Monica Yanakiew
Da Agência Brasil
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Ortega liderou a Revolução Sandinista há 37 anos, derrotando da ditadura de Anastásio Somoza. THE PRESIDENTIAL PRESS AND INFORMATION OFFICE/FOTOS PÚBLICAS |
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, foi reeleito no domingo (6), com 71,3%, segundo os resultados preliminares da apuração. Mas antes da contagem de votos terminar, milhares de simpatizantes comemoraram a continuidade do ex-guerrilheiro de 70 anos no poder. Esse será o terceiro mandato presidencial consecutivo do homem que liderou a Revolução Sandinista há 37 anos, derrotando da ditadura de Anastásio Somoza.
Os opositores – entre os quais alguns ex-guerrilheiros que lutaram a seu lado – acusam Ortega de autoritarismo e de querer perpetuar a família no poder, como o ditador que ele combateu. Anastásio Somoza foi o último de uma dinastia que governou a Nicarágua durante mais de 40 anos.
Ortega mudou a Constituição para eliminar os limites da reeleição. Seu partido, a Frente Sandinista da Liberação Nacional (FSLN), foi ganhando o controle das instituições. E sua mulher, Rosário Murillo, será vice-presidente.
Às vésperas das eleições, as pesquisas de opinião davam a vitória do casal como certa – até porque o maior partido da oposição foi excluído do pleito e os outros quatro candidatos tinham pouco peso. Ortega não permitiu a presença de observadores internacionais nesta votação, levando uma parte dos opositores a criticar a falta de transparência e fazer campanha pela abstenção.
Primeira eleição foi em 1984
Ortega foi eleito presidente pela primeira vez em 1984. Mas, seu governo esquerdista foi marcado pela guerra civil com os Contras – rebeldes financiados e armados pelos Estados Unidos. Com a economia do país em crise, foi negociado um acordo de paz, que levou à realização de novas eleições presidenciais em 1990.
Desde então, Ortega tentou mais de uma vez candidatar-se à presidência, mas só conseguiu reconquistar o poder em 2006. Ele foi reeleito em 2011 e, durante seus dez anos de governo, a economia nicaraguense cresceu acima da média regional. Segundo o Banco Mundial, a pobreza foi reduzida em 13%.
Nesse período, o pais recebeu US$ 4,8 bilhões em empréstimos e investimentos da Venezuela, que foram usados para projetos de energia, desenvolvimento do comércio, agricultura e também em programas sociais.
Apesar das melhorias econômicas e sociais, a Nicarágua ainda está entre os países mais pobres da América Latina e precisa atrair investimentos estrangeiros. Mas a Venezuela – que foi duramente afetada pela queda do preço do petróleo, seu principal produto de exportação – enfrenta uma crise econômica e política e já não pode socorrer os vizinhos como antes.
A Nicarágua tem uma baixa taxa de violência em relação aos seus vizinhos ( Honduras, El Salvador e Guatemala), o que deveria contribuir para a atração de investimentos estrangeiros. Mas o país tem sido duramente criticado pela falta de transparência democrática pelos Estados Unidos, um de seus principais parceiros comerciais.
O Congresso norte-americano ameaça limitar os empréstimos concedidos por organismos internacionais à Nicarágua se o presidente Daniel Ortega não promover reformas democráticas. Na votação de domingo também foram eleitos 90 deputados da Assembleia Nacional.
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