditadura de esquerda na América Latina, quando, seguindo os ritos democráticos normais, e sob amplo acompanhamento de observadores internacionais, a oposição liberal acaba de ganhar, pelo voto, as eleições na Venezuela e na Argentina. 

Que o Brasil é um país comunista quando pagamos juros altíssimos, e somos, historicamente, dominados, na economia e na política, por um dos mais poderosos sistemas financeiros do mundo, pelo agronegócio e o latifúndio, por bancos e empresas multinacionais. 

Discutindo na mesa de pôquer da sala de jogos do Titanic, envolvidos por suas disputas, e por uma rápida sucessão de fatos e acontecimentos, que têm cada vez mais dificuldade em digerir e acompanhar, os homens públicos brasileiros ainda não entenderam que a criminalização da política, criada por eles mesmos, como parte de uma encarniçada e deletéria disputa pelo poder, há muito extrapolou o meio político tradicional, espalhando-se, como o diabo que escapa da garrafa, como uma peste pela sociedade brasileira, na forma de uma profunda ojeriza, preconceito e desqualificação do sistema político, e daqueles que disputam e detêm o voto popular. 

Se não se convocar a razão e o bom senso, para reagir ao que está acontecendo, e se estabelecer um patamar mínimo de normalidade político-institucional, tudo o que restará será o confronto, o arbítrio e o caos. 

Está muito enganado quem acha que o mero impedimento de Dilma Rousseff resolverá a questão. 

No final da década de 20, os judeus conservadores comemoravam, da varanda de suas mansões, na Alemanha, o espancamento, nas ruas, de esquerdistas e socialistas, pelos guardas de grupos paramilitares nazistas como as SS e as SA, e se regozijavam, em seu íntimo, por eles os estarem livrando da ameaça bolchevista. 

Depois também viram passivamente – achando que estariam resguardados por suas fortunas – passar sob suas janelas, as filas de operários e pequenos comerciantes judeus a caminho dos campos de concentração – até chegar a sua vez de ocupar, como sardinhas em uma lata, o seu lugar nas câmaras de gás. 

Poucas vezes, na história, o efeito bumerangue costuma poupar aqueles que, como aprendizes de feiticeiro, se atrevem a cutucar o que está dentro da caixa de Pandora. 

Depois de Dilma e do PT, seria a vez de Temer, e depois de Temer virão os outros – todos os partidos e lideranças que tenham alguma possibilidade de alcançar o poder, por via normal. 

Parafraseando Milton Nascimento, na política brasileira “nada será como antes amanhã”. 

O Brasil que se seguirá à batalha sem quartel e sem piedade, levada a cabo pela oposição nos últimos anos e meses tendo como fim a destruição e total aniquilamento do PT – cujas principais vítimas não serão esse partido, mas o Estado de Direito, o presidencialismo de coalizão, a governabilidade e a própria Democracia – não terá a cara do Brasil do PSDB de Serra, de Aécio, ou de FHC, mas, sim, a de Moro e a de Bolsonaro. 

A do messianismo, da vaidade, da onipotência e do imponderável, e a do oportunismo e do fascismo – e aqui não nos referimos ao velho fascio italiano – em seu estado mais puro, ensandecido e visceral. 

* jornalista .

Publicado originalmente em http://www.maurosantayana.com/2016/01/o-diabo-e-garrafa.html