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No restante do mundo, 86 cidades, de 24 países, já aboliram a
cobrança pelo transporte público. Coordenador do Projeto Cidades Sustentáveis
conta como foi possível implementar a gratuidade. Reportagem da Rede Brasil
Atual.
Publicado em 18 de janeiro de 2016.
Nestas primeiras
semanas de 2016, algumas cidades brasileiras têm sido palco de protestos contra
o aumento das tarifas de ônibus trens e Metrô, e em defesa do transporte
público gratuito. Em São Paulo, após as manifestações marcadas por intensa
repressão policial na semana passada, o Movimento Passe Livre convoca mais uma
mobilização amanhã (19), no cruzamento das avenida Faria Lima com Rebouças, na zona sul da capital.
Em meio aos protestos,
a pergunta que fica é se realmente é possível uma cidade oferecer transporte
de graça para toda a população ou trata-se de uma utopia, afinal o dinheiro tem
que sair de algum lugar para manter a estrutura e os serviços.
Reportagem de Vanessa Nakasato, do Seu Jornal, da TVT,
mostra exemplos de cidades em que a tarifa zero é possível. Sobre o assunto, a
jornalista conversa com o coordenador da Rede Nossa São Paulo e do projeto
Cidades Sustentáveis, Oded Grajew. Ele aponta caminhos na busca de uma solução
para os problemas do transporte público, sobretudo na capital paulista.
Em todo o mundo, são
86 cidades, em 24 países, que não cobram tarifa para que a população acesse o
transporte público. No Brasil, 12 cidades também já adotam o modelo. Maricá, no
litoral do Rio é uma delas. Desde dezembro de 2013 os habitantes podem andar de
ônibus gratuitamente na rede municipal.
"É
uma cidade de 150 mil habitantes e tem transporte gratuito para a população. O
governo aloca recursos no orçamento para viabilizar o transporte público de
graça para toda a população", assinala Grajew sobre a experiência
maricaense.
Outra
cidade que também caminha no mesmo sentido é Agudos, no interior de São Paulo.
Os 40 mil habitantes, desde 2003, não pagam tarifa para acessar o transporte
coletivo. Os ônibus são operados pela prefeitura e os motoristas são
funcionários concursados.
Para
que o transporte coletivo pudesse ser gratuito, cada uma das cidades recorreu a
uma solução diferente, aponta o coordenador da Rede Nossa São Paulo. O mais
comum e viável, segundo ele, é elevar o imposto territorial que atinja as
pessoas de maior renda. "Outras cidades cobram uma taxa de todos os
habitantes. Nos EUA, por exemplo, é por volta de 5 dólares por ano para cada
habitante", comenta Grajew. "É uma decisão política que envolve uma
decisão econômica, sobre o que vai se priorizar no orçamento e de onde que se
vai buscar recursos para viabilizar o serviço para a população."
Gratuidade em SP. Na
capital paulista, 2,2 milhões de pessoas, dentre aposentados, pessoas com
mais de 60 anos, deficientes, estudantes de baixa renda e trabalhadores
desempregados já contam com a isenção da tarifa – juntos, eles representam
22% dos passageiros.
O
coordenador da Rede Nossa São Paulo afirma que os primeiros passos a serem
dados é tratar o tema com transparência e discutir alternativas com a
sociedade. "O que pode se fazer, de imediato, é abrir a discussão. Abrir
as contas para a população, olhar todos os números, o quanto que a prefeitura
gasta em cada coisa, quanto é o lucro das empresas, os impostos que são
cobrados, e envolver a sociedade na discussão."
Sobre
os impactos de uma eventual tarifa zero na cidade, Oded Grajew afirma que vão
muito além da simples isenção da tarifa. "Melhora a qualidade de vida. As
pessoas podem ter acesso à cultura, ao lazer, porque podem se deslocar. Melhora
a saúde da população, porque há menos poluição causada pelo transporte
individual."
Ele
cita ainda que as cidades que acabaram com a cobrança de tarifa conseguem
atrair empresas, que se livram assim de arcar com os custos do vale-transporte,
e lembra que, por tudo isso, a questão dos transportes é também uma questão de
direitos.
Link original: http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/213688/Tarifa-zero-%C3%A9-realidade-em-12-cidades-brasileiras.htm
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