domingo, 15 de janeiro de 2017

Acre. Operação G7, a imprensa que acusou, cala-se na absolvição, por Marcelo Auler.


Desde maio de 2013, a partir da chamada Operação G7, realizada pela Polícia Federal do Acre sob o comando do delegado Maurício Moscardi Grillo – na época, chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado no Acre, hoje, lotado em Curitiba – 21 pessoas foram massacradas pelo noticiário, com base em informações da polícia e do Ministério Público Federal (MPF).

Foram acusados por suposta fraude na licitação para a construção de 3.348 casas populares, ao preço de R$ 53 mil cada, em um montante de R$ 177 milhões. Por envolver um governo do PT e, mais ainda, Thiago Paiva, sobrinho do governador Tião Viana, o fato ganhou destaque na imprensa nacional. Mais do que justificado, jornalisticamente falando. Porém, como sempre, a imprensa abasteceu-se nas mãos de suas “fontes”, sem abrir  espaço às defesas. Agora, quando sai a absolvição, a maioria dos meios de comunicação, simplesmente ignora o fato.
Na segunda-feira, 09/01, ao ser divulgada a sentença de 31 páginas do juiz federal Jair Araújo Facundes, da 3ª Vara da Justiça Federal de Rio Branco, descobre-se que ‘não há prova do delito’ atribuído a empresários do setor da construção e a ex-secretários estaduais.  O projeto para construção das casas populares foi considerado normal por Facundes que ainda ressaltou na sua decisão a construção de avenidas, praças, escolas, rede elétrica, esgoto, delegacias etc.. “O custo total estimado é superior a 2 bilhões”, registrou.

Na imprensa, que antes massacrou os envolvidos, (leia o artigo acima do engenheiro Wolvenar Camargo Filho, publicado originalmente no Página 20, também do Acre, falando do seu drama pessoal durante quatro anos e oito meses) nenhuma linha foi registrada, com exceção do Blog do jornal O Estado de S. Paulo, o jornal Página20, do Acre, e do blog do sempre atento jornalista acreano Altino Machado. Foi nele, por sinal, que li as declarações do governador Tião Viana, que reproduzo:
“O que se lamenta, no entanto, é a completa impossibilidade de reparação dos efeitos causados pelos excessos da tal Operação G-7, quando usou de força desproporcional, prendeu antes da defesa e expôs à execração pública pessoas sem culpa formada. Tais abusos chocaram a comunidade acreana, desestabilizaram famílias e se agravaram ao ponto de comprometer fatalmente a saúde de dois chefes de família que teve a sua exposição convertida em tragédia. Os fatos chamam à reflexão, aconselhando muita responsabilidade, humildade e parcimônia na aplicação do poder, na abordagem política e no trato da informação em episódios que exigem esclarecimentos públicos, mas não devem prestar-se à massa de manobra de interesses ocultos”.
No mesmo tom, na quarta-feira (11/01), bateu o senador Jorge Viana, maior liderança do PT acreano, conforme noticiou também o jornal Página20, daquele estado: “A verdade veio à tona e eles foram inocentados. Finalmente, fez-se Justiça. Isso não é pouca coisa nesses tempos de execução sumária da honra pessoal pelo tribunal da opinião pública”.
O delegado Moscardi, cabe lembrar, é o mesmo que conduziu uma sindicância no primeiro ano da Operação Lava Jato – a 04/2014 – para investigar o grampo encontrado na cela do doleiro Alberto Youssef, no final de março daquele ano, 13 dias após ele ser preso. Sua conclusão foi de que o grampo estava desativado, era antigo, e nada tinha captado.
Não demorou muito a tudo isto ser derrubado pelos fatos, a partir da investigação que os delegados da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal do Paraná (SR/DPF/PR) montaram, em 2015, em retaliação aos seus colegas que fizeram chegar à imprensa as postagens que estes mesmo delegados fizeram, na campanha eleitoral, apoiando Aécio Neves e criticando o então presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff.
No Inquérito que abriram para investigar um imaginário dossiê que estaria tentando derrubar a investigação da Lava Jato – outra iniciativa que atinge até hoje a reputação de alguns dos envolvidos – o delegado Mario Renato Castanheira Fanton obteve do Agente de Polícia Federal (APF) Dalmey Fernando Werlang a confissão de que o grampo existiu, foi colocado a mando dos delegados que chefiavam a Lava Jato e realmente captou áudios da cela. Uma nova sindicância, feita pela Corregedoria Geral do DPF em Brasília – 04/2016 – segundo consta, concluiu pela veracidade das informações. Por isso mesmo, vem sendo mantida em segredo, pois seu resultado certamente gerará problemas à equipe da SR/DPF/PR.
Acusações infundadas no Acre – Quando presidiu o inquérito da Operação G7, em Rio Branco, no Acre, como consta da denúncia do processo, a investigação comandada por Moscardi  “comprovou a existência de um seleto grupo de empresários do ramo da construção civil que, mediante ajustes recíprocos, abuso de poder econômico e colaboração comissiva e omissiva de agentes públicos pertencentes à cúpula do Poder Executivo Estadual, fraudou o caráter competitivo de várias licitações e eliminou a concorrência no âmbito do maior empreendimento habitacional da história do Estado do Acre, no período de 2011 a 2013, a fim de se beneficiar com a execução de seus objetos”.
A própria nota oficial divulgada pela Justiça Federal do Acre no início desta semana – que não teve repercussão nos principais jornais que, à época da Operação, noticiaram com alarde as prisões e as acusações -, descreve a lerdeza do trabalho de investigação:
“A investigação teve início em 2012 e em maio de 2013 foi realizada a operação policial em cumprimento a mandados de prisões, buscas e apreensões expedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Acre. O STF reconheceu a incompetência da Justiça Estadual, concedeu liberdade aos investigados, submetendo-os a medidas cautelares substitutivas da prisão, além de encaminhar o processo para a Justiça Federal do Acre. Em fevereiro de 2014, mais de 8 meses após as prisões sem oferecimento de denúncia, todas as medidas cautelares (proibição de contactar corréus, impedimento de frequentar Sinduscon, participar de licitações etc.) foram extintas. Em dezembro de 2014, mais de 19 meses desde a prisão sem oferecimento de denúncia, o indiciamento foi cancelado. A denúncia foi oferecida em outubro de 2015. A instrução da causa, com mais de 50 testemunhas arroladas pelas partes, residentes em vários estados, foi encerrada em agosto de 2016“.
A nota prossegue: “a acusação sustentou a existência de cartel, afirmando que empresários da construção civil e agentes públicos se uniram para o fim de eliminar a concorrência na seleção das empresas que iriam construir 3.348 casas no Projeto Minha Casa Minha Vida, na cidade do Povo, neste município de Rio Branco. O conluio teria se dado, em suma, através da criação de exigências editalícias que dificultariam a participação de outras empresas não integrantes do cartel; da fixação do prazo de 9 dias para as empresas apresentarem documentação; do pagamento do projeto arquitetônico básico para a cidade do povo etc.”.
Na sentença, o juiz Facundes registrou: “a força policial não logrou descobrir nada mais substancial. Fato é que nada de concreto foi obtido, apesar da enorme varredura nos inúmeros procedimentos de licitação envolvendo as empresas ligadas aos acusados que demonstrasse a veracidade do cartel descrito no diálogo em exame“.
Em seguida, ele considerou que “as exigências contidas no edital não eram abusivas, e a documentação solicitada era de fácil obtenção (CNPJ, certidões de regularidade fiscal, inscrição no CREA etc.); que não há prazo fixado em lei para as empresas apresentarem documentação, não se revelando ilegal o prazo de 9 dias; que o pagamento de projetos de interesse da comunidade por empresas, por si mesmo, não configura vantagem nem favorecimento (…) o sistema de habilitação ou classificação das empresas foi estabelecido pelo Ministério das Cidades e era determinado por índices financeiros calculados por instituições bancárias (Banco do Brasil e Caixa Econômica), longe da influência de agentes estaduais e empresários;”.
O prejuízo à idoneidade das pessoas foi ainda maior. Afinal, a operação G-7 – como destacou Altino Machado em seu blog – , além da própria ação penal, gerou 33 investigações, incluindo o inquérito sobre o hospital de Brasiléia. Em vários inquéritos o MPF pediu arquivamento, homologado ora por este mesmo juiz federal, ora pela Câmara de Revisão do próprio Ministério Público Federal, sediada em Brasília. Uma outra ação penal em que os envolvidos foram acusados de fraude na licitação para construção do hospital de Brasiléia se encerrou com pedido de absolvição do próprio MPF.
Tudo isso, com ampla divulgação na época. Mas, para as decisões que mostraram que as acusações feitas não se sustentaram, a chamada grande imprensa – com a exceção citada acima – não deu espaço. Depois questionam o motivo da perda da credibilidade dos jornais.
Os acusados que foram inocentados são:
Acrinaldo Pereira Pontes,
Aurélio Silva da Cruz,
Carlos Afonso Cipriano dos Santos,
João Braga Campos Filho,
João Francisco Salomão,
João Oliveira Albuquerque,
Jorge Wanderlau Tomás,
José Adriano Ribeiro da Silva,
Keith Fontenele Gouveia,
Marcelo Sanchez de Menezes,
Mário Tadachi Yonekura,
Narciso Mendes de Assis Júnior,
Neyldo Franklin Carlos de Assis,
Orleilson Gonçalves Cameli,
Rodrigo Toledo Pontes,
Sérgio Yoshio Nakamura,
Sérgio Tsuyoshi Murata,
Vladmir Câmara Tomás,
Wolvenar Camargo Filho,
Carlos Tadashi Sasai, e
Nilton Luiz Bittencourt Silveira.


Recordando algumas notícias: 

São Paulo. Polícia emite alerta contra o PCC e Governo diz que desconhece a ameaça.

Moraes, Alckmin e Mágino Alves, secretário de Segurança em SP em maio, quando ele assumiu o cargo.

El Pais informa que o "Comunicado que circula entre policiais diz que facção se arma para ataques na terça-feira (17.01)". 

Um alerta que tem se disseminado entre policiais civis e militares informa que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) está se preparando para fazer ataques em série em diversas localidades de São Paulo na próxima terça, 17 de janeiro. As informações foram repassadas por meio de uma mensagem oficial direcionada aos agentes pelo Centro de Inteligência Policial de Araraquara. O órgão é um departamento da Polícia Civil paulista.

Diz o documento encaminhado para todas as unidades policiais: “Para conhecimento e demais providências, informo que chegou ao conhecimento deste Centro de Inteligência que comunicado entre os membros do PCC dão (sic) conta de que armas de fogo foram distribuídas aos integrantes da facção para possíveis ataques. Consta que no próximo dia 17 de janeiro o comando do PCC irá ordenar aos executores o tipo de ataque e o local onde cada um terá que agir”. A reportagem confirmou a veracidade do ofício com cinco policiais que pediram para não ter seus nomes divulgados.

De acordo com essas fontes, a razão dos ataques seria a possível transferência de 12 lideranças do PCC para presídios federais ou pela extensão dos prazos de permanência delas na penitenciária de Presidente Bernardes, onde prevalece o cumprimento do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Esse tipo de punição tem o prazo máximo de 60 dias e é dado a detentos que cometeram penas graves nas prisões, como ordenaram a prática de crimes mesmo estando presos. Parte desses líderes, inclusive o principal deles, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, está cumprindo sua pena nele desde dezembro e, em princípio, seria transferido para outro presídio em fevereiro. O Governo do Estado, porém, estuda maneiras de prorrogar as punições a essas lideranças.

Brasil. Rebelião em presídio de Natal deixa pelo menos 12 mortos.


Presídios superlotados em Manaus
REPRODUÇÃO/AGÊNCIA BRASIL.
ONU: Tratamento desumano é causa de crise nos presídios do Brasil

Rebelião no Rio Grande do Norte é mais um capítulo da crise do sistema penitenciário brasileiro, que só neste início de 2017 já resultou em quase 100 mortes em diferentes prisões do país.



Uma rebelião que começou em dois presídios vizinhos neste sábado (14) em Natal, no Rio Grande do Norte, resultou na morte de pelo menos 10 presos. Autoridades informaram que número de ÓBITOS pode aumentar. 

O motim nos presídios de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga começou por volta das 16h30 após confronto entre membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) e so Sindicato do Crime.

"Os policiais já entraram, estamos retomando o controle, mas sabemos que a situação é crítica. O presídio é muito extenso, não conseguimos chegar a todos os locais ainda", informou o secretário de Justiça e Cidadania do governo estadual, Wallber Virgolino, ao Globo, no começo da noite.  A rebelião no Rio Grande do Norte é mais um capítulo da crise penitenciária brasileira, que só neste ano já deixou quase 100 mortes no Amazonas e Roraima. 


ATUALIZAÇÃO - I : Rebelião de Alçacruz já são Doze mortos, segundo a mídia local.

Polícia só vai entrar em Alcaçuz quando amanhecer e não sabe número exato de mortos

Segundo notícias publicadas no Blog do Heitor Gregório, no sitio tribunadonorte.com.br. A rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, que teve início por volta das 16h30 deste sábado (14), vai continuar até o amanhecer deste domingo (15).

O próprio Governo do Estado informou que a polícia ainda não teve condição de entrar na Penitenciária, pois determinou o corte da energia elétrica em toda região do Presídio. Oficialmente também ninguém sabe o número de mortos. 
Informações chegadas ao Blog de Heitor Gregório/Tribuna do Norte já dão conta que o número de mortes em Alcaçuz chega a 12. 
Cabeças degoladas já foram jogadas no pátio, segundo informações extraoficiais. Inclusive, a foto abaixo circula nas redes sociais, onde repercutimos por não estar completamente nítida, preservando a identidade das vítimas. 

O SINPOL-RN pede a todos os policiais civis que fiquem em alerta para uma possível onda de ataques por parte de bandidos. Isso porque existem informações vinda de presídios dando conta de um salve geral dos presos no Rio Grande do Norte e em outros estados.
“Inclusive, a penitenciária de Alcaçuz já está com os presos rebelados e outras unidades estão em tensão. Pedimos que os colegas fiquem com atenção redobrada, estando de serviço ou de folga”, afirma Paulo César de Macedo, presidente do SINPOL-RN.


LEIA MAIS: 

Natal/RN. 26 presos morreram na rebelião da Penitenciária de Alcaçuz. Já são 134 assassinatos em presídios pelo país neste início de ano. http://maranauta. blogspot.com.br/2017/01/natalrn-26-presos-morreram-na-rebeliao.html

2 - São Paulo. Polícia emite alerta contra o PCC e Governo diz que desconhece a ameaça. http://maranauta.blogspot.com.br/2017/01/sao-paulo-policia-emite-alerta-contra-o.html

3 - Paraná. Grupo armado explode muro de presídio dando fuga a 28 presos, dois bandidos são mortos pela Polícia. http://maranauta.blogspot.com.br/2017/01/parana-grupo-armado-explode-muro-de.html

sábado, 14 de janeiro de 2017

Estados Unidos - Tem 11 (onze) Porta-aviões, o que fazem dez destes porta-aviões nas docas?

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Foto - EUA Dez Porta-Aviões Enfileirados.

por Paul Craig Roberts, com tradução de btpsilveira
Leitores estão me perguntando a causa de 10 dos 11 porta-aviões dos Estados Unidos estarem enfileirados em docas, presumivelmente para manutenção. Isso faz lembrar a batalha naval de Pearl Harbour. Os leitores questionam se não seria uma indicação de que o Estado Profundo poderia estar planejando um ataque de falsa bandeira contra os navios, como o que foi feito contra o World Trade Center e Pentágono, para desencadear uma guerra contra o mundo muçulmano independente, mas desta vez destinado a levar os Estados Unidos e a Rússia a uma guerra antes que Trump e Putin consigam restaurar e normalizar as relações entre os dois países.
Penso que não. O ataque dos japoneses contra Pearl Harbour foi real, embora provocado. A fraude estava no fato de que, mesmo tendo Washington informações sobre o ataque, não as compartilhou com a Marinha dos EUA em Pearl Harbour. Os navios de batalha que ali se encontravam tinham armamento obsoleto e os porta-aviões foram removidos anteriormente. Seria muito difícil culpar a Rússia no caso de um ataque de falsa bandeira contra os porta-aviões dos Estados Unidos. Na realidade, se a Rússia quisesse atacar os EUA, o alvo provavelmente não seria armas tão ultrapassadas como porta-aviões.
Conforme informações que me foram passadas por antigos (?) funcionários dos serviços de inteligência, os porta-aviões estão nas docas para que possam trocar suas fiações de cobre por fibras óticas. Parece que os russos têm capacidade de desligar os sistemas operacionais de nossos navios e aviões, desde que estes tenham fios de cobre. O que permite essa conclusão, são relatos de que um navio com mísseis que Washington mandou para impressionar a base naval russa na Crimeia teve todos os seus sistemas eliminados após ser sobrevoado por apenas um jato russo. De acordo com outros relatos, dois jatos de Israel fabricados nos EUA foram mandados para sobrevoar o espaço aéreo controlado pela Rússia na Síria, em clara desobediência ao estabelecido pelas Forças Armadas da Federação Russa. Os russos solicitaram que os aviões de Israel deixassem a área e quando eles desobedeceram, os russos derrubaram os controles de comunicação e de controle de disparo dos jatos.
De acordo com o que me foi dito, os russos descobriram que navios ou aviões que tenham fiação de cobre, permitem que eles embaralhem seus sistemas operacionais a partir de certas frequências de radar de seu sistema de controle aéreo.
Se esse relato for verdadeiro, e confesso que não tenho capacidade técnica para julgar sobre o que me foi informado, nós estaríamos no momento de conferir a verdade de tudo o que foi dito sobre as intenções agressivas de russos e chineses contra o ocidente. Com as forças dos Porta-Aviões dos Estados Unidos inoperantes, seria um momento privilegiado para a Rússia invadir e conquistar a Ucrânia e qualquer outro país que se alega ela quer invadir, e seria também um momento propício para a China tomar de vez o Japão e Taiwan, se quisessem. Não haveria uma Marinha (norte)Americana para detê-los e a ameaça nuclear dos palhaços de Washington significaria apenas a completa destruição de todo o mundo ocidental, com os cretinos estúpidos em Washington sendo os primeiros a perecer.
As acusações de agressão chinesa ou russa são mentiras risíveis. A China nunca declarou que o Golfo do México ou as águas que banham as costas da Califórnia são “áreas de interesse nacional da China”, mas a assassina demente Hillary Clinton, quando fazia parte da administração do ganhador do Prêmio Nobel da Paz declarou que o Mar do Sul da China é “uma área de interesse nacional dos Estados Unidos”. Isso é uma provocação em cima de um insulto. Nenhum diplomata inteligente jamais faria uma provocação tão ridícula.
A Rússia conquistou a Georgia apenas como resposta a uma invasão da Ossétia do Sul pela Georgia, mas deixou para lá e não a reincorporou como uma antiga província da Federação Russa, que era o status do país por mais de 300 anos. A Rússia se recusou a aceitar o pedido de Donetsk e Lugansk, repúblicas separatistas da Ucrânia, de reincorporação à Federação Russa. A Rússia nunca declarou que os países Bálticos e a Europa Oriental seriam áreas de interesse nacional russo, mas os EUA incorporaram todos esses países ao seu exército mercenário da OTAN, alocando ali tropas, tanques e mísseis os quais só teriam utilidade como arma de ataque contra a Rússia. Até agora, a Rússia ainda não respondeu simétrica ou assimetricamente.
Todas as agressões entre países que acontecem no mundo são executadas por ou geradas nos EUA. Isto é claro como o dia. Como pode haver tão poucas pessoas que enxerguem esse fato óbvio? Quem a não ser Washington tem estado em guerra permanente desde o regime Clinton, matando pessoas em nove países?

Por que toda a esquerda liberal progressista está ajudando o establishment entranhado na CIA, ao demonizar o presidente eleito Donald Trump, que já declarou que um de seus objetivos é normalizar as relações com a Rússia? Seria isso uma indicação de que a esquerda liberal progressista é uma das frentes da CIA? Embora pareça, a possibilidade não é estapafúrdia. Como é de conhecimento geral, a CIA manda na imprensa e TV dos Estados Unidos e da Europa. Por que iria ignorar a esquerda liberal “progressista” que se manifesta principalmente pela Internet, através da mídia alternativa?
A regra é que “o inimigo de meu inimigo é meu amigo”. É óbvio que o establishment que é inimigo da esquerda liberal é inimigo de Trump, então por que a esquerda liberal se aliou com o seu inimigo no establishment contra Trump?
Mas a questão real é a seguinte: existe mesmo uma esquerda liberal independente?
Se existe, onde diabos está ela? Os membros da esquerda liberal progressista estão servindo como defensores da história oficial e falsa de que um bando de sauditas sem informações de um serviço de inteligência ou o aparato de um Estado enganou facilmente todas as 16 agências de inteligência, o Conselho de Segurança Nacional, o Pentágono, segurança dos aeroportos, controle de tráfego aéreo, a Força Aérea do Império dos EUA, o próprio Dick Cheney, bem como o Mossad israelense a serviço do imperialismo (norte)americano e infligiu a maior e mais humilhante derrota a uma alegada “superpotência” em toda a história da humanidade.
Ninguém que seja estúpido o suficiente para acreditar na história oficial de 11/9 é suficientemente inteligente para pretender ser um esquerdista liberal ou mesmo um ser consciente.
Em verdade, o mundo ocidental, que está à procura de sua própria destruição, precisa desesperadamente de uma esquerda verdadeira, uma esquerda imune a limitações emocionais que a deixem cega para a realidade.

Roraima - Criticado por ter mandado para casa mais de 100 presos. O Juiz Marcelo Lima de Oliveira, afirma “Não tinha segurança, não tinha agente suficiente e ia ter um banho de sangue”. Ele culpa o estado pelo fortalecimento das facções e define as prisões como depósito de gente.

14/01/17 - por Maria Teresa Cruz - Ponte.org.

Criticado por ter mandado para a casa mais de 100 presos, juiz de Roraima culpa o estado pelo fortalecimento das facções e define as prisões como depósito de gente. 

O juiz substituto da Vara de Execução Penal de Roraima, Marcelo Lima de Oliveira.  

Sem escolha. Assim o juiz substituto da Vara de Execução Penal de Roraima, Marcelo Lima de Oliveira, definiu a decisão de caráter emergencial que colocou 161 detentos do regime semiaberto em prisão domiciliar depois que um informe interno do Centro de Progressão Penitenciária dava conta que o local seria palco de vingança do PCC contra o Comando Vermelho. 

O estado é comandado 90% pelo PCC e apenas 10% pelo CV, segundo o magistrado, que ressalta que a primeira matança entre as duas facções ocorreu e outubro. Na época, o BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia) divulgou o número de 25 mortos.

Oliveira foi criticado por muita gente e usou as redes sociais na última quarta-feira (11/1), segundo ele, para explicar à sociedade e tranquilizar familiares e amigos de que não tinha ficado maluco. Ele se queixa de que a maior parte das críticas – muitas ofensivas, inclusive – veio de pessoas que desconhecem o sistema.

“Não havia riscos adicionais além dos que já existiam. Muito pelo contrário. Não havia como fazer diferente. A decisão foi tomada porque havia um informe da inteligência da polícia de que a próxima rebelião, ou algo do gênero, seria justamente naquele centro, que é um local onde há vários problemas de segurança há algum tempo”, pondera Oliveira.

Vale lembrar que, cinco dias depois da chacina em Manaus, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, foi palco de vingança do PCC, que deixou mais de 30 mortos.

Aprovado em primeiro lugar no concurso do Tribunal de Justiça de Roraima, Marcelo de Oliveira foi empossado no dia 19 de agosto do ano passado. Desde então, além de arbitrar progressões de pena e presidir audiências de custódia, o juiz fiscaliza unidades prisionais de todo o estado que, para ele, estão em estado de abandono.

Em entrevista à Ponte Jornalismo, ele critica a aplicação da lei de execução penal, atribui o crescimento das facções à ausência do estado e faz um relato emocionante sobre uma mãe que, sem escolha, entrou para o tráfico para proteger o filho. A decisão gerou polêmica a ponto de o senhor manifestar publicamente o descontentamento com as críticas. 

Quais foram os elementos que levaram o senhor a decidir pela soltura em caráter emergencial daqueles presos?

A decisão foi tomada porque havia um informe da inteligência e um outro, paralelo, da direção da unidade prisional, de que a próxima rebelião, o próximo massacre, a próxima vingança do PCC, ou algo do gênero, seria justamente naquele Centro de Progressão Penitenciária, que carrega vários problemas de segurança há algum tempo. 

Essa era a situação. Não havia maiores elementos. O diretor da unidade estava na minha frente com um documento oficial dizendo que não havia segurança, que não tinha agente penitenciário suficiente, especialmente na entrada e na saída. 

Aliás, isso eu faço questão de deixar claro: todos os liberados são presos que estão diariamente na sociedade, das 6 até 20 horas. Por questão de estudo ou trabalho, muitos deles podem ficar até meia noite na rua, quando então voltam para dormir no Centro de Progressão. São presos inseridos socialmente e, no aspecto legal, não oferecem risco para sociedade. Naquele momento, o risco maior era para eles. 

Imagine você se eles permanecessem lá dentro e houvesse uma chacina? E aí fica aquela escolha: o diretor está dizendo que não tem segurança, um informe diz que o próximo palco de homicídios será lá, você faz o quê? Sobre o meu desabafo, eu acredito que a Justiça precisa prestar contas à sociedade. Eu fiz a postagem na rede social por causa disso. Eu fui muito xingado, principalmente por pessoas que não leram a decisão, que desconhecem o sistema. 

Além disso, a forma como a notícia foi publicada (“Juiz esvazia presídio”) me deixou indignado. De certa forma, quis tranquilizar as pessoas para não ficarem mais amedrontadas do que já estão e entenderem o motivo da minha decisão. Não havia riscos adicionais além dos que já existiam. Muito pelo contrário. Não havia como fazer diferente.

Que tipo de problema de segurança constava no documento?

Desde que assumi o cargo de juiz substituto na Vara de Execução [Penal], já tenho quatro relatos, três deles muito recentes, sobre jurados de morte, vingança, essas coisas. Logo que entrei, tive que decidir favoravelmente pela prisão domiciliar de um preso do Centro de Progressão Penitenciária, que tinha sido alvejado dentro da própria unidade. Ele era do semiaberto, estava retornando à unidade e aí tentaram matá-lo ainda do lado de fora. Ele entrou correndo dentro do presídio e lá foi alvejado. Além disso, tenho que lidar semanalmente com relatos e mais relatos de familiares que me procuram para pedir providências de segurança. Em agosto, se não me falha a memória, entre os dias 21 e 23, houve homicídios de internos do semiaberto, justamente na saída ou na entrada, que são momentos vulneráveis.

E como você ficou sabendo do que estava acontecendo?

Eu estava em casa quando fui comunicado. Houve, a princípio, uma dúvida se o caso seria competência da Vara de Execução Penal ou do juiz plantonista. Comuniquei a juíza de plantão e, juntos, para evitar eventuais contestações, decidimos assinar a decisão que foi pensada, meditada, e foi o melhor a ser feito naquela situação. 

É como eu já disse: imagine se a gente não toma uma atitude e no dia seguinte tem uma rebelião, mais uma situação sangrenta? A culpa seria de quem? Do juiz, que foi informado e não tomou providências. Por outro lado, imagina em um plantão judicial, em um sábado a tarde, você ter que determinar que coloquem policiais, rondas ostensivas, invadindo a esfera do Poder Executivo. De onde esses homens seriam tirados? Das ruas. Logo iriam começar a dizer: “nossa, estão tirando a PM que cuida do cidadão de bem para cuidar de bandido, no presídio?”. Essa é a mentalidade, infelizmente. De toda forma seríamos criticados. Não tínhamos escolha.  Eu vi a forma com que conseguimos lidar com a situação como uma espécie de saída temporária, que, vale ressaltar, todos os contemplados tiveram no final do ano passado. E vale também destacar que não houve registro de crime dessas pessoas no período e todos voltaram na data certa.

Podemos dizer que essa é uma característica de detidos do semiaberto, ou seja, são mais controláveis?

Os presos do CPP são presos que costumo dizer que já estão na porta de saída. Eles querem cumprir a pena logo. Não havia riscos adicionais. Hoje mesmo, com as fiscalizações que estão acontecendo, nós tivemos apenas um caso de um preso que foi localizado fora do horário em casa. Esse detento foi reconduzido, está em sanção disciplinar e deverá sofrer alteração de regime. Não é vantajoso para quem está no semiaberto descumprir a regra. Não há notícia, desde que assumi, de crimes praticados por eles. Aliás, uma ponderação importante é que eles poderiam cometer crimes quando estão na rua, por exemplo, exercendo um direito de quem é do semiaberto de trabalhar durante o dia ou mesmo estudar. Portanto, a decisão não havia como ser outra. Ela foi reavaliada. A Secretaria de Justiça e Cidadania apresentou nesta semana um plano de reforço da segurança para que esses 161 que foram liberados retornem e cumpram adequadamente a pena.

Depois do massacre em Manaus, o juiz Luis Carlos Valois disse que no Brasil a Lei de Execução Penal não funciona. O senhor concorda?

Quando eu estudava para concurso, achava o texto da Lei de Execução Penal muito bonito. É uma lei que, se cumprida, permitiria que esses presos, independentemente do crime, fossem ressocializados. A lei prevê direitos, deveres, obrigações, assistência ao preso, assistência e acompanhamento ao egresso, que é quando o preso sai da unidade. Na teoria, há vários dispositivos que fazem com que aquele que cometeu o crime seja, na prática, ressocializado. Mas é uma lei que não tem sido aplicada como deveria e isso não é exclusividade do estado de Roraima. A negligência é geral.

Mas como é a situação em Roraima?

O que tenho visto nas unidades prisionais que eu inspeciono é que não há assistência ao preso. Os presídios são hoje depósitos de gente, de ser humano. Algumas unidades são melhores que outras, mas em comum é isso: só servem para depositar gente. Nada além. 
Não há assistência à saúde do interno, não há assistência social, nada. Eu disse recentemente: o Estado não tem conseguido nem fazer prédio, quanto mais oferecer médico, psiquiatra. 
Há vários problemas ligados a drogas, por exemplo, que precisariam de um acompanhamento psiquiátrico, um tratamento mesmo. O consumo e a venda de drogas acontecem dentro das unidades. Com relação aos crimes, o que mais tenho visto nas audiências de custódia são tráfico de drogas e violência doméstica. O cenário é esse. 
Não há apoio nenhum aos presos. E nesse ponto da conversa é importante dizer que não é apoio para ser bonzinho, é para querer que eles se ressocializem. Os funcionários que estão na lida, professores, gestores, agentes, fazem esforços maravilhosos. Mas ainda é insuficiente. 
O que eu vejo é que as atividades que acontecem e dão resultado têm sido feitas com esforços individuais, ou seja, não como uma política pública, um trabalho coletivo. A questão da assistência ao preso egresso, por exemplo, é inexistente.

No relato que o senhor escreveu no Facebook, chegou a mencionar que passou um aniversário em uma unidade prisional. Como foi isso?

Foi uma tentativa de mostrar que não caí de paraquedas, que eu vivo o dia a dia da Execução Penal. Desde que assumi o cargo, tenho feito regularmente as inspeções. No dia do meu aniversário, eu estava dentro da Cadeia Pública, por exemplo. 
Eu fui acompanhar o presidente do TJ [Tribunal de Justiça], porque ele tinha que fazer um relatório para a Ministra Carmen Lucia. No dia 14 de outubro, fizemos a visita na Penitenciária Agrícola. O prédio é ruim como ainda é hoje, continua um cenário de destruição, restos de construção… 
A sensação é de estar em um lugar onde há bombardeio, sabe? Era uma sexta-feira e a impressão é de que tudo se encaminhava para um mínimo de organização. No domingo, dia 16, me surpreendi com aquela chacina de 10 ou 12 mortos, não lembro (os números oficiais dão conta de 25 mortes).

Como são essas visitas para inspeções que o senhor faz? Dá para perceber que o local é uma bomba relógio prestes a explodir?

Pelo simples olhar, não dá para saber se haverá mortes, rebelião. Como eu disse, as penitenciárias têm estado de abandono, mas há uma aparência de organização. 
Quando o juiz vai, os presos estão dentro das celas, estão trancados, há um mínimo de limpeza. Mas é claro que você vê por exemplo, a ausência de saneamento, esgoto a céu aberto. Mas não posso dizer que dá para cravar que haverá brutalidade ou chacina como houve. 
Há sempre o informe de que vai haver e que a cadeia vai virar, que é o termo usado para rebeliões, mas não aparenta visualmente. Mas a gente verifica, sim, falhas de segurança, porque o prédio é muito velho, você observa o abandono. Hoje, como conheço um pouco mais, quando há aparência de normalidade, é um sinal de alerta.

E sobre a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, o que tem a dizer?

No dia 29 de dezembro, eu estive na PAMC. Entrei em todas as alas, conversei com muitos detentos e a mim pareceu que a penitenciária estava muito mais organizada do que na última visita, um mês antes. Havia a tal aparente calmaria. Aí fomos surpreendidos no dia 6 com o massacre que houve lá.

O juiz Valois, de Manaus, disse que não legitima as facções – PCC, CV, FDN. Como vê esse contexto?

Também por ter mais experiência que eu, penso que ele está certo. É fato que há um glamour em ser de facção criminosa. Nessa quinta-feira, olha que curioso, em uma reunião com a Secretaria de Justiça e Cidadania, foi dito isso, inclusive. 
Antigamente, era vergonha dizer que fazia parte de facção. Hoje em dia dá orgulho. As meninas pintam o cabelo de vermelho, fazem a tatuagem de arlequina para mostrar que fazem parte do PCC, postam em redes sociais para demonstrar fidelidade. 
Essas facções estão substituindo um papel que deveria ser do estado, da família, da própria sociedade. E esse papel é o de acolher as pessoas que estão excluídas socialmente. A gente não deve glamorizar. 
Não devemos tornar além do que elas são. É engraçado quando você olha algumas manchetes de jornais, sempre valorizando, glamorizando, e quando se fala no estado, na atividade policial, é em tom de crítica. 
A mensagem é de que o crime é organizado, o Estado não. Não devemos dar relevância a facção criminosa, mas sim entender as origens e diminuir sua influência e até eliminar a sua existência, se é que isso é possível.

Acha que é possível?

Se o Estado se organizar, se houver vontade política e se a sociedade assim desejar, é possível modificar o sistema prisional brasileiro e reduzir a influência das facções criminosas. Elas nunca deixarão de existir, porque o crime existe desde sempre. Mas a gente pode tornar a sociedade mais segura, mais próspera e dar o relevo não apenas às questões de segurança pública, mas, principalmente, à questão social.

E qual o caminho prático disso?

Não tenho dúvidas que a questão social é um grande vetor da insegurança pública que vivemos. É preciso haver a melhoria em unidades prisionais, é preciso haver a melhoria da legislação, do Judiciário, do MP [Ministério Público], de todos que trabalham nessa seara. 
Mas é preciso também uma atenção social para que jovens não sejam recrutados pelo crime e não tenham a ideia de que só podem ser acolhidos no meio criminoso. Não podemos ter como premissa que bandido, preso, quem comete crime, não tem mais jeito. 
Alguns realmente não têm jeito. Mas creio, sim, que a grande maioria pode se reabilitar. Tenho visto alguns exemplos disso. Muitos que começaram no regime fechado, com penas altíssimas, não têm tentado fuga, têm tentado se manter apartados de facções criminosas, têm progredido de regime e encontrado um novo caminho. 
Agora, com relação às facções criminosas, é importante o Estado retomar o controle dos presídios. Hoje em dia, até por questões de segurança, o preso diz que simpatiza com determinada unidade prisional, porque, caso contrário, infelizmente, ele vai sofrer as consequências, apanhando ou até mesmo sendo morto, com a família aqui do lado de fora sofrendo uma penalidade adicional. A pena é cumprida pelo preso e por toda a família dele.

Como assim?

No dia 29 de dezembro do ano passado, estive na Unidade Prisional Feminina de Boa Vista e me assustei com a quantidade de mulheres com mais de 60 ou 50 anos de idade presas. Uma das histórias me marcou muito. 
É uma mãe que foi visitar o filho preso por tráfico de drogas e, quando chegou, os líderes do tráfico disseram para ela: “Ou você paga o que ele perdeu ao ser preso em flagrante pela polícia, ou a gente vai matar ele”. Ela optou por não fazer o tráfico. 
Deram uma surra nele, a ponto de quase morrer. Passou pelo hospital e depois retornou à cadeia. Na próxima visita, ela viu o filho em frangalhos e os líderes disseram: “Senhora, da próxima vez ele morre”. 
Por amor, enfim, ela acabou optando por traficar. Uma vez, duas… Uma hora a polícia pegou e hoje ela está presa. Isso é o relato social de que, hoje, infelizmente, o Estado está ausente dentro das unidades prisionais. 
É o cenário de desestrutura familiar que mais se aproxima da realidade, porque foi o filho, depois a mãe, a próxima será a irmã e assim vai. As facções criminosas estão se encaminhando para dominar as unidades prisionais. 
Para além disso, o estado de Roraima precisa de mais unidades. O secretário de segurança me disse que a construção de dois novos presídios está avançando. Numericamente, dará uma folga, mas é preciso melhorar a gestão, remunerar adequadamente os agentes penitenciários, melhorar o judiciário, oferecer condições dignas, enfim, tratar a lei de execução penal com seriedade. Porque as pessoas esquecem que esse sujeito que foi abandonado, que foi jogado na unidade prisional, vai retornar ao meio social. 

E aí?

E aí? Se não estiver ressocializado, novos crimes virão. É um ciclo.


Governo Temer baixa a Medida Provisória 767/2017. Retomando o pente-fino sobre os benefícios do INSS.

Com a entrada em vigor da Medida Provisória 767/2017, o governo federal vai retomar no dia 16 de janeiro o pente-fino sobre os benefícios pagos pelo INSS. No novo texto só é excluido da perícia médica especial os aposentados por invalidez e os pensionistas inválidos com 60 anos ou mais. A proposta mantém em R$ 60 (Sessenta Reais) o valor do bônus especial pago aos médicos do INSS por perícia extra realizada.

A MP é uma reedição da MP 739/16, que não foi votada a tempo no ano passado. O governo chegou a mandar um projeto de lei (6427/16) para retomar a operação pente-fino, mas o projeto teve a tramitação interrompida pelo recesso parlamentar.

Durante a vigência desta medida provisória, as concessões de auxílio-doença que não têm data de validade passam a ser encerradas após um prazo de 120 dias. O texto também retoma a regra que restringe o direito aos benefícios do INSS para quem fica sem contribuir por algum tempo. Antes, quem perdesse a qualidade de segurado deveria pagar quatro meses de contribuição para voltar a ter direito ao auxílio-doença e ao salário maternidade. O novo texto exige 12 meses de novos pagamentos.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, estão sendo chamados 530 mil beneficiários com auxílio-doença que estão há mais de dois anos sem perícia. A convocação será feita por meio de carta com aviso de recebimento. O beneficiário que não atender à convocação ou não comparecer na data agendada terá o benefício suspenso.

Segundo dados divulgados pelo próprio governo até 31 de outubro de 2016, haviam sido realizadas quase 21 mil perícias. Sendo que 80% dos benefícios periciados foram encerrados na data da realização do exame.

Confira abaixo o texto integral da Medida Provisória n° 767 de 2017.


MEDIDA PROVISÓRIA Nº 767, DE 6 DE JANEIRO DE 2017.

Altera a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, e a Lei nº 11.907, de 2 de fevereiro de 2009, que dispõe sobre a reestruturação da composição remuneratória da Carreira de Perito Médico Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial, e institui o Bônus Especial de Desempenho Institucional por Perícia Médica em Benefícios por Incapacidade.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

Art. 1º  A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 27- A.  No caso de perda da qualidade de segurado, para efeito de carência para a concessão dos benefícios de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez e de salário-maternidade, o segurado deverá contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com os períodos previstos nos incisos I e III do caput do art. 25.” (NR)

“Art. 43  .................................................................................... ...................

§ 5º  O segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou administrativamente, observado o disposto no art. 101.” (NR)

“Art. 60  ...............................................

................................................

§ 11.  Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício.

§ 12.  Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 11, o benefício cessará após o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação junto ao INSS, na forma do regulamento, observado o disposto no art. 62.

§ 13.  O segurado em gozo de auxílio-doença, concedido judicial ou administrativamente, poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram a concessão ou a manutenção, observado o disposto no art. 101.” (NR)

“Art. 62.  O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de sua atividade habitual ou de outra atividade.

Parágrafo único.  O benefício a que se refere o caput será mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez.” (NR)

“Art.101.  ...............................................................

§ 1º  O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham retornado à atividade estarão isentos do exame de que trata o caput após completarem sessenta anos de idade.

..............................................................................” (NR).

Art. 2º  A Lei nº 11.907, de 2 de fevereiro de 2009, passa a vigorar com as seguintes alterações:


“Art. 37.  ...................................................................... ............................................

§ 3º  Sem prejuízo de outros requisitos e condições estabelecidos no regulamento de que trata o § 2º, é pré-requisito para promoção à Classe Especial da Carreira de Perito Médico Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial ser habilitado em avaliação de desempenho individual com resultado médio superior a 80% (oitenta por cento) do limite máximo da pontuação das avaliações realizadas no interstício considerado para a progressão na Classe D.

............................................................................” (NR)

“Art. 38.  Fica instituída a Gratificação de Desempenho de Atividade de Perícia Médica Previdenciária - GDAPMP, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo da Carreira de Perito Médico Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial, quando em efetivo exercício nas atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no Ministério da Fazenda, no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário ou no INSS, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenho institucional.

......................................................................................

§ 4º  A parcela referente à avaliação de desempenho institucional será paga conforme parâmetros de alcance das metas organizacionais, a serem definidos em ato do Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Agrário.

............................................................................” (NR)

Art. 3º  Fica instituído, por até vinte e quatro meses, o Bônus Especial de Desempenho Institucional por Perícia Médica em Benefícios por Incapacidade - BESP-PMBI.

Art. 4º  O BESP-PMBI será devido ao médico perito do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS por cada perícia médica extraordinária realizada nas agências da Previdência Social, em relação a benefícios por incapacidade mantidos sem perícia pelo INSS há mais de dois anos, contados da data de publicação desta Medida Provisória.

Parágrafo único.  Para fins do disposto no caput, perícia médica extraordinária será aquela realizada além da jornada de trabalho ordinária, representando acréscimo real à capacidade operacional regular de realização de perícias médicas pelo médico perito e pela agência da Previdência Social.

Art. 5º  O BESP-PMBI corresponderá ao valor de R$ 60,00 (sessenta reais) por perícia realizada, na forma do art. 4º.

Parágrafo único.  O valor previsto no caput será atualizado anualmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, publicado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, ou pelo índice que vier a substituí-lo.

Art. 6º  O BESP-PMBI gerará efeitos financeiros por até vinte e quatro meses, ou por prazo menor, desde que não reste nenhum benefício por incapacidade sem revisão realizada há mais de dois anos, contados da data de publicação desta Medida Provisória.

Art. 7º  O pagamento de adicional pela prestação de serviço extraordinário ou adicional noturno não será devido no caso de pagamento do BESP-PMBI referente à mesma hora de trabalho.

Art. 8º  O BESP-PMBI não será incorporado aos vencimentos, à remuneração ou aos proventos das aposentadorias e das pensões e não servirá de base de cálculo para benefícios ou vantagens, nem integrará a base de contribuição previdenciária do servidor.

Art. 9º  O BESP-PMBI poderá ser pago cumulativamente com a Gratificação de Desempenho de Atividade de Perícia Médica Previdenciária - GDAPMP, desde que as perícias que ensejarem o seu pagamento não sejam computadas na avaliação de desempenho referente à GDAPMP.

Art. 10.  Ato conjunto dos Ministros de Estado da Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e do Desenvolvimento Social e Agrário disporá sobre:

I - os critérios gerais a serem observados para a aferição, o monitoramento e o controle da realização das perícias médicas de que trata o art. 4º, para fins de concessão do BESP-PMBI;

II - o quantitativo diário máximo de perícias médicas nas condições previstas no art. 4º, por perito médico, e a capacidade operacional ordinária de realização de perícias médicas pelo perito médico e pela agência da Previdência Social;

III - a forma de realização de mutirão das perícias médicas de que trata o art. 4º; e

IV - os critérios de ordem de prioridade para o agendamento dos benefícios a serem revistos, tais como a data de concessão do benefício e a idade do beneficiário.

Art. 11.  Ato do Presidente do INSS estabelecerá os procedimentos necessários para a realização das perícias de que trata o art. 4º.

Art. 12.  Ficam revogados:

I - o parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991; e

II - os incisos I, II e III do § 3º e o § 4º do art. 37 da Lei nº 11.907, de 2 de fevereiro de 2009.

Art. 13.  Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 6 de janeiro de 2017; 196º da Independência e 129º da República.


MICHEL TEMER
Henrique Meirelles
Esteves Pedro Colnago Junior
Osmar Terra


Este texto não substitui o publicado no DOU de 6.1.2017 - Edição extra.