Leonardo Sakamoto.
Facebook e Twitter têm sido fundamentais para catalisar o processo de mobilização dos últimos dias.
Mas,
ao mesmo tempo, uma situação nova como esta, em que não é possível
prever o que acontecerá logo em seguida, é um terreno fértil para
cultivar boatos. Muita coisa fake tem corrido a rede loucamente, criando
medo. Tenho encontrado pessoas que estão apavoradas ou, pior,
histéricas por conta de postagens.
Segui o histórico de replicação
dessas postagens e cheguei aonde? Em lugar algum, nada que sustente a
informação. Ou era “telefone sem fio”, do tipo “quem conta um conto
aumenta um ponto”, ou problemas de interpretação de texto sobrepostos ou
um pessoal que, acredito, criou a história porque lhes era conveniente.
Igual a uma cebola: é grande, é dura, mas se você for descascando
descobre que, lá dentro, não tem nada.
Como já escrevi, fico
assustado com a quantidade de coisa mal checada e precipitada que
circula pelas redes sociais, principalmente em momentos de grande
comoção.
Fofoca sempre existiu, mas agora é transmitida em massa e em
tempo real. As plataformas digitais em redes sociais ajudam a mudar o
modo como nos comunicamos e fazemos fluir informação pela sociedade,
alterando – consequentemente – as estruturas tradicionais de poder. O
que é fantástico. Mas se elas ajudam a furar bloqueios e formar, também
desinformam.
Tem sempre um pilantra distorcendo ou
descontextualizando informação e divulgando-a, por ignorância, má fé ou
visando a um objetivo pessoal ou de seu grupo. Ou aqueles que misturam
realidade e desejo, fato e ficção, consciente ou inconscientemente.
Fiz
com a ajuda de colegas jornalistas, há algum tempo, dez conselhos para
usar bem o Twitter e o Facebook na cobertura de um acontecimento. Trago
eles de novo, atualizados para o momento. Já ouço lá no fundo alguém me
chamar de censor. Bem, alguns podem achar que o certo seria divulgar
tudo e deixar os próprios internautas perceberem o que é mentira. Tipo:
deixa que o mercado se regular sozinho que, automaticamente, o bem
estar da população será atendido. Faz me rir.
Uma informação
errada ao ser divulgada causa um impacto negativo contrário maior do que
sua correção. Ou seja, muitas vezes, o desmentido (por ser mais sem
graça) não chega tão longe quando a denúncia.
Há muita coisa
acontecendo nesses tempos interessantes em que vivemos. Tudo tem que ser
encarado com calma e responsabilidade. Então, controlem a emoção.
1) Não divulgarás notícia sem antes checar a fonte da informação.
2)
Não divulgarás notícias relevantes sem atribuir a elas fontes primárias
de informação. Um “cara gente boa” ou uma BFF não é, necessariamente,
fonte de informação confiável.
3) Tuítes e posts “apócrifos”, sem fonte clara, jamais serão aceitos como instrumento de checagem ou comprovação.
4) Não esquecerás que informação precede opinião.
5)
Não confirmarás presença em eventos duvidosos do Facebook sem antes
checar o tema e o naipe do organizador. Por exemplo, quem tem fetiche
por armas não combina, necessariamente, com pautas de paz. E terás
cuidado com o que atestas. Um “like” não é inofensivo.
6)
Lembrarás que mais vale um tuíte ou post atrasado e bem checado que um
rápido e mal apurado. E que um número grande de retuítes,
compartilhamentos e “likes” não garante credibilidade de coisa alguma.
7) Não matarás – sem antes checar o óbito.
8 ) Não se esquecerás que a apuração in loco, por telefone e/ou por e-mail precede, em ordem decrescente de importância, o chute.
9)
Não terás pudores de reconhecer, rapidamente e sem poréns, o erro em
caso de divulgação ou encaminhamento de informação incorreta.
10)
Na dúvida, não retuitarás, compartilharás ou darás “like” em coisa
alguma. Pois, tu és responsável por aquilo que repassas e atestas. Ou
seja, se der merda, você também é culpado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário