Passo à frente: segurança não é só caso de polícia.
No jornal O Globo de hoje, uma notícia boa, que não deveria ser nova:
“daqui a quatro anos, uma turma de formandos da Universidade Federal
Fluminense (UFF) receberá um diploma inédito no Brasil: bacharel em Segurança
Pública.
O curso foi criado no fim do ano passado, e suas 60 vagas estão
disponíveis para os estudantes que fizeram o Enem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação”.
Não se trata de “bacharelismo”, mas de que começamos a construir algo
que há muito só acontecia de forma casual e limitada: termos
planejadores de política de segurança pública com formação
multisetorial, que saibam vê-la como um problema mais complexo que o
simples (aliás, nada simples) planejamento de ações policiais.
- Nas faculdades de direito, não se discute segurança pública, mas,
sim, como aplicar as leis existentes. As academias militares, por
exemplo, ensinam a ser militar, e não a ser policial.
A lógica é sempre a da repressão
Pretendemos intervir nesse mercado. A ideia é criar uma alternativa para
os órgãos e institutos de segurança, públicos e privados, para que
possam contratar pessoas com uma formação que não seja pensada na
associação entre segurança pública e polícia.
- afirma o professor
Roberto Kant de Lima, da Faculdade de Direito da UFF, à qual o curso
será vinculado.
Na matéria, o coronel da Polícia Militar Robson Rodrigues, ex-comandante das UPPs e mestre em antropologia, elogia a proposta:
- Entender que a segurança pública é de natureza civil é muito
importante, pois ela não fica mais fechada dentro de quartéis e
delegacias. Avança no nosso processo de consolidação democrática. É uma boa notícia não só para as
polícias e secretarias, mas para a sociedade como um todo. A própria PM
tenderá a aproveitar quadros de graduações diversificadas, e essa pode entrar no rol das exigidas.
Um passo gigantesco na tão necessária transformação da visão de
segurança numa ação integrada, onde a força não se descole da humanidade
e do direito, da visão social e que, assim, possa ser eficiente como
todos necessitam. Um caminho que foi desbravado por um homem que, neste
momento, deve ser lembrado – usando o título de um lívro que descreve
sua obra - por todos que tem “O sonho de uma polícia cidadã” : o
coronel PM Carlos Magno Nazareth Cerqueira.
Um homem de rara inteligência, negro, formado em Psicologia e
Filosofia, com 25 anos de experiência policial, que enfrentou o
preconceito e a infâmia dos violentos e da mídia, mas que é o semeador
de ideias que o tempo tornou vitoriosas, como os programas de
policiamento comunitário e integração dos serviços públicos de segurança
– e de cidadania – às comunidades pobres.
Fonte: http://www.tijolaco.com/
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