DIFERENÇA ENTRE CANDOMBLÉ E
UMBANDA
Elucidar de uma forma definitiva a diferença
entre Candomblé e Umbanda, é um dos meus grandes objetivos com esta obra,
pois a frase mais comum que ouvimos como candomblecista, após uma explanação
mesmo que resumida é que: eu achava que tudo era a mesma "coisa".
O que
primeiro respondo quando me perguntam sobre a diferença entre Candomblé
e Umbanda, é que: não há semelhança, esta eu considero a melhor resposta,
pois é o fato, não há a menor semelhança.
A começar pelas origens, o Candomblé
é uma religião africana que existe desde os tempos mais remotos daquele
continente, que é o berço da terra, de forma que se funde sua origem com
os primeiros contatos de pessoas que lá chegaram, existem citações na
teologia africana que Odudúwa era Nimrod, o conquistador caldeu primo
de Abraão e neto de Caim, que foi designado por Olodumarè para levar a
remissão e a palavra de Olurún (Deus) aos filhos de Caim que, amaldiçoados,
viviam na África.
Este fato data de 1850 A.C., sendo que Caim pode ter
vivido entre 2100 a 2300 A.C. - Oranian , neto de Odudúwa , viveu em 1500
e seu filho Xangô por volta de 1400.
As coincidências existentes nos rituais
africanos, como a Kaballah hebraica, são imensas, e vem provar a tese
da estreita ligação entre Abraão, pai dos semitas, e Odudúwa, (Nimrod)
pai dos africanos.
Isso pode ser constatado no relacionamento existente
entre o símbolo de um elemental africano chamado Dan a serpente, e uma
das 12 tribos de Israel, cujo nome é Dan, e seu símbolo, a serpente telúrica.
Citação que faremos adiante na Teologia Yorubana que fala da criação da
terra.
De uma forma básica, no Candomblé não existem "incorporações" de
espíritos, pois os orixás, de quem sentimos força e vibrações, são energias
puras da natureza, que não passaram pela vida, ou seja não são "entidades",
mas elementais puros da natureza, criados por Olorún.
No Candomblé a consulta
é feita através da leitura esotérico/divinatória do jogo de búzios (no
Brasil), forma de leitura exclusiva do povo candomblecista, que trataremos
em capítulo próprio, e o tratamento para cada caso, é feito com elementos
da natureza, oriundos dos reinos vegetal, animal e mineral, através e
ebós, oferendas, Orôs (rezas) e rituais africanos.
A Umbanda por sua vez,
sem qualquer demérito a quem a pratica, pois se levada de uma forma séria
e consciente tem seu mérito, valor e aplicação, é uma religião brasileira,
que advém do sincretismo católico-feitichista, necessário em uma época
de grande repressão das religiões africanas, em que era proibido o culto
dos orixás na sua forma de origem, e esta adaptação se fez necessária,
a partir desta premissa, a Umbanda começou tomar corpo, com algum conhecimento
de alguns africanos no trato com seus ancestrais, que era comum a "incorporação"
de algum ente falecido, por um elégún (aquele que é montado por) por motivos
familiares.
É muito comum nos dias de hoje, Ilês que praticam Candomblé
e Umbanda, porém em dias, horários e formas diferenciados, mas é uma atitude
não compactuada, bem como a utilização do sincretismo com os santos católicos,
pelas tradicionais Casas de Candomblé cujas raízes foram plantadas no
Nordeste do país, mais precisamente em Pernambuco e na Bahia.
A Umbanda
por sua vez, a consulta é feita através de um médium "incorporado" , e
os "trabalhos" pelo espírito ali incorporado com seus elementos rituais.
A VERDADE A QUALQUER
CUSTO - DOA E QUEM DOER.
Umbanda
é deste século, e utiliza os orixás do Candomblé, sob outra forma e outro
aspecto, em especial, vou me ater a figura de Exú. Na sua qualidade de
ser ambivalente, positivo e negativo, bem e mal, de uma forma definitiva,
esta situação de bem e mal, também está associado à todos os seres humanos,
e nem por isso, somos o diabo, ninguém é totalmente bom, 24 horas por
dia, 360 dias por ano, a sua vinda inteira; o inverso também é verdadeiro,
convivemos com o bem e o mal, porém Exú, na sua condição, só fará alguma
coisa, se e somente se, for mandado, portanto quem faz o mal na realidade
é quem pede, e que pela própria lei da natureza, pagará, pois segundo
a lei mais certa que existe, a lei do retorno - "Toda ação gera uma reação,
com a mesma intensidade, em sentido contrário", quer dizer, tudo que vai,
volta, a experiência nos comprova isto, e geralmente, da forma que mais
dói, no bolso ou na saúde (tarda mas não falha); isso posto, em quem está
a maldade? Sem mandante, ela simplesmente não existiria, e, mais uma vez
EXÚ PAGA O PATO.
Em mais de vinte anos de pesquisa, e não foi pouca, as
maiores e melhores obras, dos maiores e melhores autores, sobre religiões
africanas, sejam brasileiros, ingleses, franceses, africanos, babalorixás,
antropólogos, babalaôs, nunca li nada que se referisse à exú mulher, ao
contrário, sua forma é fálica (forma de pênis), sempre no sentido de elemento
fecundador, fertilizador e nunca elemento fecundado, nunca houve qualquer
simbolismo ou ligação com uma "vagina", em sua ambivalência, assume situações
duplas, mas nunca, macho e fêmea.
Tudo se inicia, com a palavra bombogira,
que é o nome dado à Exú macho por excelência na nação de Angola, uma corruptela
desta palavra, utilizada somente pela Umbanda, gerou a expressão "pombogira",
como forma de um exú mulher, em cuja manifestação, a pessoa, seja homem
(homem?) ou mulher, assume uma atitude sensual, atrevida e em alguns lugares,
sob esta manifestação, a prática do ato sexual em si; é muito comum, se
a mulher tem vontade, libido forte ou até mesmo por necessidade (a prostituição),
é porque uma pombagira está "encostada", o que seria uma situação normal,
natural; A POMBA GIRA PAGA O PATO.
Qualquer incorporação, deste gênero,
que se fale com as pessoas, beba ou fume em público, não é Candomblé,
é umbanda; a única manifestação "semelhante" no Candomblé, é a figura
do Erè, que, assim como o orixá, é um elemental da natureza, com uma conduta
infantilizada, e que nunca passou pela vida, portanto não é um egun (espírito
de morto), tem função específica, uma delas, se comunicar pelo orixá,
justamente pelo fato de que ele não fala, que nos referimos como "estado
de erê", tal pessoa está com, ou de, erê.
A incorporação, eu imagino,
vem de necessidade do ser humano (que é incrédulo por natureza), de crer
e confiar, para crer, tem que "ver" algo, no caso o espírito manifestado,
falar com ele, ouvir coisas que confirmem ser real ( o que muitas vezes
acontece), e para confiar, o consultor não poderá se "lembrar" do que
ouviu, como confidência, ou segredo, pois em várias situações, estão envolvidos,
conversas e pedidos escusos, se utilizando assim da "inconsciência" relatada
nas religiões africanas, a qual também a coloco, em outro capítulo da
forma como a vejo e sinto.
Falo muita propriedade e experiência, pela
vivência de muitos anos no meio, o objetivo não é em momento algum, desmascarar
quem quer que seja, muito menos denegrir, desmerecer ou tirar o valor
da Umbanda, pelo contrário, bem praticada e bem conduzida, tem enorme
valor e função social na comunidade, quer seja: na solução de problemas
de saúde, família, trabalho, amor...
Existe forte vibração de uma energia,
no ato da "incorporação", variando muito de pessoa para pessoa, em muitos
casos, com real valor e força, porém, a inconsciência total... o único
objetivo é : a realidade, que é benéfica para todos nós, a medida em que
nada temos que esconder.
Fonte:http://web.archive.org/web/20041204195451/http://www4.sul.com.br/orixa/umbanda.htm
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