24/01/2013. Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil.
Edição: Fábio Massalli
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São Paulo – Foram presos temporariamente hoje (24) seis policiais
suspeitos de participar de uma chacina que deixou sete mortos no último
dia 4 no Capão Redondo, zona sul paulistana.
Na ocasião, segundo
testemunhas, homens encapuzados, que chegaram em quatro veículos,
dispararam contra um grupo de pessoas que estava em um bar. Dois
baleados sobreviveram ao ataque. No local, foram encontrados 49
cartuchos de bala de pistola e espingarda.
Segundo o secretário de Segurança Pública de Estado de São Paulo,
Fernando Grella, os policiais presos negaram envolvimento no crime.
Grella disse, no entanto, que a investigação conjunta da corregedoria da
Polícia Militar (PM) e da Polícia Civil conseguiu “provas e elementos
fortes e robustos que apontam para a participação das seis pessoas hoje
presas”.
Apesar das prisões, Grella enfatizou que a apuração dos fatos
continua. “Ainda há muitas diligências a serem feitas em busca dos
esclarecimentos e dos demais participantes”. O exame de balística feito pela polícia indicou que pelo menos duas
vítimas do crime receberam disparos da pistola do policial Gilberto Eric
Rodrigues.
Outra vítima, o DJ Lah, recebeu um golpe de uma espingarda
retirada irregularmente do 37º Batalhão da PM, que tinha vestígios de
sangue na coronha. “O armeiro responsável que deveria estar presente
nesse dia pediu dispensa, o que deu ensejo para que o policial Anderson
Francisco Siqueira atuasse como armeiro. O que provavelmente facilitou o
acesso dos autores desse crime à arma utilizada”, disse Grella.
Na casa do policial Fábio Ruiz Ferreira, foram encontradas toucas
ninja e placas falsas de carro. Fábio registrou no dia seguinte ao crime
o roubo de sua pistola .40, um dos calibres usados nas mortes.
Uma filmagem feita próxima ao local do crime indicou que a viatura
em que estavam Carlos Roberto Alvarez, Adriano Marcelo do Amaral e
Patrícia Silva Santos deu cobertura aos assassinos. De acordo com
testemunhas, os policiais da primeira viatura que chegou ao local, em que
estavam os policiais presos, recolheu parte dos cartuchos que estavam
no chão. Ficou constatado que os três suspeitos retiraram por 54 minutos
o aparelho que indica o trajeto feito pela viatura.
O ataque foi feito, provavelmente, em retaliação a divulgação de um
vídeo feito em frente ao bar em novembro, que mostra um grupo de PMs
executando o servente de pedreiro Paulo Batista do Nascimento . “Desse
fato que foi exibido em uma filmagem por uma rede de TV ensejou ameaças a
moradores daquele bairro, em razão da divulgação dessas imagens que
motivou a prisão de alguns policiais, entre eles um oficial”, explicou
Grella.
O secretario evitou, porém, relacionar outras chacinas e a onda de
assassinatos ocorrida ao longo de 2012 à ação de grupos de extermínio
com a participação de policias. “Nós temos a preocupação e a
responsabilidade de nos empenharmos e nos dedicarmos em esclarecermos
todos os casos. Todas as linhas de investigação devem ser perseguidas”,
disse, ressaltando em seguida que não podia fazer generalizações.
Grella fez um apelo para que a população continue confiando na
polícia. “Nós estamos dando uma demonstração aqui hoje que é para
população confiar nas suas policias: na Polícia Militar, na Polícia
Civil, porque nós temos um trabalho sério e a responsabilidade de
cumprir com esse dever que a sociedade espera”.
Hoje, em audiência pública, moradores do bairro Capão Redondo cobraram providências do poder público para as chacinas e a atuação de grupos de extermínio na periferia da cidade.
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