domingo, 18 de novembro de 2012

De assassinatos e hipocrisias: a versão ‘orwelliana’ de Israel sobre sua campanha em Gaza.

Imagem: http://www.deesillustration.com/

O atual brutal assalto israelense contra Gaza gera dúvidas acerca de se sua liderança política possui algum intersse em conseguir a paz duradoura com os palestinos que diz desejar. Têm esta campanha algum objetivo distinto que forme parte de uma estratégia tendente a ‘engenherizar’ um ataque posterior contra o Irã?

Provávelmente o caso da Palestina seja a história sem fim mais trágica do mundo moderno. Há quase 65 anos, Israel vêm bombardeando, ferindo e humilhando o povo palestino, destruindo suas caasas com tratores e colocando Gaza cercada, o que a transforma no maior campo de concentração do mundo.

Na mais recente violência ocorrida esta semana, ambos bandos acusam ao outro gritando: “Vocês começaram!”.

A esta altura dos acontecimentos, realmente importa quem começou esta nova onda de violência?

Na quarta-feira 14, um helicóptero israelense lançou um ataque sobre Gaza assassinando o líder da ala militar do Hamas, Ahmed Jabari, gerando uma reação violenta do Hamás que lançou pequenos foguetes sobre o sul de Israel o que, a sua vez, fez que Israel lançasse mais ataques aéreos matando a 19 pessoas, ferindo a 100 e deixando a 6 crianças mortas.

Dejá-vù: parece que estamos outra vez em janeiro de 2009, quando Israel lançou sua Operação Chumbo Fundido, onde lançou bombas de fósforo ardente sobre a população civíl. Esta vez chamam o seu ataque Operação Pilar de Defesa.

Claramente, os líderes da direita israelense não querem um acordo pacífico com os palestinos. Essa é a razão pela qual sistemáticamente vêm sabotando toda possibilidade de lançar uma solução que inclua a criação de um Estado soberano palestino.

O último israelense honesto que tratou de conseguir a paz foi o primeiro ministro Isaac Rabin, até que fosse assassinado nas ruas de Tel-Aviv em Novembro de 1995; não por um fanático islâmico; não por algum louco neonazi senão por um tal de Ygal Amir: jovem sionista fanático da ultradireita, relacionado tanto com o Movimento dos Colonos e com o serviço de segurança interna israelense, Shin-Beth.

Desde então, os partidários do Apartheid da extrema direita controlam Israel, e continuarão fazendo aunda mais agora que o partido Likud do primeiro ministro Benjamín Netanyahu acaba de se unir com o partido Yisrael Beitenu do vice-primeiro ministro Avigdor Lieberman. Talvez esta última ronda de surras aos palestinos seja a forma que possuem estes dirigentes israelenses de celebrar a criação de seu Novo Gross Partei.

Não se preocupem com os EUA
Ao ex-primeiro ministro israelense Ariel Sharon lhe é atribuída uma frase infame a seus colegas durante uma sessão do Knesset (Parlamento) Israelense em outubro de 2001, no sentido de que não tinham por que preocupar-se pelas reações dos EUA com a sua política de sistematicamente massacrar os palestinos dado que, “nós os judeus controlamos os EUA, e eles sabem muito bem disto!“.

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Vendo a maneira como os políticos norteamericanos continuamente prestam contas e tributo perante poderosos lobbies pró-Israel e seus bancos de cérebros, como o AIPAC – Comitê Estadunidense-Israelense de Assuntos Públicos-, a ADL e outras entidades, em que todos parecem competir para ver quem dá o discurso mais apassionado e dramático em apoio a Israel, alguem se vê tentado em acreditar nas palavras cândidas do Sr. Sharon.

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Durante a recente campanha presidencial, tanto Barack Obama como Mitt Romney trataram de dar seus discursos mais convincentes ao estilo “eu-sou-sionista” como disse o vice-presidente Joe Biden em 2007, não só para ganhar o voto e o vital dinheiro judeu nos EUA, mas também o voto ‘sionista não judeu’ representado por certas seitas protestantes.

De forma que quando a embaixadora norteamericana perante a ONU, Susan Rice – membro de organizações da elite de poder como a Comissão Trilateral e o Council on Foreign Relations – abertamente saisse em apoio à Israel condenando o contra-ataque do Hamás, ao que descreveu como “a violência que Hamás e outras organizações terroristas estão empregando contra o povo de Israel”, ninguém ficou surpreendido.

A rigor, pouco importa quem ocupe o Despacho Oval da Casa Branca. Seja demócrata ou republicano, EUA sempre apoia sem pensar e sem reservas a Israel cada vez que este país decide massacrar os palestinos.

Naturalmente, as mídias globais apoiam a Israel, tendo conseguido inusitadamente êxito em construir no imaginário coletivo global a conclusão de que o “terrorismo” sempre está ligado a “fundamentalistas islâmicos”.

Desta forma o Hamás é desqualificado como “ilegítimo”, ainda antes de começar a falar sobre uma solução que implique um Estado soberano palestino. 

Não importa que o Hamás tenha ganhado eleições democráticas realizadas na Palestina em 2006; não importa que Israel tenha sido fundada por grupos terroristas como Irgun Zvai Leumi, Stern e Hagganah, que logo se uniram para criar as tão democráticas Forças de Defesa Israelenses (as Forças Armadas de Israel).

Aqueles grupos de terroristas sionistas eram orientados pelos pais fundadores de Israel, alguns dos quais logo chegaram a ser primeiros ministros (inclusive premiados com o Prêmio Nobel da Paz!), como Menahem Beguin e Isaac Shamir.


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Tradução do texto:
“Nossa raça é a raça superior. Nós judeus somos deuses divinos neste planeta. Somos tão diferentes das raças inferiores como eles são de insetos. 
De fato, comparado com a nossa raça, outras raças são bestas e animais, como o gado. Outras raças são consideradas como excremento humano. 
Nosso destino é governar as raças inferiores. Nosso reino terreno será governado por nosso líder como uma barra de ferro. As massas irão lamber nossos pés e serão nossos escravos.”
Declarado pelo Primeiro ministro israelense Menachem Begin(1977-1983) em discurso ao Knesset.

Por esses días, estes “lutadores pela libertade” se dedicavam a explodir grandes hotéis com seus ocupantes dentro, assassinar os enviados da ONU, realizar centenas de assassinatos contra líderes palestinos e impôr políticas de genocídio com as que assassinaram e feriram a centenas de milhares de palestinos, logo expulsando a milhões de homens, mulheres e crianças de suas casas e de suas terras, utilizando as piores técnicas de terrorismo.

A “lógica” israelense em relação à Palestina funciona mais ou menos assim: se Israel os rouba e destrói suas terras, casas e riquezas dos palestinos, estes não têm direito algum em se queixar; e se se atrevem a se defender, automáticamente se transformam em “terroristas”. Estados Unidos, o Reino Unido e a União Européia parecem estar de acordo com isto.

Está certo se eu o fizer; está errado se você o fizer.

Esta é a razão pelo que Hamás e Hezbollah ficaram desqualificadas como “organizações terroristas”.

O fundamental sentido comum político, porém, indica que as forças armadas de uma nação – se trate de Estados Unidos, Rússia, China, Brasil ou Israel – devem responder aos líderes civís de seus respectivos Estados Nacionais.

Mas o que acontece quando um povo como o palestino não lhe é permitido ter um Estado Nacional soberano? Como deverão defender-se os palestinos contra as agressões terroristas sistemáticas praticadas por Israel, se não podem ter um Estado Nacional e, portanto, não podem ter forças armadas próprias para defender-se? Esta e não outra é a razão pela qual surgiram Hamás e Hezbollah: para que os palestinos pudessem ter alguma possibilidade de autodefesa.

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É claro que é muito fácil desqualificá-las como “organizações terroristas” mas, utilizando esse mesmo critério, estariam hoje dispostas as potências ocidentais a requalificar a Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial como uma “organização terrorista”, simplesmente porque se recusou a aceitar passivamente a invasão militar alemã da França? Deveria a Resistência Francesa ter se rendido para evitar que o Oberkommando em Berlim a qualificara como “organização terrorista”?

E o que dizer dos grupos de terroristas que assassinaram o líder líbio Muammar Gaddafi no ano passado ao vivo pela televisão? Ou sobre os terroristas que hoje afundam a Síria numa sangrenta guerra civíl? “Lutadores pela Liberdade”, suponho? E isto é apenas porque se opuseram violentamente a regimes que não simpatizam com os EUA e seus aliados e conseguem assim o apoio do Ocidente?

As potências ocidentais devem compreender que não podem ter o melhor dos dois mundos: ou a Resistência Francesa, Irgun e Stern, Hamás e Hezbollah e as guerrilhas sírias e líbias devem todos qualificar-se como “lutadores pela liberdade” ou senão, devem todos ficar desqualificados e fora da lei como “organizações terroristas”.

Todas as opções estão sobre a mesa.

Usando uma das frases favoritas de George W. Bush quando entrava em “modo busca pleitos”, recentemente um porta-voz do Exército Israelense ameaçou não só os palestinos, senõ a todo o mundo, ao dizer que para Israel “todas as opções estão sobre a mesa”.

Palavras muito fortes vindo da única nação no Oriente Médio que possui arsenal de armas nucleares e uma deplorável trajetória de comportamento que lhe presta total credibilidade a sua predisposição para utilizá-las.

Sendo assim, os palestinos devem se preparar para crescentes cotas de violência nos dias e semanas por vir.

Utilizará Israel esta crescente violência como pretexto para atacar novamente o sul do Líbano, onde Hezbollah possui seus quartéis mais poderosos (e onde Israel foi derrotado quando invadiu o sul do Líbano pela enésima vez a mediados de 2006)?

Estamos vendo um ‘crescendo’ de violência que terá de conduzir num ataque armado contra a Síria conjuntamente com Turquía/OTAN e com o Exército Livre Sírio (também conhecido como Al-Qaeda, CIA, Mossad, MI6)?

Será tudo isto parte da estratégia israelense de “assegurar seu reino”, o que leva a um ataque militar unilateral contra o Irã como seu verdadeiro e posterior objetivo?

Maiores cotas de violência em todo Oriente Medio ajudariam a convencer a Obama (e aos militares estadunidenses) de que devem deixar de demorar em atacar o Irã, e que devem voltar com renovada força a Oriente Médio.

Israel batizou este último ataque de choque e terror Operação Pilar de Defesa: um eloquente eufemismo ‘orwelliano’ para “apliquemos outra surra aos palestinos!”.

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Se Israel decidiu desatar um novo inferno sobre o Oriente Médio para assim preparar o cenário para um ataque contra o Irã, então parece que esse processo de violência deve começar (outra vez!) pela martirizada Palestina.

Mas devemos entender o seguinte: Israel pretende iniciar uma nova guerra no Oriente Médio começando pela Palestina, mas onde deverá terminar?

Adrian Salbuchi para RT

­Adrian Salbuchi é analista político, autor, conferencista e comentador de rádio e televisão na Argentina. 

http://www.proyectosegundarepublica.com
http://www.asabuchi.com.ar
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Fonte: http://caminhoalternativo.wordpress.com/

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