quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Julgada inconstitucional lei carioca sobre obrigatoriedade de empacotamento nos supermercados.

Julgada inconstitucional lei sobre obrigatoriedade de empacotamento nos supermercados
A decisão do STF sobre lei estadual do Rio de Janeiro seguiu parecer da PGR.

Conforme parecer da Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente, nesta terça-feira (1º), a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 907, ajuizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) contra a Lei estadual 2.130/1993, do Rio de Janeiro, que torna obrigatória a prestação de serviços de empacotamento nos supermercados. A decisão foi tomada por maioria de seis ministros da Suprema Corte. A eficácia da lei fluminense já estava suspensa por liminar anteriormente deferida pelo STF.

Na manifestação enviada, a PGR argumentou caber razão à CNC por estar a lei estadual em desacordo com o art. 22, inciso I, da Constituição da República. "A norma estadual em questão, ao obrigar a contratação, por supermercados, de empregados para acondicionar as mercadorias adquiridas em sacolas, legisla sobre direito do trabalho e direito comercial, temas constitucionalmente reservados à União, nos termos do citado inciso I, do art. 22 da Carta da República", diz o parecer assinado pelo então procurador-geral da República Geraldo Brindeiro.

Segundo ele, não parece que a ausência de empacotador em supermercados seja fato ensejador da proteção ao consumidor, cuja regulamentação compete concorrentemente à União, aos Estados, e ao Distrito Federal. "A norma em questão, evidencia, outrossim, disciplina acerca da organização interna de estabelecimentos comerciais, em aparente afronta ao princípio da liberdade de contratar, o qual constitui um dos desdobramentos do princípio da livre iniciativa previsto no art. 170, caput, da Constituição da República", conclui.

Para a maioria dos ministros do STF, a norma ofende o princípio da livre iniciativa, ao obrigar os supermercados a manter pelo menos um funcionário em cada máquina registradora, com a atribuição de acondicionar as compras ali efetuadas. Ficaram vencidos os ministros Alexandre de Moraes - que era o relator da ação -, Edson Fachin e Marco Aurélio. Prevaleceu o voto do ministro Luís Roberto Barroso, redator do acórdão.

Abertura do semestre - A decisão ocorreu na primeira sessão do semestre judiciário. O vice-procurador-geral-eleitoral, Nicolao Dino, representou o procurador-geral da República na ocasião.

Assessoria de Comunicação Estratégica do PGR - Procuradoria-Geral da República - pgr-noticias@mpf.mp.br - (61)3105-6400/6405.

Meios de comunicação silenciam eleição constituinte na Venezuela.

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02.08.2017 - Fonte de Informações:   

Pravda.ru.


Meios de comunicação silenciam eleição constituinte na Venezuela
@VillegasPoljak
Caracas, 01 Ago. AVN. - O silêncio foi a arma utilizada pelos meios de comunicação nacionais e internacionais para invisibilizar as eleições celebradas neste domingo na Venezuela.
Mais de oito milhões de venezuelanos votaram, apesar das ameaças dos setores extremistas da direita de aumentar as ações terroristas para violar este direito. Mas este ato histórico, em que se impôs o caráter democrático no país, foi menosprezado pela mídia.
No país, principalmente emissoras de televisão privadas, como Televen e Venevisión, "não se deram conta do que estava ocorrendo na Venezuela", lamentou Diosdado Cabello, eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte, que será instalada nos próximos dias.
Os meios de comunicação nacionais e internacionais, para aplicar a censura, optaram por destacar os resultados da violência opositora, que vem sendo executada desde abril como parte de uma agenda golpista. Silenciam informações segundo sua conveniência.
"Ontem ocorreram eleições históricas na Venezuela. Mas os meios corporativos decidiram glorificar o terror", lamentou o chanceler, Samuel Moncada, através de sua conta no Twitter.
O presidente da República, Nicolás Maduro, pediu aos donos dos canais de televisões nacionais, Televen e Venevisión, uma explicação pública ao país sobre suas intenções de invisibilizar o processo eleitoral, do contrário serão sujeitos a sanções.
Maduro recordou que as coberturas especiais para cobrir e transmitir eleições no país têm sido históricas, e são consideradas fundamentais para a democracia e o exercício do voto.
"Em um país democrático como a Venezuela sempre havia sido assim, até ontem. Por isso peço explicações públicas aos donos da Venevisión e Televen. Estão comprometidos com a Constituição e a democracia ou teremos que tomar severas medidas", destacou.
Ele mencionou que não serão permitidos golpes de Estados nem conspirações. "Não vou permitir".
O chefe de Estado pediu ao vice-presidente Executivo, Tareck El Aissami, que realize os procedimentos necessários para que os donos das duas emissoras de televisão expliquem o motivo para eludir o proceso eleitoral, e somar-se às "campanhas mais infames de violência", enquanto "ignoraram o povo votando".

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Governador da Bahia, filiado ao PT, exonera secretários para ajudar Temer com denúncia.


Divulgação

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), exonerou nesta terça-feira (1º/7) dois secretários estaduais para que retomem os mandatos de deputado federal e ajudem a barrar a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer na votação desta quarta-feira (2) no plenário da Câmara dos Deputados.
Costa destituiu os secretários de Desenvolvimento Urbano, Fernando Torres (PSD), e de Relações Institucionais, Josias Gomes da Silva (PT). Torres e Silva devem abster-se na votação do parecer. Esse posicionamento é favorável a Temer, uma vez que cabe à oposição arranjar os 342 votos para aprovar a abertura de investigação. 
Aliados do governador da Bahia afirmam que o afastamento do presidente do cargo, caso a denúncia seja aceita, não interessa a Costa. Se Temer for afastado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumirá o comando do País, fortalecendo o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), o ACM Neto, que deve disputar o governo da Bahia em 2018 contra o atual governador.
“Vou abster-me na votação. Não sou a favor nem de Michel Temer nem de Rodrigo Maia. Sou a favor de eleições diretas para presidente”, justificou o secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia. Torres disse não ter nada contra o presidente da Câmara dos Deputados. “Acho até um bom presidente da Câmara, mas não tem condições de ser presidente da República agora”, declarou.
Já o secretário de Relações Institucionais da Bahia diz que ainda não decidiu sobre como votará, mas que também tende a se abster. “O debate que tem de ser feito é que precisamos de eleições diretas, não eleições indiretas”, disse. De acordo com Silva, não há como apostar no afastamento ou não de Temer como solução para o Brasil. “É tirar um golpista para colocar outro.”
O secretário de Relações Institucionais admitiu que o fator ACM Neto também é levado em consideração. “Claro que esse aspecto também é ponderado. Se o Rodrigo Maia assume, ele [prefeito de Salvador] vai se fortalecer”, disse. Silva ressaltou que essa não é uma tese só dele. “É minha, do governador e da maioria dos partidos que apoiam ele no Estado”, disse.
Um dos deputados mais próximos de Costa, Afonso Florence (PT-BA), defendeu a tese do governador. “Ele tem total razão em sua análise. Vai ser muito ruim para Bahia o ACM [Neto] ter uma força maior. A situação não é simples, é complexa”, afirmou Florence, que, embora concorde com Costa, afirmou que votará a favor da denúncia.

UFMA - Em ação, MPF/MA pede reabertura dos prazos de matrícula a pessoas com deficiência em todos os campi da Universidade.

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Em 20 de julho, o MPF recomendou à universidade que realizasse a reabertura.

Em resposta, a instituição informou que não cumpriria a recomendação.
O Ministério Público Federal (MPF) no município de Imperatriz (MA) propôs ação na Justiça Federal, com pedido de liminar, contra a Universidade Federal do Maranhão (Ufma) por ter deixado de possibilitar às pessoas com deficiência a realização de perícia médica e de matrícula nas unidades localizadas em cidades do interior em 2017.
Em julho desse ano, após o MPF ter requisitado informações à universidade, a reitoria explicou que a perícia médica havia deixado de ser efetuada no campus de Imperatriz por ausência de corpo técnico especializado, fazendo com que a Ufma centralizasse as perícias e matrículas dos candidatos com deficiência na capital, São Luís. “Observe-se, pois, que apenas as pessoas com deficiência foram obrigadas a deslocar-se até São Luís para matrícula”, ressaltou o procurador da República Jorge Mauricio Porto Klanovicz, autor da ação. 
De acordo com o MPF/MA, essa limitação tem impedido que pessoas com deficiência, sobretudo os mais pobres, ingressem na universidade, tendo em vista as dificuldades e os custos de deslocamento até a capital do estado. Para o procurador, a recusa por parte da Ufma em adaptar-se a essa necessidade – ajuste que não acarretará ônus desproporcional ou indevido – configura discriminação por motivo de deficiência. Além disso, até 2016 era facultada a realização de perícia e matrícula em campus do interior do estado, de modo que a retirada dessa possibilidade configura grave retrocesso.
Diante dos fatos, como medida extrajudicial, o MPF/MA recomendou à Ufma que reabrisse os prazos para matrícula de pessoas com deficiência aprovadas na segunda edição do processo seletivo de 2017 (2017.2) para ingresso no ensino superior, possibilitando a realização de matrícula e de perícia médica em todos os campi do estado. Em resposta, a universidade informou que não cumpriria a recomendação, afirmando que o processo seletivo já se encontra em fase adiantada, de forma que o cumprimento da recomendação implicaria seu cancelamento e grandes transtornos.
Igualdade - Segundo o procurador, a reabertura dos prazos poderia implicar no cancelamento de matrícula de candidato cuja convocação decorreu do não comparecimento de outra, não na anulação de todo o processo seletivo. Por outro lado, ainda que o cancelamento fosse necessário, não poderia ser negado, pois a “manutenção do processo seletivo e os alegados transtornos incomensuráveis decorrentes de sua anulação não têm hierarquia superior aos direitos das pessoas com deficiência. Ao contrário, os direitos das pessoas com deficiência tutelados por esta ação – igualdade e direito de acesso à educação – são direitos fundamentais, com base direta na Constituição Federal e em Convenção Internacional integrante do bloco de constitucionalidade brasileiro”.
Na ação, o MPF/MA pede, liminarmente, que a Justiça Federal determine à Ufma a reabertura dos prazos de matrícula às pessoas com deficiência aprovadas para ingresso no ensino superior, no segundo semestre de 2017, via Sistema de Seleção Unificada, possibilitando a realização de perícia médica em todas as suas unidades. Quer ainda que seja fixada multa de R$ 10 mil por dia de descumprimento da decisão.
O número para consulta processual na Subseção Judiciária de Imperatriz (MA) é 1000294-29.2017.4.01.3701.
Acesse aqui a íntegra da ação civil pública.
Assessoria de Comunicação - Procuradoria da República no Maranhão
Tel.: (98) 3213-7161 - E-mail: prma-ascom@mpf.mp.br - Twitter:@MPF_MA

Adensa-se o enredo da grande disputa por Iraque e Síria pós-ISIS.

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26/7/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline.

O futuro pós-ISIS do Iraque e da Síria tem sido tópico de discussão calorosa nos think-tanks norte-americanos, sob o pressuposto de que os EUA estariam montando um retorno militar ao Iraque e já bem adiantados no processo de estabelecer presença de longo prazo na Síria. A verdade é que os ventos políticos já estão soprando na direção oposta.

A ‘visita de trabalho’ que o vice-presidente do Iraque Nouri Maliki fez a Moscou essa semana sinaliza o renascimento do papel histórico da Rússia como parceiro chave do Iraque.  As palavras de Maliki em Moscou são muito reveladoras:

  • “É bem sabido que a Rússia tem fortes relações históricas com o Iraque. Portanto, gostaríamos que a Rússia tenha substancial presença em nosso país, seja politicamente seja militarmente. Desse modo, estabelece-se um equilíbrio que muito beneficiará a região, seus povos e países.”

  • Bagdá acredita “no papel da Rússia para a solução de muitas das questões internacionais chaves e para promover a estabilidade e o equilíbrio em nossa região e em todo o mundo.”

  • Uma presença russa no Iraque traria o necessário equilíbrio que não pode ser “minado em sentido político, em favor de qualquer interesse externo.”

  • “Hoje precisamos de maior envolvimento da Rússia nos assuntos iraquianos, especialmente no campo da energia. Agora que nos livramos do Estado Islâmico, o Iraque precisa de investimentos em energia e comércio.”

  • Moscou e Bagdá “devem aprofundar a cooperação em contraterrorismo na região. Cremos que nossos dois países são alvos de terroristas e dos que apoiam terroristas.”

As observações de Maliki encontraram ressonância positiva no lado russo. Ao receber Maliki, o presidente Vladimir Putin enfatizou a cooperação técnico-militar e um papel “proativo” nessa área. Putin situa o relacionamento russo-iraquiano no quadro mais amplo da “situação na região em geral.” As palavras de Putin levam em consideração o eixo regional Iraque-Síria-Irã como baluarte contra o terrorismo.

Para a Rússia, a unidade de Iraque e Síria é questão central. Maliki disse a Putin que a política fraturada do Iraque, onde o poder político “continua dividido em torno do princípio religioso ou étnico entre sunitas, xiitas, árabes, curdos, cristãos e muçulmanos”, torna-se campo fértil para o terrorismo. Portanto, Bagdá preparou um “projeto especial” para tratar dessa deficiência sistêmica. No resumo das conversações distribuído pelo Kremlin lê-se a seguinte frase de Maliki:

  • “A ideia é restaurar a democracia real, com o poder baseado na vitória de uma maioria política, mais do que na atribuição de quotas a vários movimentos.”

Em resumo, Bagdá espera converter o Iraque num sistema político baseado no princípio da regra da representação de ‘um-homem, um-voto’, como na Síria ou Irã. Claramente, o objetivo é bloquear qualquer potência estrangeira que vise a manipular as minorias contra a comunidade xiita majoritária. Sem dúvida será grande reforma, não só em termos político-econômicos, mas também da perspectiva geopolítica. Principalmente, Bagdá se posiciona para resistir contra a tentativa de EUA-Israel de criar um Curdistão independente.

A ‘visita de trabalho’ de Maliki à Rússia coincide com a assinatura de um acordo de defesa entre Iraque e Irã. Maliki assinou um acordo de compra de armas com a Rússia em 2012, de valor estimado em torno de $4,2 bilhões (que não pôde ser implementado por pressões do governo Obama). Em resumo, estamos assistindo a um esforço em que Irã e Rússia protegem cada país a retaguarda do outro, para forçar os EUA a recuarem.

Fundamentalmente, o Iraque está refazendo seu cálculo de poder. As dezenas de milhares de milicianos xiitas iraquianos treinados e equipados pelo Irã, que tiveram papel decisivo na guerra que derrotou o ISIS, serão provavelmente integrados às forças de segurança do Iraque. Esses milicianos com vasta experiência de combate, conhecidos como Forças de Mobilização Popular (ar. Hashed al-Shaabi) moveram-se para os desertos ocupados pelo ISIS a oeste de Mosul, concentraram-se em torno da cidade de Tal Afar e tomaram um posto de passagem na fronteira entre Iraque e Síria.

Estão controlando autoestradas que cortam o interior (sunita) no oeste do Iraque, que são usadas como linhas vitais de suprimento que conectam Irã e Síria. Segundo números oficiais iraquianos, as Forças de Mobilização Popular chegam agora a 122 mil combatentes.

Claramente, o equilíbrio militar na região está pendendo dramaticamente contra os EUA (e Israel). O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah alertou recentemente que centenas de milhares de combatentes xiitas na região resistirão em conjunto contra qualquer futura possível invasão por Israel.

Em termos geopolíticos, Rússia e Irã têm interesses comuns de que se preservem a unidade e a estabilidade de Iraque e Síria pós-ISIS. Não surpreendentemente, a China também está bem perto de Rússia e Irã nessa questão.

Aliás, o Enviado Especial da China à Síria Xie Xiaoyan está atualmente num tour regional. Em Teerã na 3ª-feira, ele destacou que a posição da China quanto aos movimentos finais da guerra na Síria é similar à de Rússia e Irã. Xie anunciou que a China está “pronta para agir sob sua própria responsabilidade para reconstruir a Síria e estamos preparados para isso” (aqui e aqui).

Além disso, na 3ª-feira o Exim Bank da China assinou um acordo em Teerã de um pacote financeiro de US$1,5 bilhão para reformar a ferrovia que liga Teerã e Mashaad (perto da fronteira com o Turcomenistão). Sem dúvida, a visita de Xie a Teerã é sinal claro de que a China tem os olhos postos no Irã como portal que leva ao Iraque e à Síria.

Desde março de 2016, um “trem da Rota da Seda” China-Irã viaja uma vez por mês de Yiwu na província ocidental de Zhejiang na China, para Teerã. A frequência das viagens deve aumentar, ao ritmo em que o comércio ganhe maior fôlego. O “trem da Rota da Seda” reduz o tempo de viagem, de 45 dias por mar, para menos de 14 dias. Claramente, a China posiciona-se para desempenhar papel importante na reconstrução de Iraque e Síria, e posicionada bem perto de Rússia e Irã.

domingo, 30 de julho de 2017

60 organizações pedem ao Procurador Geral Janot ação contra Lei N° 13.465 (Lei da Grilagem).

30.07.2017 | Fonte de informações: 

Pravda.ru

 
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Para grupo da sociedade civil, Lei N° 13.465, sancionada por Michel Temer em julho, promove "liquidação dos bens comuns", estimula desmatamento e violência e precisa ser barrada por ação de inconstitucionalidade

Brasília, 28 de julho de 2017 - Um conjunto de 60 organizações e redes da sociedade civil pediu nesta sexta-feira (28) ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que proponha uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a chamada Lei da Grilagem, sancionada no último dia 11 por Michel Temer.

Segundo carta entregue à PGR pelas organizações, a Lei no 13.465 (resultado da conversão da Medida Provisória 759) "promove a privatização em massa e uma verdadeira liquidação dos bens comuns, impactando terras públicas, florestas, águas, e ilhas federais na Amazônia e Zona Costeira Brasileira".

O texto, assinado pelo presidente diante de uma plateia de parlamentares da bancada ruralista, concede anistia à grilagem de terras ao permitir a regularização de ocupações feitas até 2011. Não satisfeito, ainda premia os grileiros, ao fixar valores para a regularização que podem ser inferiores a 10% do valor de mercado das terras. Segundo cálculos do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), apenas na Amazônia esse subsídio ao crime fundiário pode chegar a R$ 19 bilhões.

Mas o prejuízo ao país não se limita a isso. Também ganham possibilidade de regularização grandes propriedades, de até 2.500 hectares, que hoje só podem ser regularizadas por licitação. "Esta combinação de preços baixos, extensão da área passível de regularização, mudança de marco temporal e anistia para grandes invasores vem historicamente estimulando a grilagem e fomentando novas invasões, com a expectativa de que no futuro uma nova alteração legal será feita para regularizar ocupações mais recentes", afirmam as organizações na carta a Janot. Com um agravante: pela nova lei, o cumprimento da legislação ambiental não é condicionante para a titulação, e há novas regras dificultando a retomada do imóvel pelo poder público em caso de descumprimento.

A lei também faz estragos na zona urbana:  além de dispensar de licenciamento ambiental os processos de regulação fundiária em cidades - o que pode consolidar ocupações de zonas de manancial em cidades que já foram atingidas por crises hídricas, como Brasília e São Paulo, também permite que governos locais legalizem com uma canetada invasões de grandes especuladores urbanos feitas até 2016.

Xeque-mate contra Israel nas Colinas do Golan.


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27/7/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline

Traduzido por Vila Vudu.

Israel sofreu duro revés no conflito sírio, com a implantação da polícia militar russa na ‘zona protegida’ que está sendo estabelecida no sudoeste da Síria perto das Colinas do Golan. O Ministério da Defesa da Rússia anunciou a implantação na 2ª-feira. O general-coronel Sergei Rudskoy, chefe do Principal Diretorado Operacional do Estado-maior da Rússia, disse em Moscou que as forças russas instalaram pontos de trânsito e postos de observação na área sudoeste de desescalada. O general russo disse que EUA, Israel e Jordânia foram informados da implantação policial.


As áreas limítrofes da zona de desescalada foram definidas entre Rússia e EUA na véspera da reunião dos presidentes Donald Trump e Vladimir Putin em reunião paralela à cúpula do G20 em Hamburgo. Segundo o ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov, para a definição da zona de desescalada foram consideradas as preocupações de segurança de Israel. Mas o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu tem manifestado insistentemente sua rejeição contra o acordo EUA-Rússia, sob o argumento de que o acordo não levou na devida conta a percepção de Israel, que vê ameaça na presença do Irã e do Hezbollah nas regiões do sudoeste da Síria.

O ministro da Defesa de Israel Avigdor Liberman disse à mídia que Jerusalém fixou algumas linhas vermelhas: “Não toleraremos nenhuma presença iraniana na fronteira e continuaremos a agir contra isso.”

Bem obviamente, Israel não confia na Rússia. Israel suspeita que seja questão de tempo até que milícias xiitas e o Hezbollah comecem a infiltrar-se silenciosamente no sudoeste da Síria, ajudando o regime de Assad e seus amigos iranianos a consolidar o controle sobre as áreas de fronteira perto de Israel e Líbano.

Mas na realidade, tudo isso é uma grande jogada estratégica. Israel há muito tempo paga, fornece suprimentos de todos os tipos e apoia os grupos extremistas (incluindo grupos de al-Qaeda e ISIS) que operam na área na qual a zona de desescalada está sendo implantada. Israel até forneceu apoio de fogo para esses grupos terroristas sempre que foram atacados por forças do governo sírio.

Israel esperava que a área pudesse, de algum modo, ser mantida como uma zona de ‘conflito congelado’, a qual, com o tempo, poderia ser anexada por Israel. Israel portanto preferia que a zona de desescalada próxima das Colinas de Golan fosse implantada pelos EUA – não pela Rússia. Mas Washington não dá sinais de querer envolver-se. Como se lê num comentário publicado essa semana na revista Atlantic:
  • “O Pentágono está focado em operações em Mosul e Raqqa, a centenas de quilômetros de distância – comandantes em campo com certeza considerariam qualquer presença militar dos EUA no sudoeste da Síria como cara e desnecessária dispersão de força humana na luta contra o Estado Islâmico. Dados os limitados recursos de inteligência-vigilância-reconhecimento na região, é também improvável que o Comando Central dos EUA aceitasse desviar as já escassas plataformas ISR para monitorar o cessar-fogo (…). Tudo isso (…) significa que o cessar-fogo Trump-Putin provavelmente está entregando à Rússia as chaves do sudoeste da Síria.”
É mais ou menos o que se desenrola em campo. O acordo EUA-Rússia declara que a supervisão da área de desescalada será feita pela polícia militar russa.

É xeque-mate contra a política intervencionista de Israel na Síria. Os monitores russos reagirão firmemente, se Israel se comportar como criança mimada.

Dito claramente, o sonho israelense de expansão territorial para o sudoeste da Síria, como parte de uma ‘Israel Expandida’ (que iria além até das Colinas do Golan ocupadas) espatifou-se na aterrissagem. O plano B de Israel era que, como parte de qualquer acordo na Síria, a ‘comunidade internacional’ teria de, no mínimo, legitimar a ocupação das Colinas do Golan. Também não acontecerá.

Mais uma vez a credibilidade de Netanyahu sofre duro golpe. Há dois anos, sua ‘linha vermelha’ contra o programa nuclear iraniano – que Israel agiria militarmente e autonomamente contra o Irã, etc. – acabou também completamente desmoralizada. Agora, Netanyahu vem com nova ‘linha vermelha’ no front setentrional de Israel, contra a presença iraniana na Síria… mas não tem capacidade para fazê-la valer. Mais uma vez, a comunidade internacional simplesmente ignora os maus modos de Israel.

Muito significativamente, os EUA nada fizeram para se opor a uma massiva operação do Hezbollah que começou semana passada para tomar o controle das colinas na fronteira Líbano-Síria que estavam sob ocupação de vários grupos terroristas como Ahrar, al-Qaeda, ISIS (alguns dos quais companheiros de cama e mesa de Israel). A mídia iraniana noticiou hoje que os combatentes do Hezbollah alcançaram ali uma vitória retumbante. Claro: é imensamente importante para o Hezbollah (e o Irã) garantir que a fronteira Líbano-Síria permaneça aberta.