Publicado em: dezembro 15, 2017.
Maister F. da Silva (*)
O governo golpista de
Michel Temer tem dono, aliás, mais de um dono, foi alçado ao poder para operar
a agenda ultra-conservadora dos barões do capital, tendo como principal
acionista o mercado financeiro. Tal como o Executivo tem dono, a maioria do
Congresso também, a diferença é que ali os atores são muitos e operam por
empreitada, cada empreitada tem seu preço, o que por vezes dificulta o
pagamento da conta por parte do executivo golpista.
No último dia 13 de
dezembro, semana derradeira para iniciar as discussões e votar a Reforma da
Previdência em 2017, o governo protagonizou, em três atos, um festival
informações desencontradas, tendo como porta vozes três importantes atores do
golpe, o vaidoso Romero Jucá, o CEO do capital financeiro no governo Henrique
Meirelles e o chefe do Palácio do Planalto, o presidente biônico Michel Temer.
Numa corrida de olhos pelos três atos, podemos notar que o governo chancela
quem manda e quem obedece, sem nenhuma preocupação com o que a reforma
implicaria de retrocesso para o povo brasileiro. Vamos aos três atos:
1º Ato – O jornal
Folha de São Paulo veicula a informação proferida em entrevista coletiva pelo
líder golpista no Senado, de que havia acordo entre os Presidentes da Câmara
Federal e do Senado para que a votação da Reforma fosse transferida para
fevereiro, o vaidoso Romero Jucá, no afã de avisar aos navegantes que estão no
comando do leme, antecipa-se e obriga os demais atores a se posicionar;
2º Ato – O CEO do
capital financeiro no governo Henrique Meirelles, por tabela chama Jucá de
mentiroso, e afirma que a Reforma da Previdência precisa ser votada na Câmara
ainda esse ano, sob pena das agências de classificação de risco, rebaixarem a
nota do Brasil, dificultando seu acesso ao crédito. Ora, sabemos bem como agem as
agências de classificação de risco, financiadas pelos grandes grupos do capital
financeiro, e atribuem suas notas conforme seus interesses comerciais, para o
leitor mais curioso, sugiro assistir ao documentário Trabalho Interno, do
diretor Charles H. Ferguson;
3º Ato – O Palácio do
Planalto nega que tenha qualquer acordo para adiar a votação.
Pois bem, a reforma
foi adiada, por ora estraga-se o Natal dos patrões do golpe. Meirelles
apressou-se em informar que irá procurar as principais agências de risco para
explicar a postergação da votação e informar que há possibilidade concreta de
aprovação no início de 2018.
Ao que tudo indica a
empreitada da Reforma da Previdência está com as ações mais valorizadas que as
reformas anteriores, e a máquina estatal não vai dar conta de arcar com os
custos sozinha, os patrões dos golpistas precisarão desembolsar mais do que o
previsto.
No entanto, se os
golpistas tem dono, o povo brasileiro tem garra e é um calo em seus sapatos.
Durante os últimos dez dias um frei franciscano, Frei Sérgio Görgen, e duas
camponesas, Leila Santana e Josineide Costa empreenderam uma greve de fome
contra a reforma, que tornou-se uma ação nacional e chegou a 40 trabalhadores
rurais e urbanos por todo o país, nas Assembleias Legislativas, Câmaras de
Vereadores e aeroportos somando em solidariedade ajudando a imprimir a mais
significativa das derrotas do governo biônico até o momento.
(*) Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Nenhum comentário:
Postar um comentário