sábado, 15 de fevereiro de 2014

Baruerama em clima de confronto, implantação da GLO (Exército) é esperança de PAZ.

Foto: http://nachapaquente.blogspot.com.br  - CRISE INDÍGENA NA BAHIA.

Conforme matéria publicada pelo blog na chapa quente, e a seguir republicada na integra, à associação de Pequenos Agricultores dos Municípios de Ilhéus, Una, Buerarema e São José, região que vive em conflito desde que foi iniciado o processo de demarcações de terras, entregou na ultima quinta-feira, 13 de janeiro, uma pauta de reivindicações à Força Nacional de Segurança solicitando soluções para o clima de guerra que se instalou no Sul da Bahia com as constantes invasões de terras por parte de supostos índios Tupinambá.  

Foto: http://nachapaquente.blogspot.com.br  - CRISE INDÍGENA NA BAHIA.
O documento foi entregue durante reunião realizada na Associação Comercial de Ilhéus, contando com a participação da deputada estadual Ângela Sousa, do coordenador chefe da Polícia Rodoviária Federal nessa operação, Inspetor MarcelCarvalho, do coordenador de operações da Força Nacional, Major Moura, além de representantes do Ministério da Justiça, da Associação Comercial e CDL de Itabuna, das prefeituras de Buerarema e Una, além de vereadores de Ilhéus e Buerarema. 

Foto: http://nachapaquente.blogspot.com.br  - CRISE INDÍGENA NA BAHIA.
Na reunião a deputada estadual Ângela Sousa falou da situação de violência em que vive a região e cobrou dos governos estadual e federal ações emergenciais para garantir a paz e a reintegração imediata das terras invadidas pelos supostos índios Tupinambá. 

De acordo com a deputada, desde o ano de 2008 que vem alertando os governos para esse conflito e como nenhuma ação mais eficaz foi realizada, a situaçãfoi se agravando, com o registro de mortes e com inúmeros casos de pequenos produtores que tiveram suas terras invadidas, foram expulsos de suas propriedades, sendo espancados e humilhados. 

Foto: http://nachapaquente.blogspot.com.br  - CRISE INDÍGENA NA BAHIA.
Ângela Sousa reafirmou que essa situação de conflitos, medo e insegurança não pode continuar, sendo necessária uma intervenção maior do Estado e do Governo Federal para que o problema seja resolvido. 

A parlamentar fez questão de ressaltar que não é contra os verdadeiros índios, mas é preciso respeitar os direitos de mais de 20 mil famílias das regiões de Una, Ilhéus, Buerarema e São José que hoje vivem da agricultura familiar e que podem perder suas propriedades, fruto das mãos calejadas de uma vida inteira de suor e trabalho. 

Foto: http://nachapaquente.blogspot.com.br  - CRISE INDÍGENA NA BAHIA.
Ainda na reunião, vários agricultores e representantes dos municípios regionais citaram casos de pequenos produtores que tiveram a reintegração de suas terras, mas que foram alvo de novas invasões, num total desrespeito à lei e a justiça. 

Já na pauta de reivindicações consta nove itens que vão desde o pedido de apuração e prisão dos acusados pelos inúmeros crimes cometidos contra os agricultores, incluindo assassinatos e tentativas de homicídios, até a solicitação da anulação do processo de demarcação, além da apuração de crimes cometidos pela Funai. 

De acordo com os representantes da Força Nacional, está sendo aguardado a qualquer momento que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determine a aplicação do instrumento Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nas regiões do sul da Bahia, onde ocorrem conflitos de terra. Previsto na Constituição Federal, a GLO é utilizado quando situações que fogem do controle colocam em risco a segurança da população.

A ação será realizada de forma conjunta entre o Exército, a Marinha, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar. Durante a vigência da GLO, tropas das Forças Armadas assumem a segurança local e passam a ter poder de polícia. Cerca de 700 homens do Exército já estão na região aguardando a instalação da GLO para iniciar as operações.

LEIA MAIS SOBRE ESTE ASSUNTO:

1 - Buerarema - Exército atuará em conflito de Brancos e indíos no Sul da Bahia.   http://www.maranauta.blogspot.com.br/2014/02/buerarema-exercito-atuara-em-conflito.html

2 - Bahia - Índios Tupinambás e policiais trocam tiros em Buerarema no Sul do Estado.   http://maranauta.blogspot.com.br/2014/01/bahia-indios-tupinambas-e-policiais.html

3 - Bahia - Conflito em Buerarema: Tensão entre Índios e Brancos aumenta obrigando o reforço Policial na Área.  
http://www.maranauta.blogspot.com.br/2013/08/bahia-conflito-em-buerarema-tensao.html




Buerarema - Exército atuará em conflito de indígenas no sul da Bahia.

Foto - Joá Souza | Ag. A TARDE
Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli
Será publicada no Diário Oficial da União da próxima segunda-feira (17) a autorização do governo federal para que 524 homens do Exército atuem no sul da Bahia. O objetivo é prevenir o agravamento dos conflitos que vêm ocorrendo entre índios tupinambás e produtores rurais.

O decreto da presidenta Dilma Rousseff foi assinado a pedido do governador da Bahia, Jaques Wagner, e determina que os militares atuem próximos à cidade de Buerarema, cidade de 18 mil habitantes. A permissão vale por um mês, até 14 de março.

De acordo com o Ministério da Defesa, os homens terminam de chegar hoje (14) ao município. A Garantia da Lei e Ordem, como é chamada a medida, está prevista na Constituição e garante que o Exército atue com poder de polícia.

As tropas foram deslocadas da 6ª Região Militar de Salvador, Feira de Santana, Barreiras (BA) e de Aracaju (SE). Integrantes da Força Nacional foram enviados à região no ano passado, quando os tupinambás ocuparam 35 fazendas para pressionar a demarcação de uma reserva indígena.

Por meio de nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) entende que a militarização do território Tupinambá agrava a situação vivida pelos tupinambás e ocupantes não índios.

“A solução do caso depende, necessariamente, da imediata publicação da portaria declaratória da Terra Indígena Tupinambá, bem como o pagamento das indenizações devidas aos ocupantes não indígenas e o reassentamento daqueles que têm perfil para a reforma agrária”, declarou a entidade no último dia 30.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Aproximação Russia (Putin) e China (Xi) Apoio Elegante.

13/2/2014, Alexander SalitzkiStrategic Culture. Elegant support”  Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu.
Xi Jinping e Vladimir Putin na abertura dos JO de Sochi-2014
Continua a dança de duplas Rússia e China de patins sobre o gelo da política mundial. Em Sochi, observamos com prazer mais um elemento na rotina desse dueto, cada vez mais harmonioso. Pode-se chamá-lo de “apoio elegante”. Atletas que não se intimidam diante de coisa alguma, exibiram a elegância sóbria de parceiros confiáveis.

O fato de que os parceiros têm bem desenvolvida compreensão mútua não é o seu único mérito. Paradoxalmente, a antipatia com que a dupla foi recebida pelos públicos estrangeiros contribuiu consideravelmente para o bom espírito de equipe.

As cataratas de fatos sombrios que foram despejadas no mundo antes do início das Olimpíadas de Pequim em 2008 e de Sochi em 2014 teriam de gerar, como geraram, uma resposta.

O trabalho imundo da imprensa ocidental contra os Jogos Olímpicos de Sochi é exatamente o mesmo que foi feito em 2008, quando tantos chineses manifestaram-se indignados, em todo o planeta. Esses fatos foram destacados na imprensa chinesa, que devotou considerável atenção à visita do presidente chinês Xi Jinping a Sochi. Alguns exemplos, recolhidos apenas de alguns veículos: “a nova guerra fria pela qual tanto anseiam os soldados do Ocidente”, “a perseguição à Rússia está indo longe demais.” E “crítica não deve sem confundida com hostilidade”.

Projeto do Parque Olímpico de Sochi-2014
(clique na imagem para visualizar)
Também interessante uma outra comparação que apareceu na imprensa chinesa. Apesar dos tumultos de março em Lhasa, em 2008, George Bush e Nicolas Sarkozy mesmo assim compareceram à cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim; e Gordon Brown compareceu à cerimônia de encerramento. 

Nada tem havido na Rússia sequer semelhante àqueles tumultos nos últimos dois anos; mas os “grandes” líderes ocidentais não deram as caras em Sochi. Daí colunistas e editorialistas extraíram conclusões completamente óbvias, de que o Ocidente está-se mostrando hostil à Rússia. Como resultado, entendem que a visita extraordinária de Xi Jinping a Rússia tenha de ser interpretada como movimento deliberado, estratégico.

Vladimir Putin manifestou seu agradecimento pela ajuda que lhe deu o presidente da República da China, à Rússia e a ele próprio, pessoalmente. No início da conversa, o presidente russo destacou que os chineses raramente viajam durante os feriados do Festival de Ano Novo, que é celebrado no Extremo Oriente dia 31 de janeiro, se não para visitar amigos ou parentes. “Recebemos sua visita a Sochi como a visita de um bom amigo”.

Não sei se todos que assistiram às cerimônias de abertura dos Jogos Olímpicos terão percebido, mas a delegação chinesa foi das raras que levava bandeirinhas russas, ao lado das bandeirinhas chinesas. Foi ou não foi gesto de amistosa solidariedade?

Delegação da China desfila com pequenas bandeiras russas ao lado das bandeiras chinesas
O fato de que os dois lados declararam que qualquer interferência nos assuntos internos de outros países seria inadmissível, ante a visita do líder chinês a Sochi parece vir carregado de extrema importância. E parece ter a ver com o apoio declarado e o encorajamento que o Ocidente tem dado aos rebeldes ucranianos, inclusive na recente Conferência de Segurança de Munique; a visita de Xi a Sochi está sendo vista como declarado apoio, por Pequim, à posição do Kremlin.

* * *

Em Sochi, os dois presidentes estão discutindo vários temas, mas em primeiro lugar e sobretudo, discutem temas mundiais. Nesse ponto também, Moscou e Pequim têm abordagem comum ante vários problemas e conflitos. De fato, estão coordenando atividades na arena internacional com atenção crescente. Tanto no Conselho de Segurança da ONU como na Organização de Cooperação de Xangai, tanto em terra como no mar. No final de janeiro o cruzador movido a energia nuclear “Pedro o Grande” [Petr Velikiy], que integra a Frota Norte da Rússia, participou da segunda fase do transporte das armas químicas sírias, no comando da operação no Mar Mediterrâneo, com a fragata chinesa “Yancheng”.  

Cruzador leve russo Petr Velikiy (Pedro, o Grande)
Esse ano, russos e chineses têm também uma extensa agenda de cooperação bilateral. Em maio, o presidente Putin fará visita oficial à República Popular da China e participará da reunião de cúpula da Conferência sobre Interação e Medidas para Construir Confiança na Ásia, que será realizada em Xangai. E está sendo organizado um encontro entre os primeiros-ministros dos dois países, que acontecerá na Rússia no outono.

Há grandes expectativas associadas aos números crescentes do comércio bilateral (o comércio entre Rússia e China já alcançou a marca de 90 bilhões de dólares norte-americanos) e à cooperação econômica. As áreas chaves são energia, incluindo os setores de petróleo e gás e de construção de usinas nucleares, as indústrias aeronáutica e automobilística, tecnologias de informação, cooperação tecno-científica e militar, e turismo. 

Há rumores de que a discussão sobre preços de gás – negócios que, quando finalizados, gerarão contratos multibilionários para os dois países – já entraram na reta final. Considerado o clima funéreo da economia europeia e a estagnação geral nos mercados mundiais, os investimentos chineses serão passo importante e oportuno para a economia russa. 

Os investimentos chineses podem acelerar a expansão econômica das regiões o Extremo Oriente da Rússia, pré-requisito para a integração daquela área na dinâmica Região do Pacífico-Asiático, que interessa ao desenvolvimento tanto da Rússia Trans-Ural como do país como um todo.

Russia, China e Coreias - ligações ferrviárias sendo ampliadas
(clique na imagem para visualizar)
Russos e chineses estão em estreita comunicação, cada vez mais intensa, e Moscou e Pequim estão usando as esferas da educação e da cultura como catalisadoras de uma ampla cooperação humanitária. Rússia e China declararam 2014-2015 “Ano das Trocas Amistosas entre Jovens”. A cerimônia de lançamento desse projeto de diplomacia pública em larga escala acontecerá em São Petersburgo no final de março.

Em Sochi, os dois presidentes declararam que já trabalham na organização de eventos para comemorar os 70 anos da vitória sobre o fascismo alemão e o militarismo japonês na 2ª Guerra Mundial – comemoração conjunta em grande estilo, absolutamente adequada à situação complicada em que vive o mundo hoje. A China é o único estado aliado da Rússia na luta sem tréguas contra a “desconstrução” histórica daquela tragédia terrível, e para impedir que o mundo esqueça os horrores daquela guerra e o heroísmo de nosso povo.

* * *
É simbólico que as praias do Mar Negro tenham sido beneficiadas por uma fatia da primavera chinesa, e é interessante que, quando pela primeira vez na história um líder chinês assistiu a evento esportivo fora da China, o evento estivesse acontecendo no ponto mais ameno do duro inverno russo. O fato de que Sochi seja inscrita no mapa de viagem dos turistas chineses também é importante. Há boa chance de que as legiões de turistas chineses que, com o tempo, acorrerão a Sochi, ajudem a Rússia a recuperar os investimentos feitos para a realização desses Jogos Olímpicos.

Numa das entrevistas que deu em território russo, o presidente da China, que é um erudito, mencionou a densa concentração de objetos culturais ancestrais na região em torno de Sochi, pelos quais os chineses sempre manifestaram reverência especial – como também, aliás, por pessoas e monumentos associados ao período revolucionário na Rússia.[1]

E até um certo atraso relativo da China nos esportes de inverno (esportes que na China, por definição, logo assumirão grande escala) é mais uma evidente oportunidade prática para cooperação entre os dois países, inclusive nas regiões da Sibéria, onde os invernos são longos e o ar é mais puro que nas montanhas Khingan. Por essa razão, dentre outras, a Rússia está apoiando a candidatura da China para acolher os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, apoio absolutamente natural; e movimento que pode ser mais um importante estímulo para a indústria do turismo na Rússia.

Montanhas de Khingan, Norte da China - local proposto para os JO de inverno de 2022
O fato de que a dança em dupla de Xi e Putin, esquiadores experimentados, não esteja sendo mostrada, para conhecimento de todo o público telespectador do planeta, era e é obviamente previsível. Alguns, nervosos, estão trocando seus embaixadores, na Rússia, como na China. 

Afinal, qualquer aproximação em aliança desses dois países (o que ainda não entrou em pauta) seria o pesadelo dos pesadelos da tradicional geopolítica atlanticista. Também é igualmente impalatável a ideia de mobilizarem-se os recursos da Sibéria para ativar a manufatura global (o que já está em pauta, mas só em escala limitada).

O mais necessário, talvez, seja descartar conceitos já ultrapassados e atualizá-los para os pôr em harmonia com as reais condições de um mundo em mutação; e livrar-se de preconceitos ideológicos.

Bem analisadas as coisas, parece ter sido o que escreveu o conhecido analista norte-americano Robert Kaplan, dentre outros, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi. Kaplan manifestou-se muito interessado nas vantagens de uma maior concentração de poder face à crescente anarquia que se observa no mundo; e concluiu que enfraquecer os governos autoritários na Rússia e na China criaria o risco de enfraquecer a democracia, fazendo aumentar a instabilidade e o separatismo étnico naqueles países, além de outros. Nesse contexto, a conclusão é lógica:

O que venha depois de Putin pode ser pior, não melhor, que Putin. E vale o mesmo para qualquer enfraquecimento da autocracia na China.

Como diz o ditado, temos de dar graças, até, pelas menores dádivas.

Paisagem de inverno de um mirante das montanhas de Khingan , norte da China
Não descarto, sequer, a possibilidade de que alguns detalhes e o contexto geopolítico dos Jogos Olímpicos de Sochi começarão a aparecer, com o tempo, nos livros de história. Ou na história da diplomacia. Mas não, provavelmente, em todos os países.

O tema do “Encontro Xi-Putin em Sochi, aos pés do Cáucaso”[2], ilustrado ao estilo das pinturas revolucionárias dos anos 1950s e 1960s já aparece em gravuras vendidas na República Popular da China e continua a ser encomendado aos artistas. Sabe-se lá sobre o que mais o dueto conversou. Com absoluta certeza não haverá vazamento por YouTube e todos os documentos estão guardados em local seguro.



Notas dos tradutores

[1] Sochi foi praticamente reconstruída por Stálin, em 1934; em sete anos, de 1932 a 1939, a população da cidade saltou de 17 mil para 72 mil habitantes. Construíram-se novas estradas, teatros, praças, hotéis e resorts, e a cidade ganhou as características que tem hoje.

[2] O primeiro encontro importante em Xi e Putin, aconteceu dias 22-24/3/2013. Foi a primeira visita oficial de Xi como presidente da China. Os leitores-consumidores de “informação” “jornalística” no ocidente ignoram completamente absolutamente tudo sobre esse encontro.

Xi e Putin em março/2013
Mas dia 24/3/2013, a revistaForbes publicou:

“O encontro absolutamente histórico e importantíssimo entre Xi e Putin aconteceu no mesmo dia em que todas as manchetes nos EUA foram dedicadas à viagem de Obama a Israel. Por isso, aquele encontro não foi registrado na mídia. Por que isso aconteceu é tema a ser investigado. Talvez tenha sido coincidência. Talvez não. Se não foi, o mais provável é que os norte-americanos tenham cuidado de distrair a atenção da opinião pública. Porque a visita oficial que Xi, já eleito presidente, fez à Rússia pode muito bem ter marcado o início de uma histórica e lamentável nova e potencialmente antiamericana aliança no Leste da Ásia. (...) Em conferência conjunta de imprensa depois do encontro, Xi e Putin enfatizaram que resoluções e vereditos aplicados contra as “potências derrotadas” (leia-se Japão e Alemanha) na 2ª Guerra Mundial, pelas potências vitoriosas (leia-se Rússia e China) não podem ser revertidos. O que isso sugere é coordenação e apoio mútuo entre Rússia e China na resolução de disputas internacionais e especialmente na ONU, onde os dois países têm poder de veto” (24/3/2013, ForbesThe Xi-Putin Summit, China-Russian Strategic Partnership, And The Folly Of Obama’s “Asian Pivot” [O encontro Xi-Putin, Parceria Estratégica Sino-Russa, e a loucura do “pivô para a Ásia” de Obama]..  

Estados Unidos Espionagem da CIA, FBI, DEA, NSA… E o silêncio no Brasil.

Do blog do Bob Fernandes
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que “nunca soube de espionagem da CIA” no Brasil. O governo atual cobra explicações dos Estados Unidos, e a presidente Dilma trata do assunto com a cúpula do Mercosul, no Uruguai, nesta quinta-feira (11). O Congresso Nacional envia protesto formal ao governo de Barack Obama.
Vamos aos fatos. Entre março de 1999 e abril de 2004, publiquei 15 longas e detalhadas reportagens na revista CartaCapital. Documentos, nomes, endereços, histórias provavam como os Estados Unidos espionavam o Brasil.
Documentos bancários mostravam como, no governo FHC, a DEA, agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas, pagava operações da Polícia Federal. Chegava inclusive a depositavar na conta de delegados. Porque aquele era um tempo em que a PF não tinha orçamento para bancar todas operações e a DEA bancava as de maiores dimensão e urgência.
A CIA, via Departamento de Estado, pagou uma base eletrônica da PF em Brasília, até os tijolos. Nos idos do governo Sarney. Para trabalhar nessa base, até o inicio da gestão do delegado Paulo Lacerda, em 2002, agentes e delegados da PF eram submetidos ao detector de mentiras nos EUA. Não em Langley, sede da CIA, mas em hotéis de Washington.
Dentre as perguntas, que alguns do agentes e delegados se recusaram a responder: já haviam participado de atos de corrupção? Eram homossexuais?
Isso até que viessem a gestão do ministro Márcio Thomaz Bastos e do delegado Paulo Lacerda e um orçamento adequado. Essa base na PF chamava-se CDO, Centro de Dados Operacionais. Publicadas as reportagens, tornou-se SOIP, depois COE. Hoje é a DAT, Divisão Anti-terrorismo.
Carlos Costa chefiou o FBI no Brasil por 4 anos. Em entrevista de 17 páginas, em março de 2004, revelou: serviços de inteligência dos EUA haviam grampeado o Itamaraty. Empresas eram espionadas. Nem o Palácio da Alvorada escapou.
Pelo menos 16 serviços secretos dos EUA operavam no Brasil. Às segundas-feiras, essas agências realizavam a “Reunião da Nação”, na embaixada, em Brasília.
Tudo isso foi revelado com riqueza de detalhes: datas, nomes, endereços, documentos, fatos. Em abril de 2004, com a reportagem de capa, publicamos os nomes daqueles que, disfarçados de diplomatas, como é habitual, chefiavam CIA, DEA, NSA e demais agências no Brasil.
Vicente Chellotti, diretor da PF, caiu depois da reportagem de capa “Os Porões do Brasil”, de 3 de março de 1999. Isso no governo de FHC, que agora, na sua página no Facerbook, disse desconhecer ações da CIA no país.
Renan Calheiros, quando ministro da Justiça no governo FHC, foi convocado pelo Congresso na sequência de uma das reportagens sobre atividades de agências secretas dos EUA. Em público, esquivou-se, negaceou. A mim, numa cerimônia no Supremo Tribuinal Federal, diria na tarde do mesmo dia: “Isso é assim mesmo, é do jogo”.
Carlos Costa, que chefiara o FBI no Brasil, foi ouvido em sessão secreta do Congresso, já em 2004.
Antes de o Congresso decidir como seria a sessão, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi à embaixada dos EUA ouvir Donna Hrinak, a embaixadora. Segundo testemunho do senador à época, a embaixadora dos EUA informou:
- Se a sessão não for secreta ele (Carlos Costa) será processado pelo governo dos Estados Unidos.
Essa disposição falava por si mesma. E na sessão, que terminaria sendo secreta, Carlos Costa confirmou tudo o que dissera na entrevista; sobre as ações do seu FBI, da CIA, DEA, NSA, e sobre a espionagem em geral, no Brasil, mas não apenas.
Tudo isso sob quase absoluto e estrondoso silêncio. Um silêncio assustador à época. Tão assustador quanto a suposta perplexidade ao “descobrir”, só agora, que os Estados Unidos, e não apenas eles, espionam o Brasil e o mundo.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Ucrânia, um exemplo a ser evitado pelo Brasil

12/2/2014, [*] Paul Craig Roberts – Institute for Political Economy  Washington Orchestrated Protests Are Destabilizing Ukraine” Traduzido por João Aroldo.

Manifestante ucraniano provoca violência e queima de pneus em Kiev
Os protestos na Ucrânia ocidental são organizados pela CIA, o Departamento de Estado dos EUA, e organizações não governamentais (ONGs) financiadas por Washington e pela UE e que trabalham em conjunto com a CIA e o Departamento de Estado. O objetivo dos protestos é derrubar a decisão do governo independente da Ucrânia de não aderir à UE (União Europeia) .

Os EUA e a UE estavam inicialmente cooperando no esforço de destruir a independência da Ucrânia e torná-la uma entidade subserviente ao governo da UE em Bruxelas. Para o governo da UE, o objetivo é expandir a UE. Para os EUA, os objetivos são tornar a Ucrânia disponível para saques por bancos e empresas norte-americanas e trazer a Ucrânia à OTAN para que Washington possa ganhar mais bases militares na fronteira da Rússia. Há três países que estão no caminho da hegemonia de Washington sobre o mundo – a Rússia, China e o Irã. Cada um destes países é alvo de Washington para ser derrubado ou para ter sua soberania degradada pela propaganda e bases militares dos EUA que deixam os países vulneráveis a ataques, coagindo-os a aceitar a vontade de Washington.

O problema que surgiu entre os EUA e a UE no que respeita à Ucrânia é que os europeus já perceberam que a conquista da Ucrânia é uma ameaça direta para a Rússia, que pode cortar o óleo e gás natural para a Europa e, se houver guerra, destruir completamente a Europa. Consequentemente, a UE tornou-se disposta a parar de provocar os protestos na Ucrânia.

Victoria "F*ck European Union" Nuland
A resposta da secretária de Estado adjunto neoconservadora, Victoria Nuland, nomeada pelo ambíguo Obama, foi foda-se a União Europeia, após o que ela passou a descrever os membros do governo da Ucrânia que Washington tende a impor a um povo tão inconsciente a ponto de acreditar que eles estão conseguindo independência correndo para os braços de Washington. Eu pensava que nenhuma população pode ser tão inconsciente como a população dos EUA. Mas eu estava errado. Os ucranianos ocidentais são mais inconscientes do que os americanos.

A orquestração da “crise” na Ucrânia é fácil. A secretária-assistente de Estado neoconservadora Victoria Nuland disse aoNational Press Club em Washington, em 13 de dezembro de 2013, que os EUA têm “investido” 5 bilhões de dólares em agitação na Ucrânia. Assista vídeo a seguir (em inglês):


A crise reside essencialmente no oeste da Ucrânia, onde ideias românticas sobre a opressão da Rússia são fortes, e a população é menos russa que no leste da Ucrânia.

O ódio da Rússia na Ucrânia ocidental é tão disfuncional que os manifestantes enganados não percebem que a adesão à UE significa o fim da independência e domínio pelos burocratas da UE em Bruxelas, o Banco Central Europeu e as corporações dos EUA. Talvez a Ucrânia seja dois países. A metade ocidental poderia ser dada à União Europeia e às corporações norte-americanas, e a metade oriental poderia ser reincorporada como parte da Rússia, onde toda a Ucrânia residiu por tanto tempo quanto existem os EUA.

O descontentamento da Rússia que existe no oeste da Ucrânia torna mais fácil para a UE e os EUA causarem problemas. Aqueles em Washington e na Europa que desejam destruir a independência da Ucrânia retratam uma Ucrânia independente como refém da Rússia, enquanto uma Ucrânia na UE estaria, alegadamente, sob a proteção dos EUA e Europa. As grandes quantias de dinheiro que Washington envia para ONGs na Ucrânia propagam essa ideia e trabalham a população em um frenesi sem sentido. Eu nunca na minha vida presenciei pessoas tão estúpidas como os manifestantes ucranianos que estão destruindo a independência de seu país.

Grupo Pussy Riot em apresentação
As ONGs financiadas pelos EUA e pela UE são quintas colunas concebidas para destruir a independência dos países em que operam. Algumas fingem ser "organizações de direitos humanos." Outras doutrinam as pessoas sob o disfarce de "programas de educação" e "construção da democracia". Outras, especialmente as que são geridas pela CIA, especializam-se em provocações como Pussy Riot

Poucas destas ONGs são legítimas, se é que existe alguma legítima. Mas elas são arrogantes. O chefe de uma das ONGs anunciou antes das eleições iranianas em que Mousavi era o candidato de Washington e da CIA que a eleição resultaria em uma Revolução Verde. Ele sabia disso de antemão, porque ajudou a financiá-la com o dinheiro dos contribuintes norte-americanos. Eu escrevi sobre isso naquele momento. O artigo pode ser encontrado em meu site, e em meu livro recém-publicado,How America Was Lost.

Os “manifestantes” ucranianos têm sido violentos, mas a polícia tem sido contida. Washington tem interesse em manter os protestos na esperança de transformá-los em revolta para que Washington possa tomar a Ucrânia. Esta semana, a Câmara dos EUA aprovou uma resolução ameaçando sanções caso os protestos violentos sejam reprimidos pela polícia.

Em outras palavras, se a polícia ucraniana se comportar com os manifestantes violentos da maneira que a polícia dos Estados Unidos se comporta em relação aos manifestantes pacíficos, é razão para Washington interferir nos assuntos internos da Ucrânia. Washington está usando os protestos para destruir a independência da Ucrânia e tem pronta a lista de fantoches que Washington pretende instalar no próximo governo da Ucrânia.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. 
Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. 
Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.