Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil.
Brasília – Policiais federais da Bahia e do Maranhão iniciaram hoje (5)
paralisação de suas atividades por 48 horas.
Amanhã (6), véspera do
feriado de 7 de Setembro, os policiais param no Ceará, no Amapá, no
Piauí, em Sergipe, em Pernambuco e em Mato Grosso do Sul.
A paralisação
faz parte de um movimento que reivindica a reestruturação da carreira e
reajuste salarial.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Jones Borges Leal, lembrou que as paralisações começaram em agosto.
"Nossa luta não é só pela questão salarial, mas principalmente por
melhores condições de trabalho, aumento do efetivo e reestruturação da
nossa carreira", disse Leal à Agência Brasil. A Fenapef representa também agentes, escrivães e papiloscopistas.
O governo propôs reajuste de 15,8% dividido em três anos, mas a
categoria rejeitou a proposta. Para Leal, o governo não trata os
policiais federais com a devida atenção. "Nós buscamos estar ao lado das
outras categorias, como era antes.
Hoje, não temos atribuição prevista
em lei. Um policial que entra hoje, não tem escrito o que ele deve
fazer, qual a sua função. Como você pode construir uma segurança pública
de qualidade, se não enfrenta essas questões? E, com a atitude do
governo, acho difícil resolver isso em curto prazo."
Para a presidente do Sindicato dos Policiais Federais da Bahia
(Sindipol-BA), Rejane Peres Teixeira, a paralisação serve para mostrar a
insatisfação com o que está acontecendo no órgão. "Temos alertado para o
sucateamento na estrutura material e humana da Polícia Federal.
Aqui,
na Superintendência da Bahia, o elevador está quebrado há mais de dois
meses. Não temos como fazer investigações no interior do Estado, por
falta de verba para deslocamento com viagens. E são apenas 210 agentes
para trabalhar nos mais de 400 municípios da Bahia", disse Rejane à Agência Brasil.
Segundo Rejane, os policiais também têm sofrido com situações de
assédio moral e de doenças ocupacionais e psiquiátricas causadas pelas
más condições de trabalho. "Em 2010, chegamos a ter 30% do efetivo
afastado por motivos psiquiátricos, com problemas como síndrome de
pânico e depressão. Nós últimos três anos, somente na Bahia, houve dois
suicídios [na corporação]", relatou.
Em julho, a Fenapef divulgou uma pesquisa segundo a qual 69% dos
policiais federais relataram que tiveram a saúde prejudicada pelo
ambiente de trabalho e 30% disseram que precisaram se submeter a
tratamento psicológico ou psiquiátrico por causa de sua atividade
profissional.
A paralisação dos policiais na Bahia começou com um café da manhã.
Em seguida, eles passaram a arrecadar alimentos para doar a um hospital
local que trata crianças com câncer.
Nesta sexta-feira, eles farão
doação coletiva de sangue e, no sábado, pretendem participar das
manifestações previstas para o 7 de Salvador. Os policiais federais do
Acre, Ceará e Amapá vão realizar um ato durante o desfile cívico de
sábado.
De acordo com a Fenapef, os policiais optaram por não unificar as
paralisações, para que cada estado avaliasse sua situação e decidisse
quando parar. Os policiais federais de Minas Gerais, de São Paulo, de
Goiás, do Amazonas, do Acre, do Paraná, do Rio Grande do Sul e do
Distrito Federal também já paralisaram suas atividades.
Eles informaram
que a emissão de passaportes e as demais funções dos policiais, como
investigações e registro de porte de arma, serão feitas com o efetivo
mínimo, que é 30% dos servidores.
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