sábado, 19 de abril de 2014

19 de Abril - Dia da Resistência dos Povos Indígenas.

Foto - 19 de Abril - Dia da Resistência dos Povos Indígenas. 

Faltam interesse e vontade política de assumir a questão indígena, diz Cimi.

Bispo do Xingu, na Amazônia, desde 1981, e em seu segundo mandato como presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Erwin Krautler acredita que os povos indígenas não têm o que comemorar neste dia 19, Dia do Índio. Para ele, a situação desses povos tradicionais piorou nos últimos anos, tanto pela demora na demarcação de terras indígenas, o que favorece os conflitos fundiários e a violência, quanto pela falta de atenção governamental a direitos como saúde e educação.

Foto - 19 de Abril - Dia da Resistência dos Povos Indígenas. 
Crítico de megaempreendimentos na Amazônia, como a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, dom Erwin, que também é secretário da Comissão Episcopal para a Amazônia, foi recebido pelo papa Francisco no Vaticano, no último dia 4. Na ocasião, o bispo denunciou os problemas enfrentados pelos povos indígenas, ribeirinhos e pelas comunidades amazônidas.

Foto - 19 de Abril - Dia da Resistência dos Povos Indígenas. 
“Vivo na Amazônia há quase 50 anos. Sou uma testemunha qualificada para falar sobre esses assuntos. E, como bispo, tenho o direito e a obrigação de chamar a atenção sempre que os direitos humanos forem violados”, disse o austríaco, que tem cidadania brasileira há 23 anos, em entrevista exclusiva àAgência Brasil.

Confira abaixo os trechos mais importantes da entrevista.

Agência Brasil: Quais foram os principais assuntos que o senhor tratou com o papa Francisco?

Dom Erwin Krautler: Conversamos sobre as comunidades da prelazia do Xingu, que não recebem a eucaristia porque contamos com apenas 27 padres para atender a cerca de 800 comunidades. O papa pediu que apresentássemos propostas para solucionarmos esse problema que afeta cerca de 70% das comunidades da Amazônia onde não há celebração eucarística. Também conversamos sobre a questão ecológica.


Agência Brasil: E sobre a questão indígena em particular? O que os senhores conversaram?

Dom Erwin: Falamos da questão indígena como um todo, mas também da situação de alguns povos em particular, como os guaranis-kaiowás, de Mato Grosso do Sul, que vivem encurralados em um espaço diminuto, o que lhes causa muito sofrimento. Citei a situação dos povos do Vale do Javari, no Amazonas, onde os índios são acometidos por doenças como a hepatite, e o governo, a meu ver, pouco faz. Falei dos grupos de índios isolados que, oficialmente, não existem. Para lembrá-lo do carinho que os povos indígenas sentem por ele, lembrei o papa de sua vinda ao Rio de Janeiro, em 2013. E disse-lhe que os índios do Brasil contam com sua ajuda, que esperam que ele apele ao governo brasileiro para que demarque as terras indígenas.

Foto - 19 de Abril - Dia da Resistência dos Povos Indígenas. 
Agência Brasil: O senhor é um conhecido crítico de megaempreendimentos e costuma acusar o governo e alguns parlamentares de se unirem a grupos de interesses econômicos. Ao falar dos problemas que afetam os povos indígenas, que aspectos o senhor citou ao papa?


Dom Erwin: Logicamente, me referi à construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Uma obra que afeta não apenas os índios da região e que, do jeito como está sendo executada, levou à cidade de Altamira o caos em termos de saúde, de educação, de transporte, de segurança pública. A Justiça Federal acaba de determinar que a empresa responsável, a Norte Energia, cumpra as condicionantes que deveriam ter sido cumpridas antes do início das obras e que não vêm sendo observadas. Isso é positivo, mas as medidas judiciais, infelizmente, estão chegando tarde. Há comunidades indígenas que, de certa forma, já foram desmanteladas e só agora algumas autoridades parecem descobrir a anormalidade da situação. Basta ver o crescimento da população de Altamira. A cidade não se preparou para isso. Às vezes, sentimos como se Belo Monte fosse um rolo compressor passando sobre nós, mesmo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) tenha prometido que esse projeto não seria empurrado goela abaixo de ninguém, o que acabou acontecendo.
Foto - 19 de Abril - Dia da Resistência dos Povos Indígenas. 
Agência Brasil: O senhor criticou o governo brasileiro ao papa?


Dom Erwin: Disse a ele que o governo e o Congresso Nacional tomam iniciativas contrárias aos interesses dos povos indígenas. Medidas, a meu ver, inconstitucionais. Não houve tempo para que eu entrasse em pormenores, mas eu disse que o governo não luta pela causa indígena. E que o Congresso Nacional tem desrespeitado os direitos indígenas por meio de várias iniciativas que contrariam esses direitos, como a propostas de emenda à Constituição, a PEC 230, que quer transferir do Poder Executivo para o Legislativo a prerrogativa do governo federal de demarcar terras indígenas.


Agência Brasil: Em que medida a demora na identificação, demarcação e homologação das terras indígenas prejudica os povos indígenas e contribui para o acirramento da tensão no campo?

Dom Erwin: Ao ser promulgada, em 1989, a Constituição Federal estabeleceu um prazo de cinco anos para que todas as terras indígenas fossem demarcadas. Ou seja, até 1993 todas as terras identificadas como territórios tradicionais indígenas deveriam estar identificadas e homologadas. Passados 21 anos do fim desse prazo, pouco mais de 44% foram realmente demarcadas. Em 2013 não houve nenhuma demarcação. Dessa forma, essas terras ficam escancaradas para todo o tipo de invasor. É bom que se diga que demarcar novas reservas indígenas não significa criar enclaves, mas sim reconhecer que, no interior do território nacional, há áreas pertencentes à União destinadas ao usufruto dos povos que as habitam desde tempos imemoriais.


Agência Brasil: Como o papa reagiu ao seu relato e a suas críticas ao Estado brasileiro?

Dom Erwin: Ele não entrou em detalhes nem se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas me ouviu atenciosamente e manifestou seu apoio à causa indígena.
Foto - 19 de Abril - Dia da Resistência dos Povos Indígenas. 
Agência Brasil: O senhor presidiu o Cimi entre 1983 e 1991 e, agora (2007- 2015), cumpre seu segundo mandato à frente do órgão. Comparando esses dois períodos, quais as principais mudanças em relação à situação dos povos indígenas?


Dom Erwin: No final da década de 1980, a principal luta era em torno da Constituição Federal, o empenho necessário para inscrevermos no texto constitucional os direitos dos povos indígenas. Naquele momento, cantamos vitória, pois houve vários avanços, como o fato de os índios terem deixado de ser tutelados pelo Estado e se tornarem cidadãos brasileiros de fato, com direito a suas terras, suas expressões culturais. Agora, estamos lutando para impedir o avanço de iniciativas prejudiciais aos povos indígenas.


Agência Brasil: Mas a situação, hoje, está melhor ou pior?

Dom Erwin: Eu penso que a situação dos povos indígenas piorou nos últimos anos, sobretudo de 2003 para cá. Exatamente pela falta de empenho do governo em favor das demarcações e da saúde indígena. Faltam interesse e vontade política de assumir a questão indígena como uma causa importante na defesa dos direitos humanos.


Agência Brasil: Há o que se comemorar neste dia 19, Dia do Índio?

Dom Erwin: Eu preferiria falar em Dia dos Povos Indígenas. Não se trata de uma data para festejar, mas sim para sensibilizar e conscientizar a sociedade a respeito dos direitos desses povos. Em nosso atual sistema, o índio é considerado um obstáculo ao chamado progresso, entendido apenas do ponto de vista da taxa de crescimento econômico. Se entendermos desenvolvimento como melhoria da qualidade de vida para todo o povo brasileiro, os índios não só têm seu lugar, como sua sabedoria milenar é uma riqueza para o país.


Agência Brasil: A demora na demarcação das terras indígenas acirra uma disputa que, muitas vezes, envolve famílias de pequenos produtores rurais, gente assentada pelo próprio governo em terras hoje reivindicadas como territórios tradicionais. Entre essas pessoas há católicos que criticam o fato de a Igreja, por meio do Cimi, defender os interesses indígenas em detrimento dos de pequenos produtores e trabalhadores rurais. Como o senhor responde a essas críticas?

Dom Erwin: Eu não aceito dizerem que defendemos apenas os povos indígenas, sobretudo contra pequenos agricultores. Essa equação não funciona. O que dizemos é que se foi o governo que assentou famílias de colonos em áreas indígenas, é o governo que tem que resolver o impasse criado por ele mesmo. Não defendo e não aceito que se arranque de uma área indígena, com o uso de força policial e sem a devida reparação, uma família assentada pelo governo. Em casos assim, o governo tem que disponibilizar a essa família uma área equivalente à que ela ocupa e indenizá-la não só pelas benfeitorias feitas na terra, mas também por todo o suor derramado em dezenas de anos de trabalho. Agora, se alguém invadiu uma área sabendo se tratar de terra indígena, o tratamento deve ser outro.


Agência Brasil: O senhor deve deixar a prelazia ao completar 75 anos. Já está cuidando de sua sucessão?

Dom Erwin: Eu vou apresentar minha renúncia em 12 de julho deste ano, quando completo 75 anos. Isso não significa que deixarei a prelazia de um dia para o outro. Haverá o processo de escolha do meu sucessor, mas é possível que eu seja sucedido por três bispos, já que a regional da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] sugere que, pelo seu tamanho, a prelazia do Xingu seja desmembrada em três dioceses. Eu mesmo apresentarei à regional um projeto nesse sentido.


Agência Brasil: O senhor teme que, com sua renúncia, a luta em prol da Amazônia e dos povos indígenas e ribeirinhos pode ser prejudicada?

Dom Erwin: Não, não acredito. Pelo contrário. Eu talvez tenha até mais liberdade e tempo para me empenhar em favor dessa causa. Não tenho o poder que às vezes me atribuem. O que eu tenho é o direito e a obrigação de chamar a atenção sempre que os direitos humanos forem violados.


Agência Brasil: O país parece atravessar um momento preocupante, com um segmento da sociedade se manifestando contra a garantia dos direitos humanos já conquistados, grupos de justiceiros agindo à revelia da lei e casos de ofensas a índios e outras minorias. O que o senhor diria a essas pessoas já que, entre elas, há muitas que se identificam com os preceitos cristãos?

Dom Erwin: Quem apela para fazer justiça com as próprias mãos, defende esse tipo de coisa ou se opõe aos direitos humanos está se distanciando da Igreja, de sua fé e de sua moral. Ainda que saibamos que não devemos olhar apenas os fatos recentes, mas também procurarmos as raízes desse comportamento e que, ao fazer isso, cheguemos à conclusão de que a Justiça é muito lenta e que há muita impunidade, sempre lutamos a favor dos direitos humanos. Precisamos de vontade política, de políticas públicas, para frear esse tipo de coisa. 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Bahia - Polícia Federal prende líder do movimento grevista da Policia Militar.

Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli

Foto - http://vandinhomaracas.blogspot.com.br
O presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, foi preso nesta tarde pela Polícia Federal. Marco Prisco liderou a greve da Polícia Militar (PM) da Bahia que terminou ontem (17) após decisão da categoria em assembleia. Prisco é vereador pelo PSDB da capital baiana, Salvador, e teve pedido de prisão preventiva ajuizado pelo Ministério Público Federal da Bahia (MPF/BA) no início desta semana.

No ano passado, o MPF/BA denunciou Prisco e mais seis pessoas por crimes praticados contra a segurança nacional durante outra greve da PM, ocorrida em 2012. De acordo com o Ministério Público, os denunciados, entre vereadores, soldados e cabos da PM, auferiram com a greve lucros políticos nas eleições municipais.

Segundo a Polícia Federal, o vereador está sendo transferido para o Complexo da Papuda em Brasília, pois a ordem judicial prevê que ele deve ficar recolhido em instituição prisional federal. Como é processado por crime político grave pelo MPF, qualquer recurso contra sua prisão somente pode ser ajuizado no Supremo Tribunal Federal.

Após a assembleia aprovar o fim da greve dos policiais, Prisco disse que “quase todas as reivindicações foram atendidas”. Segundo a Aspra, faz parte da proposta aprovada a anistia para policiais que participaram de manifestações em 2012 e para os que tomaram parte no movimento deste ano. Apesar do fim da paralisação, o governador do estado, Jaques Wagner, disse que amobilização das tropas federais será mantida por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Marco Prisco (Vereador do PSDB), Líder das recentes greves da Polícia Militar nos Estados do Maranhão e da Bahia, é preso pela Polícia Federal.



http://jornalspotnews.blogspot.com.br
A Polícia Federal prendeu na tarde de hoje (18) o vereador Marco Prisco, líder do movimento grevista da Polícia Militar (PM) na Bahia e presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares no Estado (Aspra). A prisão foi realizada a pedido do Ministério Público Federal na Bahia (MPF-BA). 
Em nota, a Polícia Federal informou que Prisco já está sendo transferido para o Presídio Federal de Brasília (Complexo da Papuda). Prisco estava em um resort, na Linha Verde, quando foi detido pela Polícia Federal (PF). O pedido foi feito na segunda-feira, 14, dentro da ação penal movida pelo MPF em abril de 2013, que denunciou sete vereadores, soldados e cabos da PM por diversos crimes, a maioria deles contra a segurança nacional, praticados durante a greve realizada entre os dias 31 de janeiro e 10 de fevereiro de 2012. A intenção do pedido de prisão preventiva é garantir a ordem pública.

Segundo informações do MPF, Marco Prisco é processado por crime político grave, e qualquer recurso contra sua prisão só pode ser ajuizado no Supremo Tribunal Federal (STF). O mandado de prisão nº007/2014 foi expedido no dia 15 de abril, pelo juiz federal da 17ª Vara, Antônio Oswaldo Scarpa.
No documento, a prisão preventiva do vereador é decretada, “visando à garantia da ordem pública, com fundamento nos arts. 311 a 313 do CPP (…), devendo o mesmo permanecer preso e à disposição deste Juízo”.
Prisco já esteve duas vezes no Maranhão (veja aqui). A primeira delas no final do ano de 2011, comandando greve da PM maranhense, dias antes de iniciar movimentos na Bahia e no Rio de Janeiro, que culminaram com  prisão desta sexta-feira.
Já no final do mês de março deste ano, Prisco voltou a São Luís, para mais uma greve da PM local, desta vez sem grande repercussão.

Publicado em  por .   (Com informações do jornal A Tarde, da Bahia).

ATUALIZAÇÃO - I - Jornal correio 24 horas.

Prisco está sendo processado pelo MPF por crime político grave (Foto: Betto Jr/Arquivo CORREIO)















O vereador Marco Prisco Caldas Machado, líder do movimento grevista da Polícia Militar da Bahia, foi preso na tarde desta sexta-feira (18), a pedido do Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA). O pedido de prisão preventiva ajuizado pelo MPF foi concedido pela 17ª Vara Federal na terça-feira (15). 

Diretor-geral da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares no Estado da Bahia (Aspra), Prisco foi localizado pela Polícia Federal em um resort na Costa do Sauípe, no Litoral Norte, e transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. 

O pedido de prisão foi feito dentro da ação penal movida pelo MPF em abril de 2013, que denunciou sete pessoas entre vereadores, soldados e cabos da PM por diversos crimes, a maioria deles contra a segurança nacional, praticados durante a greve realizada entre os dias 31 de janeiro e 10 de fevereiro de 2012. Segundo o MPF, a intenção do pedido de prisão preventiva é garantir a ordem pública.
Prisco está sendo processado pelo MPF por crime político grave. De acordo com o Ministério Público, qualquer recurso contra sua prisão poderá ser ajuizado apenas no Supremo Tribunal Federal (STF). 
Na quarta-feira (16), o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, sediado em Brasília, já havia concedido liminar determinando a imediata paralisação da greve dos policiais militares, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 1,4 milhões. 

A Justiça determinou, ainda, o bloqueio de bens de Prisco e mais 13, entre as associações envolvidas no movimento paredista e seus dirigentes. Os bens seguem bloqueados como medida para assegurar a possibilidade de ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos.


Brasil - Qual foi o comportamento no passado do PSDB e dos que hoje criticam a Petrobras.


 

PRIVATARIA: OS ESTRAGOS QUE FHC FEZ NA PETROBRAS!

Circulam na internet vários textos sobre como foi desastrosa a gestão na Petrobras durante o período do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), com inúmeros escândalos e uma política francamente favorável à privatização da empresa (que, de fato, aconteceu, com o leilão de um terço das ações da empresa na Bolsa de Nova York, numa operação que deve render até hoje, entre os operadores e especuladores de Wall Street, sorrisos por causa das vantagens na compra, a preço de banana, de uma empresa do porte da Petrobras).  

A empresa que foi construída com sangue e suor do povo brasileiro, motivo de orgulho nacional, foi - e continua sendo- alvo preferencial do entreguismo tucano, tanto que FHC, no fim de semana, voltou a defender sua privatização. Pouca gente sabe, mas os ataques contra a empresa começaram a ser praticados por FHC já como ministro da Fazenda, durante o governo Itamar Franco; a prática perniciosa contra o patrimônio nacional continuou durante os oito anos em que ficou na Presidência da República. 

Engenheiros da Petrobrás calculam que FHC foi responsável por um prejuízo de pelo menos 10 bilhões de dólares à Petrobras, sem considerar a mudança na remuneração das refinarias, operada também por FHC enquanto ministro da Fazenda de Itamar Franco, cujo prejuízo permanece até hoje e pode contabilizar mais de US$ 50 bilhões. Abaixo, um roteiro para entender o caso:

1994 – Ainda como ministro da Fazenda, Fernando Henrique manipulou a estrutura de preços dos derivados do petróleo, de forma que, nos seis últimos meses que antecederam o Plano Real, a Petrobras teve aumentos mensais, na sua parcela dos combustíveis, em valores 8% abaixo da inflação. Por outro lado, as distribuidoras de derivados tiveram, nas suas parcelas, aumentos de 32% acima da inflação.  Isto significou uma transferência anual, permanente, do faturamento da Petrobras para o cartel dessas distribuidoras, de cerca de US$3 bilhões anuais, que permanece até hoje.

1995 - FHC deflagrou o contrato e a construção do Gasoduto Bolívia-Brasil, que foi o pior contrato que a Petrobras assinou em sua história, na análise de engenheiros da Petrobras. FHC, como ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, funcionou como lobista em favor do gasoduto. Como presidente, suspendeu 15 projetos de hidrelétricas em diversas fases, para tornar o gasoduto irreversível. Esse fato, mais tarde, acarretaria o “apagão” no setor elétrico brasileiroAs empresas estrangeiras, comandadas pela Enron e Repsol, donas das reservas de gás na Bolívia, só tinham como mercado o Brasil. 

Mas a construção do gasoduto era economicamente inviável. A taxa de retorno era de 10% ao ano, enquanto o custo financeiro era de 12% ao ano. Por isso, pressionaram o governo a determinar que a Petrobras assumisse a construção. A empresa foi obrigada a destinar recursos da Bacia de Campos, onde a taxa de retorno era de 80%, para investir nesse empreendimentoA Petrobras foi obrigada a assinar uma cláusula de “Take or  Pay”, ou seja, comprando ou não a quantidade contratada, ela pagaria por ela. Assim,  por mais de dez anos, pagou por cerca de 10 milhões de metros cúbicos, sem conseguir  vender o gás no mercado nacional.

1998 – A Petrobras é impedida pelo governo FHC de obter empréstimos no exterior para tocar seus projetos – a juros de 6% a.a. –, e de emitir debêntures que visavam à obtenção de recursos para os seus investimentos.  FHC cria o Repetro, por meio do Decreto 3.161/98, que libera as empresas estrangeiras   do pagamento de impostos pelos seus produtos importados, mas sem, contudo, dar  a contrapartida às empresas nacionais. Isto, somado à abertura do mercado nacional iniciada por Fernando Collor, liquidou as 5 mil empresas fornecedoras de equipamentos  para a Petrobras, gerando brutais desemprego e perda de tecnologias para o País.  Essas empresas haviam sido criadas por meio do repasse de tecnologia que a Petrobras gerava ou absorvia. A /presença do fornecedor nacional facilitava em muito a operação  da empresa.

1998 - Seis empresas multinacionais (duas delas comandaram a privatização da YPF Argentina – Merryl Linch e Gaffney Cline) passaram a ocupar o 12º andar do prédio da Petrobras (Edise) para examinar minuciosamente todos os dados da estatal, sob o argumento de que se tratava de uma avaliação dos dados técnicos e econômicos necessários à venda de ações da empresa, em poder do governo. Durante dois anos, essas empresas receberam todas as informações que quiseram dos  gerentes da Petrobras, inclusive as mais confidenciais e estratégicas, de todas as áreas.  Reviraram as entranhas da estatal, de uma forma jamais realizada em qualquer  empresa que aliene suas ações.

1999 – Muda-se o estatuto da Petrobras com três finalidades: Reichstul inicia o mandato cancelando atabalhoadamente (propositalmente?) o contrato da empresa Marítima – fornecimento de seis plataformas para perfuração exploratória – um mês antes de ela incorrer numa grave inadimplência. O cancelamento salvou a Marítima de pesadas multas e ainda deu a ela argumentos para processar a Petrobras, pedindo R$2 bilhões de indenização pelo incrível cancelamento. Ganhou em primeira instância. Reichstul viaja aos EUA com o ex-jogador Pelé e, juntos, fazem propaganda do  lançamento e venda de ações da Petrobras em Wall Street; o governo vende, então,  20% do capital total da Petrobras, que estavam em seu poder. 

Posteriormente, mais 16% foram vendidos pelo irrisório valor total de US$5 bilhões. Privatização da REFAP foi feita pela troca de ativos com a Repsol Argentina (pertencente ao Banco Santander, braço do Royal Scotland Bank Co.), onde a Petrobras deu ativos no valor de US$500 milhões – que se avalia em US$2 bilhões – e recebeu ativos no valor de US$500 milhões, os quais, dois dias depois, com a crise da Argentina, passaram a valer US$170 milhões. Houve também o naufrágio da P-36, com 11 mortes e prejuízos que podem ser calculados em mais de US$ 2 bilhões, por lucro cessante, como resultado da paralisação da produção, até que nova plataforma fosse posicionada e a produção dos poços retomada.

2000 – Na Bahia, foi assinado um estranho contrato com a PetroRecôncavo, sem licitação, que transferiu a operação de 12 campos de petróleo para esta empresa (50% Opportunity), sem prazo para terminar e sem cláusulas de multas, em caso de descumprimento do contrato. Foi estimado prejuízo de mais de US$ 200 milhões.

2001 – Gros compra 51% da Pecom Argentina, por US$1,1 bilhão, embora a dita empresa tenha declarado, publicamente, um déficit de US$1,5 bilhão; Faz, ainda, um contrato de construção de duas plataformas com a Halliburton (EUA), com uma negociação obscura, sem concorrentes. Apesar desses atrasos, a Halliburton não pagou multa e ainda ganhou cerca de US$500 milhões adicionais da Petrobras, em tribunal americano.

Lula - “VAMO PRA CIMA DESSES JORNAIS, SÔ!”.



Atenção, Walter Xeu:
O Instituto Lula não tem nada q 'editar' coisa alguma. Só tem de fazer o que fez: DISTRIBUIR O DOCUMENTO INTEGRAL e por escrito. Afinal, apareceu.

O jeito certo de fazer isso é TAQUIGRAFAR a fala inteirinha e em seguida -- rapidamente, transcrever. É o que se faz em todo o mundo, há séculos. É muito difícil 'tirar falas', de ouvido, para transcrever.

Daqui em diante, é conosco. E MUITO CUIDADO para, no processo, não dar mais destaque aos blogueiros do que ao que o presidente Lula realmente disse.

O trabalho, daqui em diante é trabalho DE PROPAGANDA DE DEMOCRATIZAÇÃO.

A internet NÃO É JORNALÍSTICA. E o bloguismo, se continuar jornalístico, só nos atrasa a vida.
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LULA: “VAMO PRA CIMA DESSES ‘JORNAIS’, SÔ!”
Trecho da entrevista de 8/4/2014, a jornalistas blogueiros.
(Em http://goo.gl/y0aKVc vídeos e texto integral transcrito)

LULA: Eu acho que, não é que falta humor na política, porque senão a gente elegeria um humorista qualquer e tava resolvido o problema [brilhante resposta, a pergunta tola, metida a besta]. O problema é que nós estamos sendo conduzidos por uma massa feroz de informações deformadas que vai criando, sabe, o imaginário e vai formando a cabeça das pessoas.

Eu, sábado passado, faz 15 dias eu fui almoçar, fui jantar na casa de um companheiro. E na casa desse companheiro tinha um menino de 20 anos de idade e tinha um menino de 17 anos de idade, filho e sobrinho. 
E eu tava na mesa conversando com eles e eu comecei a me dar conta do seguinte: há 11 anos atrás, quando eu fui eleito, esse menino de 20 tinha só nove anos. O de 17 tinha só seis anos de idade. Quando eu deixei a Presidência, em 2010, o de 20 tinha 16 e o de 17 tinha 13.

Eu me dei conta que essa meninada não tem obrigação de saber o que eu fiz e, se ele for ver o que nós fizemos, pela imprensa ele tá totalmente desinformado. Porque há uma… Há uma… Eu fico pensando que, se a imprensa, nos seus editoriais, sabe, batesse no governo, discordasse, seria ótimo, é a opinião, tá lá, a opinião da diretoria. Devia de colocar logo a cara do diretor, pra gente ver que é o diretor. Ele nunca tem coragem de colocar também a cara do diretor que faz o editorial, pra gente ver quem é que tá fazendo o editorial. E na cobertura normal, que fosse um pouco mais sério, um pouco… Eu diria… Mais neutro, sabe, na cobertura.

Então, eu, tem dia que eu fico pensando que o país acabou, sabe, porque é uma quantidade de notícias equivocadas, de notícias… Eu tenho falado com alguns companheiros ministros que eles têm que ir pra cima. Todo dia tem que ver, tem que ligar, tem que pedir pra dar entrevista. Não dá… Que fique grupo de pessoas pra acompanhar, pra poder pedir direito de resposta, pra dizer pelo menos a verdade.

Não precisa concordar. Então, eu me dei conta de que esse mau humor é uma quantidade… Eu recebo hoje mais gente do que eu recebia quando era presidente. Sabe, recebo mais gente do movimento social, do movimento sindical, mais empresário, converso com muita gente, muito mais solto do que antigamente, ou seja, e existe esse mau humor. É inacreditável. 
O Delfim escreve muito sobre isso. Ou seja, a percepção negativa é pior do que o mundo real e todo mundo sério percebe isso. E, eu lembro que, numa conversa que eu tive com a companheira Dilma e com… Com a presidenta Dilma e com alguns companheiros eu falei:

“Gente, vocês têm que dar uma olhada, não é na pesquisa de opinião pública. É na percepção da sociedade, o que que tá acontecendo, porque tem alguma coisa que nós temos que fazer, pra fazer a sociedade entender.”

E eu me dei conta que, se a gente não for agressivo numa política de comunicação, pra dizer o que que tá acontecendo, daí eu acho que nós perdemos um tempo precioso em não fazer a discussão sobre o marco regulatório da comunicação nesse país. Perdemos um tempo precioso, ou seja, eu espero que em algum momento a gente retome essa discussão. O da internet nós vencemos a primeira parte. O Marco Civil nós vencemos a primeira parte. Precisa tomar cuidado com o Senado, mas já foi um avanço, sabe, a neutralidade.

Pois bem, eu me dei conta… As pessoas reclamavam: “O Lula tá sempre em palanque, o Lula fala toda hora, o Lula fala oito vezes por dia, o Lula fala…”. Ô, meu filho, mas seu eu não falar, quem vai falar, os meus opositores? Eu tenho que falar dez vezes por dia, 15 vezes por dia. A Dilma tem que falar, os ministros têm que falar. Nós temos que disputar espaço, porque a tentativa de vender coisas que não são verdadeiras é fantástica. A de tentar vender coisas negativas é… 
Eu, sinceramente, fico assustado. Eu duvido que tenha um jornalista nesse país que diga que um dia o Lula pediu pra que ele não falasse tal coisa. Nunca! Não faz parte da minha cultura política. Pra mim, pra mim, sabe, o leitor é o censor, é o censurador desse país. Ele que vai censurar o que ele quiser, ele que vai… Não é o governo e muito menos um ministro.

As passeatas de 2002, ou seja, eu fiquei pensando que informação política tinha na cabeça daqueles jovens, sabe? Eu tenho neta, sabe, com 18 anos de idade, eu tenho neta, eu vejo o que eles falavam pra mim. E eu fico pensando: que informação eles têm? Nenhuma informação, gente. Não tem debate nas universidades mais. Não tem programa, sabe, que ele possa ter alguma informação correta. 
O noticiário que ele pode ter correto é via internet, mesmo assim, uma quantidade de coisas na internet é coisa que não politiza, é coisa despolitizante, ou seja, então, se a gente não tiver uma preocupação de conversar com essa gente mais vezes, toda hora, e repetir e conversar… 
[fim do fragmento “VAMO PRA CIMA DESSES JORNAIS, SÔ!”]

Maranhão - Termina desintrusão da terra indígena Awá.

17.04.2014 - Termina desintrusão da terra indígena Awá no Maranhão
Foto - http://www.secretariageral.gov.br.
Os indígenas do povo Awá-Guajá receberam nesta terça-feira (15/4) o “auto de desintrusão” das mãos dos oficiais da Justiça Federal do Maranhão. 
Desta forma, o Estado brasileiro assegurou a posse definitiva da terra indígena para o povo Awá-Guajá, muitos deles isolados e de recente contato.  
O território com mais de cem mil hectares retornou aos habitantes originais após a decisão judicial no final do ano passado. Para cumprir a decisão da justiça, o governo federal iniciou em 5/1/14 a operação de desintrusão, ou seja, a retirada de não índios da área. A operação, coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República e Fundação Nacional do Índio (Funai), tem a participação de vários ministérios e órgãos do governo federal. 
A devolução simbólica da terra aos Awá aconteceu na aldeia Juriti, com a presença do juiz José Carlos do Vale Madeira, da Justiça Federal do Maranhão e autor da sentença judicial que determinou a desintrusão e do procurador federal Alexandre Silva Soares (MPF/MA), além dos representantes do governo federal e coordenadores da operação – Nilton Tubino (Secretaria-Geral) e Leonardo Lenin (Funai).  A Operação Awá-Guajá continua até o dia 30/4 com a permanência da Força Nacional de Segurança Pública e apoio das Forças Armadas. 
A Terra Indígena Awá-Guajá, localiza-se entre os municípios de Centro Novo do Maranhão, Governador Newton Bello, São João do Caru e Zé Doca, na região Noroeste do Estado.
Vistoria
O juiz José Carlos Madeira e o procurador Alexandre Soares realizaram um sobrevoo de reconhecimento na terra indígena.  No roteiro, foram percorridos antigos povoados cujas casas foram totalmente desmontadas, áreas de degradação e desmatamento (cerca de 30% do total) e antigas grandes propriedades. Foi ainda realizado um pouso na base de operações Norte, local onde anteriormente existia o povoado de Vitória da Conquista. Lá a comitiva conheceu a estrutura de proteção montada pela Funai como a sinalização e cancelas para a proteção do território.  
A operação Awá foi constituída por duas fases. A primeira, notificação pelos oficiais de justiça dos não índios (posseiros, pequenos agricultores, agricultores e madeireiros) que ainda se encontravam na terra indígena e, após 40 dias o desfazimento de construções, cercas e estradas. “Encontrando-se livre de pessoas e coisas estranhas ou incompatíveis ao modo de vida do povo Awá-Guajá, damos por cumprida a ordem judicial de desintrusão expedida pelo Juiz federal da 5ª Vara da Justiça Federal do Maranhão dr. José Carlos do Vale Madeira”,  diz o documento entregue aos indígenas.  
A desintrusão da terra indígena Awa-Guajá  ficou sob a responsabilidade de uma força tarefa interministerial, coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República em parceria com os ministérios da Justiça (Funai, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria Nacional de Segurança Pública/Força Nacional de Segurança Pública), Gabinete de Segurança Institucional (Abin); Defesa (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia / Censipam), Saúde (Secretaria de Saúde Indígena) Desenvolvimento Agrário (Incra), Meio Ambiente (Ibama/ Instituto Chico Mendes), Ministério do Desenvolvimento Social e Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SDH) e Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Saiba Mais
Os Awá-Guajá são um povo de língua tupi-guarani presente em quatro terras indígenas no Maranhão - TI Caru, TI Awá e TI Alto Turiaçu e Araribóia, com uma população considerada de recente contato com  mais de 400 pessoas, além de outros grupos que vivem isolados. Desde o reconhecimento pelo Estado brasileiro do direito de permanência dos índios na região, com a criação da então chamada Reserva Florestal Gurupi, não índios foram se apropriando da área. Ao mesmo tempo a área foi sendo desmatada, conforme mostram dados do monitoramento do desmatamento da Amazônia (Prodes) que apontam devastação de mais de 30% do território.
Link desta matéria: http://www.secretariageral.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2014/04/17-04-2014-awa

Constrangido, PCdoB esconde apoio ao PSDB em site oficial.

vermelhoImagem do Portal Vermelho capturada às 18h39 de ontem (17).
Dois dias depois de o pré-candidato do PCdoB ao Governo do Maranhão, Flávio Dino, pedir a benção do tucano Aécio Neves para ter apoio do PSDB no estado, não há qualquer referência à reunião dos dois pré-candidatos em Brasília na página inicial do site oficial dos comunistas.
Na aba “Maranhão” do Portal Vermelho – “uma página mantida e gerida pela Associação Vermelho, entidade sem fins lucrativos, em convênio com o Partido Comunista do Brasil – PCdoB”, segundo informa o expediente do sítio – a notícia em destaque, pelo menos até 18h39 de ontem (17), ainda era o tal ato de petistas em prol de Flávio Dino, ocorrido no sábado (12).
Apoio do PSDB? Nada além de uma nota escondida na aba “Mais”, abaixo de todas as matérias consideradas mais importantes.
A única referência aos tucanos na “capa” vem de forma tímida, constrangida mesmo, numa matéria na qual o presidente estadual do partido, Márcio Jerry, tece comentários sobre a formação de uma “frente do tamanho do desejo de mudança”.
Outra curiosidade: em editorial na mesma página, o Portal Vermelho exalta pronunciamento da Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
“O pronunciamento da direção comunista é uma peça política que ajuda a construir a contraofensiva das forças progressistas, indispensável para enfrentar o jogo sujo da oposição conservadora e neoliberal e sua estratégia de desestabilização do país”, diz.
Por “oposição conservadora e neoliberal”, entenda-se PSDB e afins…
É… dá pra entender o constrangimento.