terça-feira, 5 de julho de 2016

A CHINA E SUA NOVA ROTA DA SEDA.

Mapa: The Economist.
Oficialmente chamada de Cinturão e Rota (One Belt, One Road), a política visa à construção de infraestrutura na Eurásia de modo a torná-la um único espaço econômico centrado em Pequim com investimentos no valor de 4 trilhões de dólares. 
Charge - The Economist.
Podendo ser tida como um desafio ao domínio comercial dos Estados Unidos no mundo, a iniciativa do governo de Xi Jinping deve expandir os laços comerciais e físicos da China na Eurásia (e mesmo na África), bem como o seu poder brando (soft power). 
Embora haja inúmeros empecilhos à sua consecução, vários projetos já estão sendo feitos a alterando estruturas na economia mundial. Confira aqui a matéria do The Economist sobre a China e sua iniciativa de estabelecer uma nova rota da seda 

Juiz não é obrigado a seguir decisão sobre prisão após 2ª instância, diz Mello.

André Richter – Repórter da Agência Brasil
Foto - STF min. Celso de Mello
O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou hoje (4), em uma decisão, que os juízes de instâncias inferiores não são obrigados a seguir a decisão da Corte, proferida em fevereiro, que determinou que pessoas condenadas em segunda instância devem começar a cumprir pena antes do trânsito em julgado do processo (final do processo).

De acordo com o ministro, que ficou vencido na votação, a decisão não obriga os juízes a seguir a decisão. 
“Tal decisão, é necessário enfatizar, pelo fato de haver sido proferida em processo de perfil eminentemente subjetivo, não se reveste de eficácia vinculante. A significar, portanto, que aquele aresto, embora respeitabilíssimo, não se impõe à compulsória observância dos juízes e tribunais em geral”, argumentou Mello.

A tese foi defendida em uma decisão em que Mello suspendeu a execução do mandado de prisão contra um condenado a mais de 16 anos de prisão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Antes de peticionar ao Supremo, o condenado conseguiu uma liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para recorrer em liberdade, mas a decisão foi cassada após o julgamento da Corte que permitiu a execução da pena antes do trânsito em julgado.

No entendimento do ministro, a decisão que determinou a prisão do condenado antes do esgotamento de todos os recursos violou o princípio constitucional da presunção de inocência. “Vê-se, portanto, que nenhuma execução de condenação criminal em nosso país, mesmo se se tratar de simples pena de multa, pode ser implementada sem a existência do indispensável título judicial definitivo, resultante, como sabemos, do necessário trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, concluiu.

Edição: Nádia Franco

Europa. Mohamed Abrini, o «terrorista do chapéu» é informante dos Britânicos.

Foto - Voltairenet,org
Segundo a imprensa londrina, Mohammed Abrini, sobrevivente dos atentados de Bruxelas, é informador dos serviços secretos britânicos [1].
Única pessoa simultaneamente implicada nos atentados de Paris (a 13 de Novembro de 2015) e de Bruxelas (22 de Março de 2016), Mohammed Abrini, dito «o homem do chapéu» está atualmente detido na Bélgica. O Procurador do Rei parece ter-se oposto à sua extradição para a França devido às suas ligações com os serviços britânicos.

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Foto - Voltairenet,org
A imprensa britânica não informa se ele trabalhava para a polícia ou para os Serviços de Inteligência Britânicos, se ele fora recrutado nos círculos jihadistas ou se foi infiltrado. Esta informação levanta igualmente uma pergunta sobre o seu irmão, oficialmente morto no Levante, mas que poderia na realidade ter sido exfiltrado.
Tradução - Alva.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Waldir Maranhão tem quebra de sigilo bancário autorizado pelo Ministro Marco Aurelío do STF.


Carolina Gonçalves e Michélle Canes – Repórteres da Agência Brasil

A ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio, autorizou a quebra do sigilo bancário do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA). Marco Aurélio atendeu a um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Em nota, Maranhão disse ser normal a quebra de sigilo dentro de uma investigação.

Brasília - Waldir Maranhão preside sessão extraordinária da Câmara para analisar a Medida Provisória do Setor Aéreo, que permite ao investidor estrangeiro participar com até 49% (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Waldir Maranhão terá o sigilo bancário quebrado, por autorização do STF -  Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Segundo a decisão do ministro, que data do último dia 27, Maranhão foi citado em uma delação premiada. O texto cita que no pedido feito ao STF, o Ministério Público Federal (MPF) diz que existem “fortes indícios” a respeito de Maranhão em um caso envolvendo regimes de previdência.

“No processo revelador da mencionada petição, o Procurador-Geral da República, (...), argui a existência de fortes indícios, a apontarem que o deputado federal Waldir Maranhão, mediante recebimento de vantagem indevida, teria atuado em diversas prefeituras, em favor de esquema fraudulento de investimentos nos regimes de previdência de servidores públicos municipais, concebido, supostamente, por Fayed Traboulsi”, diz o relatório apresentado na decisão. Diante dos indícios, a Procuradoria-Geral da República fez o pedido de quebra de sigilo bancário do parlamentar e da esposa de Maranhão.

“A situação deste processo enquadra-se na previsão constitucional, mostrando-se relevante o pedido do Ministério Público Federal, a fim de elucidar a suposta participação do investigado, Deputado Federal, no esquema fraudulento de investimentos nos regimes de previdência de servidores públicos municipais”, diz o texto.

Marco Aurélio autorizou a quebra de sigilo somente do deputado. “A cônjuge do indiciado não é investigada, não tendo o Ministério Público apresentado justificativa para a quebra do sigilo dos respectivos dados bancários, mesmo porque não foi mencionada nas declarações do colaborador”, diz o texto.

Waldir Maranhão - Em nota, divulgada mais cedo, o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, disse que é “absolutamente normal”, dentro de um procedimento investigatório, o pedido de quebra de sigilo de seus dados bancários.

“O deputado está absolutamente tranquilo sobre a investigação. Quanto mais se investigar, mais se concluirá pela absolvição”, diz texto distribuído pela assessoria do deputado.

Edição: Maria Claudia e Carolina Pimentel.

W.Torre Engenharia e Construção S/A envolvida ma 31.ª fase da Lava Jato.

31.ª fase da Lava Jato investiga cartel, corrupção e lavagem na construção de Centro de Pesquisas da Petrobras no RJ. 
Esquema envolveu pagamento de mais de R$ 39 milhões em vantagens indevidas para empresa participante do certame, Diretoria de Serviços e PT.
31.ª fase da Lava Jato investiga cartel, corrupção e lavagem na construção de Centro de Pesquisas da Petrobras no RJ
Na 31.ª fase da Operação da Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira, 04 de julho, são cumpridas medidas cautelares pedidas pelo Ministério Público Federal com a finalidade de obter provas adicionais de crimes de organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de contratos da Petrobras, em especial do contrato celebrado pelo Consórcio Novo Cenpes para a construção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES), no Rio de Janeiro/RJ.
No total foram expedidos 23 mandados de busca e apreensão, 01 mandado de prisão preventiva, 04 mandados de prisão temporária e 07 mandados de condução coercitiva. Os alvos desta fase são grandes empresas construtoras, incluindo alguns de seus executivos e sócios, e Paulo Adalberto Alves Ferreira, preso recentemente na operação denominada “Custo Brasil”.
Em 2007, a Petrobras submeteu à licitação três grandes obras de construção civil: Sede Administrativa em Vitória/ES, Centro Integrado de Processamento de Dados (CIPD), no Rio de Janeiro/RJ, e o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES), também no Rio de Janeiro/RJ.
As investigações em curso na Operação Lava Jato, corroboradas pelo acordo de leniência e acordos de colaboração celebrados com a empresa Carioca Engenharia e seus principais executivos, indicaram que as principais empreiteiras participantes daquelas licitações se ajustaram num grande cartel, fixando preços e preferências de modo a frustrar o procedimento competitivo da Petrobras e a maximizar os seus lucros. A Construtora OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia, integrantes do Consórcio Novo Cenpes, ficaram com a obra do Cenpes.
No caso específico da licitação para a obra do CENPES, houve um imprevisto, pois a empresa WTorre Engenharia e Construção S/A (WTorre), que não havia participado dos ajustes, apresentou proposta de preço inferior. As empresas que formavam o Consórcio Novo Cenpes ajustaram, então, vantagem indevida de dezoito milhões de reais para que a WTorre saísse do certame, permitindo que o Consórcio renegociasse o preço com a Petrobrás. Concretizado o acerto espúrio, o Consórcio Novo Cenpes celebrou, em 21/01/2008, contrato com a Petrobras no valor de R$ 849.981.400,13.
Além dos ajustes e fraude na licitação, houve oferecimento, promessa e efetivo pagamento de propina a funcionários da Petrobras da Diretoria de Serviços e a agente político vinculado ao Partido dos Trabalhadores, visando à maximização dos lucros no contrato. No período de 2007 a 2012, foram pagos aproximadamente R$ 18 milhões para que a empresa com melhor preço abandonasse a licitação e foram identificados pagamentos ilícitos de R$ 16 milhões transferidos a Adir Assad, R$ 3 milhões para Roberto Trombeta e Rodrigo Morales, USD 711 mil para Mario Goes e R$ 1 milhão para Alexandre Romano.
Para a elucidação dos crimes, foram importantes as contribuições prestadas no âmbito de acordos de colaboração e de leniência celebrados pelo Ministério Público Federal, as quais foram corroboradas por provas documentais de fraude à licitação, de pagamentos no exterior e no Brasil e de contratos fictícios feitos com empresas de fachada ou usadas para fazer repasses de propinas.
Dirigentes da empresa Carioca Engenharia, em colaboração, por exemplo, reconheceram a fraude à licitação em benefício do consórcio Novo Cenpes e pagamentos de propinas, o que foi corroborado por eventos que confirmam manipulação da licitação e por contratos fictícios e transferências bancárias. Pedro José Barusco Filho, ex-gerente de engenharia da Petrobras indicou que a obra ganha pelo Consórcio Novo Cenpes rendeu propinas de 2% do valor do contrato, tendo sido estas destinadas também ao ex-Diretor da Petrobras Renato de Souza Duque e a agentes do Partido dos Trabalhadores. Mario Frederico de Mendonça Goes, também colaborador, admitiu a intermediação de propinas, realizando pagamentos em espécie e depósitos em contas no exterior. Há, inclusive, prova documental de que executivos da Carioca Engenharia transferiram USD 711.050,00 no exterior em favor dele. Alexandre Romano, ainda, confirmou ter intermediado propinas em favor de Paulo Adalberto Alves Ferreira, o qual as recebeu na condição de agente do Partido dos Trabalhadores.
Com relação, especificamente, à parte do dinheiro que foi repassada a Paulo Ferreira, Secretário de Finanças do Partido dos Trabalhadores entre 2005 a 2010, Alexandre Correa de Oliveira Romano confessou que usou suas empresas, a Oliveira Romano Sociedade de Advogados, a Link Consultoria Empresarial e a Avant Investimentos e Participação Ltda., para receber mais de R$ 1 milhão das construtoras integrantes do Consórcio Novo Cenpes. Os valores foram recebidos por meio de contratos simulados e repassados a pessoas físicas e jurídicas relacionadas com Paulo Ferreira, inclusive em favor dele próprio, familiares, blog com matérias que lhe são favoráveis e escola de samba.
Existem também provas do envolvimento de outros operadores financeiros no pagamento de propinas durante a execução das obras do CENPES. Foram identificadas transferências bancárias que somam mais de R$ 15 milhões provenientes das construtoras integrantes do Consórcio Novo Cenpes para empresas de Adir Assad, preso na última semana, na denominada “Operação Saqueador”. Além disso, também comprovam os estratagemas criminosos empregados para lavar o dinheiro sujo obtido pelo Consórcio Novo Cenpes dois contratos falsos firmados por este com empresas controladas pelos operadores financeiros Roberto Trombeta e Rodrigo Morales, no valor aproximado de R$ 3 milhões.
Para o procurador da República Roberson Pozzobon, chama a atenção a presença de mais um político como alvo da Lava Jato que recebeu benefícios: “O povo brasileiro já não aguenta mais agentes políticos que flertam, namoram ou mesmo se casam com a corrupção. É preciso que as duas principais causas da corrupção descoberta na Lava Jato, as falhas do sistema político e a impunidade, sejam atacadas mediante reforma política e 10 medidas contra a corrupção”. O procurador da República Júlio Noronha destacou que esse caso é um exemplo do uso de colaborações premiadas, pois “a palavra do colaborador nunca é usada isoladamente. Neste caso as declarações de mais de 5 colaboradores e uma leniência foram usadas em conjunto com provas documentais bastante consistentes, como transferências bancárias no Brasil e no exterior e contratos fictícios com empresas para repasse disfarçado da propina.”
Por fim, o coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, ressaltou a interconexão com investigações deflagradas na última semana: “Três operações da última semana, Saqueador, Custo Brasil e a de hoje, são ramos de uma mesma árvore. Juntas formam um ícone da recente articulação da Justiça que começa a cercar em diversas frentes de investigação megaesquemas criminosos de desvio de dinheiro público que se interconectam. É expressão disso o fato de que há alvos em comum entre Lava Jato e as demais, como Adir Assad, no caso da Saqueador, e Paulo Ferreira, na Custo Brasil. É preciso uma atuação interinstitucional firme contra a corrupção se desejamos que os demais ramos dessa mesma árvore possam produzir frutos como a Lava Jato.”

Nigeria negocia com o governo dos Estados Unidos a autorização para a compra de 20 aviões A-29 (Super Tucanos).

(Photo: Courtesy of Pakistani Air Force)

Nigéria negocia a aquisição de aeronaves do Paquistão.

Gaborone, Botswana - A Força Aérea da Nigéria (NAF) diz que concluiu um acordo para a aquisição de 10 jatos leves "Super Mushshak" de treinamento básico do Paquistão para aumentar a formação na escola de treinamento de vôo principal da força na cidade de Kaduna.

Falando em uma cerimônia de graduação da 301° Turma da Escola de formação de Pilotos n° 301 em Kaduna, na semana passada, O Chefe de Gabinete da NAF, Marechal do Ar Sadique Baba Abubakar disse que a aeronave seria fornecida em breve pela Complex Paquistão Aeronáutica (PAC).

Abubakar disse que o acordo de venda incluiu a implantação de pilotos paquistaneses e técnicos de manutenção de aeronaves no país para treinar os pilotos locais na operação e manutenção da aeronave. Além disso, ele disse que a NAF tinha acabado de completar uma expansão do aeroporto para acomodar a nova aeronave.

O chefe da Defesa acrescentou que a guarnição da NAF em Kaduna vai, antes do final deste ano, receber a entrega de três aviões de caça JF-17 Trovão paquistanês. além helicópteros de fabricação russa Mil Mi-35, para impulsionar operações de contra-insurgência em curso contra o grupo militante islâmico Boko Haram no nordeste do país.

"A indução da aeronave de treinamento Super Mushshak irá impulsionar nossas capacidades através da formação de nossos pilotos no espectro completo de treinamento de voo militar", disse Abubakar. Além dos 10 novos pilotos formados localmente, o NAF enviou 10 pilotos para treinamento de combate especializado no Reino Unido, enquanto outros 10 estão sendo treinados na África do Sul.

mais oito pilotos de aviões de combate e helicópteros estão em formação no Colégio de Aviação Internacional, na cidade de Ilorin, disse Abubakar. O NAF embarcou em um programa de força de modernização dispendiosa, com muitas ofertas para o fornecimento de novos aviões e armas de defesa aérea atualmente em negociação.

Segundo o diretor de relações públicas e informação da NAF, Cap. Ayodele Famuyiwa, o país está também a negociar com os EUA a aquisição de até 20 "A29 - avião de fabricação nacional de segunda mão Super Tucano" para substituir a antiga frota de jatos Alpha, que forma a vanguarda das unidades de contra-insurgência no ar.

"Os Estados Unidos em breve autorizarão a venda dos aviões Super Tucano A-29, que seriam usados para substituir os velhos jatos Alpha. Há fortes indícios de que o governo dos EUA pode dar aquele aceno muito mais cedo do que o esperado ", disse Famuyiwa jornal diário nigeriano Punch.

De acordo com o orçamento de defesa nigeriano 2016, a NAF planeja encomendar até 20 JF-17 de PAC, a um custo de US $ 25 milhões, enquanto o custo dos 10 Super Mushshak formadores básicos foi estimado em US $ 10,2 milhões.

Esta semana, a Nigéria apresentou uma aeronave King Air 350i, que foi equipado com uma nova torre de sensor para realizar inteligência, vigilância e missões de reconhecimento. A aeronave, que agora apresenta uma torre de infravermelho / electro-ópticos bola do sensor instalado sob a fuselagem, será implantado em apoio à campanha de contra-insurgência no nordeste.

Desde o início de junho, a Nigéria recebeu ativos de aviação, que incluem um segundo jet Alpha de os EUA, assim como três H135 (formalmente conhecido como EC135) e três helicópteros AS365 Dauphin da Nigerian National Petroleum Corporation para implantação em missões de segurança interna. Email: onkala@defensenews.com

domingo, 3 de julho de 2016

Síria e Hillary: um e-mail revelador. Como Hillary Clinton ignora a paz.

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2/7/2016, Robert Parry, Como Hillary Clinton ignora a paz, Consortium News) (Excerto).
Traduzido por Vila Vudu.

“Publicamente, Hillary Clinton zombou da democracia e jogou com os argumentos ‘humanitários’, mas um de seus e-mails oficiais – distribuídos agora pelo Departamento de Estado – explica que a razão subjacente para a guerra de “mudança de regime” na Síria era o desejo do governo israelense de remover a Síria como o elo na cadeia de suprimento entre o Irã e o inimigo de Israel, o Hezbollah do Líbano.

Embora não datado e não assinado, o “e-mail Hillary Clinton” refletia o pensamento da então secretária de Estado dos EUA no final de abril de 2012 (quando o e-mail parece ter sido enviado), sobre um ano já de guerra na Síria”
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O “e-mail Hillary Clinton”

Aqui traduzido, sem revisão técnica, tradução não oficial, para simples leitura:

LIBERADO DO SIGILO



“O governo Obama tem-se mostrado desconfiado, compreensivelmente, quanto a engajar-se em operação aérea na Síria como a que foi conduzida na Líbia, por três principais razões. Diferente das forças da oposição líbia, os rebeldes sírios não são unificados e não ocupam territórios. A Liga Árabe não solicitou intervenção militar, como fez na Líbia. E os russos opõem-se.


A Líbia foi caso mais fácil. Mas, exceto pelo louvável objetivo de salvar civis líbios de serem atacados pelo regime de Gaddafi, a operação líbia não teve consequências duradouras para a região. A Síria é mais duro. Mas sucesso na Síria seria evento transformador para o Oriente Médio. Não apenas mais um ditador sanguinário sucumbiria à oposição das massas nas ruas, mas a região seria transformada para melhor, com o Irã já sem ponto de apoio no Oriente Médio a partir do qual ameaçar Israel e minar a estabilidade na região.

Diferente da Líbia, intervenção bem-sucedida na Síria exigiria substancial liderança diplomática e militar dos EUA. Washington teria de começar por mostrar disposição para trabalhar com aliados regionais como Turquia, Arábia Saudita e Qatar para organizar, treinar e armar forças rebeldes sírias. Então, usando território turco e possivelmente a Jordânia, diplomatas dos EUA e oficiais do Pentágono podem começar a fortalecer a oposição. Exigirá tempo. Mas a rebelião já dura muito tempo, com ou sem envolvimento dos EUA.

O segundo passo é desenvolver apoio internacional para operação aérea de coalizão. A Rússia jamais apoiará tal missão, portanto não faz sentido operar mediante o Conselho de Segurança da ONU. Alguns dizem que o envolvimento dos EUA arrisca guerra mais ampla com a Rússia. Mas o exemplo do Kossovo mostra realidade diferente. Naquele caso, a Rússia tinha laços étnicos e políticos genuínos com os sérvios, que não existem entre Rússia e Síria, e mesmo naquele caso a Rússia pouco fez, além de reclamar. Oficiais russos já reconheceram que não ficarão no caminho se a intervenção vier.

Armar rebeldes sírio e usar poder aéreo ocidental para destruir no solo helicópteros e aviões sírios é abordagem de baixo custo e alto rendimento. Desde que os líderes políticos em Washington mantenham-se firmes em que não haverá coturnos norte-americanos em solo, como fizeram no Kosovo e na Líbia, os custos para os EUA serão [grifado] limitados. A vitória talvez não venha rapidamente ou facilmente, mas virá.  E os ganhos serão substanciais. O Irã estará estrategicamente isolado, incapaz de exercer qualquer influência no Oriente Médio. O regime que se instalar na Síria verá os EUA como amigos, não como inimigos. Washington ganhará reconhecimento substancial por lutar na defesa do povo no mundo árabe, não de regimes corruptos. 

Para Israel, o argumento pelo qual deve atacar diretamente as instalações nucleares do Irã será facilitado. E um novo regime sírio seria aberto a ação imediata nas congeladas conversações de paz com Israel. O Hezbollah no Líbano seria separado de seu patrocinador iraniano, porque a Síria deixaria de ser ponto de trânsito para treinamento, assistência e mísseis iranianos. Todos esses benefícios estratégicos e o prospecto de salvar milhares de civis de serem assassinados pelo governo de Assad (dez mil já foram mortos nesse primeiro ano de guerra civil).

Levantado o véu do medo, da vida do povo sírio, os sírios parecem determinados a lutar pela própria liberdade. Os EUA podem e devem ajudá-los – e ao fazê-lo, ajudar Israel e ajudar a reduzir o risco de guerra mais ampla. 

– FIM DO E-MAIL.