Marcelo Godoy
Depois de três anos e meio de investigação, o Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo concluiu o maior mapeamento da história do crime organizado no País, com o raio X do Primeiro Comando da Capital (PCC). Por fine denunciou 175 acusados e pediu à Justiça a internação de 32 no Regime Disciplinar Diferenciado - entre eles, toda a cúpula, hoje presa em Presidente Venceslau.
As provas reunidas pelos promotores do Grupo Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) permitira
à construção de um retrato inédito e profundo da maior organização
criminosa do País.
Durante três anos e meio, os promotores reuniram
escutas telefônicas, documentos, depoimentos de testemunhas e apreensões
de drogas e de armas. O Estado teve acesso aos documentos e a milhares
de áudios que formam o maior arquivo até hoje reunido sobre o crime
organizado no País. O MPE flagrou toda a cúpula da facção em uma rotina
interminável de crimes.
Ela ordena assassinatos, encomenda armas e
toneladas de cocaína e maconha. Há planos de resgate de presos e de
atentados contra policiais militares e autoridades. O bando faz lobby e
planeja desembarcar na política.
Presente em 22 Estados do País e em três
países (Brasil, Bolívia e Paraguai), a "Família" domina 90% dos
presídios de São Paulo. Lucra cerca de R$ 8 milhões por mês com o
tráfico de drogas e outros R$ 2 milhões com sua loteria e com as
contribuições feitas por seus integrantes - o faturamento anual de RS
120 milhões a tornaria, uma empresa de médio porte. Esse número não
inclui os negócios particulares dos integrantes, o que pode fazer o
total arrecadado por criminosos dobrar.
A principal atividade é desenvolvida
pela facção (Nota DefesaNet - a Justiça e a Polícia criaram o neologismo
Facção para tentar diminuir o impacto da palavra Gangue), é tráfico de
drogas. Chamado de Progresso, prevê ações no atacado e no varejo. No
último, a facção reunia centenas de pontos de venda de droga espalhados
pelo Pais.
Eles são chamados de "FM". No caso da cocaína, os bandidos mantêm um produto de primeira linha, 0 "100%" e o "ML", que é a droga batizada, de segunda linha. A maconha é designada nas conversascom o nome de Bob Esponja. A droga do PCC vemdo Paraguai e da Bolivia.
Eles são chamados de "FM". No caso da cocaína, os bandidos mantêm um produto de primeira linha, 0 "100%" e o "ML", que é a droga batizada, de segunda linha. A maconha é designada nas conversascom o nome de Bob Esponja. A droga do PCC vemdo Paraguai e da Bolivia.
Os três
principais fornecedores de drogas para o PCC seriam os
traficantes paraguaio Carlos Antonio Caballero, o Capilo, e os
brasileiros Claudio Marcos Almeida, o Django, Rodrigo Felício, o
Tiquinho, e Wilson Roberto Cuba, o Rabugento.
Arsenal. O grupo tem um
arsenal de uma centena de fuzis em uma reserva de armas e R$ 7 milhões
enterrados em partes iguais em sete imóveis comprados pela facção. Ao
todo, o grupo tem 6 mil integrantes atrás das grades e 1,6 mil em
liberdade em São Paulo. Esse número sobre para 3,582 em outros Estados
-- somando os membros ativos e inativos, além dos punidos e os que não
têm mais cargos ou participação em atividades mantidas pela facção.
A denúcia do MPE foi assinado por 23
promotores de Justiça de todo os GAECOS de São Paulo. O MPE fez ainda um
pedido à Justiça de que seja decretada prisão preventiva de 112 dos
acusados.
Todos os suspeitos listados pelo MPE foram flagrados
conversando em telefones celulares, encomendando centenas de quilos de
cocaína, toneladas de maconha, fuzis, pistolas, lança-granadas e
determinando a morte de desafetos, traidores e suspeitos de terem
desviado dinheiro da Família.
Deixam, assim, claro que atuam segundo o
princípio de que "o crime fortalece o crime". Dezenas de telefonemas
relatando pagamento de propinas, principalmente a policiais civis, mas
também a PMs, fazem parte da investigação.
A Justiça de Presidente Prudente se negou
a decretar a prisão de todos os acusados, sob o argumento de que seria
necessário analisar mais detidamente as acusações. O mesmo argumento foi
usado pela Vara das Execuções Criminais, que indeferiu o pedido de
liminar feito pelo MPE para internar toda a cúpula da facção no RDD da
Penitenciáría de Segurança Máxima de Presidente Bernardes. O juiz Tiago
Papaterra decidiu verificar caso a caso a situação dos detentos, antes
de interná-los.
Nenhum comentário:
Postar um comentário