quarta-feira, 20 de junho de 2018

Inspeção nacional aponta graves violações de direitos humanos em comunidades terapêuticas.

Imagem: PFDC
Vistorias foram realizadas pelo MPF nas cinco regiões do País.

Relatório identifica ocorrências como privação de liberdade, trabalhos forçados e internação de adolescentes.

Uso de castigos físicos, privação de liberdade, violação à liberdade religiosa, trabalhos forçados e sem remuneração, além de conduções à força para a internação – por meio do uso de contenção física ou medicamentosa. Essas foram algumas das violações identificadas por uma inspeção nacional realizada em comunidades terapêuticas nas cinco regiões do País.

A ação foi coordenada pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) – órgão do Ministério Público Federal – em conjunto com o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) e o Conselho Federal de Psicologia (CFP). As vistorias ocorreram em outubro de 2017, de maneira simultânea em 28 estabelecimentos de doze Unidades da Federação: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo, além do Distrito Federal.

A coleta de informações envolveu análise dos espaços físicos, entrevistas com usuários, direção e equipes de trabalho, além da análise de documentos das instituições – voltadas especialmente à internação de usuários de drogas, embora novos públicos venham sendo incorporados, conforme apontaram as vistorias.

“O que se identificou foi a sistemática ocorrência de um conjunto de métodos e práticas que violam frontalmente garantias estabelecidas pela legislação brasileira acerca dos direitos da pessoa com transtorno mental, bem como de prevenção e combate à tortura e dos princípios que pautam os direitos fundamentais estabelecidos pela Constituição Federal de 1988”, destacou a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, durante o lançamento do relatório – que aconteceu nessa segunda-feira (18), na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Violações de direitos humanos - As informações coletadas mostraram que a base de funcionamento das comunidades terapêuticas visitadas está no isolamento social, na abstinência e na religiosidade, além de não serem ofertadas condições na atenção à saúde e tampouco aos direitos assegurados a essa população – conforme preconizam a Lei nº 10.216/2001, a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, além de outras normativas na área, como a Resolução nº 2.056/2013 do Conselho Federal de Medicina.

As vistorias também apontaram que muitos estabelecimentos adotam práticas de castigo e punição a internos. Essas sanções variam entre a obrigatoriedade de execução de tarefas repetitivas, o aumento da chamada “laborterapia”, a perda de refeições e a violência física. Também foram identificadas práticas como isolamento por longos períodos, privação de sono, supressão de alimentação e uso irregular de contenção física (amarras) ou química (medicamentos). “Todas essas são práticas que podem ser caracterizadas pela legislação brasileira como tortura e tratamento cruel ou degradante”, destacou Lucio Costa, perito do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.

O relatório também chama atenção para a internação compulsória de usuários de drogas em comunidades terapêuticas – feitas a pedido da Justiça mas, em muito casos, em desconformidade com o que estabelece a legislação. Isso porque a única previsão no ordenamento jurídico brasileiro para que esse tipo de internação ocorra está no Código Penal, ao designar que possa ser utilizada como substituição de pena em casos em que o autor de um crime, após seu julgamento, seja considerado pela Justiça como inimputável – adotando-se a internação como uma aplicação da chamada medida de segurança.

“O que as inspeções revelaram, no entanto, é a existência de um contingente de usuários de drogas enviados a comunidades terapêuticas por determinação judicial com o objetivo de suposto tratamento de dependência química. Há decisões, inclusive, para que o poder público arque com os custos dessas internações, que, em muitos casos, não contam com prazo de término estabelecido – representando não apenas um subsídio público permanente a essas instituições, como, ainda mais grave, a perene privação de liberdade de determinada categoria de sujeitos”, destaca o relatório.

Para Deborah Duprat, é grave que recursos públicos estejam sendo investidos à revelia do monitoramento do que ocorre nessas instituições: “é preciso se pensar ações que possam coibir esse tipo de prática”, ressaltou a membros do Ministério Público Federal que também participavam do lançamento do relatório em Brasília – como os procuradores da República Felipe Palha (PR/PA), José Godoy (PR/PB), Helder Magno (PR/MG) e Sérgio Suiama (PR/RJ).

Internação de adolescentes e trabalhos forçados - As inspeções também identificaram a internação de adolescentes em comunidades terapêuticas, além do caso de uma criança de 11 anos internada por decisão judicial. “São ocorrências em completo desacordo com as diretrizes de proteção estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, destacou o procurador Sérgio Suiama, que participou das inspeções no Rio de Janeiro, estado onde foi identificado, por exemplo, o caso de um adolescente de 13 anos internado por determinação do Ministério Público local. “O garoto era mantido sem acesso à escola, à saúde, à convivência familiar e a todo o arcabouço de proteção à dignidade que lhe é assegurado pela legislação”. O caso foi encaminhado à Defensoria Pública do Estado.

As equipes identificaram ser comum, na ampla maioria das comunidades terapêuticas visitadas, o uso da chamada “laborterapia”, na qual o trabalho é utilizado como ferramenta de disciplina e de correção moral – prática condenada pelos princípios da reforma psiquiátrica estabelecida no Brasil pela Lei nº 10.216/2001. A mão de obra de internos costuma ser usada para serviços de limpeza, preparação de alimentos, manutenção, vigilância e, em alguns casos, até mesmo no controle e aplicação de medicamentos a outros internos.

Para a PFDC, da maneira como vem sendo utilizada por muitas comunidades terapêuticas, a chamada “laborterapia” encobre o uso de trabalho forçado e em condições degradantes – práticas que trazem fortes indícios de crime análogo à escravidão. Muitos relatos apontaram, inclusive, o uso de castigos e punições aos internos que se recusam a realizar tais atividades. “Pareceu evidente às equipes de inspeção que o uso da laborterapia busca, ainda, substituir a contratação de profissionais pelo uso de mão de obra dos internos – sem remuneração ou qualquer garantia trabalhista”, destacou o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Rogério Gianini.

Saiba mais - A proposta da inspeção nacional foi identificar situações concretas do cotidiano de comunidades terapêuticas e das práticas adotadas nessas instituições, de modo a qualificar o debate acerca do modelo de cuidado ofertado a usuários de álcool e outras drogas – um desafio que envolve gestores públicos, profissionais de saúde e instituições voltadas à promoção e proteção de direitos.

A ação conjunta foi inédita e mobilizou cerca de 100 profissionais, entre membros do Ministério Público Federal, peritos de prevenção e combate à tortura, psicólogos e outros profissionais da saúde e do sistema de justiça – como conselhos de Medicina, de Serviço Social e de Enfermagem, além de Defensorias Públicas e seccionais da Ordem dos Advogados no Brasil.

A análise das informações coletadas está fundamentada em um amplo marco legal e normativo acerca dos direitos da pessoa com transtorno mental, de prevenção e combate à tortura, das políticas de drogas e dos princípios que pautam os direitos fundamentais estabelecidos pela Constituição Federal de 1988. Relatos de situações concretas identificadas durante as vistorias também integram o documento.

Acesse aqui a íntegra do relatório.

Assessoria de Comunicação e Informação
Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC/MPF)
Tel: (61) 3105 6083 / 3105 6013
pfdc-comunicacao@mpf.mp.br

domingo, 17 de junho de 2018

São Luís vai sediar encontro nacional de prostitutas

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Uma matéria publicada no site "blog do Bóis" informa que São Luís vai sediar novamente mais um encontro, desta vez, o  6º Encontro Nacional de Prostitutas entre 21 e 23 de setembro de 2018, no Convento das Mercês. 
Durante os três dias de realização do encontro serão debatidos diversos temas com representações nacionais, como a luta das trabalhadoras sexuais brasileiras na perspectiva do futuro.
O evento é promovido pela Associação de Prostitutas do Maranhão presidida por Maria de Jesus, também pela Rede Brasileira de Prostitutas e ainda a Central Única de Trabalhadores e Trabalhadoras Sexuais.
Representantes dos estados do Pará, Minas Gerais, Distrito Federal entre outras unidades da federação estarão em São Luís para debater a organização dos profissionais do sexo no país.
A mesa de abertura será com o painel “30 anos de memórias, histórias e lutas das trabalhadoras sexuais”, que homenageará Gabriela Leite.

Uma representante do ‘Museu do Sexo das Putas’, de Minas Gerais, está confirmada na mesa que debaterá o Tema “Prostituição e cidades: Memórias e desafios contemporâneos”.
O documentário “Entre fronteiras”, do Canal Futura será exibido no dia 22 de setembro.
Ao longo do evento, várias Mesas Temáticas’ serão realizadas, abordando sempre temas de interesse da classe, como, por exemplo, avanços e retrocessos legais, perspectivas do trabalho dos profissionais sexuais, e também direitos e legislação no Brasil.
A programação do evento será encerrada com uma ‘Puta Festa Maranhense de 30 Anos’, após o desfile ‘Grife Daspu’, com trilha ao vivo do DJ Dolores.
Fonte: Blog do Bóis. 

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Guerra Urbana em São Luís. Assaltantes são alvejados por homem armado dentro de ônibus na avenida Africanos.


Manhã de sexta-feira (15), bastante violenta na Ilha, logo no início da manhã tivemos um visitante que é professor da UFRJ esfaqueado na lagoa da Jansen, ainda pela manhã três suspeitos assaltaram um ônibus do transporte coletivo que faz a linha Janaína/Riot, na Avenida dos Africanos, em São Luís.

Segundo informações dos grupos de whats app, os assaltantes estavam armados e foram surpreendidos durante a tentativa de roubo, quando um dos passageiros que é comenta-se seria Policial Militar reagiu ao assalto e atirou em dois dos três suspeitos, o terceiro ao ouvir os disparos empreendeu fuga.

Mesmo com o ônibus lotado, não teve vítimas e nenhum passageiro foi atingido. “É foi pânico. Eu estava sentada mais próximo da cadeira da parte de trás porém mais próximo para cá pra frente no ônibus. Ele chegou e pediu o celular, eu dei, ai o policial que estava no ônibus atirou.” comenta uma passageira não identificada, e assustada com o ocorrido.

Ainda segundo informações os dois assaltantes que foram abatidos a tiros seriam moradores do Coroadinho, Maurício ‘O Gordo’ e Davi, como são conhecidos, ainda se encontravam no local estirados pelo chão após a tentativa de assalto, aguardando o rabecão.
Registrou-se ainda há pouco no inicio da tarde um acidente automobilístico na estrada da Maioba, com uma vítima fatal  que conduzia uma bicicleta, o condutor do veiculo atropelador fugiu do local sem prestar socorro a vítima.

Guerra Urbana. Professor referência em Geologia Física do Brasil é esfaqueado na Lagoa da Jansen em São Luís.

Foto - Prof. Antonio José, da UFRJ.

A violência não dá trégua, matéria publicada no blog do Diego Emir trás mais uma triste notícia. 
Na manhã desta sexta-feira (15), o professor Antônio José Texeira Guerra (URFJ), considerado um dos maiores geógrafos do Brasil, foi esfaqueado na Lagoa da Jansen, em São Luís, quando passeava pela área. O professor Antônio José Texeira Guerra (URFJ) veio participar de uma banca examinadora de avaliação do Professor Antônio Cordeiro Feitosa da UFMA para PROFESSOR TITULAR. 
Porém, infelizmente o geólogo que é tido como referência nacional, acabou sendo esfaqueado no tórax e no braço esquerdo. Ele encontra-se em estado grave no Socorrao I, onde está sendo submetido a uma cirurgia.

Polícia Federal lança edital para provimento de 500 vagas.

Polícia Federal lança edital para provimento de 500 vagas


Brasília/DF - A Polícia Federal lançou nesta sexta-feira (15/5) o edital de concurso público para provimento de vagas nos cargos de delegado, perito, agente, escrivão e papiloscopista. O certame será realizado pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), que utilizará o método Cespe de seleção.
Estão sendo disponibilizadas 500 vagas, distribuídas entre os cargos de delegado de polícia federal (150), perito criminal federal (60), escrivão de polícia federal (80), papiloscopista de polícia federal (30) e agente de polícia federal (180).
A inscrição será feita apenas via internet, no endereço eletrônico http://www.cespe.unb.br/concursos/pf_18, no período entre 10 horas do dia 19 de junho de 2018 e 18 horas do dia 2 de julho de 2018 (horário oficial de Brasília/DF).
O candidato poderá efetuar o pagamento da taxa de inscrição por meio de Guia de Recolhimento da União, disponibilizada na página de acompanhamento do concurso e paga em qualquer banco, bem como nas casas lotéricas e nos Correios. O pagamento da taxa de inscrição deverá ser efetuado até o dia 20 de julho de 2018.
Todas as informações a respeito do concurso estão disponíveis no site http://www.cespe.unb.br/concursos/pf_18.
 Divisão de Comunicação Social da Polícia Federal - Contato: (61) 2024-8142.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

MPF: ex-prefeito de Presidente Juscelino/MA. Rubemar Coimbra Alves é condenado por desvio de recursos públicos federais.

Rubemar Coimbra Alves

Rubemar Coimbra Alves e a ex-tesoureira do município, Lidimar Baima Alves, desviaram recursos do Fundef destinados à educação.

O Ministério Público Federal (MPF) no Maranhão (MPF/MA) conseguiu na Justiça a condenação do ex-prefeito e da ex-tesoureira do Município de Presidente Juscelino (MA), Rubemar Coimbra Alves e Lidimar Baima Alves, por desvio dos recursos recebidos pelo município por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), entre os meses de julho e dezembro de 2005.
Segundo a sentença, houve movimentação financeira irregular na conta vinculada ao programa, em nome da Prefeitura. Rubemar Coimbra e Lidimar Baima realizaram saques no valor total de R$ 209,8 mil, utilizando quatorze cheques, onze deles ao portador e três em nome da Prefeitura de Presidente Juscelino.
Para o juiz da 2ª Vara Federal, "diante de todas essas irregularidades na aplicação de recursos provenientes de órgão público federal (Fundef), é evidente o desvio indevido de verbas públicas pelos denunciados Rubemar Coimbra e Lidimar Baima, visto que receberam integralmente os recursos públicos, mas não os aplicaram na finalidade a que se destinavam. Está claro que os recursos oriundos do Fundef não foram utilizados nos fins a que se destinavam, restando configurado o desvio desses valores pelo ex-chefe do executivo municipal de Presidente Juscelino, com a relevante participação da ex-tesoureira".
De acordo com o art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67, "apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio” é crime de responsabilidade do prefeito, sujeito, portanto, ao julgamento do Poder Judiciário.
Diante disso, a Justiça Federal determinou a aplicação da pena prevista para o delito do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67. O ex-prefeito Rubemar Coimbra Alves deve cumprir quatro anos e seis meses de reclusão, já a ex-tesoureira Lidimar Baina Alves teve a pena de cinco anos e quatro meses de reclusão estabelecida. Ambos têm o regime inicial de cumprimento de pena semiaberto.
O número do processo para consulta na Justiça Federal é 37467-54.2010.4.01.3700.
Assessoria de Comunicação - Procuradoria da República do Maranhão Tel: (98) 3213-7100 - E-mail: prma-ascom@mpf.mp.br - Twitter: @MPF_MA.

terça-feira, 12 de junho de 2018

MPF/MA garante regularização dos serviços de saúde em Alcântara.

O Município deverá adotar os instrumentos legais do SUS e melhorar a infraestrutura nas unidades de saúde, já União terá o dever de fiscalizar o cumprimento das recomendações.

Fonte: PFDC/MPF
Fonte: PFDC/MPF.
Após ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA), a Justiça Federal determinou que o Município de Alcântara (MA) e a União a regularizarem e fiscalizarem, respectivamente, os serviços de saúde no Município, por conta da falta de infraestrutura das unidades de saúde e da ausência dos instrumentos legais do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com os relatórios do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), da Superintendência Estadual de Vigilância Sanitária (Suvisa) e do MPF/MA, foram constatadas várias irregularidades, entre elas: questões de infraestrutura dos serviços de saúde em relação a limpeza, esterilização ou abastecimento de materiais de trabalho; a omissão na elaboração dos Planos Municipais de Saúde, das Programações Anuais de Saúde e dos Relatórios Anuais de Gestão; a ausência da transparência orçamentária, da publicidade de seus atos; e a não comprovação das despesas da secretaria de saúde.
Diante disso, a Justiça Federal determinou que o Município de Alcântara deverá adotar todas as providências necessárias para corrigir as irregularidades apuradas, no prazo de 60 dias, sob pena de multa diária de R$ 10.000,00. A União deve promover fiscalização tanto dos recursos repassados, quanto do cumprimento integral dos deveres do Município de Alcântara que, por sua vez, ainda pode recorrer da decisão.
 Assessoria de Comunicação - Procuradoria da República do Maranhão - Tel: (98) 3213-7100 - E-mail: prma-ascom@mpf.mp.br - Twitter: @MPF_MA.