Enquanto trabalhavam no rastreamento de queixadas (mamífero também
conhecido como porco-do-mato) e na coleta de dados ambientais em
florestas que ligam os biomas do Pantanal e do Cerrado brasileiros, uma
equipe de pesquisadores da Wild life Conservation Society e uma ONG
parceira local, o Instituto Quinta do Sol, descobriram desenhos
rupestres antigos feitos por sociedades de caçadores-coletores há
milhares de anos.
http://arquivosdoinsolito.blogspot.com.br/2013/11/pesquisadores-acidentalmente-fazem.html |
Os desenhos são objeto de um estudo publicado recentemente pelos
arqueólogos Rodrigo Luis Simas de Aguiar e Keny Marques Lima na revista
Clio Arqueológica.
A diversidade de representações, de acordo com os
autores, aumenta significativamente o nosso conhecimento da arte
rupestre da região do planalto do Cerrado, que faz fronteira com o
Pantanal.
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“Nosso trabalho com a Wildlife Conservation Society se concentra em
promover práticas sustentáveis de uso da terra que ajudam a proteger
espécies selvagens importantes e os lugares onde vivem”, disse Alexine
Keuroghlian, pesquisador do Programa Brasil da WCS.
“Como muitas vezes
trabalhamos em lugares remotos, às vezes, fazemos descobertas
surpreendentes. Neste caso, [os registros encontrados] parecem ser
importantes para a nossa compreensão da história cultural humana na
região”.
A descoberta foi feita no planalto do Cerrado do Brasil em 2009,
quando Keuroghlian e sua equipe realizavam pesquisas sobre as queixadas,
uma espécie de porco que forma rebanhos que viajam longas distâncias e
são indicadores ambientais das florestas saudáveis.
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As queixadas são
vulneráveis às atividades humanas, como o desmatamento e a caça, e
estão começando a desaparecer em grandes áreas que compunham seu
território anterior, indo do sul do México até o norte da Argentina.
Enquanto seguiam os sinais de rádio emitidos por coleiras colocadas
nestes animais nas trilhas de forrageamento deixadas pelas manadas, a
equipe encontrou uma série de formações de arenito proeminentes com
cavernas contendo desenhos de animais e figuras geométricas.
Então, Keuroghlian contatou Aguiar, um especialista regional em
desenhos rupestres. O brasileiro determinou que os desenhos foram feitos
entre 4 e 10 mil anos atrás, por sociedades de caçadores-coletores que
ocuparam as cavernas ou as usaram especificamente para suas atividades
artísticas.
O estilo de alguns desenhos, observou Aguiar, foi coerente
com o que os arqueólogos chamam de tradição Planalto (em referência ao
planalto central brasileiro), enquanto outros, surpreendentemente, eram
mais semelhantes aos encontrados nas regiões do Nordeste e Agreste.
Os desenhos mostram um conjunto de animais, incluindo tatus, veados,
grandes felinos, aves e répteis, bem como figuras humanoides e símbolos
geométricos.
Curiosamente, o tema das pesquisas – as queixadas – está
ausente das ilustrações. Aguiar espera realizar escavações no chão da
caverna e datação geológica nos locais, a fim de interpretar
completamente os desenhos.
“Essas descobertas de desenhos rupestres enfatizam a importância da
preservação dos ecossistemas do Cerrado e Pantanal, tanto pelo seu
patrimônio cultural quanto natural”, explica a Dra. Julie Kunen,
diretora do Programa da América Latina e Caribe da WCS e especialista em
arqueologia maia.
“Esperamos firmar uma parceria com fazendeiros locais
para proteger esses sítios e cavernas, assim como as florestas que os
cercam, para que a herança cultural e da vida selvagem representadas nos
desenhos sejam preservadas para as gerações futuras”.
Fonte: Hypescience
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