Crédito : Reprodução |
Um
vídeo, produzido pelo Movimento Projeto Popular (MPP,) denuncia o clima
de tensão criado no município de Buerarema, na Bahia, entre indígenas
Tupinambás da Serra do Padeiro, latifundiários e a população local.
Os
Tupinambás lutam pela demarcação das suas terras tradicionais, que
possuem um total de 47 mil hectares e foi iniciada na região uma
campanha de ódio contra os indígenas, com outdoors que acusam os
Tupinambás de serem “falsos índios” e afirmam que as demarcações de
terra trazem miséria, fome, desemprego, morte e até mesmo genocídio para
a região de Buerarema.
Na
última quinta (05), um carro oficial do Instituto Federal da Bahia
(IFBA) foi interceptado na região por quatro homens e incendiado com a
participação da população presente no local. Além do motorista, o
veículo transportava três professores do IFBA, entre eles o indígena
Edson Kaiapó.
Após
o carro ser interceptado, os colegas orientaram Edson Kaiapó a voltar
de táxi para Itabuna. Mas, no caminho de volta, o táxi foi parado por
pessoas desconhecidas, que espancaram e ameaçaram de morte o professor
do IFBA.
Leia o relato de Edson Kaiapó:
Mais
um carro (oficial) incendiado e professores e motorista da Licenciatura
Intercultural Indígena do Instituto Federal da Bahia (IFBA) ameaçados.
Foi hoje, por volta das 11h: um grupo de quatro capangas interceptou o
carro do IFBA, em São José da Vitória, nas proximidades de Buerarema.
Eu
estava com os professores João Veridiano (Antropólogo), a professora
Julia Rosa (História Indígena) e o motorista. Tínhamos concluído
atividades da LINTER em Olivença e estávamos a caminho de Pau Brasil,
onde teríamos atividades na aldeia Caramuru (Pataxó Hã Hã Hae). Os
capangas pararam o carro e disseram: “tem um índio no carro” e, em
seguidas, fomos violentamente expulsos do carro e o veículo foi levado
por eles.
Fui
orientado pelos colegas de trabalho a voltar de táxi para Itabuna, uma
vez que os capangas demonstravam ódio contra índios. Foi o que eu fiz.
No entanto, o taxi foi interceptado em Buerarema e lá fui espancado e
ameaçado de morte por pessoas desconhecidas.
O
carro do IFBA foi incendiado e jogado no meio da BR, na cidade de São
José da Vitória. Os colegas de trabalho estão bem, na delegacia da
cidade. E eu, nem sei onde estou… Escondido? De quê mesmo? Não cometi
nenhum crime.
A violência contra nossos povos não recua e toma proporções alarmantes.
As autoridades pouco esforços mobilizam contra esse estado de coisas.
Veja o vídeo do Movimento Projeto Popular: http://www.youtube.com/watch?v=F2QIzFIRJ3E
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