Senador do DEM agora alega que suas conversas com o “professor” Carlinhos Cachoeira, em aparelhos trazidos dos EUA, foram obtidas ilicitamente; nos meios políticos já circula até um novo apelido para o ex-moralista: Senador Cachoeira.
17 de Março de 2012 às 11:07
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Foto: Pedro França/Agência Senado. |
247 – Senador Cachoeira. Este é o apelido que
já circula nos meios políticos e diz respeito, obviamente, ao senador
Demóstenes Torres (DEM-GO), ex-Catão da República, que foi desmascarado
desde que a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, captou 298
ligações entre o ex-moralista e o mafioso Carlinhos Cachoeira.
A
primeira reação de Demóstenes foi dizer que ele e Cachoeira são amigos e
que não sabia que o bicheiro mais famoso do País se dedicava à
contravenção. A segunda foi afirmar que tantas conversas tinham como
pano de fundo a resolução de problemas amorosos – Cachoeira se casou com
a ex-mulher de um amigo de Demóstenes. Em seguida, ele afirmou não ter
nada a temer.
Agora, depois da descoberta que os dois falavam por meio
de rádios Nextel – aqueles da propaganda “este é o meu clube” – trazidos
dos Estados Unidos, o senador Cachoeira, aliás, senador Demóstenes tem
demonstrado mais preocupação. Por meio de seu advogado, o criminalista
Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido em Brasília como Kakay, ele
já trata de anular as provas.
Todo o material referente ao senador Demóstenes apreendido na
Operação Monte Carlo foi enviado ao procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, para que ele avalie se deve ou não abrir sugerir a
abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal contra o político
goiano.
De acordo com o advogado Kakay, se Gurgel denunciá-lo,
entendendo haver indícios de crime, isso provaria que o senador teria
sido gravado ilegalmente, sem aval prévio do STF. “Se o procurador-geral
entender que as conversas têm de ser investigadas, vamos levantar a
nulidade porque essas provas foram colhidas de maneira ilícita”, disse
Kakay.
A Polícia Federal, no entanto, irá alegar que o alvo das
interceptações era o bicheiro Carlinhos Cachoeira e que não poderia
adivinhar que o contraventor fosse tão próximo do senador Demóstenes. No
clube Nextel de Cachoeira, que era chamado de 14 + 1, havia 15 pessoas.
Demóstenes era o “1”, o que talvez indique sua importância na
organização. O senador é também sócio de uma faculdade privada em
Contagem (MG), cuja estrutura societária é um mistério (leia mais aqui).
No Congresso, já há assinaturas suficientes para a instalação da CPI
sobre as atividades de Carlinhos Cachoeira. Elas foram recolhidas pelo
deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) e Demóstenes Torres certamente
será um protagonista da história, se ela vier mesmo a ser instalada.
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