Enviado por luisnassif, seg, 19/11/2012 - 15:58
Por jns
Do Boletim UFMG
Alexandra Leite (https://www.ufmg.br/boletim/bol1212/pag5.html)
Encontrar um índio brasileiro não miscigenado ou mesmo um alemão puro
da raça ariana é tarefa quase impossível. É o que se conclui do
trabalho coordenado pelo biólogo norte-americano Alan Templeton, da
Washington Universityof Saint Louis, que promete pôr fim ao conceito de
raça, em nome do qual foram cometidas algumas das maiores atrocidades da
história da humanidade.
A pesquisa de Templeton comparou mais de oito mil pessoas de várias
partes do mundo, entre elas índios ianomamis e xavantes do Brasil. "As
diferenças genéticas entre grupos das mais distintas etnias são
insignifi-cantes", afirma o pesquisador, que, apesar dos seus olhos
azuis e cabelos louros, pode ter mais genes africanos do que o rei Pelé.
Templeton, que esteve no ICB participando do IV Seminário de Ecologia
Evolutiva, na semana passada, falou com exclusividade ao BOLETIM.
BOLETIM: Sua pesquisa parece cair como luva para quem quer entender o processo de miscigenação ocorrido no Brasil...
Templeton: Sim. Curiosamente, foi aqui no Brasil que, há mais de 20
anos eu senti - digo senti porque ainda não era algo científico, mas
emocional mesmo - o quanto é arbitrária a divisão dos seres humanos em
raças. Um professor da USP me contou que, numa viagem aos Estados
Unidos, percebeu que lá, diferentemente do Brasil, as pessoas morenas ou
pardas são consideradas negras. Foi aí que comecei a compreender que a
classificação de pessoas em raças é feita a partir de uma vivência
cultural. A definição de negro, para o brasileiro, é diferente daquela
usada por quem mora no Alaska. O conceito de raça, ao contrário do que
se acredita, não é biológico, mas cultural.
B: Se não existem raças, porque um negro norte-americano é tão diferente de um japonês ou de um índio maxacali?
T: Os genes, unidades que carregam todas as informações sobre o
organismo de um ser humano, determinam as características físicas. Mas
as partículas que definem a cor do cabelo ou o formato do rosto são tão
poucas que perdem seu significado quando comparadas ao número total de
genes. A cor da pele de uma pessoa pode representar uma adaptação
biológica a certas condições geográficas ao longo de sua evolução. Na
região de origem dos negros, por exemplo, o sol é bastante forte. Como o
excesso de energia solar prejudica o organismo, a cor negra protege a
pele contra os raios nocivos. Não importa se há diferenças na cor da
pele, nas feições do rosto, na estatura ou origem geográfica.
Geneticamente, somos todos iguais.
B: Seria possível, então, encontrar mais genes africanos num alemão "puro" do que em num negro nascido na África?
T: Sem dúvida. Às vezes, as diferenças mais gritantes aparecem entre
indiví-duos de um mesmo grupo étnico, como os asiáticos. Os resultados
da minha pesquisa demonstraram que, quando há diferença significativa,
85% ocorrem entre pessoas possuidoras das mesmas características
físicas. Afinal, os nossos genes vêm de todas as partes. Já as
diferenças entre os negros africanos e os brancos europeus, que
serviriam de base para raças bem distintas, são de apenas 15%.
B: Os resultados da sua pesquisa podem contribuir para o fim do preconceito racial?
T: O preconceito é uma questão que preocupa o mundo inteiro. Se não
existem raças, porque há discriminação? Não faz sentido achar que os
negros são melhores ou piores que os brancos se os seus genes são
praticamente os mesmos.
B: No Brasil, o IBGE divide os indivíduos em negros, brancos, pardos,
amarelos e indígenas. Como será a divisão se o conceito de raça for
extinto?
T: Quando começarem a se ver de maneira diferente, os seres humanos
passarão a ser tratados como indivíduos e não só como membros de uma
categoria. É lamentável que essas instituições ainda agrupem as pessoas
de forma estanque. Reconheço que produzem estatísticas válidas para a
definição de determinadas políticas públicas, mas no futuro a forma de
se categorizar as pessoas terá de sofrer mudanças. Se é que essas
classificações serão tão importantes assim.
Newanalysis shows three human migrations out ofAfrica
Replacement theory ‘demolished’
Face Oculta do Racismo no Brasil:
Uma Análise Psicossociológica
http://www.fafich.ufmg.br/~psicopol/pdfv1r1/Leoncio.pdfFONTE: chttp://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/alan-templeton-conceito-de-raca-e-culturalultural
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