Mariana Branco - Repórter da Agência Brasil.
Brasília – Há seis anos funciona no Distrito Federal uma feira de
trocas, a Escambau, onde é expressamente proibida a circulação de
dinheiro e a compra e venda de produtos.
Os participantes levam coisas
que não precisam mais e buscam algo que os interesse.
Se conseguirem
fechar negócio com o dono do objeto de desejo, a troca acontece.
O
projeto é uma iniciativa da cooperativa socioambiental Trilha Mundos e
tem o objetivo de promover os princípios da economia sustentável e
solidária.
“É uma forma de inclusão social. Em uma feira onde não existe dinheiro,
você pega algo que não usa mais e troca por outras coisas”, explica
Cláudia Sachetto, organizadora da Escambau e diretora-presidente da
Trilha Mundos.
Ela destaca que a iniciativa tem ainda importância
ambiental, pois o que não serve mais para um é reaproveitado por outro
em vez de ser descartado.
Cláudia explica que 2012 é um ano especial, pois pela primeira vez o
evento saiu do Plano Piloto, zona central de Brasília, e ganhou outras
cidades do DF. "Conseguimos um patrocínio e este ano fizemos a Escambau
em Taguatinga, Ceilândia e Guará", informou, referindo-se às regiões
administrativas que circundam a capital federal.
Hoje (24) a última
edição da feira no ano acontece em Brazlândia, a 50 quilômetros do
centro de Brasília.
A
ideia da feira atrai muita gente, como o professor de literatura Paulo
Cézar Alves Custódio, 60 anos, frequentador assíduo e admirador do
projeto. "Já até perdi a conta de quantas vezes fui nessa feira.
Frequento há mais de quatro anos. Prefiro quando é na zona central de
Brasília, pois fica mais perto da minha casa", relata o morador da Asa
Norte.
Para Custódio, mais importante do que os objetos a serem trocados é a
oportunidade de conhecer pessoas. "O lance mesmo da feira é que você faz
amizade, é terapêutico.
O que eu gosto nem é o objeto em si, mas a
relação que acontece ali, estabelecer esse laço de permuta.”.
Ele destaca ainda o valor afetivo dos objetos, que é reforçado pela
proibição da venda. "As coisas não têm preço, as coisas têm valor",
opina. O professor de literatura conta que já garimpou muita coisa
interessante em suas idas à Escambau. "Eu consegui um prato de metal
para colocar na parede, todo amarelo e com uma mandala no meio.
Nunca me
desfaço dele. Trouxe também para casa um livro sobre arte", diz. Entre
os objetos que levou para trocar, estão livros, DVDs e uma coleção de
gibis. "O pessoal se amarrou nessa coleção", comenta.
Cláudia Sachetto explica que quem quiser levar seus objetos para
trocar na feira não precisa fazer inscrição. Quem deseja participar deve
ficar atento às datas e aos locais de realização, divulgados no site da cooperativa Trilha Mundos.
Basta reunir os objetos e comparecer ao lugar onde estiver acontecendo a
Escambau. "Se a pessoa tiver mais de 20 objetos, a gente disponibiliza
uma mesinha", informa Cláudia.
Para a ambientalista Sílvia Alcântara Picchioni, secretária
executiva do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (Fboms), iniciativas como a Escambau são
importantes por destacar o papel de reutilização das coisas. "Você tem
algo que não serve e para outras pessoas pode ser super útil.
O produto
não vai para o lixo fazer volume. O aspecto da solidariedade também tem
que ser destacado.
Não tem aquela coisa do lucro, há a sensibilidade de
não precisar de alguma coisa e passar adiante. Aquilo vai estar sendo
reutilizado e reduz-se o consumo", analisa.
A Escambau deste sábado acontece das 14h às 18h na Praça do Artesão,
em Brazlândia. Interessados em participar podem levar artigos
culturais, esportivos, de utilidade doméstica, vestuário, decoração e
outros. Não são permitidas a compra e a venda de produtos.
Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-24/feira-de-trocas-promove-economia-solidaria-no-distrito-federal
Nenhum comentário:
Postar um comentário