segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Brasil. Le Monde já vê, em editorial, 'o suicídio de uma nação'.


Segundo o colunista da Folha de São Paulo, Nelson de Sá,  O jornal Francês Le Monde vê em editorial, 'o suicídio de uma nação', com o risco da campanha eleitoral 'radicalizar ainda mais num país que parece ter perdido o controle de seu destino'. Anteriormente a primeira página do New York Times já diagnosticava  “o declínio de uma nação”, agora o francês Le Monde publica o editorial “Brasil, o naufrágio de uma nação”..

Em editorial o Le monde cita... "Após a agressão do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro, a campanha presidencial corre o risco de se radicalizar em um país que parece ter perdido o controle de seu destino.

Editorial do "mundo". Um mês antecedendo à eleição presidencial, houve a tentativa de assassinato na quinta-feira, 6 de setembro, do candidato de direita Jair Bolsonaro representa uma nova ameaça à jovem democracia brasileira. Imediatamente e unanimemente condenado, este assalto cometido por um personagem apresentado como desequilibrado reflete o clima extremamente tenso que prevalece atualmente. Desde o afastamento (impeachment) controverso da presidente Dilma Rousseff deixou em 2016, o país parece ter perdido o controle de seu destino.

Tudo contribui para isso. Uma sociedade que se sente abandonada. As balas perdidas que cortam as crianças dos bairros nas mãos das gangues. Representantes da sociedade civil assassinados em plena luz do dia. Uma classe política tão angustiante quanto envelhecida, minada pela corrupção. Nesse contexto deletério, o incêndio que assolou o Museu Nacional do Rio, em 2 de setembro, apareceu como símbolo do descuido do Estado. Alguns falam sobre o suicídio de uma nação. Parece que sim.
O país estava à beira da revolta em junho de 2013. Hoje está totalmente desorientado. Os brasileiros estão procurando um líder capaz, eles esperam, para restaurar o esplendor perdido do país. A pessoa vê isto em Jair Bolsonaro, este soldado de reserva com o discurso grosseiro e provocativo. Os outros continuam contando com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção. Ambos estão liderando pesquisas. Nenhum deles, agora, não pode fazer campanha.
É cedo demais para avaliar as consequências políticas da agressão sofrida pelo candidato de extrema-direita. Mas, como a esquerda, acalentando um Lula comparado a "um prisioneiro político", a extrema direita agora tem seu martírio. E, de acordo com a acreditar , filho de Jair Bolsonaro Flavio, esse status seria capaz de impulsionar seu pai "mais forte do que nunca" para o mais alto cargo no primeiro turno da eleição.

"Tirar o país de uma crise política, moral e institucional". 
A hipótese é, sem dúvida, exagerada. Mas a comoção nacional provocada por esse ultrajante ataque à democracia deve levar o candidato às urnas. A única força do drama discussões ocultas, troca de idéias, propostas necessárias para deixar o país com uma crise política, moral e institucional. Uma estadia prolongada no hospital pouparia Jair Bolsonaro de qualquer confronto televisionado e permitiria que ele controlasse sua mensagem através de seus vídeos de celular e posts de mídia social.
A campanha presidencial já era violenta. Pode-se temer que radicalizou mais. Seis meses atrás, a caravana do ex-presidente Lula estava cheia de balas. Depois de sua prisão em abril, um ativista que veio apoiá-lo foi ferido por tiros. Em seguida, foram as palavras inflamadas de Jair Bolsonaro, em uma de suas reuniões, que atiraram as "petralhas", outro nome dado aos militantes do Partido dos Trabalhadores (esquerda) de Lula. O ataque de faca contra o candidato de extrema-direita é mais um passo nessa escalada fora de controle e se encontram a imagem dos "países amigos", que seria o Brasil
Resta esperar que este episódio dramático funcione como um eletrochoque. E isso encoraja toda a sociedade brasileira a encontrar uma solução democrática para todos os seus males. Neste ponto, ai de mim! soa rosto de wishful thinking".


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