segunda-feira, 1 de agosto de 2011

No Maranhão tem Agricultura orgânica.

Saímos de Vitória do Mearim logo cedo com destino ao Assentamento Mato Grosso, encontramos o “Teotônio”, que foi um dos líderes desta ocupação, hoje já regularizado como Assentamento do Incra, tendo sido o Sr. João Teotônio Moreira, conhecido por todos como Teotônio, contemplado com uma área de Cinco Mil Metros Quadrados, mesma dimensão dos lotes entregues aos demais assentados pelo Incra na referida gleba.

Encontramos Teotônio nas margens da BR 222 numa palhoça vendendo produtos de sua roça, grande foi sua alegria com a chegada do “Passo-Triste” (Vice-Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vitória do Mearim), de Kênia Coêlho, Dídima Coêlho e do Dr. Almir Coêlho. Após saborearmos um mamão delicioso, iniciamos nossa visita a área pertencente ao Teotônio, pelo quintal de sua casa, área que ele chama de seu laboratório, pois foi ali que tudo começou.

Teotônio nos fala que seu amor pela preservação da natureza, pela agricultura orgânica, tudo começou com uma palavra, ou seja, foi numa palestra dada por um professor em Arari, há mais de vinte anos atrás, que ele ouviu o palestrante citar que iria chegar o dia em que o agricultor se conscientizaria e faria suas roças sem queimadas, agredindo o mínimo possível o meio-ambiente.

Estas palavras criaram “raízes ecológicas” em Teotônio, que assim como um Dom Quixote, luta solitário e tenazmente na implantação de um projeto piloto de agricultura orgânica no Assentamento Mato Grosso. Teotônio não recebe nenhum tipo de incentivo por parte dos Governos, seja Federal, Estadual ou Municipal. O mesmo afirma que já tentou várias vezes receber algum incentivo pra atrair outros assentados pra sua forma de trabalho mas o ultimo projeto elaborado pelo Programa Pró-ambiente ( seqüestro de carbono) que iria oferecer uma bolsa nem começou e já foi desativado.

Na sua lida diária pela divulgação dos benefícios da agricultura orgânica, não admite se falar em realização de queimadas para se plantar e não aprova que se fale do uso de adubos químicos para a correção do solo, defende sim os benefícios da compostagem do solo.

Segue nos mostrando sua obra prima, repetindo seu bordão “se este projeto nasceu de uma palavra, imagine quando mostrarmos este exemplo”. Fala a pleno pulmões que suas roças de 2011 e 2012 já estão com o trabalho 60 a 70 por cento feito, nos mostrando sua roça permanente com mais de dez mil pés de abacaxis, o objetivo é chegar a vinte mil pés, até a cerca viva da propriedade e feita de pés de abacaxis, tendo também bananais, Jussaral, Mangueiras centenárias, Cacau-do-mato e está sendo preparado o plantio de Cupuaçu.

Ele afirma que o plantio de roças no período de inverno responde pelos outros trinta por cento do trabalho, citando as lavouras de melancia, macaxeira, arroz, milho, e feijão de abafa. Neste momento fazendo uma pausa nos mostra um pé de feijão gandu, e diz que ela serve pra recuperar o solo, pois esta planta é rica em nitrogênio, potássio...., e levanta a moral “do cabra” enfraquecido também, risos.... De imediato “Passo Triste” encomendou dez quilos de feijão gandu....

Encontrei muitos montes de casca de arroz, perguntei a serventia e me foi explicado que a casca do arroz serve pra proteger as ramas da melancia nos períodos de chuva pra evitar a perca das floradas.

Mais a frente Teotônio nos chama a atenção pra conhecermos seu maior orgulho, um trabalho de recuperação de um pequeno córrego que corre por sua propriedade e que devido ao desmatamento desmedido dos outros assentados, houve o assoreamento do leito deste pequeno riacho praticamente morreu, ficando anos sem ter um “fio de água a correr”. Nosso amigo fala orgulhoso foram muitos e muitos dias de labuta, com meu filho reclamando e eu incentivando dizia, meu filho você vai ver como será lindo ver a água deste riacho novamente voltar a correr... e depois de muito trabalho e quase cinco anos de luta tai ele se recuperando.... Teotônio fala que a água e sagrada é por isto que ele recuperou a fonte lá do “laboratório dele, que épra poder aguar as plantinha o ano todo”.

Além de sua roça o Teotônio se preocupa com a floresta nativa e tem plantado em suas terras, ipê, marfim e só admite a derrubada de uma arvore quando se tem certeza daquela necessidade, além de se plantar outra em seu lugar.

Seguindo a nossa frente o agricultor nos mostra onde tem um infinidade de mangueiras centenarias, o local onde na década de 1940 ficava o Povoado Barracão que teve toda sua população despejada, quando uma grande empresa comprou a terra lá na década de 1960, e como se estivesse a prestar contas ou dar a satisfação aos que ali moraram no passado, disse, mas aqui estamos de novo e hoje esta área é um assentamento de agricultores.

Virando-se pra Almir Coêlho, Teotônio falou: “Doutor me falta a palavra certa para fazer o povo aprender com o meu exemplo. O Governo do meu Município se sente bem em ver o povo em estado permanente de miséria, dependendo do bolsa família que diz que é dado pela prefeitura, mas que sabemos que é da Dilma”.

Voltando a andar a nossa frente nosso amigo com sua enxada no ombro começa a cantarolar Roberto Carlos....
Quando o sol aquece de manhã o Planeta Terra onde eu vivo, não importa em que lugar estou, Olho a natureza pensativo: O  vento assanha as águas do oceano; Surfa pelas ondas da canção; Quem compõe a música do vento? E quem acendeu o sol, então? Aleluia, Aleluia! Conclusão dos pensamentos meus. Aleluia, Aleluia! Em tudo isso tem a mão de Deus.....

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