Foto: Brasil 247 - Velório de Marcelo Déda. |
O último poema de
Marcelo Déda, que, além de político, era também escritor, foi lembrado
pela primeira-dama de Sergipe, Eliane Aquino, em discurso emocionado e
singelo; ela agradeceu pelas orações e disse que ele continuará vivo
como uma estrela no céu e no olhar de cada um dos cinco filhos dele: "O
último poema que ele fez, que ele falou para mim, foi que ele ‘não sabia
por que tanto amor pra tão pouca vida’. E esse amor vai regar até o
último dia da minha vida, te amando, te carregando no meu coração e
dizendo para todo mundo quem foi Marcelo Déda. Vai com Deus, meu amor.
Te amo, te amo, te amo”.
Foto: Brasil 247 - Velório de Marcelo Déda. |
Valter Lima, do Sergipe 247 – A esposa do
governador Marcelo Déda, a primeira-dama Eliane Aquino, pessoa que
esteve diretamente envolvida com todo o processo de tratamento contra o
câncer no estômago que se encerrou na madrugada desta segunda-feira (2),
em São Paulo, quando ele faleceu, fez o discurso mais marcante do
velório, já em Aracaju, na noite desta mesma segunda.
Revelou, em pouco
mais de cinco minutos, os sentimentos e as convicções que deram tônus a
luta pela vida – tanto dele quanto dela – e as dificuldades na
resistência à doença.
Ao iniciar sua fala, Eliane não escondeu o cansaço – “as pernas estão
fracas e o coração, dolorido” –, mas logo partiu para o agradecimento
especial “à população sergipana que nunca vacilou” nos momentos em que
eles mais precisaram. “Quando pedíamos oração, sempre se formava uma
corrente linda e era isso que segurava”, disse.
“Nós passamos um ano lutando, ali, em São Paulo, lutando contra o
câncer, tendo muita esperança, muito esperança mesmo, de que a gente
voltaria pra cá, ele vivo, curado. Muitas vezes eu questionei a Deus.
Muitas vezes, eu falava assim: ‘Porque, meu Deus, com tanta gente ruim
na face da terra, o senhor quer tirar Marcelo Déda, que além de ser
brilhante como político, é brilhante como pai, marido, e que vivia muito
intensamente tudo?’”, relatou.
Para Eliane, Déda era um “meteoro”. “Nada na vida dele foi mediano.
Tudo foi muito intenso. Até o sofrimento foi muito intenso”, afirmou.
Segundo ela, “nos últimos dias, ele estava bem calado”, o que a levou a
questionar: “o que está passando aí nessa cabeça?”.
E ele respondeu: “o meu funeral. Eu quero que o meu povo me veja”. E ele começou a chorar, segundo o relato da primeira-dama.
“E hoje, na hora que a gente veio, eu só falava pra ele: 'meu amor,
aí está o seu povo, aí está o seu povo que você tanto ama, fazendo uma
baita de uma homenagem para você'. E eu tenho certeza que ele viu cada
momento”, disse Eliane, sendo muito aplaudida, tanto dentro do
Palácio-Museu Olímpio Campo, onde ocorria a missa para familiares e
amigos, quanto na praça Fausto Cardoso, onde centenas de pessoas ouviam a
cerimônia.
“A minha frase não só para os sergipanos, mas para o Lula, que foi um
companheirão, para a Dilma e para o Zé Eduardo, para toda a família,
que o tempo inteiro nós estivemos juntos, é de muito obrigada. E eu falo
para vocês o seguinte: ‘eu daria qualquer coisa para estar trazendo ele
hoje para vocês. Curado. Mas ele é uma estrela.
E as estrelas brilham
em várias partes. E eu falei para o meu filho que quando ele olhasse
para o céu e visse a estrela que mais estivesse brilhando, ele vai saber
que é o pai dele. E eu vou saber que ele está perto, como ele me disse,
quando eu olhar nos olhos de cada filho dele, quando eu olhar nos olhos
dos cinco filhos, eu vou saber que ele está ali, eu vou sentir o cheiro
dele, eu vou sentir a presença dele, eu vou sentir o amor dele”,
afirmou.
E Eliane encerrou, citando uma poesia que Déda fez em sua homenagem:
“O último poema que ele fez, que ele falou para mim, foi que ele ‘não
sabia por que tanto amor pra tão pouca vida’. E esse amor vai regar até o
último dia da minha vida, te amando, te carregando no meu coração e
dizendo para todo mundo quem foi Marcelo Déda. Vai com Deus, meu amor.
Te amo, te amo, te amo”.
Foto: Brasil 247 - Velório de Marcelo Déda. |
O corpo do governador Marcelo Déda chegou a Sergipe por volta das
16h30 (horário local) e foi levado em carro aberto pelo Corpo de
Bombeiros, do aeroporto até o Palácio-Museu, no Centro da capital.
Desde
a saída, centenas de pessoas se reuniram nas calçadas por onde o
veículo passou para homenageá-lo. “Olê, olê, olê, olá, Déda, Déda” foi o
som mais ouvido enquanto ele passava, assim como aplausos. Muitos
aplausos.
Na chegada à Praça Fausto Cardoso, onde está localizado o museu,
revitalizado no primeiro governo dele, pétalas de flores foram lançadas
de um helicóptero. Centenas de pessoas já o aguardavam no local (leia
mais aqui).
A presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Lula (PT), o
governador Jacques Wagner (PT/BA) e o prefeito Fernando Haddad (PT/SP)
participaram da missa.
O velório foi aberto para visitação pública às 21h30. O horário de
visita se estenderá até o meio dia desta terça-feira (3). O corpo de
Marcelo Déda será levado à capital baiana, Salvador, onde será cremado.
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