segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dona Luzia dá receita para enfrentar a China

Na matéria que a Folha de S. Paulo fez, domingo dia 24 de julho de 2011, sobre o sucesso do pólo de eletrônica de Santa Rita do Sapucaí, uma pequena cidade do interior de Minas Gerais que se tornou um megacentro da indústria eletrônica brasileira, faltou um personagem –e um exemplo – indispensável.

Foi a D. Luzia.

Foi com ela que começou a história que faz a cidade ter hoje 142 empresas do setor que, juntas, vão faturar R$ 1,9 bilhão neste ano, 27% a mais que em 2010, e que, segundo a matéria da Folha, conseguiu “driblar” a concorrência dos chineses.

Dona Luzia Moreira da Costa, conhecida como Sinhá Moreira por conta da família aristocrática de onde vinha – a do ex-presidente Delfim Moreira – não era engenheira, muito menos especialista em eletrônica. Era jovem de família rica, que pôde estudar, mas que não tinha razão para ter outros pensamentos senão o de seguir a tradição agrária e atrasada da região.

Mas, como casou com um diplomata e correu mundo – México, Europa e Japão – começou a entender que o futuro estava no conhecimento.

E, com a ajuda de engenheiros do Instituto Tecnológico da Aeronáutica e de padres jesuítas, botou do seu próprio dinheiro e criou uma Escola Técnica de Eletrônica em Santa Rita do Sapucaí. Lá, no interiorzão, onde mal chegava a luz elétrica.

E os alunos e professores da escola, quase sem ter o que fazer com o conhecimento, resolveram fazer o que sabiam fazer: produzir conhecimento.

E Santa Rita virou, nos anos 70, uma cidade de jovens estudantes, dedicados a “inventar” geringonças aparentemente sem sentido ou com sentido aparentemente sem futuro. Cantorias na madrugada, bebedeiras juvenis, tudo o que marcou aqueles tempos e sempre marca os tempos de juventude.

E a garotada de há 30 , 40 anos – e seus sucessores, mais jovens – são os empreendedores que, hoje, como diz a Folha, driblaram os chineses. Com inteligência, ousadia e investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, dez vezes maiores do que a média nacional.

Faltou um personagem na história do jornal, como faltam D. Luzias no Brasil.

As nossas empresas, com todas as suas coloridas páginas de “Balanço Social”, onde desfilam para o marketing institucional a sua “responsabilidade social” não chegam aos chinelos de D. Luiza.

Mas reclamam da falta de trabalhadores especializados e qualificados.

D. Luzia diria a eles: “uai, e porque então vocês não educam?”

Por: Juan Pessoa

http://blogprojetonacional.com.br/dona-luzia-da-receita-para-enfrentar-a-china/

Um comentário:

  1. Nossa, que história! Acredito que se fuçamos mais nessas cidades do interior achamos mais histórias lindas como essa da D.Luzia

    Parabéns!!

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