DE SÃO PAULO
A transferência de Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, para o presídio de
segurança máxima de Presidente Bernardes (a 589 km de São Paulo), é uma
das hipóteses investigadas pelos setores de inteligência das polícias
Civil e Militar para explicar os ataques contra policiais militares.
Condenado por tráfico, Soriano é, segundo investigações, do "primeiro
escalão do grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ele estava na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (a 620 km de SP),
onde o governo paulista coloca todos os presos com influência no PCC.
Ele foi mandado para Bernardes depois de uma carta escrita por ele com ameaças contra PMs ser apreendida em sua cela.
Na carta, segundo membros das polícias Civil e Militar e da Promotoria,
Soriano falava sobre atentados contra PMs, tráfico de drogas e sobre as
mortes de seis membros do PCC em maio, durante uma operação da Rota.
ISOLADO
Em Presidente Bernardes vigora o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). O
preso passa 23 horas por dia trancado e, quando sai para o banho de
sol, não tem contato com outros detentos.
Por essa e outras restrições, inclusive não manter contato físico com
visitantes, o presídio é considerado o mais rígido de São Paulo.
Até as três ondas de ataques do PCC contra as forças de segurança do
Estado em 2006, o RDD operava com capacidade máxima. Atualmente, apenas
49 presos estão no lugar, que tem 160 vagas.
Outra evidência de que as mortes de cinco PMs, entre o dia 13 e ontem em
São Paulo, são uma retaliação do PCC é um gravação telefônica feita dia
14 pelo Denarc (departamento de narcóticos).
Na gravação, integrantes da facção criminosa presos e outros em liberdade tratam da morte de policiais.
Editoria de Arte/Folhapress | |
ASSOCIAÇÃO
Diretor da Associação dos Policiais Militares de São Paulo, Dirceu
Cardoso Gonçalves afirmou ontem que o Estado precisa dar uma resposta
rápida e concreta sobre o que tem motivado as mortes dos policiais em
São Paulo.
"Existe uma tensão muito grande neste momento no Estado. Assim como o
jornalista tem a caneta como arma, o policial tem uma arma na mão o
tempo todo. E isso, num clima de tensão, pode gerar erros", disse.
"Sem o governo esclarecer o que tem acontecido, o policial, pressionado e
com receio de perder a vida, pode cometer excessos e matar criminosos e
também inocentes", explicou.
Com os ataques contra PMs sem solução e com a suspeita de que eles sejam
retaliação do PCC, de acordo com Gonçalves, a sociedade também
incorpora o mesmo receio dos PMs.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1109375-carta-de-chefe-de-faccao-cita-mortes-de-policiais-em-sp.shtml
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