Nota deste Blogueiro:
Candomblécista Yá Mukumby |
Me questiono, quantos crimes ainda serão perpetrados? Quantas vítimas ainda teremos de sepultar, encharcadas no sangue da intolerância religiosa que só cresce em nosso Brasil.
Os fanáticos religiosos, estimulados por um governo omisso e por falsos Messias a pregar uma pseudo teologia da prosperidade, esquecem que no Brasil o Estado é laico e a liberdade religiosa nos é assegurado pela nossa Magna Carta.
É preciso darmos um basta. Francisco Barros.
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Segue abaixo a referida matéria e meus sincero votos de pêsames aos familiares destas mártires da causa afrodescendente.
Tragédia em Londrina. Ya Mukumbi, mãe e neta foram assassinadas. |
Vilma Santos de Oliveira, a Yá Mukumby, 63 anos, líder do movimento negro em Londrina, no Paraná, foi assassinada na noite deste sábado (03), no Jardim Champagnat, Zona Oeste da cidade. Além de Yá Mukumby foram mortas mais três pessoas, entre as quais, sua mãe, Alial de Oliveira Santos, 86 anos, e uma neta de 10 anos. O crime chocou Londrina, a segunda cidade mais populosa do Paraná.
Leia artigo abaixo publicado no Blog Mamapress.
Hoje
acordei, estava cansado e feliz. Eu ia para o segundo dia da III
Conferência da Cultura em Niterói. 800 pessoas estavam reunidas neste
final de semana, no tradicional Liceu Nilo Peçanha da minha cidade
Niterói.
Estávamos juntos para elaborar um plano
de cultura para o município que contemplasse a todos que vivem na
cidade. Me encontrei com artistas plásticos, animadoras culturais,
professoras, capoeiristas, músicos clássicos e de rua, todo mundo em
fim, de todas as raças e religiôes, de culturas e modos de ver a cultura
diferentes. A diversidade era total. Não estava feliz só por minha
cidade, estava feliz pelo meu país.
Acabo de chegar em casa cansado, e antes
de dormir, dou uma checada no meu face e me deparo com a notícia que
desaba o meu mundo, levanto da cadeira e sento no sofá, não tenho
pernas. Acabo de ler no Afropress que Mãe Yá Mukumby, Candomblecista e
líder do Movimento Negro de Londrina, no Paraná, fora assassinada à
facadas, junto com a neta e sua mãe de 86 anos.
Yá Mukumby, foi assassinada por uma pessoa enfurecida,
vizinhos relatam que os motivos talvez sejam intolerância religiosa,
pois segundo relatos que publicou a Afropress, o assassino Diego Ramos
Quirino, 30 anos, é evangélico e dizia estar “com o diabo no
corpo”.(vejam a matéria completa na Afropress).
O assassino Diego Ramos Quirino. |
Ainda segundo a matéria publicada, ela
foi responsável por tornar o Candomblé respeitado em Londrina. “Acho
que fiz minha parte, sim. Fui ousada ao encarar o preconceito de frente.
Sou macumbeira porque macumba é um ritmo que se dança aos orixás”,
costumava dizer.
Nós da Mamapress e toda a rede
alternativa de mídia das religiões de matrizes africanas e do movimento
negro, vêm a tempos alertando sobre a escalada da intolerância e ódio
religioso em nosso país.
Mãe Yá Mukumby, poderia me explicar
porque tanto ódio? O que está acontecendo em nosso país que só nós
vemos? Povos Negros sendo caçados que nem bichos?
Com minha companheira reflito sobre uma
discussão, que aconteceu hoje no final da noite no encontro de cultura
que até então havia transcorrido tão bem e sem incidentes, apesar de
discussões acaloradas, necessárias e essenciais na área de cultura.
Uma
Mãe de Santo ao defender a construção também de um templo para as
religiões de matrizes africanas no “Caminho Oscar Niemeyer”, para que
houvesse igualdade com os templos projetados para os católicos e
evangélicos naquele caminho da orla de Niterói, um jovem estudante,
destilando ódio, gritou se é para isto que se tenha um templo Rastafari
para se fumar maconha…
Grupos evangélicos fundamentalistas
expressam mais claramente seu racismo e sua intolerãncia religiosa, mas
eles estão no meio da sociedade. A sociedade brasileira precisa se
encarar, se deseja acabar na raíz este clima de medo e ódio.
*Título original do artigo: Deus dos Céus, que mortalha é essa que se abate sobre o nosso povo, mãe Yá Mukumby?
Fonte: Vermelho
Link desta matéria: http://ujs.org.br/portal/?p=18261
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