sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Guerra Urbana - Crise expõe esgotamento do modelo de segurança em São Paulo.

Em entrevista à Carta Maior, Camila Nunes Dias, professora da Universidade Federal do ABC e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência, da Universidade de São Paulo (USP), defende que a atual crise na segurança pública, expressa no aumento do número de homicídios, é resultado do "esgarçamento de uma espécie de convivência equilibrada entre poder público e organizações criminosas". Essa crise, acrescenta, é a expressão mais acabada de que o atual modelo de segurança está esgotado.

São Paulo - Pela televisão, a população paulista acompanha o placar do número de policiais e um tanto de anônimos mortos. Pelas periferias de São Paulo, a população vive momentos de terror, entre operações violentas da polícia e chacinas cotidianas. A busca por explicação entorno de tantas mortes não é um desafio fácil diante da postura do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). A professora da Universidade Federal do ABC, Camila Nunes Dias, porém, procura apresentar alguns elementos. Também pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência, da USP, Camila acredita que a atual crise – expressa no aumento do número de homicídios - é resultado do esgarçamento de uma espécie de convivência equilibrada entre poder público e organizações criminosas.

A professora ainda criticou a Operação Saturação, realizada pelos tucanos. “Essas operações representam, de uma lado, uma resposta midiática, para transmitir à parte da sociedade uma sensação de que o governo está dando uma resposta ao crime, e de outro lado elas expressam a criminalização das populações mais pobres”, disse na entrevista. Mas também cobrou sinalizações do governo federal de que não tolere retaliações privadas às mortes de policias, como vêm ocorrendo. Leia na íntegra:

A crise da segurança pública paulista é uma crise do modelo de segurança ou do fracasso da aplicação deste modelo?

Eu acho que é um pouco dos dois. Tem um modelo de política de segurança – que não é “privilégio” de São Paulo - baseado em duas ações: repressão policial com investimento na polícia militar e o encarceramento em massa via investimento no sistema prisional. Esse o modelo se mostra absolutamente ineficiente, mas é um modelo que está aí. Os governos e a sociedade de uma forma geral têm dificuldade de pensar segurança pública indo além desse modelo.

Essa crise é expressão mais acabada de que este modelo de segurança está esgotado. Ele não traz resultados positivos no longo prazo.

A redução do número de homicídios no período anterior, e o recente aumento do número de homicídios, tem a ver com a boa ou má relação entre polícia e organizações criminosas?

Acho que a redução das taxas de homicídio em São Paulo está muito menos ligada a tal política de segurança que acabei de mencionar, e muito mais com a predominância e a hegemonia do PCC [Primeiro Comando da Capital] em São Paulo. Da mesma forma que a presença do PCC está ligada com a redução dos homicídios, não por uma ideologia pacifista, mas por uma questão de controle de mercado. A partir do momento que se tem uma só organização criminosa que controla o mercado ilícito, sobretudo o tráfico de drogas, existe um volume de conflitos muito menor envolvendo estas atividades. Podem ter outros fatores para a redução dos homicídios, mas esse é um elemento importantíssimo.

Por outro lado essa hegemonia que produz uma estabilidade no mercado e portanto a redução de violência física ligada a esse mercado, para se manter depende de uma série de fatores, dentre os quais a relação da organização (PCC) com o poder público. Sobretudo com as polícias. Eu chamo de “acomodação precária”, uma espécie de convivência equilibrada, que garante estabilidade num cenário urbano. Essa crise, de fato, é o resultado de um esgarçamento dessa relação. Por uma série de motivos esse desequilíbrio se rompeu.

Acredita que há uma disputa territorial entre alguns setores da polícia e organizações criminosas em torno do tráfico de drogas, máquinas de caça níquel ou outras atividade ilícitas?

Sendo bem sincera nunca ouvi isso. Apenas li na imprensa, então não posso afirmar. Acredito que impossível não é. Pode ocorrer - não como no caso do Rio de Janeiro das milícias. Mas não acho que seja algo estrutural ou organizacional. Se há essa disputa, ela se apresenta de uma forma bem localizada e pontual.

A Operação Saturação vem se repetindo em São Paulo como uma opção meio espetaculosa dos governos tucanos para responder a essas crises. Como exemplo ilustrativo: a Secretaria de Segurança Pública divulgou que uma recente operação realizada no Campo Limpo abordou 1071 pessoas e prendeu 9. O que acha dessas operações, principalmente na relação com os moradores dessas regiões?

Mostra em primeiro lugar uma grande inconsequência. Um dispêndio de gastos e esforços muito volumosos. Essas operações representam, de uma lado, uma resposta midiática, para transmitir à parte da sociedade uma sensação de que o governo está dando uma resposta ao crime, e de outro lado elas expressam a criminalização das populações mais pobres.

Em comunidades como Paraisópolis, por exemplo, é evidente que há criminosos – como em quase todas as partes da cidade – mas é evidente que a esmagadora maioria da população é de pessoas honestas, que trabalham, etc. Nessas operações, no entanto, estão todos submetidos a essa ocupação militar, à todas as formas de sujeição, de abusos de direitos, de exposição à violência, vulnerabilidade. Nós sabemos que é isso que ocorre em comunidades tomadas por forças militares. Ou seja, não adianta absolutamente nada. Óbvio que vai ter maior volume maior de apreensões de mercadoria ilícitas, pessoas presas, mas se trata de operações pontuais que não geram qualquer efeito no longo prazo.

O que resultou em termos de mudança estrutural as operações realizadas anteriormente em Paraisópolis? Absolutamente nada. Só tem um efeito deletério de expor uma população, inclusive crianças, a essa presença ostensiva da polícia militar. É um tiro no pé a médio prazo, inclusive por colocar a esta parte da sociedade, o lado mais violento e opressor da polícia. Expõe as forças policiais a um processo de deslegitimação ainda maior.

Diante deste cenário, que inclusive aponta para a existência de grupos de extermínio formada por policiais – se é que deixaram de existir em algum momento – como vê as respostas anunciadas pelos governos estadual e federal? Quais seriam medidas que poderiam resolver a longo prazo a questão da segurança?

Em relação aos grupos de extermínio, embora não hajam provas definitivas, há evidências de que eles existem. De fato é discutível se eles deixaram de existir em algum momento, mas em situações de crise essas evidências saltam mais aos olhos.

No caso do governo estadual e mesmo do governo federal falta uma demonstração de que não vai tolerar este tipo de envolvimento de policias ou com grupos de extermínio ou envolvimento em retaliações, vinganças privadas às mortes de policiais. O governo, além de encontrar e prender responsáveis pelos assassinatos dos policiais, precisa sinalizar que não vai compactuar e tolerar assassinatos de civis, sobretudo praticados por policiais. O governo precisa investigar essas execuções das populações das periferias que estão se tornando rotineiras. Noite após noite estão ocorrendo chacinas nas periferias e até o momento não ouvi nenhuma palavra do governador sobre isso.

Acha que é um bom momento para o debate da desmilitarização da polícia?

Não acho que é um bom momento. Em termos culturais, essa sensação de insegurança bloquearia a discussão. Em momentos de crise como esse, os apelos às ações mais repressivas encontram mais espaço para germinar como forma de solução. Infelizmente a maioria da sociedade pensa que é preciso fortalecer a polícia militar. Eu sou absolutamente favorável a desmilitarização da polícia, mas precisamos pensar bem o momento para colocar este debate.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21223

Desopilando - Crônica Vizinhos e internautas.

Texto copiado da Coluna do Uol pensata.
Por Carlos Heitor Cony

04.Mai.2000 - Estudiosos do comportamento humano na vida moderna constatam que um dos males de nossa época é a incomunicabilidade. 

Já foi tempo em que, mesmo nas grandes cidades, nos bairros residenciais, ao cair da tarde era costume os vizinhos se darem boa noite, levarem as cadeiras de vime para as calçadas e ficar falando da vida, da própria e da dos outros. 

A densidade demográfica, os apartamentos, a violência urbana, o rádio e mais tarde a TV ilharam cada indivíduo no casulo doméstico.

Moro há 20 anos num prédio da Lagoa, tirante os raros e inevitáveis cumprimentos de praxe no elevador ou na garagem, não falo com eles nem eles comigo. 

Não sou exceção. 

Nesse lamentável departamento, sou regra.  

Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem para navegar na Internet. 

Um dos argumentos que me dão é que posso falar com pessoas na Indonésia, saber como vão as colheitas de arroz na China e como estão os melões na Espanha.

Uma de minhas filhas vangloria-se de ser internauta. 

Tem amigos na Pensilvânia e arranjou um admirador em Dublim, terra do Joyce, do Bernard Shaw e do Oscar Wilde. 

Para convencê-la de seus méritos, o correspondente mandou uma foto em cor que foi impressa em alta resolução. 

É um jovem simpático, de bigode, cara honesta. 

Pode ser que tenha mandado a foto de um outro. 

Lembro a correspondência sentimental das revistas de antanho. 

Havia sempre a promessa: "Troco fotos na primeira carta". 

Nunca ouvir dizer que uma dessas trocas tenha tido resultado aproveitável. 

Para vencer a incomunicabilidade, acredito que o internauta deva primeiro aprender a se comunicar com o vizinho de porta, de prédio, de rua. 

Passamos uns pelos outros com o desdém de nosso silêncio, de nossa cara amarrada. 

Os suicidas se realizam porque, na hora do desespero, falta o vizinho que lhe deseje sinceramente uma boa noite.
 

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/cony_20000504.htm 

Record perde R$ 200 mi e agrava crise da mídia.

:
A Mídia e a crise financeira.





Matéria copiada do Portal Brasil 247.
É a maior tempestade dos últimos dez anos; companhias de comunicação fecham jornais, desfazem parcerias e amargam prejuízos milionários; na emissora do bispo Macedo, cobertura das Olimpíadas acentuou dificuldades; demissões entre profissionais.

9 de Novembro de 2012 às 05:22
247 – É grave a crise da mídia – e cada vez se mostra mais acentuada. Nesta quinta-feira 8, o mercado foi tomado pela informação de uma quebra de R$ 200 milhões nos resultados da Rede Record. 

Boa parte do prejuízo está sendo atribuída aos gastos da emissora com a cobertura das Olimpíadas de Londres, este ano. Antes mesmo desse movimento, porém, a saúde financeira da emissora do bispo Edir Macedo, chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, já era questionada pelo mercado. Há informações sobre 70 demissões na subsidiária Record News e no Portal R7.

Mais nova ponta do iceberg da crise da mídia, a Record com suas dificuldades se soma a outra companhias que, em razão de prejuízos continuados, vão até mesmo fechando títulos e produtos. No final de semana, após o Grupo Estado ter encerrado a circulação do histórico Jornal da Tarde foi a vez do tradicional Diário do Povo, de Campinas, do Grupo Anhanguera, ter ido às bancas pela última vez, no domingo 4.

Ao mesmo tempo, no Rio de Janeiro o grupo Ejesa, que edita o jornal Brasil Econômico, anunciou o fechamento do jornal esportivo Marca, que tinha circulação nacional. Ainda no setor esportivo da mídia, o Grupo Estado informou sua decisão de romper a parceria com a emissora ESPN, por falta de resultados.

A crise que vai da imprensa em papel à eletrônica é a maior dos últimos dez anos. A concentração dos investimentos publicitários é um dos motivos para a onda de fechamento de títulos, mas estruturas mal planejadas ou aferradas a modelos do passado também parecem ter boa parte de responsabilidade.

A Record, apesar de suas características diferenciadas, em razão da ligação umbilical com a Igreja Universal de Macedo, não é um caso isolado na crise da mídia eletrônica. A RedeTV, do empresário Amilcare Dalevo, igualmente atravessa uma longa agonia financeira. A empresa parece não ter sustentado a compra de equipamentos última geração, perdeu seu melhor produto comercial para a Rede Bandeirantes – o programa Pânico na TV – e tem atrasado o pagamento de salários com frequência.

Abaixo, notícia do colunista Flavio Ricco, do portal UOL, sobre a crise na Record:
A mudança da Record News, com a dispensa da maioria dos seus funcionários, foi apenas o primeiro passo de uma série de medidas de enxugamento, que a direção da Record será forçada a colocar em prática ao longo dos próximos tempos, para equalizar as finanças da emissora.

O rombo, segundo algumas fontes, passa de R$ 200 milhões – valor que a Record não confirma. A conta da Olimpíada passada, a subutilização do Recnov e os sucessivos erros de planejamento, além de altos salários pagos aos seus diretores e artistas estão entre as despesas que mais contribuíram para se chegar a um valor tão absurdo.

O dinheiro da igreja, pela cessão de horários na madrugada, há algum tempo se tornou insuficiente para equilibrar ou ao menos reduzir o volume das despesas. A Record, sempre muito econômica na abertura dos seus intervalos comerciais, agora se vê obrigada a adotar uma política diferente.

E é exatamente isso que a sua direção ainda não tem decidido. Não existe, pelo menos até agora, uma definição do que será feito ou do que será possível fazer daqui pra frente, mas se tem a certeza de que apenas reduzir a folha de pagamento, com a dispensa de alguns funcionários, se tornou insuficiente para cobrir um buraco tão grande.

Abaixo, notícia do portal Comunique-se sobre os problemas financeiros de empresas de comunicação: 

 Novamente pedimos desculpas pelo atraso no envio de mais uma edição de J&Cia, desta vez motivado pela necessidade de apurar informações completas sobre o corte de 70 funcionários de Record News e R7, que se soma ao "acumulado de instabilidade" da semana, que incluiu JT, Diário do Povo (Campinas), Estadão ESPN e, no apagar das luzes do fechamento, Marca Brasil, da Ejesa. Na esteira desses acontecimentos, fazemos também uma retrospectiva de outros episódios ao longo de 2012.

A seguir, notícia a respeito do fechamento do jornal Diário do Povo, de Campinas:

Um dos mais tradicionais jornais de Campinas encerrou suas atividades nesta semana. O Diário do Povo teve sua última edição realizada no dia 04 de novembro, domingo, e deu adeus à maior cidade do interior de São Paulo.

Após uma reunião realizada no último dia 31 (quarta-feira), a diretoria da publicação decidiu pelo encerramento do periódico no intuito de realizar diversas mudanças. Provavelmente, a empresa irá investir em uma versão online do jornal, mas a proposta editorial do Diário do Povo continuará a mesma, com adaptações para interagir com redes sociais e adaptar-se à internet. O foco desta nova fase será na editoria de esportes.

Ainda não existem informações sobre o remanejamento da equipe de funcionários e colaboradores da publicação, mas os assinantes estão sendo informados sobre a decisão da diretoria. O jornal faz parte da RAC – Rede Anhanguera de Comunicação. Segundo informações do grupo, eles são a maior conglomeração de mídias impressas do interior do Brasil.

Esse é o segundo jornal que anuncia o final de suas atividades. Na última semana, o Jornal da Tarde, publicação tradicional da cidade de São Paulo, também revelou o fim de sua circulação.

Por Marcelo Araújo.

Fonte:http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/84909/Record-perde-R$-200-mi-e-agrava-crise-da-m%C3%ADdia.htm

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Governo deve anunciar amanhã medidas de prevenção à seca.

08.Nov.2012 - Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil.
Brasília - O governo deve anunciar amanhã (9) uma série de convênios para obras de prevenção à seca durante reunião da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em Salvador, com a presença da presidenta Dilma Rousseff e de governadores dos estados da região. As medidas serão voltadas para obtenção de recursos hídricos, com construção de barragens, estações de abastecimento e redes de distribuição.

A seca no Nordeste está entre os principais problemas previstos pelo governo, de acordo com o Ministério da Integração.  

Os recursos para os estados afetados somam R$ 15,6 bilhões. Até agora, segundo a pasta, foram investidos R$ 3 bilhões. 

Mais recursos serão liberados para as obras a serem anunciadas amanhã, em todos os estados. As obras fazem parte de um conjunto de ações discutido desde abril, quando os governadores encaminharam pedidos à presidenta de acordo com as necessidades dos estados. 

Em agosto, foi anunciado o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais, com um investimento de R$ 18,8 bilhões até 2014, em todo o país. 

Para a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, os novos convênios devem ajudar no abastecimento permanente de cidades que contam o ano todo apenas com carros-pipa.

Ela adianta que entre as obras estão adutoras (tubulação para captação de água) que beneficiarão municípios da Chapada do Apodi e da região do Seridó, localizados no Semiárido e no sertão nordestino, respectivamente.

Dos R$ 250 milhões pedidos na reunião de abril, R$ 150 milhões foram aprovados, segundo a governadora.

“A presidenta garantiu recursos para ações estruturantes, de convivência com a seca permanentemente, porque não adianta pensar que não vai ter outra seca, vai ter. É nosso clima e temos que nos adequar a ele.”

O estado do Ceará pediu R$ 460 milhões para obras, entre elas, construção de barragens, redes e estações de abastecimento e adutoras. De acordo com o governador do estado, Cid Gomes, a meta é que o problema da seca seja resolvido até 2014. Ele espera que a autorização de grande parte seja assinada amanhã. “Algumas de nossas cidades passam três anos seguidos de seca. E não temos como abastecê-las.”

Já a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, diz que para o estado haverá poucas mudanças. “Fizemos pedidos e amanhã a presidenta assina os convênios, mas para o Maranhão haverá apenas uma obra.”

Além da assinatura dos convênios, será anunciada a ampliação do valor do financiamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para obras estruturantes de pequeno, médio e grande porte. 

O valor, antes fixado em R$ 1 bilhão, terá aumento de R$ 500 milhões. 

As empresas que pedem o financiamento têm uma série de benefícios, além de juros reduzidos.

Edição: Talita Cavalcante

FONTE: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-08/governo-deve-anunciar-amanha-medidas-de-prevencao-seca

UFMA. Os interventores do reitor no COLUN/UFMA atacam a Sociologia.

Matéria replicada da página do Jornal viasdefato www.ViasdeFato.jor.br

07.Nov.2012. Escrito por Administrator. A Associação dos Professores da Universidade Federal do Maranhão (Apruma) Seção Sindical  do Andes-SN denunciou, na manhã desta quarta-feira(07), que a atual direção do COLUN/UFMA retirou a disciplina de Sociologia da 3ª série do ensino médio, ministrada pelo professor Bartolomeu Mendonça.   

O documento denuncia que a atitude da “direção interventora imposta” é compatível com as ações do “regime de exceção chefiado por militares autoritários”.

A atual gestão do COLUN/UFMA foi imposta pela reitoria da UFMA, em processo bastante tumultuado, no retorno das atividades docentes, após o movimento grevista que atingiu as universidades federais por mais de quatro meses. “Essa diretoria que atende puramente caprichos do reitor Natalino Salgado foi imposta de forma arbitrária e autoritária, há mais de 60 dias, atacou novamente. 

Desta vez, agindo como verdadeiros golpistas imitaram o que os militares fizeram nos anos de chumbo em todo o país, atacaram a estrutura acadêmica do Colégio de Aplicação da UFMA”, diz a nota. 

Para o professor Bartolomeu que também é Diretor Administrativo Financeiro da APRUMA a “atitude descabida dos golpistas” desconsiderou uma luta histórica dos profissionais da Sociologia em todo território nacional que garantiu por pareceres e leis da república a obrigatoriedade da Sociologia e Filosofia para todas as séries do Ensino Médio. 

Ele explicou que os Parâmetros Curriculares Nacionais, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), através do Parecer 15/98 do Conselho Nacional de Educacão, estabelecem que os conceitos, procedimentos e atitudes provenientes da Geografia, História, Filosofia e da Sociologia devem constituir a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias

A lei 11.684 de 2 de junho de 2008, que “Altera o art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio” determina em seu art. 1o , que o art. 36 da Lei no 9.394,  passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 36.  .... IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio”, complementou Mendonça.

Para a Seção Sindical “os interventores do reitor no COLUN expuseram o professor a constrangimentos, ao informar às quatro turmas do 3º ano que o professor não mais ministraria suas aulas, sem antes comunicá-lo, o que criou uma situação embaraçosa e constrangedora com seus alunos em sala e nos corredores”. 

Ao questionar por que essa atitude somente com a Sociologia, ministrada pelo professor sindicalista e por que não dispensaram o mesmo tratamento à Filosofia, que é objeto do mesmo expediente legal, a Seção Sindical, exige respeito a todos os docentes desta Instituição Federal de Ensino Superior e que o Reitor Natalino Salgado seja responsabilizado por esse ato de perseguição e constrangimento ao professor, protagonizado pelos seus interventores na Gestão do COLUN/UFMA.

Fonte: Apruma.

FONTE: http://www.viasdefato.jor.br/index2/index.php?option=com_content&view=article&id=337:os-interventores-do-reitor-no-colunufma-atacam-a-sociologia&catid=34:yootheme&Itemid=204

Entrevistado na GloboNews: “Obama mudou os EUA, mas não é um Lula.”.

07/11/2012 - Mostrando todo seu complexo de vira-lata e lambe botas dos EUA, o canal GloboNews, desde sábado, dia 3, não fala de outra coisa a não ser das eleições norte-americanas. Repercute tudo, mas não esperava por essa. 

Numa entrevista ao vivo, um estudante saiu com essa: “Obama mudou os Estados Unidos, mas não é um Lula.”

Repare o sorriso amarelo dos jornalistas (sic) das Organizações Globo.


Calar a periferia é uma forma de racismo.


:

Tese é do escritor moçambicano Mia Couto. “Acredita-se que a periferia pode dar futebolista, cantor, dançarino. 

Mas, poeta? Pensamento próprio, isso não”

8 de Novembro de 2012 às 06:41. Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil.

São Paulo – O escritor moçambicano Mia Couto disse, em São Paulo, que impedir a população mais pobre de pensar por si mesma é uma prática racista. “Acredita-se que a periferia pode dar futebolista, cantor, dançarino. Mas, poeta? 

No sentido que o poeta não produz só uma arte, mas pensamento. Isso acho que é o grande racismo, a grande maneira de excluir o outro. É dizer: o outro pode produzir o que quiser, até o bonito. Mas, pensamento próprio, isso não”.

O escritor, que já recebeu diversos prêmios, como o da União Latina de Literaturas Românicas, visitou ontem (7) o sarau da Cooperifa. O evento é realizado toda quarta-feira no Bar do Zé Batidão, na região do Jardim Ângela, zona sul paulistana. Nessas reuniões, que ocorrem há 11 anos, crianças, adolescentes e adultos se revezam ao microfone para recitar poesia
.
“É uma coisa nova que me acontece no Brasil, estar em um lugar como este”, disse ao começar o bate-papo com a plateia que lotou a laje do bar para ouvi-lo. Couto já esteve no país em várias ocasiões, mas só na noite de ontem satisfez a vontade de conhecer a periferia de uma grande cidade.

“Faltava-me essa experiência”, ressaltou. “Eu queria visitar a periferia de uma cidade brasileira pela mão de amigos, pela mão de gente da periferia”, acrescentou o autor que também se sente procedente de um lugar periférico. “Sou filho de portugueses que migraram nos anos 1950 para uma pequena cidade. Moçambique já é uma periferia. Eu sou da periferia da periferia, porque é uma cidade pequena”.

A identificação com a periferia da zona sul de São Paulo também está, segundo Couto, na resistência à condição de invisibilidade. Para ele, os moçambicanos têm buscado força para dizer: "queremos permanecer, queremos ser parte do mundo, queremos ser parte de um universo que não é sempre periferia”.

Na visão do autor, o processo é semelhante ao que ocorre com o projeto da Cooperifa que, além de fomentar a criação literária, busca formar público para a cultura produzida na região. “Eu vi aqui um pensamento que está muito vivo e que está contaminando, fazendo acontecer coisas”, destacou o escritor que admite ser fortemente influenciado pela cultura brasileira.

“Vocês não podem imaginar a importância de pessoas como Jorge Amado, por exemplo, nessa vontade de dizer: afinal, podemos falar dos nossos próprios assuntos. Afinal, o negro e o mulato podem ser personagens. Afinal, as nossas coisas têm valor”, disse, ao comentar como a literatura brasileira ajudou na formação das gerações das décadas de 1950 e 1960 em seu país.

Não só os autores brasileiros ajudaram na formação de Mia Couto, mas músicos como Chico Buarque e Caetano Veloso. “Sempre se pensa que um autor literário é influenciado por outros. E, às vezes, não é só. Eu fui muito tocado pela música brasileira”. Ele lembrou que tem um leque muito amplo de influências musicais, incluindo o sambista paulista Adoniran Barbosa.

Como morava em uma antiga casa colonial, contou que na juventude havia pressão para a demolição desse tipo de imóvel e a construção de edifícios mais modernos. “Lá em casa havia esse medo, que não era pronunciado, de que viesse qualquer coisa que nos levasse a isso. E essa canção do Adoniran Barbosa [Saudosa Maloca] era uma espécie de hino. Porque aquela demolição não era só de um edifício, era a demolição de um passado, de um lugar onde fomos felizes”.

Couto destacou que também encontra a África fortemente enraizada na alma dos brasileiros. “O brasileiro tem uma alma mestiça e conseguiu essa mestiçagem naquilo que era mais difícil, no componente religioso. As religiões africanas conseguiram se infiltrar nesse meio mais íntimo, naquilo que é mais fundo da nossa alma.

Mia Couto estudou medicina, formou-se em biologia, mas adotou o jornalismo depois da queda da ditadura em Portugal, em 1975, e engajou-se na guerra de libertação de Moçambique. 

É um dos autores do Hino Nacional moçambicano, adotado em 2002. Terra Sonâmbula, seu primeiro romance, de 1992, foi considerado um dos 12 melhores livros africanos do século 20 por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbábue.