O mercado brasileiro de veículos atravessa um momento de desaceleração
no crescimento, mas nem por isso tem deixado de atrair interesse de
novos grupos, o que exercerá pressão ainda maior sobre montadoras
estabelecidas há décadas no país.
Uma combinação de crescimento da
renda, crédito abundante e medidas do governo para incentivar a produção
local e frear importações deve fazer o Brasil passar de cerca de 10
marcas fabricantes no país para mais de 20 até 2014, segundo projeção
recente divulgada pela General Motors.
Isso exigirá atenção das
montadoras em renovação acelerada de modelos ao mesmo tempo em que se
expande capacidade produtiva, em investimentos de cerca de 20 bilhões de
dólares até 2014, de acordo com estimativa da associação de montadora
Anfavea. As margens das empresas que disputam a tapas o mercado
brasileiro, atualmente o quarto maior do mundo, devem diminuir, disseram
especialistas consultados pela Reuters, enquanto o consumidor busca
carro com qualidade alemã, design italiano e preço indiano. "O mercado é
soberano, não admite conviver com produtos velhos num ambiente de alta
competitividade.
Isso vai obrigar as montadoras a renovarem seus
produtos mais rapidamente", disse o consultor do mercado automotivo e
diretor da Universidade Fenabrave, entidade de educação com foco em
gestão do mercado automotivo, Valdner Papa. A preocupação com a renovação
é crescente num momento em que novos e bem equipados modelos
importados, principalmente da China e da Coreia do Sul, chegam ao Brasil com preços atraentes.
Esses veículos chegam para disputar mercado com modelos
que em alguns casos ultrapassam décadas do lançamento da primeira
versão, como a Kombi, da Volkswagen, de 1957; ou o Uno, da Fiat, dos
anos de 1980; além de Corsa, da General Motors, e Ka, da Ford, dos anos
de 1990. Dados da consultoria do setor automotivo Oikonomia mostram que a
participação de mercado dos principais fabricantes vem registrando
quedas constantes desde pelo menos 2007: Fiat passou de 26 para 22 por
cento; Volkswagen recuou de 23 para 20,5 por cento; GM passou de 21 para
18,5 por cento e Ford caiu de 11 para 9 por cento.
Enquanto isso, a coreana Hyundai avançou de 0,8 para 3 por cento e marcas chinesas recém-chegadas ao Brasil, como a JAC, passaram de 0,08 por cento em 2009 para 2 por cento em novembro deste ano.Agora que o Brasil se consolidou como grande mercado mundial e atraiu investimentos de fábricas de uma série de empresas - Hyundai, JAC, Chery, Suzuki e Nissan, para citar exemplos recentes, o interesse das montadoras já estabelecidas é defender participação de mercado adotando mais rapidamente plataformas globais de carros que vinham lentamente sendo implementadas no país.
A
Ford anunciou recentemente que vai migrar todos os seus carros no Brasil
para o modelo de plataforma global até 2015, em investimentos de 4,5
bilhões de reais. Enquanto isso, a GM prepara nova família de carros
compactos, de olho no segmento que mais deve puxar a expansão no Brasil,
por conta da chegada de consumidores que até o início desta década não
tinham condições de comprar seu primeiro veículo. Segundo Papa, da
Universidade Fenabrave, as vendas de veículos novos no Brasil desde 2005
mais que dobraram, saindo do patamar de 1,5 milhão para 3,5
milhões.
Para 2012, a avaliação é de crescimento mitigado pela crise
financeira internacional, abaixo de 5 por cento, e depois disso o ritmo
médio esperado é de 5 a 6 por cento ao ano, de acordo com os analistas
consultados. De 2009 para 2010, o mercado brasileiro cresceu 12 por
cento. "É um negócio que, pela concorrência, virou de volume. Hoje somos
mais parecidos com o Walmart... A briga para atrair cliente está
crescendo todos os dias", disse o presidente da GM para América do Sul,
Jaime Ardila, em evento recente do setor.
Para o sócio responsável para o
setor automotivo no Brasil da PricewaterhouseCoopers, Marcelo Cioffi, o
crescimento da indústria global de veículos vai vir dos mercados
emergentes e os consumidores nesses países demandam produtos atraentes,
mas de baixo custo. "Esse é o grande dilema das montadoras",
disse ele, citando as plataformas globais como mecanismo para as
fabricantes reduzirem custos e agilizarem o desenvolvimento de novos
carros entre suas unidades mundiais.
Segundo ele, entre 2011 e 2017 o mercado brasileiro de veículos novos, excluindo caminhões, crescerá 46 por cento, para 5,4 milhões de unidades. A capacidade produtiva da indústria terá alta de cerca de 30 por cento, para 5,84 milhões de unidades ao ano.
Nesse sentido, a indústria avalia o segmento A, de veículos urbanos subcompactos, como importante para o crescimento do mercado brasileiro nos próximos anos. Para o presidente da GM sul-americana, muitas das novas fábricas sendo instaladas no país são voltada para isso, para atender a classe C que está crescento."As grandes montadoras já instaladas no Brasil vão continuar jogando onde jogaram até agora, mas vão complementar suas ofertas no segmento A mais premium", disse o diretor para mercado automotivo para América Latina da consultoria global IHS, Guido Vildozo, citando que em 2010 o PIB per capita do Brasil quebrou pela primeira vez a marca dos 10 mil dólares.
"Isso é muito importante, permite a entrada de mais consumidores no mercado (...) O país agora é consumidor, o que tem obrigado as montadoras a mudar suas ofertas."
Matéria copiada: http://inteligenciabrasileira.blogspot.com/
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