domingo, 3 de setembro de 2017

São Paulo. Após nova prisão, abusador sexual é enquadrado por estupro e ficará preso.

Diego Ferreira de Novais - Foto: Polícia Civil de SP.
 Bruno Bocchini.                   Da Agência Brasil.
A Justiça de São Paulo decidiu neste domingo (3) manter preso Diego Ferreira de Novais, acusado de ter cometido abuso sexual e estupro dentro de um ônibus do transporte coletivo na cidade de São Paulo. 
Em audiência de custódia realizada hoje, o juiz Rodrigo Marzola Colombini entendeu que houve estupro na ação do acusado que, ontem (2), encostou o pênis em uma passageira e a forçou permanecer no lugar. 
O juiz transformou a prisão flagrante de Novais em prisão preventiva, sem prazo de duração. 
Ele deve continuar preso até o final do processo criminal.“Os fatos amoldam, em tese, a figura típica do estupro, tal qual entendeu a autoridade policial. O indiciado obrigou a vítima que com ele praticasse ato libidinoso ao esfregar seu pênis na perna dela, usando de violência para que a ofendida não conseguisse se esquivar, na medida em que lhe segurou a perna forçando o contato com o pênis ereto”, disse o juiz no termo de audiência de custódia.
Na última terça-feira, Novais já havia sido preso após ter ejaculado em uma passageira. No entanto, na ocasião, ao juiz José Eugênio Amaral Souza o liberou aplicando uma pena de multa, por considerar o fato uma contravenção penal. Para o magistrado, não havia elementos para enquadrar Novais no crime de estupro por não ter havido violência.

Em defesa da Amazônia e do Cerrado.


LUIZ MARQUES*

Em 2014, a FAO lançou um manifesto intitulado “Não podemos viver sem florestas” [I]

Seu primeiro parágrafo reitera o que todos sabemos: “As florestas são imprescindíveis para sustentar a vida no planeta (…) e são o lar de 80% da biodiversidade terrestre”. 

Em 22 de agosto último, Michel Temer deu mais um passo para a inviabilização da vida na Terra, ao extinguir por decreto a Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca) na Amazônia, com uma área de 46.450 km², maior que a do estado do Rio de Janeiro [II]

Situada na divisa entre Pará e Amapá, a região abrange o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, o maior parque de florestas tropicais do mundo, além de outras florestas, quatro reservas ecológicas e duas reservas indígenas, uma delas a da comunidade Wajãpi, contatada apenas em 1973. Já em março, em Toronto, Fernando Coelho Filho, ministro de Minas e Energia, havia anunciado às mineradoras canadenses o fim da Renca como reserva mineral num evento intitulado Prospectors and Developers Association of Canada (PDAC). Hoje, aproximadamente 30 empresas canadenses já exploram minérios em território brasileiro, especialmente o ouro [III]

O decreto abre a possibilidade de licenciamentos para projetos de mineração na região, considerada rica em ouro, cobre, ferro, níquel, manganês e tântalo [IV], um elemento empregado em equipamentos eletrônicos, bastante raro na crosta terrestre (1 a 2 ppm) e com expectativa de esgotamento nos próximos 50 anos. Como afirma com singelo ufanismo o diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Victor Hugo Froner Bicca, a região é a “última fronteira de potencial geológico ainda considerável disponível no mundo. É um dia histórico para o setor” [V]

Trata-se certamente de um dia histórico, pois o decreto de Temer é um ataque frontal aos povos indígenas, à segurança de todos os brasileiros, à biosfera e ao sistema climático planetário, dos quais dependemos existencialmente como sociedade e como espécie [VI].

Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque | Foto: Reprodução | Greenpeace.
O decreto é parte do Programa de Revitalização da Indústria Mineral Brasileira, lançado em 25 de julho, que inclui a alteração de 23 pontos no Código de Mineração, “com a finalidade de destravar e estimular a atividade mineradora”, nas palavras do site do Ministério das Minas e Energia [VII]

Michel Temer e o grupo que o gere fazem o que se previa que fariam uma vez no poder: o assalto final às últimas salvaguardas socioambientais não derrubadas por Dilma Rousseff. Dentre elas se contam [VIII]

(1) a conversão em lei (13.465) da medida provisória 759, sancionada em 11 de julho de 2017, a chamada lei da anistia à grilagem feita entre 2004 e 2011, contra a qual 61 organizações e redes da sociedade civil pleiteiam uma ação de inconstitucionalidade [IX];
(2) flexibilização da licença ambiental e transferência de sua outorga aos estados e municípios;
(3) isenção de licença ambiental para agropecuária extensiva e para qualquer propriedade rural “em regularização ambiental” (terras invadidas ou roubadas, via de regra registradas como “propriedade em regularização”);
(4) assinatura presidencial da portaria da Advocacia-Geral da União (ADI 3239 [X]), estendendo a validade para as terras indígenas da tese do “marco temporal”. 
Por essa tese, deixa-se de se reconhecer como terras indígenas todas as terras das quais os índios foram expulsos antes da promulgação da Constituição em outubro de 1988 (inclusive em casos de “renitente esbulho”), tal como, por exemplo, os guaranis de Mato Grosso do Sul e agora os da reserva do Pico do Jaraguá em São Paulo [XI];
(5) projeto de lei, tramitando em regime de urgência (PL no 8.107/2017), que entrega a invasores 350 mil hectares ou 26,5% da Floresta Nacional (Flona) de Jamanxim, no SO do Pará, em um município ironicamente chamado Novo Progresso, onde uma carreta com dez veículos destinados à fiscalização do Ibama foi incendiada em plena BR163 a mando dos desmatadores. O novo estatuto dessa floresta (APA) permitirá atividades de agropecuária, mineração, ocupação urbana e rural [XII]
A reação da sociedade a essa política de terra arrasada começa a se esboçar, como disso dá mostras uma petição da Avaaz que já conta com muitos milhares de assinaturas e cujas adesões avançam a passos largos. Para quem ainda não a assinou, eis o link: https://secure.avaaz.org/po/ nao ao_deserto_amazonico/?zihIulb  
Além disso, várias ONGs e os povos indígenas do Pará e Amapá devem impetrar uma medida judicial contra o decreto de Temer. Há que se mencionar ainda uma reação do Senador do Amapá, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que apresentou um Projeto de Decreto Legislativo (SF) no 160/2017, coassinado por outros senadores [XIII], no objetivo de sustar o decreto de Temer.
Um plácido consenso - Mas são diminutas as chances de sua aprovação. Diminutas, porque, é forçoso admiti-lo, sob os antagonismos que agitam a superfície do espectro partidário brasileiro, há um plácido consenso: a natureza é ainda percebida como um subsistema da economia. Florestas, por exemplo, são mercadoria em potencial ou um empecilho para o acesso ao solo e ao subsolo, isto é, a outras mercadorias. 
O corolário imediato dessa subordinação da ecologia à economia é que as florestas, isto é, os povos, a flora e a fauna que nelas habitam e as conservam, são uma externalidade e mesmo um entrave ao processo de produção de mercadorias. 
Com exceção do PSOL de Luiza Erundina, para quem “os modelos que defendíamos se esgotaram” [XIV], e talvez de algumas personalidades isoladas da REDE, todos os partidos brasileiros comungam dessa concepção de mundo. 
Há, naturalmente, os que advogam formas de converter a floresta em mercadoria de modo “sustentável”, isto é, sem as destruir além de sua suposta capacidade de regeneração. Mas ilusão, ignorância e má-fé aqui se tangenciam porque, em decorrência do rápido agravamento das mudanças climáticas, das secas, dos incêndios e do extermínio da biodiversidade, o limiar de resiliência das florestas está cada vez mais próximo, tal como sugere, mais uma vez, um experimento realizado em árvores pertencentes a 115 genera na floresta amazônica [XV]
Outros experimentos com resultados análogos mostram que essa percepção de um perigo iminente de dieback das florestas tropicais é hoje mainstream science. Ninguém mais pode afirmar, respeitado o princípio de precaução, qual é o limite “sustentável” de extração de madeira na Amazônia, de onde a importância da campanha “Desmatamento Zero” do Greenpeace.
Prova desse tácito consenso partidário é o fato de que os dirigentes do PT e do PCdoB compartilham com o PMDB, o PSDB e o chamado “Centrão” a responsabilidade pelo extermínio da biosfera no país. Aldo Rebelo, quando líder do PCdoB, foi o relator do projeto do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), a partir de cuja implantação em 2012 o desmatamento na Amazônia aumentou 75%. Rebelo contratou Samanta Pineda, Consultora jurídica para assuntos ambientais da Frente Parlamentar da Agropecuária, para formatar sua proposta [XVI]
Agradecidos, o agronegócio e os grupos empresariais de papel e celulose doaram R$ 6,5 milhões à sua campanha eleitoral e às de outros deputados integrantes da comissão especial do Código Florestal, segundo as declarações disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral [XVII].
As alianças da cúpula do PT com o latifúndio “moderno” (tricampeão mundial de agrotóxicos, de maquinária de última geração na arte de devastar e de trabalho análogo à escravidão) formam um longo dossiê de traições a seus eleitores. 
Seu apoio recente à candidatura de Kátia Abreu [XVIII] ao governo de Tocantins em 2018 abole as últimas nuances que ainda diferenciavam sua ação da predação socioambiental da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O PT tornou-se, de fato, uma força auxiliar dos 240 deputados da FPA, o maior grupo do Congresso brasileiro, cuja agenda é coesa e bem definida: a remoção da legislação de proteção ambiental, o assalto às reservas indígenas e dos quilombolas, a regressão dos direitos dos trabalhadores rurais e a desregulamentação do mercado de terras. Se as forças sociais que ainda apoiam a cúpula do PT não derem um basta, a sigla passará definitivamente a significar Partido dos Terratenentes. 
A destruição da Amazônia e do Cerrado entre 2001 e 2014, tal como mostram as zonas em vermelho na figura 1, fornece o retrato fidedigno e brutal do legado das direções do PT e do PCdoB aos trabalhadores. 
Figura 1: Regiões de intensificação de desmatamento (em vermelho) entre 2001 e 2014 | Fonte: Global Forest Watch.
Mais de 50% da cobertura primária do Cerrado, que originalmente se estendia por cerca de 23% do território nacional (2 milhões de km2), foi perdida para a agricultura e a pecuária nos últimos 50 anos. Entre 1994 e 2008, o Cerrado perdeu em média 15.700 km2 por ano. Em 2005, Lula criou uma Comissão Nacional do Cerrado que permaneceu letra morta. 
A Política Nacional de Mudança do Clima por ele instituída em 2009 (Lei n° 12187) fixou uma meta até 2020 de redução de 40% dessa perda média anual. Essa meta é absurda porque significa considerar como aceitável perder 1% ao ano de sua vegetação remanescente, ou seja, quase 10 mil km2. Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, havia vetado a proposta inicial de uma redução de 50%. Entre 2013 e 2015, nada menos que 30 mil km2 de sua vegetação nativa foram completamente removidos [XIX]
Segundo um estudo prospectivo de Bernardo Strassburg e colegas, de 2017, “mantidas as tendências atuais, 31% a 34% da área restante da cobertura vegetal do Cerrado deve ser suprimida até 2050 (…), levando à extinção ~480 espécies de plantas endêmicas – três vezes mais que todas as extinções documentadas desde 1500” [XX]
Em junho de 2015, o Brasil assumiu o compromisso internacional de restaurar 12 milhões de hectares de cobertura vegetal nativa até 2030. O texto desse compromisso (INDC) sequer menciona qualquer objetivo de preservação do Cerrado. Como bem ironiza Mercedes Bustamante, “dado o avanço do desmatamento, em breve, realmente se tornará desnecessário mencioná-lo” [XXI].
A caixa d’água do Brasil - A imagem e os dados contidos na figura 2 permitem entender porque o Cerrado é chamado o berço e o grande distribuidor dos recursos hídricos para grande parte do território nacional. 
Figura 2 – O estresse hídrico do Cerrado, fonte de recursos hídricos do país | Fonte: Embrapa Cerrados, ANA e Ministério do Meio Ambiente – Arte L. Pacífico/CB/DA Press.
Enganam-se, portanto, os que pensam que a destruição do Cerrado não terá consequências catastróficas para o país. Nesse bioma encontram-se três grandes aquíferos (Guarani, Bambuí e Urucuia) e nele nascem três grandes bacias hidrográficas (Tocantins-Araguaia, Paraná-Prata e São Francisco), dos quais dependemos crucialmente, e não menos que milhares de outras espécies. Como lembra Tiago Reis, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), “a perda de vegetação nativa do Cerrado compromete a formação de chuvas por evapotranspiração e a infiltração das águas no solo para recarregar aquíferos e rios da região” [XXII]
A isso se acrescentam a poluição dos aquíferos por agrotóxicos e uma demanda crescente da agricultura de irrigação intensiva, típica do agronegócio que exporta água na forma de soja, carne bovina e outros produtos, o que tem levado a retiradas de água completamente insustentáveis. Uma das primeiras consequências, mas certamente não a última, da destruição do Cerrado é o racionamento de água no Distrito Federal, imposto desde finais de 2016 e sem data para acabar.
Notas
[I] Cf. FAO, We can’t live without forests. “Forests are key to supporting life on Earth.” (em rede).
[II] Veja-se Decreto no 9.142, de 22/VIII/2017: Extingue a Reserva Nacional de Cobre e seus associados, constituída pelo Decreto nº 89.404, de 24 de fevereiro de 1984, localizada nos Estados do Pará e do Amapá. Diário Oficial (em rede).
[III] Cf. Ricardo Senra, “Mineradoras canadenses souberam da extinção de reserva na Amazônia 5 meses antes do anúncio oficial”. BBC Brasil 26/VIII/2017.
[IV] Cf. Jonathan Watts, “Brazil abolishes huge Amazon reserve in ‘biggest attack’ in 50 years”. The Guardian, 24/VIII/2017.
[V] Citado por Helena Martins, “Governo extingue Reserva Nacional do Cobre e Associados”. Agência Brasil, 23/VIII/2017.
[VI] Cf. Marina Rossi, “Governo Temer convoca mineradoras à nova caça ao ouro na Amazônia”. El País, 25/VIII/2017; Philippe Watanabe, Fernando Tadeu Moraes, “Temer extingue reserva na Amazônia para ampliar exploração mineral”. Folha de São Paulo, 23/VIII/2017; Bernardo de Mello Franco, “Ataque à Amazônia”. Folha de São Paulo, 24/VIII/2017.
[VII] Cf. “Governo Federal anuncia Programa de Revitalização da Indústria Mineral Brasileira”. Ministério das Minas e Energia, 25/VII/2017 (em rede).
[VIII] Para uma análise dessas medidas, vejam-se os artigos de Claudio Angelo e Luciana Vicária, “Sem acordo, licenciamento ambiental deve ser votado amanhã”. Observatório do Clima, 23/VIII/2017 e Claudio Angelo, “Por que não dá para celebrar a queda no desmatamento”. Observatório do Clima, 24/VIII/2017.
[IX] Cf. Carlos Rittl, “O preço do trator”, Valor econômico, 21/VIII/2017; Moacir Rodrigues, “Entidades pedem ação contra a “Lei da Grilagem”. Safra, 31/VII/2017.
[X] Trata-se da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3239 proposta pelo DEM, questionando os direitos dos quilombolas, reconhecidos pelo Decreto nº 4.887/2003. Cf. “ADI 3239 – Comunidades Quilombolas”, Conectas – Direitos Humanos (em rede).
[XI] Essa reserva de 512 hectares foi revogada pelo Ministério da Justiça em 21 de agosto último. Cf. Felipe Mascari, “Revogação da reserva indígena do Pico do Jaraguá será o fim da comunidade”. Rede Brasil Atual, 22/VIII/2017.
[XII] Cf. Fábio Maisonnave, “Após vetar medida, Temer propõe novo corte de floresta no PA”. Folha de São Paulo, 14/VII/2017.
[XIII] Jorge Viana, João Capiberibe, Cristovão Buarque, Vanessa Grazziotin, Otto Alencar e Lindbergh Farias
[XIV] Em entrevista concedida à CartaCapital (19/V/2016), Erundina afirmava: “Precisamos rever, inclusive, a nossa relação com a natureza, não dá mais para manter um modelo de desenvolvimento predatório”.
[XV] Cf. Adriane Esquivel-Muelbert et al., “Biogeographical distributions of neotropical trees reflect their directly measured drought tolerances”. Scientific Reports, 7, 21/VIII/2017; Vandré Fonseca, “Quanto mais seco, pior”. ((o)) eco, 21/VIII/2017.
[XVI] Cf. Marta Salomon, “Consultora do agronegócio ajudou a elaborar relatório do Código Florestal”. Estado de São Paulo, 8/VI/2010.
[XVII] “Deputados a favor de mudanças no Código Florestal receberam doação de desmatadoras”. Viomundo, 4/IV/2011.
[XVIII] Cf. “Em reunião, PT decide apoiar Kátia Abreu nas eleições ao governo de Tocantins”. Norte do Tocantins, 21/VIII/2017. Sobre os vínculos de Kátia Abreu com o desmatamento, a grilagem de terras, a invasão de terras indígenas e o trabalho análogo à escravidão, há informações profusas. Veja-se, por exemplo, Marcio Zontas, “As faces de Kátia Abreu”. Brasil de fato, 13/IV/2013 e “Senadora Kátia Abreu. PMDB/Tocantins”. República dos Ruralistas.
[XIX] Cf. “Desmatamento do Cerrado supera o da Amazônia, indica dado oficial”. Observatório do Clima, 25/VII/2017.
[XX] Cf. Bernardo B.N. Strassburg et al., “Moment of truth for the Cerrado hotspot”. Nature Ecology & Evolution, 23/III/2017.
[XXI] Cf. Mercedes Bustamante, “Política de clima negligencia o Cerrado – mais uma vez”. Observatório do Clima, 23/XI/2015.
[XXII] Citado em “Desmatamento do Cerrado supera o da Amazônia, indica dado oficial”. Observatório do Clima, 25/VII/2017.
* LUIZ MARQUES é professor livre-docente do Departamento de História do IFCH /Unicamp. Pela editora da Unicamp, publicou Giorgio Vasari, Vida de Michelangelo (1568), 2011 e Capitalismo e Colapso ambiental, 2015, 2a edição, 2016. Coordena a coleção Palavra da Arte, dedicada às fontes da historiografia artística, e participa com outros colegas do coletivo Crisálida, Crises SocioAmbientais Labor Interdisciplinar Debate & Atualização (crisalida.eco.br).

Brasil. Um ano depois, há provas: foi golpe! (por Elvino Bohn Gass).

Beto Barata / Agência Senado.
Em 31 de agosto de 2016, a maioria do Senado aprovou uma das maiores vergonhas da história brasileira: o impeachment sem crime de Dilma Rousseff, presidenta eleita legitimamente com 54 milhões de votos. Oficialmente, o fato usado para justificar a abertura do processo de impedimento foi a acusação de que Dilma havia praticado “pedaladas fiscais”. Nem a evidência de que, em todos os níveis, poderes Executivos executavam, há anos, o mesmo procedimento, foi capaz de encerrar o processo. E como forma de ampliar as suspeitas sobre Dilma, o Ministério Público Federal (MPF) foi chamado a investigar as pedaladas. A conclusão não poderia ser outra: não houve, por parte da presidenta, qualquer dolo. Ou seja, o argumento oficial do não sobreviveu à análise de quem tinha por obrigação denunciá-la, caso houvesse ali um crime.

A maioria dos que votaram favoravelmente ao impeachment, sempre soube que pedalada não era razão para impeachment. Então, para justificar o movimento de tomada do poder, recorria a um discurso retórico que foi sintetizado na expressão “conjunto da obra”. Tentava-se, assim, consolidar na opinião pública a ideia de que os problemas do governo Dilma não se resumiam às questões fiscais, mas eram tantos e tão graves que sua interrupção seria um imperativo “pelo bem do Brasil”. Registre-se: a mídia oligopolizada do Brasil cumpriu um penal essencial na fixação desse discurso.
O tal “conjunto da obra” reunia acusações contra Dilma que incluíam a compra da refinaria de Pasadena, a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato e o abuso de poder econômico na eleição presidencial. E os adversários mais cínicos e menos responsáveis tratavam de ampliar, com opiniões tendenciosas e/ou dados falsos, cada uma dessas acusações.
Mas tudo foi investigado. A compra de Pasadena, por exemplo, foi alvo de profundo trabalho no Tribunal de Contas da União. Contudo, o mesmo tribunal de quem tantas vezes os inimigos políticos de Dilma se serviram, há poucos dias bateu martelo concluindo que não houve crime na compra da refinaria.
E a acusação de que ela teria tentado obstruir a Lava Jato? Bem, quem se encarregou de apurar isso foi a própria Polícia Federal. Foi uma longa investigação até a conclusão inevitável de que Dilma não tentou obstruir a operação.
Restava, ainda, a denúncia de que a presidenta, para obter a reeleição, teria abusado do poder econômico na campanha. A cargo do Tribunal Superior Eleitoral, o caso chegou ao julgamento e a sentença, mais uma vez, foi pela absolvição de Dilma.
Mas como? Ela não é corrupta? Veio do insuspeito (nesse caso) Ministério Público Federal a pá de cal nessa acusação. Procuradores vasculharam a vida de Dilma. Investigaram tudo, dentro e fora do Brasil. E não encontraram um centavo sequer de dinheiro irregular ou escondido no estrangeiro. Nenhuma conta no exterior, nada, nada, nada.
Passado um ano daquela lamentável sessão do Senado, tudo o que se conseguiu comprovar, oficialmente, é o que todo mundo já sabia: que Dilma é uma mulher íntegra e honesta. E que seu impeachment foi uma grande farsa, uma baixeza, uma canalhice política. Um golpe!
.oOo.
Elvino Bohn Gass é Deputado Federal (RS) e Secretário Nacional Agrário do PT.
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Ricardo Stuckert e as fotos da viagem de Lula: um espetáculo.

Foto de Ricardo Stuckert. Viagem de Luls pelo Nordeste.
Trabalhei com Ricardo Stuckert, fotógrafo do Instituto Lula, na revista Veja, em uma reportagem no sertão da Bahia, na cidade que então tinha proporcionalmente o maior número de analfabetos do Brasil – algo como 70%.
Foto de Ricardo Stuckert. Viagem de Luls pelo Nordeste.
Já naquela época, final da década de 1990, ele capturava com sua máquina a alma da história, a essência da notícia. É apaixonado pelo Brasil e pela profissão – tem talento no DNA. Mais uma vez ele enche os olhos de milhões de pessoas com as fotos que tem publicado nas redes sociais sobre a viagem de Lula pelo Nordeste.
Foto de Ricardo Stuckert. Viagem de Luls pelo Nordeste.
É um espetáculo que chamou a atenção do analista argentino Juan Manuel Karg, que o definiu como o melhor fotógrafo de política do continente. O experiente jornalista Flávio Gomes, rodado no circuito de Fórmula 1 (seara fértil de imagens espetaculares) escreveu: “Para além da importância da caravana, fico besta com a qualidade das fotos do Stuckert. Épicas”. Há muitas fotos que poderiam ser colocadas aqui, mas escolhi cinco, as primeiras que encontrei no Twitter.
Foto de Ricardo Stuckert. Viagem de Luls pelo Nordeste.
Texto de Joaquim de Carvalho, via DCM em 28/8/2017.

Argentina, província de Río Negro proíbe energia nuclear.

https://350.org/pt/rio-negro-proibe-energia-nuclear/
Província argentina é a primeira do país a aprovar uma lei que impede a construção de centrais nucleares em seu território. 
Em feito histórico, a província de Río Negro, na Patagônia Argentina, acaba de aprovar, na noite desta sexta-feira (01), a primeira lei provincial proibindo a instalação de centrais nucleares em seu território. Vencendo por 44 votos a favor e apenas um contra, o projeto de lei foi apresentado pelo governador Alberto Alberto Weretilneck após intensa manifestação de ambientalistas, cidadãos e organizações da sociedade civil rionegrina, como a Assembléia Patagônia Não Nuclear, a 350.org Argentina e a COESUS Latino-americana contra o fracking.
As mobilizações tiveram início quando o governo federal anunciou que seria construída na região a quinta usina nuclear do país, prevista para 2020, e que demandaria a contratação de cerca de 4 mil pessoas, das quais 800 viriam de fora da Argentina. O plano do governo era implantar o projeto na localidade de Sierra Grande, o que poderia comprometer todo o território de Río Negro. Segundo o governador Alberto Weretilneck, a posição da província foi, desde sempre, “indeclinável”.
Em 25 de julho, centenas de ativistas saíram às ruas de Viedma, capital da província, em protesto contra a visita de um grupo de trinta técnicos – metade argentina, da Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA), da estatal Nucleoeléctrica Argentina (NASA) e da empresa INVAP; e a outra metade da estatal chinesa China National Nuclear Corporation (CNNC), que veio para pesquisar a localização da planta. Os membros da Assembléia Não Nuclear os receberam com bandeiras que mostravam o número quatro em chinês – um símbolo sombrio para os orientais, tal qual a sua intenção para com os patagônios.
Em 9 de agosto foi convocada uma marcha nacional, lembrando a data do bombardeio nuclear de Nagasaki e tendo em mente também o de Hiroshima (06/08), e a origem bélica, que é o leitmotiv principal da energia nuclear. Milhares de patagônios se mobilizaram em Viedma e se juntaram a marchas e atividades em outras 43 cidades argentinas. Enquanto isso, foram realizadas palestras de formação e informação, atividades artísticas, assembléias, exibição de documentários, uma apresentação à ONU e mais de vinte mil assinaturas foram coletadas, que foram posteriormente apresentadas à mesma legislatura que aprovou a lei hoje.
Depois disso, nas eleições primárias, o partido da posição ficou em terceiro lugar, e decidiu descartar o projeto de instalação da usina nuclear em Río Negro. Foram apresentados dois projetos durante a semana, proibindo a instalação de usinas nucleares no território provincial: um pela oposição, outro pelo partido no poder. Somente este último foi votado, aprovado pela maioria após seis horas de debate, com a presença de vários ativistas.
“Sentimos que a lei tenha sido aprovada por completo, já que o artigo 1 proíbe a instalação de usinas nucleares de alta potência na província de Río Negro, mas seu artigo 2 exclui usinas menores fabricadas pela INVAP. O que foi aprovado hoje é um começo, mas a luta continua porque nós argentinos queremos uma Argentina Não Nuclear”, disse a ativista Fabiana Vega, representante da Assembléia Patagônia Não Nuclear.
A energia nuclear gera desconfiança e desaprovação por parte da sociedade, pois traz consigo questões fundamentais como a falta de segurança, o destino incerto do lixo radioativo, a poluição gerada pela liberação de material radioativo e a contaminação, além da possibilidade de graves impactos à saúde humana e à biodiversidade em caso de acidentes nas usinas. É considerada uma fonte suja, cara e perigosa. Após os desastres causados ​​por Fukushima e Chernobyl, vários países da Europa e da Ásia tentam impedir a expansão da energia nuclear.

sábado, 2 de setembro de 2017

Polícia Militar do Maranhão lançará a campanha SETEMBRO AMARELO de Prevenção do Suicídio.


A Polícia Militar do Maranhão convida a sociedade em geral para participar da solenidade de abertura ao SETEMBRO AMARELO, mês escolhido pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio para alertar sobre a importância de ações de prevenção a esta temática.


Sabe-se que a atividade policial é considerada uma das profissões de mais elevado nível de estresse, onde esses profissionais da Segurança Pública lidam de forma direta com o combate da criminalidade e manutenção da ordem pública, portanto, ficam frequentemente expostos às situações estressoras e com risco de suicídio.


Pesquisas recentes do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção, foram revelados em agosto de 2015 e trouxeram dados preocupantes: de 224 policiais militares entrevistados, 10% disseram ter tentado suicídio e 22% afirmaram ter pensado em suicídio em algum momento, e esta categoria profissional é a que mais recorre à morte por suicídio no mundo.

Agradecemos antecipadamente e contamos com sua presença.

Data: 05/09/2017 (TERÇA-FEIRA)

Horário: 08h

Local: Auditório do Palácio Henrique de La Roque.

São Paulo. Homem que ejaculou em mulher volta a ser preso após novo ataque a passageira de ônibus.

Foto: Diego Ferreira de Novais|
 Divulgação/Polícia Civil de SP

Publicado em: 
Da Redação*
O caso de um homem que ejaculou no ombro de uma mulher dentro de um ônibus em São Paulo, na última terça-feira (29), foi um dos fatos mais comentados durante a semana na imprensa e nas redes sociais do Brasil. 
Especialmente pela revolta gerada com a decisão do juiz José Eugênio do Amaral Souza Neto de soltá-lo, durante uma audiência de custódia no dia seguinte (30), por considerar que o ato não poderia ser enquadrado como estupro sob a alegação de que “não houve constrangimento” da vítima.
Neste sábado, o agressor, identificado como Diego Ferreira de Novais, 27 anos, voltou a ser preso após atacar outra passageira de um ônibus que passava pela região central de São Paulo por volta das 8h. Inicialmente, ele foi detido pelos próprios passageiros do veículo, que acionaram a Polícia Militar. Ele foi levado para uma delegacia de polícia, onde sua identidade foi confirmada.
Segundo o G1, Diego já tinha 15 passagens pela polícia por acusações de crimes sexuais contra mulheres e três prisões por estupro, a primeira delas em 2009 e todas elas em atos semelhantes.

*Com informações do G1 e do Brasil247.