quinta-feira, 4 de abril de 2013

Enchentes na Argentina deixam pelo menos 56 mortos; governo decreta luto oficial.

Monica Yanakiew - Correspondente da Agência Brasil/EBC.

La Plata – Victoria Blasetti estava assistindo televisão com o marido na noite de terça-feira (2) quando a água começou a entrar em sua casa em La Plata - cidade argentina a 50 quilômetros da capital, Buenos Aires. “Em questão de minutos, a água subiu 80 centímetros, derrubando móveis e duas geladeiras”, contou Victoria à Agência Brasil, no dia seguinte. “Em 70 anos de vida, já vi muita tempestade, mas nenhuma igual a essa. Em poucas horas, La Plata estava inundada”.


Era a segunda tragédia em dois dias: na segunda-feira (1º) à noite, uma forte chuva inundou 11 bairros de Buenos Aires, provocando a morte de oito pessoas. Até a madrugada de hoje (4), as autoridades tinham registrado 48 mortes em La Plata e identificado 24 corpos. Todos eram maiores de 50 anos, com exceção de um jovem de 21 anos.

A presidenta Cristina Kirchner decretou luto oficial até sexta-feira (5), e o Papa Francisco enviou mensagem de solidariedade aos seus compatriotas. Ele disse estar "profundamente aflito com a notícia dos graves danos causados pela chuva torrencial dos últimos dias”, que resultou na morte de 56 pessoas, e pediu “boa vontade” e caridade com as vítimas.


http://www.fotorevista.com.ar/Editorial2/Contaminacion/data/080204190728.jpg 


As duas tempestades surpreenderam as autoridades pelo volume de água em pouco tempo. 

Quase 3 mil pessoas foram retiradas de La Plata, mas muitas tiveram que passar a noite nos telhados e nas árvores, até serem resgatadas no dia seguinte: a forte chuva dificultou o trabalho da Defesa Civil, que não podia usar helicópteros nas primeiras horas e só podia socorrer as vítimas com botes. 
Em alguns casos, o socorro chegou tarde. 

À medida que as águas começaram a baixar, nessa quarta-feira (3), a Defesa Civil encontrava mais corpos – muitos deles dentro das casas e dos carros. O governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, anunciou, de manhã, que havia  “pelo menos 25 mortos” na “tragédia sem precedentes”. À noite, o número havia praticamente duplicado: as autoridades confirmaram 48 mortes, mas avisaram que as buscas continuam. 


“O estranho é que as duas tempestades pegaram todos de surpresa. Como é que o serviço meteorológico foi incapaz de antecipar o diluvio aqui em La Plata, depois da tragédia que acabava de ocorrer em Buenos Aires?”, perguntou o arquiteto Alberto Frankevich, morador do bairro de Tolosa – um dos mais afetados pela enchente. Ele vive a poucos quarteirões de Ofélia Wilhelm, mãe de Cristina Kirchner que, segundo a presidenta, também ficou sem gás, sem luz e água.


Cristina visitou La Plata na tarde dessa quarta-feira (3) e prometeu ajuda para reforçar a segurança e evitar saques aos supermercados. Cerca de 400 policiais foram destacados para patrulhar as ruas. Em Buenos Aires, a situação é mais tranquila, mas 11 bairros continuam sem luz e mais de 300 mil pessoas foram afetadas pela chuva.

Edição: Graça Adjuto
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Materia publicada em:  http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-04-04/enchentes-na-argentina-deixam-pelo-menos-56-mortos-governo-decreta-luto-oficial

Dificuldades jurídicas na prestação de contas prejudicam Programa Ponto de Cultura, diz ministra.

Ministra Marta Suplicy
03/04/2013. Marcelo Brandão -Repórter da Agência Brasil.
Brasília – Durante audiência pública, hoje (3), na Comissão de Cultura da Câmara, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, manifestou preocupação quanto à viabilidade ao Programa Ponto de Cultura, que considerou como um dos mais importantes do ministério.

Ela explicou para os parlamentares que o programa enfrenta dificuldades por causa de questões relacionadas à prestação de contas. “Das políticas que eu encontrei no ministério, [a dos pontos de Cultura] é a mais abrangente e democrática. Mas ela periga naufragar se não tiver uma política de prestação de contas que a parte jurídica aceite. 

Porque aí não dá, você faz a política e depois o Ministério Público não deixa a gente fazer o terceiro pagamento para o Ponto de Cultura porque eles [os agentes] não conseguiram prestar contas da forma adequada na lei”, explicou a ministra. “Nós temos que, agora, tentar equacionar isso com a parte jurídica, para que a gente possa fazer mais pontos de Cultura, e fazendo exatamente do jeito que eles foram criados”, completou.

O Ponto de Cultura é uma ação que auxilia na promoção de atividades culturais nas comunidades populares. Não conta com um modelo pré-determinado de estrutura ou programação. A efetiva promoção dessas atividades depende da participação de agentes culturais. Para aderir, esses agentes devem responder a um edital, apresentando projetos culturais "para análise da comissão de avaliação, composta por autoridades governamentais e personalidades culturais".

A presidenta da Comissão, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), concorda com a importância dos pontos de Cultura. Na avaliação dela, eles são um dos pontos focais do trabalho do Ministério da Cultura no tocante à promoção da cultura no país. “É o programa mais transformador da gestão desses dez anos de ministério e, na minha opinião, precisa ser absolutamente apoiado porque ele é o enraizamento de uma política cultural, porque ele traz à tona aquilo que é a criatividade e a diversidade cultural brasileira. Aquilo que a grande mídia não fala, o Ponto de Cultura fala”.

Para a deputada, a presença da ministra da Cultura na Comissão fortalece o trabalho dos parlamentares envolvidos com o tema. “Uma comissão nova que acaba de surgir na Câmara e que já teve da ministra uma presença importante e que se mostra parceira do nosso trabalho. Acho que esse é o ponto político mais importante”, disse.

Edição: Aécio Amado
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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Solidários com Azenha, blogueiros vão puxar projeto de lei de iniciativa popular sobre a regulação da midia. Além de criar mecanismo de defesa financeiro e jurídico.

O Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé realizou na última terça-feira (2), em São Paulo, uma reunião com dezenas de blogueiros, militantes das redes e movimentos sociais, ativistas políticos, jornalistas, professores universitários e advogados para se solidarizar com o jornalista Luiz Carlos Azenha e tomar medidas defensivas diante da censura disfarçada sob a forma de processos judiciais.

As dezenas de pessoas que se comprimiam no auditório do Barão de Itararé decidiram criar um fundo de emergência sob a direção do conselho nacional da blogosfera, formado por 26 ativistas de todo o Brasil no mais recente encontro da entidade, em Salvador, na Bahia. 
Uma conta bancária receberá as contribuições de internautas, inicialmente em nome do Barão de Itararé. 

Decidiu-se também que a entidade terá um corpo jurídico para defender blogueiros.

A reunião abordou ainda a prioridade de elaborar o projeto de lei estabelecendo o marco regulatório da mídia, de acordo com decisão do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. 
Os ativistas reafirmaram o compromisso de lutar pela criação de um instrumento político de mobilização e diálogo social – um Projeto de Lei de Iniciativa Popular - que seja capaz de fazer valer a Constituição do País e enfrentar o monopólio dos grandes meios privados de comunicação.

Da redação.

Bahia. Militante do MST é executado com mais de 10 tiros em Iguaí.

Um homem foi morto a tiros na tarde desta terça-feira (2) em Iguaí, a 497 km de Salvador, segundo informações da delegacia local. 
Fábio dos Santos Silva, 37 anos, foi executado com mais de 10 tiros dentro de um carro Uno em uma estrada de terra que dá acesso ao distrito de Palmeirinha.
Segundo as primeiras informações, Fábio estava no carro indo para Palmeirinha quando começou a ser seguido por homens em uma moto que emparelharam e começaram a atirar. 
A esposa e a filha da vítima, que estavam no carro, não ficaram feridas. Após o crime, os suspeitos fugiram na moto e ainda não foram identificados ou presos.
Fábio, que foi candidato a vereador no ano passado, era dirigente do Movimento Sem Terra na região.

 

Tragédia no Rio de Janeiro. Ônibus caiu de Viaduto, Sete Morreram e Onze estão Feridos.


brasil, acidente de trânsito, rio de janeiro, 2 de abril
EPA



Um ônibus caiu do viaduto Brigadeiro Trompowski, no Rio de Janeiro, na tarde da terça-feira. Segundo os últimos dados do corpo de Bombeiros, sete pessoas foram mortas e outras onze foram hospitalizadas, quatro delas em estado grave. Todas as vítimas já foram identificadas.

A polícia está investigando as causas do acidente. Há duas hipóteses principais. Segundo a primeira versão, houve uma discussão entre o motorista e um dos passageiros que estava descontente da velocidade do veículo; teria sido ele quem puxara o braço do motorista. A outra hipótese é que o coletivo teria se desgovernado após colisão com um caminhão.

O ônibus, da empresa Viação Paranapuã, do Consórcio Internorte, fazia a linha 328, Bananal-Castelo. 

A Secretaria Municipal de Transportes confirma que o ônibus estava autorizado a circular. A vistoria mais recente ocorreu em 3 de julho de 2012.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Viomundo resiste... O leitor que me fez mudar de ideia.

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

A ideia de puxar o plug e simplesmente deslogar o Viomundo, depois de mais de 10 anos de existência, foi pessoal, familiar e amadurecida ao longo do tempo. Confesso: me emocionei com a tremenda onda de solidariedade de todos vocês nas redes sociais, que surpreendeu mesmo os meus melhores amigos. 
Minha mãe, de 88 anos de idade, recém-recuperada de uma operação de cataratas e, portanto, testando a nova capacidade visual no computador, riu muito de uma foto inventada pelo Gerson Carneiro, ainda que não tenha entendido muito bem o motivo de todo aquele fuzuê: estava muito mais interessada no programa da Fátima.

Em minha participação no I Encontro Nacional de Blogueiros, fiz duas observações em meu discurso: revelei minha antipatia à ideia de depender de governos, que mudam de opinião e de prioridades ao longo do tempo e que, frequentemente, acreditam que o dinheiro do Estado, que deveria ser investido em políticas públicas de longo prazo — por exemplo, na promoção da diversidade cultural e pluralidade de ideias — lhe pertence, quando este dinheiro é, evidentemente, público. Propus, na ocasião, uma cooperativa de blogueiros que vendesse clics coletivamente no mercado.

Meu segundo ponto: a crítica da mídia estava desgastada, como se fosse um pensamento único de esquerda, e era preciso gerar pauta e conteúdo próprios.

Explico: o grande poder da mídia corporativa no Brasil é o de definir a agenda do debate político. O tal consórcio midiático é formador de consensos: haverá um apagão que provará a incompetência geral do governo trabalhista, as filas de navios significam que é preciso privatizar os portos, a Petrobras é um fracasso e precisa ser “reestatizada” (isso do povo da Petrobrax, dos que faliram a indústria naval e que defendem a terceirização) e o mensalão foi o maior escândalo da História da República que merece um replay de 18 minutos no Jornal Nacional às vésperas da eleição municipal de São Paulo.

Embora não sejam mais completamente reféns da pauta da direita, os meios progressistas ainda subsistem dentro de um espaço de debate cujos marcadores são definidos pela grande mídia. Se o telejornal de maior audiência do Brasil tivesse dedicado uma boa parte de seus recursos e competência editorial aos incêndios nas favelas paulistanas, por exemplo, durante o governo do ex-prefeito Gilberto Kassab, é provável que um grupo muito maior de brasileiros se interessasse pelo assunto, cobrasse explicações e, lá no fim, seria levado pelo menos a especular se alguns episódios foram intencionais, obedecendo à politica de expulsar os pobres que tão bem serve à especulação imobiliária.

Nada disso aconteceu, obviamente e nenhum meio de esquerda que conheço detém os meios financeiros para bancar uma investigação de longo prazo sobre o assunto.

Portanto, voltamos à questão financeira e, apesar das generosas ofertas de ajuda que recebemos nas últimas horas, é óbvio que elas não resolvem os problemas de fundo, que são os que nos interessam. A ação que Ali Kamel venceu, apenas na primeira instância, nunca foi a questão central, mas sim a incapacidade de enfrentar a ofensiva da direita sem as mais simples ferramentas para fazê-lo.

Como tocar um blog que não aceita patrocínios de governos, empresas públicas ou estatais - uma decisão tomada porque esperamos que Globo, Veja, Folha e Estadão nos sigam - e ainda assim tenha capacidade de debater políticas públicas de forma relevante, sem apenas reproduzir opinionismo político? Acreditamos que o Estado deva adotar políticas que incentivem a diversidade e a pluralidade, conforme previsto na Constituição. Que combata a propriedade cruzada. 
Acreditamos que o Parlamento deve cuidar do Direito de Resposta, uma forma de evitar a judicialização que leva desiguais para se enfrentarem num campo em que prevalece o poder econômico — dos advogados e lobistas.

Isso se agrava pela nossa leitura da conjuntura internacional, que continua muito negativa: depois dos baques de Wall Street e do euro, o neoliberalismo se reorganiza num poderoso tripé: na indústria financeira, que pendurou e continua pendurando a conta nas costas dos direitos sociais, na crescente influência do dinheiro no processo político — basta ver a decisão da Suprema Corte Americana que permite às corporações doarem a campanhas como se fossem ‘indivíduos’, de forma ilimitada — e, acima de tudo, em uma mídia oligopolizada, de discurso quase unificado, que acima de tudo defende seus interesses econômicos associados ao neoliberalismo. Quando foi o último trabalho de fôlego da imprensa paulistana sobre o adensamento da cidade, se saem todos aqueles anúncios da Abyara nas edições de domingo?

Com as grandes corporações de mídia, vivemos uma espécie de Gulag ao contrário: nosso corpo está livre, mas nosso pensamento frequentemente é prisioneiro de uma pauta que não nos interessa e, mais que isso, desconhece o interesse público, precariza as relações de trabalho e concentra ainda mais o capital na mão de poucos.

A contra-ofensiva neoliberal está em andamento, acreditem: pelo urânio do Mali, pelo petróleo da Líbia, pelas reservas do Orinoco na Venezuela, pelo gás boliviano, pelo pré-sal brasileiro. O neo-imperialismo não obedece apenas às regras clássicas, de conquista militar. Associado a interesses nacionais, ele faz lobby no Congresso, compra bancadas e trabalha silenciosamente nos bastidores. No Brasil, a mídia corporativa, concentrada em níveis inéditos, é uma espécie de aríete, capaz de arrombar a porta e implantar ministros-lobistas num governo do Partido dos Trabalhadores!

Sempre perspicaz, o senador Roberto Requião revelou o que está por trás da “falência” da Petrobras, por exemplo.

Estamos entregues às grandes corporações, que implantam vastas extensões de eucalipto, criam empregos de alta qualidade em seus países de origem, agregam valor à terra e ao sol brasileiros, exportam água embutida em seus produtos e nos deixam com os danos ambientais. Vale o mesmo para o agronegócio.


Azenha censurado.
Estamos entregues em Carajás, com o fenomenal trem que arranca o minério num ritmo que não obedece a prioridades brasileiras, mas às necessidades de lucro da associação entre o grande capital internacional e o trabalho escravo chinês, que produz as bugigangas posteriormente exportadas para os Estados Unidos, via Wal Mart, para entre outros motivos manter baixa a inflação e dar à classe média local a sensação de que ela consome, logo existe!

Como se diz no Amapá, foi o manganês da Serra do Navio que financiou o Plano Marshall!

Estamos entregues na transformação dos rios amazônicos em fontes de energia para as grandes mineradoras; Tucuruí nasceu do interesse do Japão de se livrar de suas indústrias eletrointensivas e poluentes. O Brasil fica com o trabalho sujo, enquanto eles desenvolvem alta tecnologia e os empregos do futuro em solo japonês.

Nada disso é discutido com profundidade em nossa grande mídia.

Nosso único recurso - o daqueles que pretendem discutir questões essenciais ao futuro do Brasil sem o cabresto da mídia - é a solidariedade humana, que foi o que vocês demonstraram com profundidade nas últimas horas. Recentemente, li na revista Economist — de todos os lugares! — uma pesquisa sobre a necessidade que as pessoas têm de de sentirem úteis ao mundo, de deixarem sua contribuição, de acreditarem que fazem a diferença. Obviamente o viés da revista servia às grandes empresas, já que as estimulava a incentivar os empregados a se engajarem em ações filantrópicas. O altruísmo de funcionários utilizado para valorizar a marca!

Mas a solidariedade genuína, idealista e altruísta de todos vocês finalmente me convenceu. A mensagem decisiva veio do João Carlos Cassiano Ribeiro, que não conheço pessoalmente, via Facebook. Diz:
*****

Boa noite!!!!

Não sei se o Azenha vai ler isto, mas gostaria que servisse de incentivo.

A um bom tempo me acostumei a ler blogs e abandonar jornais escritos.

Quando aconteceu o primeiro blog que conheci foi o Viomundo, desde então aprendi a conhecer o mundo pelo seu site.

Gosto dos colaboradores e fotos das reportagens históricas feitas pelo jornalista.

Hoje acordei incomodado com o papel que a tv e o CQC exercem na nossa vida.
Passei o dia incomodado com o baixo nível intelectual da tv e o comportamento fascista que noto nela.

Até imaginei que se fosse eu no lugar do Genoino ou do Clodovil durante a agressão a que Pânico e CQC os submeteram, acho que não suportaria.

Ser humilhado em frente a tv toda semana, não sei se aguentaria.

Fiquei feliz ao ver seu post sobre seu pai, imaginei que os fascistas passarão mas os bons permanecem sempre. Foi um sopro de alegria na minha tristeza.

Como já havia acontecido em outras oportunidades com o Viomundo, resgatei um pouco da dignidade e do respeito ao ser humano, voltei a acreditar na capacidade criativa e na solidariedade humana.

Respeito sua decisão e compreendo sua necessidade, mas me sinto um pouco órfão com o fim do Viomundo e triste em ver o jornalista abandonando uma das frentes de trabalho por força da opressão.

Choro ao escrever essas palavras pois sei que perdemos um espaço vital para nossa luta. Não sou colaborador e nem costumo interagir com o blog, sou um leitor anônimo e aprendi a observar o seu blog como um filho observa o pai e aprende e se orgulha de estar por perto.

Nossa luta não é partidária ou governamental é pelos mais fracos e pela dignidade humana.

Sempre o terei como amigo sem nem o conhecer, pois me orgulho dos meus amigos e me orgulho muito de você!

Obrigado por ter tido no Viomundo os melhores exemplos de humanidade e um espaço em que sempre me senti à vontade.

*****

Achei muito bacana ver que um trabalho coletivo como o nosso, organizado por poucos mas que afeta muitos, ainda que precário e improvisado, seja capaz de tocar desta forma uma pessoa.

Assim sendo, depois de longas horas de conversa com a Conceição Lemes e o Leandro Guedes, pensamos num jeito de refundar o site (com o nome provisório de, rsrsrs, Democratas).

Uma consulta ao Comitê Central, sempre munidos dos tomos leninistas, nos levou a decidir:

1. Conceição Lemes (conceicaolemes@uol.com.br) se torna a editora-chefe do site, encarregada também da relação com nossos 40 mil seguidores no twitter/facebook;

2. Leandro Guedes (leandro@cafeazul.com.br) adotará um mix de todas as sugestões que nos foram feitas por vocês sobre crowdfunding, além de perseguir eventuais patrocinadores que vocês nos sugerirem; o dinheiro arrecadado com o crowdfunding será todo reinvestido no site e não será utilizado para bancar advogados, dos quais já contamos com os competentíssimos Cesar Kloury, Idibal Pivetta, Airton Soares e um importante escritório de Brasília que ofereceu ajuda solidária.

3. Eu me afasto do compromisso diário de passar de 5 a 10 horas diante de um computador aprovando comentários, traduzindo e publicando textos. Torno-me um repórter voluntário e não remunerado, além de escrever os tradicionais comentários sobre mídia e política.

4. Passo a aceitar, sempre que compatível com minha agenda profissional, todos aqueles pedidos de entrevistas de estudantes, palestras em universidades e conferências, se possível associadas a oficinas sobre as redes sociais oferecidas pela Conceição Oliveira (blogmariafro@gmail.com), que entende tudo do ramo.

5. Acima de tudo, passo a me dedicar à área de minha especialidade, que é a produção de vídeos, mini-docs e docs.

Aqui, uma explicação se faz necessária. No modelo acertado com o Leandro Guedes, da Café Azul, que há meses já vinha estudando o assunto, os leitores poderão tanto indicar as pautas quanto aprovar nossas propostas.

Exemplo: o Gilberto Nascimento quer escrever uma investigação sobre o poder da Opus Dei no Brasil. Calcula o tempo que vai levar e a remuneração adequada, por valores de mercado, à tarefa. Colocamos uma espécie de contador para acompanhar o avanço da meta. As pautas financeiramente aprovadas serão feitas.

Outros exemplos hipotéticos: a Conceição Lemes quer ir a Minas Gerais investigar o choque de gestão dos governos Aécio/Anastasia.

Há mais de um interessado em fazer um mini-doc sobre o impacto da Globo nas eleições de 2006 e 2010.

Serão trabalhos jornalísticos, não de militância, sobre assuntos que a mídia corporativa brasileira simplesmente desconhece, por não se adequarem àquela pauta única a que me referi acima.

Eu, por exemplo, gostaria de investigar pessoalmente o massacre de Felisburgo, em Minas Gerais, até hoje impune.

O Lino Bocchini poderia ser convidado para fazer a Coleção Folha: Como Rose Nogueira ‘abandonou’ o emprego durante a ditadura.

A Beatriz Kusnir, se aceitasse, poderia fazer uma versão em vídeo do livro Cães de Guarda, aquele que narra o colaboracionismo da mídia brasileira com a ditadura militar.

O Amaury Ribeiro Jr. poderia ficar encarregado, à lá Andrew Jennings, de perseguir e exigir explicações dos privatas que andam por aí. Nosso Michael Moore.

Minha ênfase nos vídeos se deve ao fato de que, eventualmente, eles vão dominar a internet, à medida em que as conexões se acelerarem.

Finalmente, queremos aproveitar o imenso potencial de jornalistas — e quantos!!! — recentemente demitidos, que deixaram suas empresas com boas histórias para contar e projetos nunca realizados.

Quem sabe vocês nos ajudam a financiar o sonho destes colegas.

Fenix
Portanto, depois de muito matutar, acreditamos ter chegado a uma proposta que permitirá ao Viomundo não morrer, mas renascer das cinzas.

Aguardem, que as mudanças serão implantadas lentamente, inclusive em todo o visual do site.

Escola pública é referência para quem deseja fazer curso de teatro no Rio de Janeiro.

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil.
Rio de Janeiro – A procura pelos cursos de teatro vem aumentando na capital fluminense. O valor das mensalidades nas escolas particulares, no entanto, dificulta o acesso de alunos de comunidades pobres. Por isso, a Escola Técnica de Teatro Martins Pena, no centro da cidade, é referência para quem deseja fazer teatro e não tem condições de arcar com as despesas do curso. Atualmente a escola pública, fundada em 1908, faz parte da rede da Fundação de Apoio a Escola Técnica (Faetec) da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Dificuldades financeiras chegaram ameaçar a Martins Pena de ser fechada.

"Quando eu estava aqui na escola, os professores que não tinham contrato estavam sendo mandados embora sem aproveitamento. Os alunos fizeram manifestações para salvar a escola e, quando a gente estava saindo, ela foi transferida para a Faetec. Isso foi marcante", disse Rômulo Rodrigues, dono de uma produtora cultural e da Companhia Escaramucha de Teatro.

Na mesma turma também estava Renata Tavares, que além de dar aulas de teatro em um projeto social na Comunidade da Maré, está se preparando para participar de uma temporada teatral em São Paulo. Na terça-feira (26) os dois estiveram na escola a fim de fazer uma palestra para os novos alunos. "Nossos destinos continuam juntos. Fizemos a palestra e agora estamos aqui juntos dando a entrevista", disse. "Nós nos formamos em 2008, marcando o centenário da escola. Foi muito chique", completou Renata, lembrando que a turma tem costume de se reunir até hoje.

O diretor da Martins Pena, Roberto Lima, declarou que este é um ano muito emocionante para a escola, que completa cem anos da primeira formatura. "Estamos vivendo um ano muito especial e emocionante, com várias atividades na escola exaltando este século de formatura. É uma escola que tem muitas histórias marcantes para contar", disse. Pela Martins Pena passaram grandes estrêlas da dramaturgia brasileira, como Procópio Ferreira, Teresa Raquel, Joana Fomm e Alexandra Richter.

Frederico Bilieri, de 29 anos, é aluno da quarta etapa e deve se formar no fim do ano, na quinta etapa destinada à encenação de uma peça. 

Ele se sente honrado de estudar na mesma escola onde passaram tantos destaques da cultura brasileira. "Isso é uma honra, até porque temos a tradição de falar na escola, que todos que passam por aqui são filhos da Martins. 

Então posso dizer que Procópio é meu irmão. É uma honra". Mas, entre os ex-alunos da escola não estão apenas atores. 

O diretor Roberto Lima destacou que hoje profisisonais formados pela Martins Pena atuam também em outras atividades do meio artístico. "Hoje temos muita gente boa no mercado. Um exemplo é a Fernanda Montovani, que é um destaque como iluminadora de espetáculos. Outro, é o diretor e documentarista Marcus Vinícius Faustini", disse.

A escola acompanha os movimentos do meio artístico e do mercado. O interesse pelos cursos de formação de atores vem aumentando, e os números são significativos. Segundo Roberto Lima, na última seleção de alunos, em dezembro de 2012, houve 1.200 inscrições para concorrer a apenas 30 vagas, 15 em cada turno (manhã e noite). No semestre anterior, foram 840 inscrições para o mesmo número de vagas. O interesse é tanto que vem gente de outros estados e até de fora do país. "Vem alunos do Brasil inteiro, inclusive do exterior, de países como a Argentina, o Paraguai, Uruguai e a Colômbia. São pessoas que têm a Martins Pena como referência de escola de teatro", declarou Lima.

Essa procura pelos cursos da Martins Pena é destacada por Marcos Aires. Ele tem 22 anos, mora em Campo Grande, zona oeste do Rio. Ele faz a terceira etapa do curso de atores e, para conseguir uma vaga na escola, fez várias tentativas. "É muito concorrido. 

A prova disso é que a cada ano aumenta o número de candidatos. Eu tentei de primeira, não passei. Tentei de segunda, não passei. Na terceira, eu disse: se não for dessa vez não faço mais, mas aí eu consegui", disse. “É muito importante você dizer que veio de uma escola centenária, que tem um peso, que já deu milhões de artistas para o país", completou.

Para o presidente do Sindicado dos Atores do Rio de Janeiro, Jorge Coutinho, é natural que a cidade receba muitos candidatos. "Aqui é vitrine, é o glamour. Aqui tem a TV Globo, a Record. Então todo mundo quer vir para cá", declarou. Ele, no entanto, chama atenção para a necessidade do candidato ter noção das dificuldades que pode enfrentar ao se mudar para o Rio. "É um risco para as pessoas que vêm com suas bagagens tentar a sorte. 

Têm que pensar muito na escola que vão fazer. Têm que pensar na essência que é o teatro e perder um pouco desse glamour da televisão. As pessoas vêm com essa ideia de que vão fazer televisão e vão atingir a fama. Às vezes, ficam até 15 pessoas morando em um apartamento de sala quarto no Rio pensando em fazer um teste para novela. Não adianta pensar que tudo está no Rio", alertou.

Para alguns alunos que não têm condições de pagar uma escola particular, a Martins Pena é uma oportunidade de realizar um sonho. Dayse Margarida sempre estudou em escolas públicas e em todas conseguiu desenvolver projetos artísticos.

"Não sei se em nível de destino, mas eu sempre topei nessas escolas com projetos que me levavam para trabalhos de arte. Quando eu tinha sete anos participei na escola Rubens Berardo, em Inhaúma, do projeto Terceiro Atelier do Artista. 

Era um evento extenso que se preocupava com a pré produção, com a produção e a pós produção. Na pós produção, o aluno tinha que fazer um desenho sobre a experiência e ai eu fiz um desenho em 99. Em 2000 recebi a notícia que meu desenho tinha sido premiado pela Unesco para ser tema da campanha da Fraternidade de 2000. Foi uma coisa que jamais poderia esperar por que eu desenhava muito mal. E foi aí que eu disse: quero isso. Como uma coisa tão pessoal pode ter se transformado em um tema mundial? , lembrou a estudante de 20 anos.

O diretor de novelas da TV Globo, Wolf Maia, que tem uma escola de formação de atores em São Paulo e está inaugurando em abril outra unidade, dessa vez na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, disse que antes de tudo o candidato tem que pensar no que pretende para a vida e se tem mesmo vocação para a carreira artística. E mandou um recado: " Esteja você onde estiver. Se isso é de verdade dentro de você. 

Se você se sente como uma pessoa com sensibilidade especial. Se você é disponível na sua sensibilidade, na sua inteligência e no seu corpo para transmitir para todos os seres humanos. Se essa comunicação interessa a você e você tem aptidão para isso e não é só vaidade.Não é só vontade de ficar famoso.Procure encontrar este caminho", sugeriu o diretor.

Edição: Aécio Amado
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