A falta de articulação entre as
instituições de defesa dos direitos da criança e do adolescente em São Luís
para melhor intervir nesse objetivo foi a principal conclusão a que chegaram na
segunda-feira, 16, os vereadores Ricardo Diniz (PCdoB) e Honorato Fernandes
(PT). Esta identificação eles obtiveram durante uma audiência pública sobre a
violência sexual contra crianças e adolescentes, ocorrida no plenário da Câmara
de Vereadores, de iniciativa do vereador do PCdoB e à qual também esteve
presente o vereador Ivaldo Rodrigues (PDT).
Para superar problemas relacionados
ao direito da criança e adolescente, Ricardo Diniz disse que irá estudar e
propor a criação do Fórum da Criança com o fim de melhor articular as entidades
e instituições de defesa dos direitos das crianças e adolescentes, no propósito
de garantir maior efetividade de suas ações. No mesmo sentido, Honorato
Fernandes sugeriu ao secretário adjunto da Secretaria Municipal da Assistência
Social, Rodrigo Desterro Silva, que o órgão crie um núcleo para promover
maiores instituições e entidades que atuam em favor da criança e do adolescente
no Município.
O evento marcou a abertura da semana
de enfrentamento à violência sexual contra menores em São Luís, que culminará
com um ato público nesta quarta-feira, no final da tarde, na praça Maria
Aragão, na Beira Mar. A audiência pública reuniu representantes de conselhos
tutelares, dos congêneres dos Direitos da Criança e do Adolescente e da
Condição Feminina, Maria Neusa da Silva e Maria Carla Cavalcante,
respectivamente; os secretários adjuntos municipais da Assistência Social,
Rodrigo Desterro Silva, e da Educação, Maria de Jesus Gaspar, do defensor
público da área, Davi Rafael Veras, da delegada em exercício da Proteção à
Criança e ao Adolescente, Admair Chagas Costa, o perito criminal da área,
Robson Mourão, do Fórum Comunitário da Cohab-Cohatrac, Dorian Azevedo, entre
outros.
ALCANCE DA VIOLÊNCIA - Ao falar aos presentes, o vereador
Ricardo Diniz frisou que a violência contra crianças e adolescentes, que ora
estão como agentes, ora como vítimas diretas, não mais se restringe a
determinados grupos sociais, raciais, econômicos ou geográficos. “Ela pode se
acentuar por gênero, idade, etnia e classe social”, acrescentou.
Ele lembrou aos presentes que “a
situação de vulnerabilidade, aliada às turbulentas condições socioeconômicas
presentes em nossa sociedade, ocasiona uma grande tensão entre os jovens, que
agrava diretamente os processos de integração social e, em algumas situações,
fomenta o aumento da violência e da criminalidade”. O vereador adiantou que as
crianças bem amadas e bem assistidas em suas necessidades, a não ser por
variáveis patológicas, não se transformarão em adultos violentos. Mas, em
contraponto, ressaltou que crianças que tiveram a infância erodida pela
violência intra-familiar apresentam enorme probabilidade de reproduzir
essa violência.
O vereador Honorato Fernandes ao
falar na audiência disse que pela manhã já se acorda com a exposição na
televisão de ações de menores que praticam assaltos, latrocínios, mas não se
mostram a história de vida e as causas que os levaram a tais práticas. “Os
programas só se preocupam com os efeitos, não se preocupam com as causas que
levaram esse menor a se tornar violento”, reclamou.
O vereador Ivaldo Rodrigues
parabenizou o colega Ricardo Diniz pela iniciativa e disse que se preocupa
também com o menor. A propósito, informou que até o final do mês será
instituído pela Prefeitura o Cartão Criança, a ser usado pelos menores de sete
anos para que passem pelas catracas dos transportes coletivos sem a necessidade
de se arrastarem pelo piso dos ônibus. A lei é de iniciativa do vereador.
Durante o evento, os representantes
das secretarias municipais, de conselhos, delegacia, perícia técnica,
Defensoria Pública falaram sobre o que cada órgão vem fazendo em defesa dos
direitos dos menores. Contudo, ficou claro para os vereadores que em tudo o que
fazem melhor seria e maior resultado teria se tudo ocorresse de modo
articulado.
Texto: DRETCOM/CMSL.
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