domingo, 7 de fevereiro de 2016

O jornalismo cínico e o ponto de não-retorno.

Em 1988, o psicanalista Jurandir Freire Costa alertava que a sociedade brasileira poderia estar chegando a um perigoso ponto de não-retorno. Ela estaria incorporando quatro valores: cinismo, narcisismo, violência e delinquência. 

À época, seus estudos tinham como referência as ideias do filósofo alemão Peter Sloterdij, que escreveu o clássico livro “Crítica da razão cínica”, publicado nos anos 1980, com grande repercussão. 

Por Francisco José Castilhos Karam* 
Mais tarde, além de outros idiomas, foi traduzido para o espanhol (1989) e para o português (2012). Nele, o autor aborda o crescimento do cinismo em escala institucional e pessoal na contemporaneidade. Para Sloterdijk, sob a capa das instituições e grupos, e em contrapartida com discursos de interesse público, crescem os componentes cínicos que se amparam em interesses privados.
Sloterdijk era cético com o destino das instituições. Em relação à mídia, considera viver num mundo aparentemente “superinformado” e, no entanto, de notícias “hipertrofiadas”. Estudioso do cinismo que se agigantava, o autor alemão era descrente em relação às potencialidades midiáticas tradicionais para a democracia. E, por extensão, do jornalismo com sua volumosa informação, que para ele era cada vez mais um espaço de mediação pública de interesses privados. E com a colaboração crescente de jornalistas que incorporam tal “valor”, de forma ingênua ou não, conscientemente ou não…
Já o ponto de não-retorno de Freire Costa atingiria diversas instituições e o comportamento individual. Segundo o psicanalista, a cultura do cinismo deriva da cultura narcísica e “se não há como recorrer a regras supra-individuais, historicamente estabelecidas pela negociação e pelo consenso, para dirimir direitos e deveres privados, tudo passa a ser uma questão de força, de deliberação ou de decisão, em função de interesses particulares. Donde o recurso sistemático à violência, à delinquência, à mentira, à escroqueria, ao banditismo ‘legalizado’ e à demissão de responsabilidade, que caracterizam a ‘cultura cínico-narcísica’ dos dias de hoje” (Costa: 1989, p. 30-31).
O que o Jornalismo tem a ver com isso?
O Jornalismo tentou se afirmar, nos últimos 300 anos, como espaço de informação, conhecimento e esclarecimento sociais, baseado na crença de que tem legitimidade social para isso e fundamentado na credibilidade das informações que por ele circulam. Desde a década de 1970 passou a ser quase um subproduto dentro dos conglomerados midiáticos, em que cada vez mais sócios de empresas de fora da mídia atuam dentro dele, a ponto de não se saber quem investe em quem: se acionistas investem na produção informativa e interferem na adequação a seus interesses; se empresários da mídia e do jornalismo investem em empresas de fora da área para fortalecer interesses particulares que não estão mais no próprio modelo de negócios; ou, afinal, se são um só faz muito tempo e hoje as coisas ficaram apenas mais claras, mais descaradas…
O que vem acontecendo, de forma reiterada, é de uma desfaçatez enorme diante da ideia de esclarecimento público e da defesa de que o jornalismo é o porta-voz da controvérsia e, portanto, a liberdade de expressão é sagrada, bandeira não só dos profissionais – a maioria honestos -, mas também de empresários – a maioria envolvida em sonegação de impostos, achaque dos cofres públicos e política de demissões e rotatividade sem qualquer piedade, embora sempre defendam o jornalismo, em quaisquer circunstâncias oficiais, como vinculado ao interesse público, à informação de qualidade, à fidelidade sobre a história do cotidiano.
Talvez por isso que Sloterdijk tenha escrito que “cinicamente dispostas estão estas épocas de gestos vazios e de fraseologia refinadamente tramada, em que sob cada palavra oficial se ocultam reservas privadas” (1989: v. II, p. 209);
O cinismo e o narcisismo tem se configurado em diversas coberturas, opiniões, comentários e tratamentos dos fatos, apesar de vários profissionais darem o melhor de si para a profissão e a sociedade em muitas matérias, em variadas notícias e reportagens. E sejam honestos em comentários. No entanto, isso parece ser cada vez mais exceção na grande empresa jornalística. O processo que engole e ameaça jornalistas é dilacerante para a profissão e presume que o jornalismo, para sobreviver com o melhor que conseguiu nos últimos séculos, estaria fora do modelo de negócios tradicional, este hoje e de forma inexorável muito mais pautado pelos critérios de audiência do que por relevância temática social. E acentua de forma descarada esta vertente a cada dia…
Rapidamente, três exemplos:
Na semana de 25 a 29 de janeiro, o Jornal Nacional exibiu série de reportagens sobre os problemas da saúde no Brasil, focando, claro, no setor público, tratando do SUS, dos hospitais públicos… O JN esmerou-se em retratar as mazelas pelas quais passa o povo brasileiro em atendimento médico e em tratamento de doenças como câncer e várias outras: filas, espera, mau atendimento, falta de estrutura e tantos outros problemas foram apontados. Isso para o tratamento público e gratuito. Situações reais. Mas durante muito tempo, e hoje, todo o jornalismo da Rede Globo, e especialmente o JN, fez campanha aberta pela redução dos gastos públicos, pelo enxugamento da máquina pública. Depois de intensa e sistemática campanha ao longo de anos, mobilizando a sociedade para cortes em todas as áreas do Estado, há um claro cinismo – e responsabilidade – quando falta dinheiro para qualquer área social, incluindo a saúde. 
Além disso, o JN esquece de dizer que uma parte da estrutura e do dinheiro que falta é responsabilidade da própria emissora e do grupo que representa, sonegador de impostos e com dívidas que ultrapassam a casa do bilhão de reais com a União. Se a dívida fosse paga, certamente seria de muita valia para o uso na área da saúde, como de resto tem sido o atendimento feito, se não perfeito, em geral bem razoável, por exemplo, pelos postos de saúde, hospitais públicos e o setor em geral e que tem logrado salvar muita gente. E ainda mais quando o próprio grupo do qual faz parte o JN esperneia quando o governo ameaça cortar gastos de publicidade, bilionário ao longo dos anos. É o cinismo que beira à delinquência jornalística, à escroqueria: o grupo Globo recebeu do Estado brasileiro – ou seja, “saiu do meu bolso, do seu bolso, da saúde” – mais de seis bilhões de reais nos últimos 12 anos;
Na edição de 30/01/2016, a Folha de S. Paulo traz matéria, quase humorística, assinada por Flávio Ferreira. Em editoria específica de “brasil em crise” (em minúsculo mesmo), o critério de noticiabilidade utilizado pela Folha colocou, no primeiro plano e em tom acusatório, a sensacional informação de que “Mulher de Lula adquiriu barco para sítio”. Um barco que não chega a cinco mil reais; uma propriedade que não se compara em valor às de Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso e a de tantos outros ex-presidentes, parlamentares, mulheres de parlamentares e de presidentes. E que jamais foi notícia. 
Trata-se de uma peça jornalística que beira à delinquência e ao cinismo, feita a mando talvez para tentar corrigir os continuados dados equivocados sobre o triplex de Lula, sobre os imóveis e negócios comprados sem prova alguma por filho de Lula (Havan, entre eles), pelos “ilícitos” nunca provados feitos pelo ex-presidente, que além de não serem ilegais, muitas vezes foram feitos à luz do dia e em função de parcerias de governo, seja com Estados Unidos ou Cuba, conforme deve ser em qualquer relação comercial entre dois países. Suspeitas, sempre suspeitas, e mais suspeitas… Se houvesse provas já haveria faz muito tempo. O mesmo ocorreu quando parte do jornalismo brasileiro insistia em atacar Leonel Brizola sem nunca provar nada;
É quase autoexplicativa a seleção feita pelo site/blog Mídia Independente Coletiva, feita a partir do site do G1 (Rede Globo) e como este trata determinados assuntos. 
É exemplar e pedagógica. O cinismo bate à porta e ocupa o posto do jornalismo:

O crescente número de agressões e processos contra profissionais e empresas está num quadro de perda de legitimidade e de credibilidade, valores que precisam ser arduamente recuperados. No entanto, na lógica empresarial em que se move o jornalismo tradicional, e na submissão de grande parte de seus profissionais em questões-chave de economia e de política, está cada vez mais distante o reconhecimento público à atividade e o respeito a uma profissão que lutou muito, por suas entidades, para adquirir um estatuto profissional específico e uma moral ancorada no interesse público, coisa que ainda as escolas estão a propor e a realizar. Mas que encontra cada vez mais espaço fora do jornalismo de referência histórica e encontra mais possibilidades dentro de modelos alternativos que surgem, dentro ou fora das redes sociais.
Parece ser um caminho para continuar chamando Jornalismo de Jornalismo, driblando os quatro vértices elencados por Freire Costa: cinismo, narcisismo, violência e delinquência. Quem sabe assim o jornalismo, sobretudo o tradicional, escape do que inevitavelmente tem sido a sua marca atual: o perigoso ponto de não-retorno. Ali onde o pêndulo da dialética que sempre marcou a sua história – entre o capital/interesse privado versus interesse público – tem pendido sempre para o lado do primeiro. Pelo menos corresponderia em parte ao que se propôs historicamente.
*É professor na UFSC e pesquisador do objETHOS.


O Turco Erdogan quer guerra com a Rússia de Putin?

6/2/2016, The Saker, Unz Review e The Vineyard of the Saker

Traduzido por Vila Vudu.



Os turcos recusarem-se a cumprir o que determina o Tratado “Open Skies” é desenvolvimento muito preocupante, especialmente se combinado com os alertas russos sobre preparativos para invasão turca à Síria. E os russos não estão economizando no alerta (vídeo legendado em inglês).

Há muitos outros indicadores de que, sim, é possível uma escalada na guerra: as negociações de Genebra foram abruptamente interrompidas; os sauditas estão ameaçando invadir a Síria e há sinais de que o exército sírio, lentamente, mas sem retrocesso, prepara uma operação para libertar Aleppo ainda ocupada por takfiris, o que está criando pânico em Ancara e Riad (o que implica que já deram adeus às ideias estúpidas de que os russos estariam sendo contidos ou de que não existiria exército sírio).




Ao mesmo tempo, há muitos indícios de que todo o “grande plano” de Erdogan para a Síria já colapsou completamente e que não lhe restam opções (leiam, por favor, a excelente análise de Ghassan Kadi sobre isso que postei hoje, e, também, a reflexão dePepe Escobar sobre o mesmo tema).

Não sou adivinho nem profeta. Não posso saber o que Erdogan está realmente pensando, ou se os turcos tentarão invadir a Síria. Mas posso, isso sim, oferecer alguns palpites relativamente bem informados sobre possíveis respostas a esse movimento dos turcos, se acontecer.

Primeiro, dois princípios básicos:

1) Forças russas que sejam atacadas, revidarão. Putin até já lhes deu a necessária autoridade para decidir, e acontecerá quase automaticamente, com comandos locais já autorizados a tomar decisões. Em outras palavras, essa troca de tiros não implicará automaticamente guerra em escala total entre Turquia e Rússia.

2) Se a Turquia invadir a Síria, a Rússia agirá em estrita observância ao que determina e assegura a lei internacional. Significa que exigirá reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e que muita coisa dependerá de como o Conselho reaja. Se a gangue dos fantoches de sempre der ‘cobertura’ à Turquia (o que, em minha opinião não é provável que aconteça, ou não, pelo menos, por muito tempo, no máximo por uma semana, por aí), nesse caso os russos declararão suas obrigações de proteger a Síria, nos termos do “Tratado de Amizade e Cooperação”, de 1980, entre os dois países (sendo a Rússia estado sucessor da URSS, o tratado é plenamente vigente) e do “Acordo entre a Federação Russa e a República Árabe Síria sobre atuação de grupo de aviação das Forças Armadas sobre território da República Árabe Síria”, de 2015.

Em outras palavras, a Rússia preservará para ela certo grau de flexibilidade para interpretar a situação, numa ou noutra direção. E isso, por sua vez, significa que muita coisa dependerá de o que os turcos realmente tentem conseguir.

Se estamos falando da velha típica violação pelos turcos de uma fronteira nacional para atacar os curdos, como já fizeram muitas vezes no passado, e se a intervenção for limitada em profundidade, a Rússia provavelmente optará por meios não militares para pressionar a Turquia. Mais uma vez, por mais que os doidos na Turquia anseiem muito por guerra com a Rússia para internalizar o conflito e forçar a OTAN a intervir, os russos não têm interesse algum nessa escalada.

Assim como no Donbass, o ocidente tenta fisgar a Rússia e arrastá-la para alguma guerra, e a Rússia recusa-se a morder a isca.

O problema é que, diferentes dos ucronazistas, os turcos têm máquina de guerra muito poderosa, que os russos não podem ignorar como ignoraram o exército ucronazista e seus muitos esquadrões da morte. Assim, se o objetivo de Erdogan for mostrar-se muito macho e flexionar alguns músculos, como, digamos, Reagan fez em Granada, nesse caso é possível que nada de mais lhe aconteça, pelo menos por algum tempo. Mas se Erdogan estiver decidido a criar um conflito com a Rússia, os russos não poderão simplesmente dar de ombros e esperar que ele se acalme.

Nesse segundo caso, a Rússia terá várias opções para escalar.

primeira opção óbvia é ajudar sírios e curdos com informação de inteligência. Já está sendo feito agora e, em caso de invasão turca, as ações serão apenas intensificadas.

segunda é varrer dos céus as aeronaves turcas, aviões e helicópteros. É opção fácil, dado que os sírios já têm sistemas bastante bons de defesa antiaérea (incluindo alguns Pantsir-S1, Buk-M1/2E, Tunguskas 2K22 e sistema de alarme precoce bastante robusto) e mais algumas aeronaves mais ou menos capazes (que incluem, possivelmente, MiG-29s modernizados). O Kremlin pode pois contar com certo grau do que a CIA chamou de “negabilidade plausível”.

terceira opção ao alcance da Rússia é ajudar os sírios com o sistema de artilharia que os russos já instalaram na Síria, incluindo armas MTSA-B 52-mm, e lançadores de foguetes BM-27 Uragan e BM-30 Smerch.

Todas essas opções ainda não alcançam nível de guerra em “plena escala” entre Rússia e Turquia. 

Mas se Erdogan estiver determinado a escalar ainda mais, então a guerra será inevitável. Se a Turquia tentar atacar diretamente a base Khmeimim, não há nem sombra de dúvida de que nesse caso a Rússia retaliará.

Que ares terá isso?

A primeira coisa que eu diria é que nem um nem outro país tentará invadir o outro. A ideia de a Turquia invadir a Rússia é auto-evidentemente cômica; mas, embora a Turquia esteja dentro da profundidade de 1.000 km para a qual os militares russos são treinados, não creio que a Rússia sequer cogite de invadir a Turquia. Para começar, e exatamente como acontecia no caso da Geórgia, ninguém na Rússia realmente acredita que os turcos, como nação, desejem guerra. 

No máximo, Erdogan está muito mais para um “Saakashvili versão 2″, que para um Hitler, e será enfrentado por esse parâmetro. Além do mais, se durante a guerra de 08.08.08 a Rússia teve de proteger a população de Ossetia, contra os quase genocidas georgianos, no caso do Curdistão a Rússia não tem obrigação semelhante.

Cenário muito mais provável é repetição do que já vimos, mas em escala muito maior: se Erdogan realmente forçar a Rússia a entrar em guerra, haverá ataques de mísseis cruzadores e balísticos contra qualquer infraestrutura que dê suporte à invasão contra a Síria; afundamento de qualquer nave da Marinha Turca que se envolva no esforço; e ataques à bomba e de mísseis contra concentrações de forças turcas e depósitos de munição e combustível (POL); e, especialmente, contra pistas de pouso. O objetivo da resposta russa não será “derrotar” militarmente a Turquia, mas empurrar os turcos a retroceder, e impor a Erdogan a necessidade de um cessar-fogo.

Mesmo que os militares russos sejam capazes de derrotar completamente a Turquia numa guerra, o Kremlin também sabe perfeitamente que qualquer guerra entre Turquia e Rússia sempre terá de ser encerrada o mais rapidamente possível. Além do que, muito mais que “derrotar a Turquia” o verdadeiro objetivo dos russos sempre será derrotar Erdogan.

Por essa razão, os russos, longe de coçarem o dedo no gatilho, empreenderão todos os esforços imagináveis para mostrar que não iniciaram a guerra, mesmo que isso signifique deixar a Turquia entrar na Síria, pelo menos enquanto os turcos se mantiverem próximos da fronteira e desde que não tentem mudar o curso da guerra. Se tudo que os turcos quiserem for uma estreita “zona segura” dentro da Síria, não vejo os russos usando força militar para negar-lhes isso. Protestarão veementemente, em nível diplomático, a ajudarão sírios e curdos, mas não atacarão diretamente as forças turcas.

E quanto aos sauditas? Ora bolas, e o quê, quanto aos sauditas? Pois se não conseguem dar conta nem dos Houthis no Iêmen, por que alguém suporia que poderiam fazer alguma diferença na Síria? Os militares sauditas são piada. Não passam de força repressora degenerada, que mal consegue levar a cabo operações de repressão anti-xiitas. Podem ameaçar o quanto queiram, mas se tentarem entrar na Síria, sírios, russos, iranianos e o Hezbollah disputarão, uns contra outros, o direito de ser o primeiro exército que aplicará uma lição naqueles felás-da-puta, que eles não esquecerão por muito tempo.

Francamente, simplesmente não quero crer que Erdogan e seus conselheiros sejam suficientemente doidos para tentar disparar uma guerra contra a Rússia, nem, sequer, para invadir a Síria. 

Erdogan, sim, é claramente maníaco, mas não acredito que toda a equipe que trabalha no governo turco sejam, todos, lunáticos. Além do mais, não consigo imaginar que EUA/OTAN/UE realmente apoiariam uma invasão turca à Síria ou, ainda menos, um ataque à Rússia. A russofobia é grande e forte, mas só enquanto não expõe o pescoço de cada um a uma guerra continental, porque aí prevalecem o auto-interesse e a própria sobrevivência, acima de qualquer noção ideológica. Ou, pelo menos, espero que assim seja.

É possível que esteja sendo ingênuo, mas quero acreditar que o povo turco não ficará, lá, sentado, enquanto um presidente ensandecido arrasta o país deles a uma guerra contra a Rússia.

Para concluir, não quero deixar de mencionar algo bem estranho. Um ancião grego, um monge, de nome Paisios, que a Igreja Russa Ortodoxa consagra como santo, é muito conhecido pelas visões proféticas. Uma das mais famosas é a previsão de que Turquia e Rússia se enfrentariam numa grande guerra, cujo resultado seria o esfacelamento da Turquia, com Constantinopla libertada do jugo otomano (quem se interesse, encontra detalhes aqui e aqui).

Monge Paisios
Claro que sei que, hoje, muita gente simplesmente desconsidera esse tipo de coisa como total nonsense, obscurantismo, superstição, pensamento ‘desejante’, brotado da cabeça de um “grego ressentido”, ‘enrolação’ religiosa, etc. OK. Mas tenham em mente que, entre os séculos 15 e 20, Rússia e Turquia já combateram, uma contra a outra, 12 guerras (!). É mais de duas guerras (exatamente 2,4 guerras) por século, e a mais recente aconteceu já faz um século.

Assim sendo, independente de o que você pense sobre profecias, experiência histórica ou estatísticas, as coisas, sim, sim, parecem muito, muito assustadoras, pelo menos em minha opinião. 

E, como Ghassan Kadi e Pepe Escobar explicaram, Erdogan está preso contra a parede, sem saída. Isso, além de tudo mais, também o torna muito perigoso.

Os anglo-sionistas são especialistas em soltar pelo planeta os mais enlouquecidos ideólogos (wahabistas no Oriente Médio; neonazistas na Ucrânia), mas sempre acabam, mais cedo ou mais tarde, por, de um modo ou de outro, perder o controle sobre suas criaturas.

Espero que a ‘cobertura’ que os EUA dão hoje ao regime de Erdogan não resulte em disparar contra o mundo mais uma dessas ideologias pervertidas – um Imperialismo Otomano. Ou, se já tiverem disparado, que ainda esteja em tempo de os EUA porem rédeas naquele lunático, antes de que seja tarde demais.

Erdogan e seu regime são ameaça à paz regional e, também, à paz mundial. Não me faz diferença quem o tire do poder, se o povo turco ou a Casa Branca, mas, sim, espero que os dias de Erdogan no poder estejam contados, porque, enquanto ele lá permanecer, há risco real de uma catástrofe de grandes proporções.*****

Blumenau. Crise no transporte gera cobertura colaborativa.

Professores da Furb, em Blumenau, estão liderando uma experiência de cobertura colaborativa sobre a crise no transporte coletivo da cidade. 
O jornalista Edgar Gonçalves Júnior e os  professores Clóvis Reis, do curso de Publicidade, e Evandro de Assis, do curso de Jornalismo, são os responsáveis pelo Coletivo Blumenau.
Na segunda-feira, (01/02), o grupo monitorou o primeiro dia de atuação da Viação Piracicabana, a nova empresa de transporte coletivo de Blumenau. Criado na noite de quinta-feira, 28 de janeiro, o coletivo conseguiu reunir, até as 20 horas de segunda-feira, 251 participantes que publicaram mais de 100 fotos e vídeos das condições e da lotação dos ônibus e terminais, matéria-prima sobre a qual são produzidos os relatos jornalísticos. A Piracicabana foi contratada por 180 dias após o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) rescindir o contrato com o Consórcio Siga, que operava o sistema desde 2007.
A principal constatação do primeiro dia de cobertura foi de que parte da frota da Piracicabana apresentou problemas de manutenção, entre os quais portas que não fechavam, catracas e elevadores para deficientes emperrados e velocímetros travados. Segundo os usuários, pelo menos quatro ônibus enguiçaram ao longo do primeiro dia. Todos os flagrantes foram registrados com fotos pelos integrantes do Coletivo Blumenau. Dos 240 ônibus contratados, 80 circularam na segunda-feira.

Quem faz o Coletivo Blumenau

A mediação das informações publicadas nesta primeira experiência do Coletivo Blumenau foi feita pelos jornalistas Evandro de Assis,  que foi editor-chefe do Jornal de Santa Catarina, Clóvis Reis,  e Edgar Gonçalves Jr, ex-editor-chefe do Diário Catarinense. 
A proposta do grupo é potencializar o jornalismo local com base nas mídias digitais e no engajamento da população. “ Há tempos a comunicação evoluiu da relação de um a um e de um a muitos para o modelo de muitos a muitos, um processo com muitos emissores, muitos receptores e uma quantidade muito maior de intercâmbios e de cooperação”, disse Assis.
Na avaliação dos mediadores, os leitores não se contentam mais em simplesmente receber informações, mas buscam a interação com a produção da informação, desafiando os padrões tradicionais da comunicação e do jornalismo. O resultado da produção colaborativa é a qualificação da opinião pública e do próprio jornalismo. “Se o jornalismo melhora à medida que o número de fontes de informação cresce, temos que usar a internet, os smartphones e as redes sociais para aproximar os jornalistas e cidadãos. Todo mundo tem a ganhar”, disse Reis.


O Coletivo Blumenau funciona em um grupo no Facebook. O resultado do trabalho é publicado na página www.facebook.com/coletivoblumenau

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Salvador - Um ano após Chacina do Cabula, Justiça Global pede federalização do caso.


Fotos - Mortos da Chacina do Cabula em Salvador - BA.
Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil

Um ano após a morte de 12 jovens negros no bairro de Cabula, em Salvador, e da absolvição dos policiais envolvidos no caso, a organização não governamental Justiça Global pede que a Procuradoria-Geral da República (PGR) assuma o caso.
Os jovens foram assassinados com 88 tiros, mas os policiais foram absolvidos com a alegação de que agiram em legítima defesa após confronto.
“Recebi muitas ameaças, inclusive de morte, por telefone, WhatsApp e redes sociais”, afirmou o promotor Davi Gallo, um dos responsáveis pela investigação independente feita pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) sobre o caso que ficou conhecido como Chacina do Cabula.

Laudos necrológicos que integram o inquérito concluíram que boa parte dos tiros encontrados nos corpos foi disparada a curta distância e de cima para baixo, indícios de execução.

Absolvição - Com base em dezenas de depoimentos, o MP-BA acusou, em maio, os nove policiais envolvidos – um subtenente, um sargento e sete soldados – de terem premeditado uma emboscada contra os jovens.
Dois meses depois, em seguida a uma reconstituição das mortes com cerca de 150 pessoas e nove horas de duração, a investigação da Polícia Civil apontou uma tese diametralmente oposta: os policiais agiram em legítima defesa após confronto. Foram apresentadas ainda armas e drogas encontradas com os jovens. A denúncia do MP-BA foi acolhida pela Justiça da Bahia em 10 de junho e o inquérito policial foi apensado ao caso logo após ser concluído, vinte dias depois.

No dia 24 de julho, em uma decisão incomum pela rapidez e sem dar nenhum encaminhamento ao processo, a juíza Marivalda Almeida Moutinho, que substituía o juiz titular do caso, em férias, absolveu todos os réus. “Num processo com 12 homicídios consumados e seis vítimas sobreviventes caberia, no mínimo, iniciar a fase de instrução. Ela passou por cima de qualquer lei processual desse país e julgou”, critica Gallo. O recurso do MP-BA contra a sentença corre atualmente em segredo de justiça.

Federalização - Os nove policiais envolvidos nunca chegaram a ser retirados do policiamento de rua. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que todos continuam a desempenhar suas funções normalmente, com a exceção de um, que se encontra preso por envolvimento em outro crime.

Essas circunstâncias aliadas à condução fora do comum do processo na justiça baiana levaram a Justiça Global a pedir a federalização do caso.

Por meio de sua assessoria de comunicação, a PGR informou que o pedido se encontra em fase de instrução, com coleta e análise de dados, acrescentando que a decisão final sobre a federalização cabe ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), embora não haja previsão para que ocorra.

“Passado um ano da morte dos meninos, o que temos é a certeza de que a gente não vai parar”, afirmou Hamilton Borges, liderança do movimento Reaja ou Será Morta/Reaja ou Será Morto, grupo que milita contra o genocídio da juventude negra em Salvador e atua diretamente no caso. “A federalização desse caso é nossa única esperança.”

Intimidação - Acompanhando o caso de perto desde o início, a organização não governamental Anistia Internacional relata que após um protesto contra a chacina realizado no próprio Cabula, passaram a ser frequentes operações policiais de caráter intimidador no bairro.

“Representantes da Anistia Internacional foram novamente a Cabula e os relatos dos moradores foram de que as intimidações continuavam e de que a comunidade sentia medo”, disse o diretor executivo da entidade no Brasil, Atila Roque.

Devido às constantes intimidações, a família de Borges comunicou o assédio à Justiça Global, responsável por compilar e encaminhar à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização dos Estados Americanos (OEA) reiteradas denúncias de ameaças recebidas pelos parentes dos mortos em Cabula, assim como pelos integrantes do Reaja.

Por esse motivo, o grupo decidiu blindar os familiares dos mortos na chacina, controlando o acesso de qualquer pessoa desconhecida a eles e acompanhando de perto o seu dia a dia.
“A gente procura manter os familiares resguardados, em segurança, eles não se expõem, não aparecem”, disse Borges em uma entrevista por telefone. “Diante do ódio que a gente observa contra o povo negro, a gente faz questão mesmo de ser antipático, antipalatável, entende?”

Para justificar a proteção, ele dá o exemplo de dois dos seis jovens que sobreviveram à Chacina do Cabula. “Eles saíram da Bahia e desapareceram.”

Edição: Lílian Beraldo
Link original desta matéria: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-02/ um-ano-apos-chacina-do-cabula-justica-global-pede-federalizacao-do


Leia Mais (atualização): Salvador. Federalização das investigações da Chacina do Cabula é pedida pela Procuradoria Geral da República. http://maranauta. blogspot. com.br /2016/07/salvador-federalizacao-das.html

Estados Unidos há Setenta anos Assedia à classe política e ao povo da Europa.

Contrariamente às aparências, a decisão dos Estados Unidos de investigar uma possível ajuda russa a partidos anti-europeus não almeja proteger os europeus de interferência externa. Pelo contrário. Há 70 anos, Washington controla a política do oeste europeu proibindo toda e qualquer forma de democracia genuína. 
De  acordo com um artigo "sensacional" do The Telegraph, o diretor da Inteligência Nacional dos EEUU foi recentemente instruído pelo Congresso a "conduzir um profundo exame sobre o financiamento clandestino russo dos partidos europeus na última década." [1
Essa divulgação — um clássico "vazamento controlado" — destina-se a avisar as entidades políticas desobedientes mas populares em toda a Europa a reduzir suas ambições de reequilibrar as funções e o peso de seus Estados-membros na União Europeia. 

Jobbik da Hungria, Golden Dawn da Grécia, Lega Nord da Itália e Frente Nacional da França estão explicitamente incluídos na "lista de avisos" dos EEUU, enquanto outros "partidos" não denominados na Áustria, República Checa, e Países Baixos estão sendo avisados de que estão "sob uma investigação do serviço de segurança dos EUA". Até o líder do novo do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, é suspeito de flertar com os russos. Então, de acordo com o patrocinador da história do The Telegraph, qualquer político europeu que se atreve a questionar a expansão da OTAN, a política de sanções contra a Rússia, ou a posição europeia atual sobre o conflito ucraniano, é essencialmente uma ferramenta voluntária ou involuntária da "guerra híbrida da Rússia".

Bem, isso seria engraçado se não fosse tão perigoso. Na verdade, qualquer observador imparcial poderia fazer algumas simples perguntas: por que raios as agências de inteligência dos EUA se interessam pelos desafios para a segurança interna da Europa? Eles não são os mesmos agentes que financiam, recrutam e controlam incontáveis organizações políticas, indivíduos e estabelecimentos da mídia no continente europeu? Por que eles estão tão descaradamente revelando seu domínio sobre a Europa?

Um desafiante politicamente correto argumentaria que os Estados Unidos salvaram a Europa da "ameaça comunista" após o fim da Segunda Guerra Mundial, facilitaram a sua rápida recuperação econômica, e estão ainda a salvaguardar o continente sob seu guarda-chuva nuclear. Talvez. Mas uma revisão do contexto histórico não deve começar com o plano Marshall. Em primeiro lugar, este foi lançado em abril de 1948. Desde que os nazistas capitularam em maio de 1945, um leitor mal informado pode deduzir que os Estados Unidos se encarregaram de elaborar um programa de investimento maciço para a Europa durante três anos, e... ele estaria enganado. 

Na Segunda Conferência "Octagon" de Quebec, em setembro de 1944, o Presidente Roosevelt e o Secretário do Tesouro dos EUA Henry Morgenthau Jr enviaram ao PM britânico Winston Churchill seu Programa de Pós-Rendição da Alemanha [2]. Esse documento altamente confidencial previa a partição e desindustrialização completa do Estado alemão. De acordo com o plano, a Alemanha seria dividida em dois Estados independentes. Seus epicentros da mineração e da indústria, incluindo o protetorado de Sarre, o vale do Ruhr e Alta Silésia, seriam internacionalizados ou anexados por França e Polônia. Seguem alguns excertos:
As forças militares [dos EEUU] ao entrar em áreas industriais [alemãs] devem destruir todas as instalações e equipamentos que não possam ser removidos imediatamente. 
• Não mais de 6 meses após a cessação das hostilidades, todas as instalações industriais e equipamentos não destruídos pela ação militar devem ser completamente desmontados e removidos da área ou completamente destruídos. 
• Todas as pessoas de dentro da área devem ser informadas de que essa área não poderá tornar-se novamente uma área industrial. Por conseguinte, todas as pessoas e suas famílias dentro da área, tendo habilidades especiais ou formação técnica, devem ser incentivadas a migrar permanentemente da área e deve ser dispersadas tão amplamente quanto possível. 
• Todos os semanários de jornais, revistas e estações de rádio alemãs, etc. devem ser descontinuados até que controles adequados sejam estabelecidos e um programa adequado formulado.
Esse foi o programa original de recuperação do pós-guerra para a Alemanha, conhecido como Plano Morgenthau. A notória Diretiva dos Chefes de Estado 1067 (Joint Chiefs of Staff Directive: JCS 1067), dirigida ao Comandante-Chefe das Forças de Ocupação dos EUA na Alemanha, que foi lançada oficialmente em abril de 1945, foi totalmente em conformidade com aquele documento [3].
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Partição da Alemanha de acordo com o plano Morgenthau, 1944
O Plano Morgenthau rapidamente provou ser um erro estratégico. Os Estados Unidos subestimaram o impacto ideológico e cultural que os soviéticos teriam nas sociedades europeias. Confiando em seu próprio julgamento, os estrategistas americanos falharam em entender a atração que o sistema socialista exercia para a maioria da população das nações libertadas. 
Um vasto espectro de políticos pro-socialistas e pró-comunistas começou a ganhar eleições democráticas e a ganhar influência política não só na Europa Oriental mas também na Grécia, Itália, França e outros Estados europeus (Palmiro Togliatti e Maurice Thorez são apenas alguns que poderiam ser lembrados aqui). 
Assim, Washington veio a entender que sua forçada desindustrialização da Europa poderia resultar em reindustrialização de estilo soviético e eventual domínio russo do continente... Portanto, os EUA tiveram de substituir prontamente o plano Morgenthau com um nomeado em homenagem ao Secretário de Estado George Marshall... 
Ao longo de quatro anos, eles forneceram à Europa 12 bilhões de dólares em créditos, doações, arrendamentos, etc., com a finalidade de que comprassem... máquinas e outros bens americanos. Embora o plano, sem dúvida, reavivou as economias da Europa, seu maior efeito positivo foi... na economia dos EUA em si! Simultaneamente, uma onda de repressão política foi lançada em toda a Europa, principalmente na Alemanha.
A mídia tem em grande parte esquecido da iniciativa Soviética, proposta em 1950, de se retirar da RDA (República Democática Alemã) e reunificá-la neutra, não-alinhada, desmilitarizada, dentro de um ano da celebração do Tratado de Paz. De fato, a resolução aprovada na Reunião de Praga dos Ministros dos Negócios Estrangeiros do Bloco Soviético em 21 de outubro de 1950 propôs a criação de um Conselho Constituinte alemão, com representação paritária das Alemanhas Oriental e Ocidental, para preparar a formação de um "governo provisório todo-alemão, soberano, democrático e pacífico". 
É óbvio que o governo dos EUA e administração em Bonn da Alemanha Ocidental opuseram-se veementemente a essa iniciativa [4]. Enquanto um plebiscito sobre a questão "Você é contra a re-militarização da Alemanha e a favor da conclusão de um Tratado de paz em 1951?" foi anunciado em ambas as metades do Estado dividido, o referendo foi realizado e oficialmente reconhecida apenas na Alemanha Oriental (com 96% a votar "Sim"). 
As autoridades da Alemanha Ocidental controlada pelos EUA não responderam de forma verdadeiramente democrática. Elas se recusaram a reconhecer os resultados preliminares do referendo que havia sido realizado desde de fevereiro de 1951 (dos 6,2 milhões de cidadãos federais que tinham tomado parte, em junho de 1951, 94,4% também votaram "Sim") [5] e introduziram o draconiano e cauteloso Ato de Alteração Direito Penal (o Blitzgesetz de 1951) em 11 de julho. De acordo com essa legislação, qualquer um que fosse culpado de importar literatura proibida, criticando o governo, ou tivesse contatos não declarados com representantes da RDA, etc. seria julgado por "traição de Estado," que era punível com 5 a 15 anos na prisão. 
Por conseguinte, entre 1951 e 1968, 200.000 acusações foram feitas contra 500.000 membros do partido comunista e outros grupos de esquerda na Alemanha sob essa lei. Dez mil pessoas foram enviadas para a prisão, e a maioria daqueles que foram "limpos" de acusações nunca retomou suas atividades políticas. Alterações legais adicionais em 1953 na verdade aboliram o direito de livremente realizar encontros e manifestações, e, em 1956, o partido comunista da Alemanha foi banido.
Mais detalhes podem ser encontrados no documentário de 2012 de Daniel Burkholz Verboten – Verfolgt – Vergessen (Proibido-Seguido-Esquecido. Meio Milhão de Inimigos Públicos), que surpreendentemente não está disponível no YouTube.

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A repressão política que ocorreu na Alemanha dos anos de 1950 à década de 1980, em comparação com eventos semelhantes em outros países europeus durante o mesmo período, é um tema de muito tabu. 
A Operação Gladio na Itália, os crimes do regime dos Coronéis Negros na Grécia, e os controversos assassinatos de políticos europeus realistas que defendiam abertamente um compromisso histórico com o Bloco Soviético – tais como o PM italiano Aldo Moro (1978) e o PM sueco Olof Palme (1986) – todos receberam muito mais atenção da mídia. 
As revelações feitas por um ex-correspondente do Frankfurter Allgemeine Zeitung, Udo Ulfkotte, em seu livro Gekaufte Journalisten ("Jornalistas Comprados") sobre o mecanismo de controle de mídia na Alemanha (lembra-se do Plano Morgenthau?) representam apenas a ponta do iceberg.
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A quase total ausência de reação vista em Berlim após a divulgação de Edward Snowden da cobertura de espionagem eletrônica rotineiramente realizada contra os líderes alemães pela NSA [do inglês National Security Agency: Agência de Segurança Nacional] significa que, na realidade, a Alemanha reconheceu a sua perda de soberania sobre seu próprio país e, portanto, não tem nada a perder.
Assim, após levar todos esses fatos em consideração e reler o artigo no Telegraph, você ainda tem tanta certeza de que os Estados Unidos é verdadeiramente o guardião da soberania da Europa? 
Não é mais provável que, usando a alegada "ameaça russa" para controlar e assediar as instancias políticas e a sociedade civil na Europa, Washington esteja fazendo avanços em direção a um objetivo simples e primitivo – o de meramente manter suas ovelhas no rebanho?
Tradução - Marisa Choguill

Novo Caça Russo SU 35-S é testado na Síria antes de seguir para a Chiua.


Os novos caças russos Su-35S, que já têm 24 unidades encomendadas para a China, começaram a ser testados no combate ao Estado Islâmico (EI) na Síria. Os quatro modelos atualmente em operação foram entregues às Forças Aeroespaciais da Rússia em novembro do ano passado.

“Antes de fornecer os Su-35S para a China, o Ministério da Defesa e a [agência russa de exportação de armamentos] Rosoboronexport têm que realizar testes dos aviões em condições de combate”, disse à Gazeta Russaum representante do complexo militar-industrial russo.
“A participação das forças aéreas russas no conflito sírio já aumentou o interesse de compradores nos modelos Su-24, Su-25M e no bombardeiro Su-34. As informações sobre a participação dos Su-35S facilitarão suas vendas no mercado internacional”, acrescentou a fonte.No final de 2015, Rússia e China assinaram um acordo para o fornecimento de 24 novos caças Su-35 no montante de quase US$ 2 bilhões. Cada caça tem custo estimado em US$ 83 milhões.

O Su-35 é um caça de múltiplas funções construído na base da plataforma T-10S, com a aerodinâmica do Su-27 e equipamentos aviônicos de quinta geração. Segundo o programa de armamento estatal, as Forças Aeroespaciais russas receberão 96 unidades até 2020.
Além da China, Indonésia e Emirados Árabes Unidos também já demonstraram interesse em adquirir o novo modelo de caça russo e mantêm negociações com a Rosoboronexport.
Recentemente, o norte-americano F-22 “Raptor”, análogo do Su-35S, realizou um voo entre uma base aérea na Itália e o território da Síria para demonstrar sua capacidade de combate.
Ameaça turca - Após o ataque da aviação turca contra o bombardeiro Su-34, em novembro de 2015, todos os aviões russos realizam tarefas militares na Síria sob proteção do sistema de defesa aérea S-400.
Na sexta-feira passada (29), as unidades da Força Aérea turca entraram novamente em estado de alerta devido a uma suposta violação de espaço aéreo por um Su-34 russo. Moscou, porém, negou a informação e garantiu que nenhum avião russo havia cruzado a fronteira turco-síria.
“Trata-se de um caça de múltiplas funções que pode realizar combate aéreo e destruir alvos terrestres”, completa o observador militar, ressaltando que, hoje, os pilotos da Força Aérea turca têm permissão para tomar decisões de forma independente e derrubar qualquer avião que represente perigo à segurança nacional.
Segundo o diretor do Centro da Situação Estratégica, Ivan Konovalov, os caças Su-35S também estão sendo enviados à região para fortalecer o agrupamento das Forças Aeroespaciais da Rússia, “tendo em conta a atual situação política”.