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Autor(es): Juliana Borre Correio Braziliense - 19/11/2012 crescimento econômico também depende da esperança. Da crença de que uma realidade melhor é possível. Esse foi o tom empreendido pela presidente Dilma Rousseff, sábado, na 22ª Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado, em Cádiz, na Espanha. O país de Miguel de Cervantes, aliás, bem sabe o que é isso. Vive uma dura recessão. Depara-se com elevadas taxas de desemprego, com o medo constante da perda, com atos desesperados de suicídio. Os gregos, por sua vez, tentam resistir ao arrocho. Revoltam-se, fazem greve, enfrentam a polícia, protestam contra os cortes rigorosos aos quais estão sendo submetidos para que a Grécia cumpra as metas estabelecidas pelos credores internacionais. Vinte e cinco por cento das pessoas estão ameaçadas pela pobreza. Diante desse cenário, a presidente não deixa de ter razão. Como fazer a economia voltar a crescer se socialmente não é possível ver uma luz no fim do túnel? Em seus 15 minutos de discurso na cúpula, Dilma criticou as medidas de austeridade adotadas, sobretudo, nos países europeus que mais sofrem com a crise mundial. Disse ser equivocado achar que “a consolidação fiscal coletiva, simultânea e acelerada seja benéfica e resulte numa ação efetiva”. “Confiança não se constrói apenas com sacrifícios. É preciso que a estratégia mostre resultados, apresente um horizonte de esperança e não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento”, enfatizou. E, para reiterar as críticas, vendeu o seu peixe ao dizer que o Brasil tem buscado um equilíbrio entre as medidas de estímulo ao desenvolvimento socioeconômico e a prudência fiscal. De fato, na última década, a população brasileira conquistou um considerável ganho social. E, mesmo tendo de lidar com a crise, ainda há um clima de otimismo pairando no ar. Ou seja, somos, no mínimo, um exemplo interessante, o exemplo da sexta maior economia do mundo. Mas, para buscar inspiração, talvez não fosse necessário que os países europeus atravessassem o oceano. Um país de 312,7 mil km² e 38 milhões de habitantes pode ter a ensinar. E não só por estar resistindo aos encalços da crise e por conseguir crescer 4,3%, em 2011, diante do 1,6% da União Europeia (UE), bloco do qual faz parte. Mas também pelo fato de o momento atual ser consequência de um grande desejo de reestruturação iniciado após a queda do regime comunista, em 1989. As pessoas, uma prioridade A Polônia, o país em questão, tem indicadores que justificam a empolgação de seus líderes e de seus habitantes, mesmo que rodeados por ressalvas. Há 23 anos, investe em si. E, sobretudo, em seu capital humano, como gosta de frisar o governo. Quando iniciou a transição para o atual modelo político, amargava a antipenúltima posição no ranking europeu da população com nível superior. Hoje, um de cada 10 universitários da UE é polonês. Uma proporção grande se lembrarmos que fazem parte do bloco 27 Estados-membros. Dezessete por cento das pessoas têm graduação — no Brasil, segundo o Censo de 2010, ainda são apenas 7,9%. E, no país europeu, as áreas com maior procura são as de engenharia e formação tecnológica. Há incentivo também para a formação de nível técnico, profissional imprescindível para o desenvolvimento do setor industrial. Dos recursos que recebe do bloco europeu (67 bilhões de euros entre 2007 e 2013, além dos 20 bilhões de euros que dá como contrapartida), 14,5% são investidos nesse capital humano. A aplicação é feita em projetos não só de educação, mas de redução da exclusão e das diferenças sociais, de integração do país, de desenvolvimento regional, de geração de emprego e de bem-estar. A competitividade do zloty Obviamente, os aspectos sociais não se sustentam sós. É preciso que a economia esteja alinhada a eles. E a resistência polonesa à crise tem pilares muito específicos. Além do recebimento dos fundos da UE, tem a sorte de ainda não ter aderido ao euro. Com a crise, a sua moeda, o zloty, tornou-se mais competitiva. Sem contar o respaldo que tem na economia alemã — um quarto das suas exportações vão para o país vizinho — e no seu forte mercado interno, característica fundamental também para o Brasil. Ao somar tudo isso, é impossível não perceber que a Polônia está alguns passos à frente de grande parte da Europa, seja em relação aos membros da UE, seja frente aos países do Leste europeu. Mas, como 80% das suas exportações vão para o próprio continente, sabe agora que precisa diversificar mercados para não ficar refém do longo processo de superação da crise. E por isso quer uma aproximação com outras nações emergentes, entre as quais o próprio Brasil, a Turquia, o Cazaquistão, o Canadá e Argélia, além de outras latino-americanas. Desejo de ser um Bric Está muito claro também o interesse polonês por um maior diálogo com os demais Brics — Rússia, China e Índia. Talvez apenas para abrir portas, ou mesmo, em um futuro a médio prazo, por que não?, aliar-se a eles. Fato é que a Polônia parece querer ir mais adiante. Sabe dos seus pontos fracos e está determinada a contorná-los. Uma amostra disso é o resultado da última edição do relatório de doing business do Banco Mundial. A Polônia foi o que mais subiu posições no ranking que classifica a capacidade de fazer negócios em 185 países. Passou de 74º, na análise anterior, para 55º. O segredo para tamanha evolução, diz o governo polonês, foi destrinchar cada aspecto analisado para o cálculo do índice e investir na melhoria dele. Mais um ponto positivo para a captação de investimento estrangeiro. E esse é apenas um exemplo da vontade dos poloneses de ir além. Difícil duvidar que eles consigam, ainda que estejam ameaçados pela crise. Desde que não deixem de lado o que sempre foi uma prioridade: o capital humano, foco dos tempos modernos poloneses surgidos a partir da articulação do Sindicato, depois Partido, Solidariedade. E, certamente, o recado da presidente Dilma, de partido igualmente fundado por sindicalistas, também serve para eles. Fonte:http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/11/19/o-humano-e-capital |
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Presidente Dilma "O humano é capital".
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