quinta-feira, 19 de abril de 2018

19 de abril dia do indio. Um milhão de indígenas brasileiros buscam alternativas para sobreviver.

índios
Índios brasileiros buscam na venda de produtos e turismo conquistar a autonomia (Arquivo/Elza Fiúza/Agência Brasil.
Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil*.
Mais de 250 etnias tentam com comércio conquistar autonomia. Há, no Brasil, cerca de 1 milhão de indígenas de mais de 250 etnias distintas vivendo em 13,8% do território nacional. 
Em meio às ameaças de violência, riscos de perda de direitos em decorrência da pressão dos latifundiários, mineradoras e usinas, alguns povos indígenas lutam por mais autonomia, tentando conquistar, com a comercialização de seus produtos e com o turismo, alternativas para diminuir a dependência dos recursos cada vez mais escassos da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Segundo especialistas consultados pela Agência Brasil, estes são alguns dos principais desafios a serem lembrados neste 19 de abril – o Dia do Índio.
Para serem bem-sucedidos, nessa empreitada visando a venda de suas produções e a exploração dos recursos naturais das terras indígenas (TIs), os povos indígenas têm como desafio buscar maior representatividade no Congresso Nacional, uma vez que cabe ao Legislativo Federal criar políticas específicas que deem segurança jurídica para que eles consigam o desenvolvimento financeiro do qual sempre foram excluídos.
A castanha rendeu aos Xipaya e Kuruaya, no Pará, R$ 450 mil, dinheiro obtido com a venda de 90 toneladas do produto. Cerca de 6 mil peças de artesanato oriundo das Terras Indígenas do Alto e do Médio Rio Negro renderam R$ 250 mil aos índios da região. Já os indígenas da TI Yanomami (Roraima e Amazonas) tiveram uma receita de R$ 77 mil com a venda de 253 quilos de cogumelos.
Sustentabilidade - Alguns povos indígenas que tiveram suas terras homologadas têm conseguido bons resultados por meio da comercialização de seus produtos. Levantamento apresentado à Agência Brasil pelo Instituto Socioambiental (ISA) aponta que, somente na safra 2017/2018, índios da etnia Kaiapó do Pará obtiveram cerca de R$ 1 milhão com a venda de 200 toneladas de castanha. Outros R$ 39 mil foram obtidos com a venda de sementes de cumaru, planta utilizada para a fabricação de medicamentos, aromas, bem como para indústria madeireira.
Dia do Índio - Mapa Ocupação
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Os exemplos de produções financeiramente bem-sucedidas abrangem também os Baniwa (AM), que venderam 2.183 potes de pimenta, que renderam R$ 46,3 mil. As 16 etnias que vivem no Parque do Xingu obtiveram R$ 28,5 mil com a venda de 459 quilos de mel.
Produção dos povos indígenas
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Autonomia - O presidente da Funai, general Franklimberg Ribeiro Freitas, disse que cabe aos indígenas a escolha do modelo de desenvolvimento a ser adotado. “A Funai deve apoiá-los para atingir seus objetivos”, afirmou à Agência Brasil. “Em diversas regiões, os índios estão produzindo visando à comercialização de seus produtos ou mesmo serviços, como o turismo ecológico. Essas experiências mostram que a extração sustentável, a comercialização de produtos e o turismo podem ajudar a ampliar o desenvolvimento das Terras Indígenas”, disse o presidente do órgão indigenista. 
Franklimberg destacou que entre as etnias que produzem e avançam na comercialização de produtos e serviços estão os Kaiapós do Pará.  “Eles produzem toneladas de castanha e agora reivindicam máquinas para beneficiar o produto”, ressaltou. “Há também o cultivo e a venda de camarão, pelos Potiguara da Paraíba, que está bastante avançada. Tem até a lavoura de soja dos Pareci, no Mato Grosso”.
O presidente da Funai acrescentou ainda que: “No caso do minério e dos recursos hídricos, é preciso ainda normatizar e regulamentar essas atividades, o que cabe ao Congresso Nacional fazer”.
Congresso Nacional - Para o antropólogo e professor da Universidade de Brasília Stephen Baines, os indígenas são preteridos na relação com os empresários e donos de terras. “Há uma desproporção absurda no Legislativo brasileiro a favor daqueles que querem o retrocesso dos direitos dos povos indígenas, previstos na Constituição de 1988 e na legislação internacional”, disse à Agência Brasil.
“Temos atualmente um Congresso Nacional extremamente conservador que representa – por meio de parlamentares ligados à bancada ruralista, ao agronegócio, às empresas de mineração e aos consórcios de mineração e de usinas hidrelétricas – a maior ameaça e o maior ataque aos direitos dos povos indígenas", afirmou o antropólogo.
Segundo Baines, é difícil para os índios planejar grandes voos do ponto de vista de recursos, sem que, antes, seja resolvida a questão da gestão territorial, o que inclui a segurança jurídica que só é possível a eles após terem suas terras demarcadas e homologadas.
“É fundamental que se tenha respeito pelos índios e pela sua forma de viver e produzir. Para tanto, é necessária a efetivação dos direitos previstos tanto na Constituição como pelas convenções internacionais”, disse Baines citando convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos dos povos indígenas.
Violência -  Stephen Baines afirmou que a violência contra os índios ainda é intensa em várias comunidades, como nos estados do Pará, Mato Grosso e Roraima. “Há muitas ameaças contra os índios, feitas por latifundiários, empresas e pelos capangas, que matam lideranças locais que lutam pelos seus direitos. Quer saber onde os índios correm mais riscos? Basta olhar para as terras indígenas que estão próximas a latifúndios”, disse.
Baines citou como exemplo o ocorrido na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), onde fazendeiros que vieram de outras regiões se instalaram. “Eles invadiram as áreas indígenas para desenvolver produção industrial de arroz. Para expulsar os índios da região, usavam capangas. Até indígenas foram pagos por eles para intimidar as lideranças”, afirmou.  “Atualmente, muitos daqueles invasores são atualmente influentes políticos locais e federais e, com a ajuda da mídia, passam a falsa ideia de que há muita miséria entre os indígenas. Os indígenas negam isso, mas não conseguem espaço na mídia para desmentir a história falsa.”
À Agência Brasil, o integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária e líder do PSDB na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT), disse que "nenhum projeto" aprovado pelo Congresso Nacional traz prejuízos aos interesses dos indígenas. "Pode ir contra o interesse de intermediários, interventores ou organizações sociais, que dizem trabalhar para o índio. Nenhum deputado que eu conheço, que defenda o setor produtivo, trabalha contra o índio", disse.
Nilson Leitão afirmou que o "verdadeiro parceiro do índio são os produtores". "[Indígenas e produtores] são vizinhos, moram na mesma localidade, têm as mesmas peculiaridades e colaboram um com o outro. Não existe conflito entre eles a não ser aqueles provocados por organizações sociais", disse.
Marco temporal - O antropólogo alertou sobre "marco temporal", medida que divide opiniões, busca produzir a área das terras indígenas, colocando como referência para as demarcações as terras que estavam ocupadas na época em que a Constituição foi promulgada [1988], ou seja, quando os "indígenas foram removidos e expulsos de suas terras em todo o Brasil”.
Neste cenário, as manifestações indígenas ganharam mais força, como o caso do Acampamento Terra Livre, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Formado em 2004, é a maior mobilização de povos indígenas do país. Em 2017, mais de 3 mil indígenas de 200 povos participaram da manifestação em Brasília.
No próximo dia 23, haverá a 15ª edição da mobilização, em Brasília, em defesa da manutenção e efetivação dos diretos dos povos indígenas.
Mais demandas - Os diversos grupos indígenas apelam por mais mecanismos de segurança jurídica para o desenvolvimento e comercialização de seus produtos. “A segurança jurídica não pode ficar restrita a grandes grupos econômicos. Além de ter seus direitos respeitados e a liberdade para explorar as terras como acharem melhor, os indígenas precisam também de incentivos para produzir, respeitando seus próprios modos de produção”, argumentou Stephen Baines.
Segundo o antropólogo, o conhecimento tradicional sobre a relação com o ambiente faz parte dos produtos indígenas e, ao mesmo tempo, valoriza a questão ambiental. “Não há dúvida de que o fato de serem feitos por indígenas dá ao produto um diferencial, por serem ecologicamente seguros. Inclusive há lojas na Europa muitas lojas que vendem produtos industrializados como sendo indígenas. Alguns até usam uma pequena quantidade de óleo de castanha kaiapó para associar a imagem do produto à ideia de produção sustentável em suas campanhas de marketing”.
Em menor escala, a forma de produção indígena é bastante diferente da exploração industrial, que, segundo ele, é desastrosa e provoca impactos ambientais irreversíveis. “Quando eles optam pela mineração, eles o fazem por meio de uma maneira própria de garimpagem em pequena escala. Extraem somente o necessário, pensando nas gerações futuras. Não querem empresas porque sabem que elas tiram tudo de uma vez, não deixando nada para o futuro”.
Para Baines, é importante a adoção de cotas indígenas no ensino superior, como fez de forma pioneira a Universidade de Brasília (UnB). Em 2017, havia 67 alunos indígenas de 15 povos. Destes, 42 faziam graduação e 25 pós-graduação.
Política - O assessor parlamentar da Funai Sebastião Terena disse que as lideranças indígenas têm trabalhado também para ampliar a representatividade de índios na política brasileira nas eleições de 2018, em especial no Congresso Nacional. As dificuldades, no entanto, não são poucas. Na história do Parlamento brasileiro, o único indígena eleito foi Mário Juruna, em 1982, para a Câmara dos Deputados.
Pelos dados de Terena, há apenas 117 vereadores indígenas cumprindo mandato em 25 unidades federativas, além de quatro prefeitos e um vice-prefeito. “Apesar da falta de recursos e de infraestrutura, pela primeira vez teremos pré-candidatos indígenas em pelo menos 10 estados e no Distrito Federal”, disse Terena à Agência Brasil. A definição dessas candidaturas deve ocorrer em julho.
O antropólogo Stephen Baines lamenta que “apenas uma pequena minoria de parlamentares luta pelos direitos indígenas”. “Em parte, isso se explica porque muito do dinheiro do agronegócio e das empresas e consórcios acaba sendo usado em campanhas eleitorais das bancadas contrárias aos povos indígenas. E muito provavelmente parte do financiamento vantajoso que é direcionado ao agronegócio acaba servindo também para financiar as campanhas dessa bancada que faz de tudo para inviabilizar candidaturas indígenas”, acrescentou.
Na avaliação de Baines, a data de hoje – Dia do Índio – é importante não só para o protagonismo indígena, mas também para chamar a atenção das pessoas interessadas na defesa dos direitos indígenas. 
*Colaboraram Andréa Quintiere e Paulo Victor Chagas.
Edição: Carolina Pimentel e Renata Giraldi

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Como jornalistas podem provocar guerras.

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Como jornalistas podem provocar guerras

Thierry Meyssan
O bombardeamento da Síria, a 14 de Abril de 2018, irá ficar nos anais como um exemplo das consequências do jornalismo de escândalos («amarelo»-ndt). Thierry Meyssan reanalisa aqui o uso do sensacionalismo na propaganda de guerra.
Em Dezembro de 2016, os "Capacetes Brancos" subscreveram esta reivindicação dos jiadistas que cercaram Damasco e lhe cortaram a água. Privar civis de acesso à água é um crime de guerra.
Os Estados Unidos, a França e o Reino Unido bombardearam a Síria na noite de 13 para 14 de Abril de 2018. Esta operação, que constitui uma agressão pelo Direito Internacional, foi apresentada como uma resposta aliada ao suposto emprego de armas químicas pela República Árabe Síria.
O Secretário da Defesa dos EUA, o General James Mattis, declarou não dispor de provas desta acusação, antes basear-se em «artigos de imprensa credíveis». Em 2011, o Procurador (promotor-br) do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo, também se baseara em artigos de imprensa ---hoje em dia todos desmentidos--- para lançar um mandado de prisão internacional contra Muammar Kaddafi, justificando assim a intervenção da OTAN.
Em 1898, o governo dos Estados Unidos havia-se baseado identicamente em «artigos de imprensa credíveis», de jornais de William Randolph Hearst [1], para lançar a Guerra Hispano-Americana. Posteriormente, esses artigos revelaram ser completamente falsos [2].
Os «artigos de imprensa credíveis» a que James Mattis faz referência, baseiam-se em declarações da ONG britânica «Capacetes Brancos»(White Helmets). Esta, que se apresenta como uma «associação humanitária», faz na realidade parte do conflito. Ela participou oficialmente em várias operações de guerra, entre as quais a do corte de água aos 5,6 milhões de habitantes de Damasco durante um período de uns quarenta dias [3].
Algumas horas antes do bombardeamento dos aliados, a Rússia e a Síria tinham tornado públicos os testemunhos de dois homens presentes no hospital de Duma durante o pretenso ataque químico. Eles atestaram que tal não passou de uma encenação e que jamais ocorreu na realidade [4].
Tal como no século XIX, portanto, será possível hoje em dia a jornalistas manipular Estados e um Tribunal Internacional, pressioná-los a derrubar um regime ou a bombardear outros Estados.
É por isso que, numa democracia, uma parte da imprensa reivindica constituir um «Quarto Poder», mesmo que ilegítimo, uma vez que não é eleito.
Os média (mídia-br) que dispõem desta capacidade, pertencem a grandes capitalistas que, aliás, também têm laços estreitos com os responsáveis políticos que, em seguida, alegam ter sido intoxicados pelos tais seus «artigos credíveis». William Randolph Hearst era, por exemplo, um próximo do Presidente dos EUA, William McKinley, o qual ambicionava lançar a Guerra Hispano-Americana e que acabou declarando-a.
No fim da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética e a França conseguiram fazer adoptar pela Assembleia Geral das Nações Unidas diversas resoluções condenando a propaganda de guerra [5]. Elas foram transcritas para o Direito nacional pelos Estados-membros. Teoricamente, os jornalistas que se dedicam a esta actividade deveriam, pois, ser processados. No entanto, não é o caso, porque, na prática, apenas os Estados têm a capacidade de desencadear este tipo de ação legal. A propaganda de guerra é, portanto, interdita, mas, de momento, apenas os jornalistas de oposição que não têm capacidade de travar guerras podem ser, por isso, considerados culpados pela legislação nacional, não os Estados que as lançam.
Tradução
Alva
[1Citizen Hearst: A Biography of William Randolph Hearst, W. A. Swanberg, Scribner's, 1961.
[2Public Opinion and the Spanish-American War: a Study in War Propaganda, Marcus Wilkerson, Russell and Russell, 1932. The Yellow Journalism USA, David R. Spencer, Northwestern University Press, 2007.
[3] "Uma «ONG humanitária» priva de água 5,6 milhões de civis", Tradução Alva, Rede Voltaire, 7 de Janeiro de 2017.
[4] "Testemunha ocular que nega a acusação dos "Capacetes Brancos"", Tradução Alva, Rede Voltaire, 15 de Abril de 2018.
[5] « Les journalistes qui pratiquent la propagande de guerre devront rendre des comptes » («Os jornalistas que fazem propaganda de guerra deverão prestar contas»- ndT), par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 14 août 2011.
Fonte : "Como jornalistas podem provocar guerras", Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 16 de Abril de 2018, www.voltairenet.org/article200698.html

terça-feira, 17 de abril de 2018

Ministério Público denuncia Governo do Estado por licença para WPR construir o Porto São Luís.


O Ministério Público Federal (MPF) no Maranhão propôs ação civil pública, com pedido de liminar, contra o Governo do Estado e a WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais LTDA pedindo a suspensão do licenciamento ambiental e obras do empreendimento “Porto São Luís”, lançado no mês de março, em evento que contou com a presença do governador Flávio Dino (PCdoB), que fez questão de deixar seu aval na pedra fundamental do empreendimento.
Segundo o MPF, a licença de instalação, concedida pela Sema, ao empreendimento denominado “Porto São Luís”, de responsabilidade da WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais é inválida, porque foi obtida graças à prestação de informação enganosa pelo empreendedor, que alegou possuir uma autorização da Capitania dos Portos do Maranhão, que, revelou-se, ao final, inexistente.
De acordo com a apuração, a empresa obteve licença ambiental sem que a Capitania dos Portos tivesse autorizado a implantação do Porto, sendo que a apresentação desse documento foi uma exigência realizada anteriormente pela própria Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), para dar início à instalação, como condição necessária para prosseguir com a obra.
Mesmo sem ter essa autorização, a empresa apresentou apenas um ofício à Sema que não correspondia à autorização exigida. Porém, órgão estadual não verificou o teor do documento e aceitou o início da implantação, sem que a condição tivesse sido cumprida, o que é necessário para garantir a segurança das navegações e evitar o risco de acidentes com prejuízos à Zona Costeira.
A Capitania dos Portos do Maranhão afirmou que ainda não concedeu a autorização e apontou que a instalação do terminal portuário privado, em seu projeto original, poderia originar riscos à navegação dos navios em direção ao Porto da Alumar. Mas, mesmo com riscos à navegação, o porto teve a licença de instalação concedida pela Sema.
A existência de riscos à navegação pode causar eventuais acidentes, sendo que o terminal portuário seria instalado na localidade de Cajueiro, com riscos de prejuízos ao ecossistema costeiro.
Na ação, o MPF requer, em caráter liminar, a suspensão dos efeitos da licença de Instalação concedida pela Sema em benefício da empresa WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais e que, ao final, seja reconhecida sua nulidade insanável.
A Procuradoria da República no Maranhão pediu também que seja determinada a suspensão da instalação de qualquer obra, serviço ou atividade relativa ao Terminal Portuário, inclusive a implantação de canteiro de obras, abertura de estradas de acesso e desmatamentos, especialmente nas áreas de manguezais situadas nas proximidades da praia de Panauaçu, Cajueiro.
O MPF solicita, ainda, a reapresentação dos estudos ambientais pertinentes para o correto licenciamento, de forma a considerar todas as modificações decorrentes da alteração do projeto original do terminal portuário, a serem realizadas apenas após a certificação da sua segurança pela autoridade marítima.
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Entenda o caso – Essa é a segunda ação civil pública promovida pelo MPF contra a WPR Gestão de Portos, em razão da implantação do Porto São Luís, na localidade de Cajueiro. Na primeira ação, o MPF apontou a existência de grave conflito fundiário na região, pois no mesmo local do empreendimento, o Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) instalou um projeto de assentamento e distribui áreas aos moradores do local. A Sema não considerou os direitos de uma comunidade tradicional no local. Essa questão atualmente é discutida na Justiça Estadual.
O porto São Luís é um empreendimento privado e, de acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, “A WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais Ltda pretende instalar um Terminal Portuário multiuso, localizado na região do Golfão Maranhense a sudoeste de São Luís/MA, especificadamente inserido no Distrito Industrial de São Luís (Disal). O terminal fara parte do Complexo Portuário de São Luís (CPSL) ou Complexo Portuário da Baia de São Marcos.”
“Prevê-se, no projeto, a instalação de terminais de exportação de grãos e farelo de soja, de importação de fertilizantes, de armazenamento de carga geral, contêineres e graneis líquidos, uma administração central funcionando como “Prefeitura” do Terminal Portuário e implantação de acessos internos.”

segunda-feira, 16 de abril de 2018

MPF/MA: pré-candidata ao governo do estado sofre representação por propaganda eleitoral antecipada.

Maura Jorge de Alves Ribeiro teve sua imagem divulgada em outdoor, o que é proibido pela legislação eleitoral.
A Procuradoria Regional Eleitoral no Maranhão (PRE/MA), por meio do procurador regional eleitoral substituto, Juraci Guimarães Júnior, encaminhou ao Tribunal Regional Eleitoral no Estado (TRE-MA) representação contra Maura Jorge de Alves Ribeiro, pré-candidata à eleição para o Governo do Maranhão, em 2018. Ela é acusada de  realizar propaganda eleitoral antes do prazo, violando o artigo 2º da Resolução TSE nº 23.551/2017, que diz que “a propaganda eleitoral só é permitida após o dia 16 de agosto do ano da eleição”.
Para o Ministério Público Eleitoral, Maura Jorge fez propaganda eleitoral antecipada por meio de outdoor localizado em São Luís (MA), na Avenida dos Holandeses, local de grande circulação na cidade, o que é vedado pela legislação eleitoral. Foi constatado, desde 9 de abril de 2018, que o outdoor apresenta a imagem da pré-candidata ao governo do estado ao lado do pré-candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, com os seguintes dizeres “Unidos somos mais fortes”.
Segundo o procurador Juraci Guimarães Júnior, “é importante contextualizar essa propaganda eleitoral antecipada por meio de outdoor no conjunto de outras ações, como vídeos veiculados na internet, que demonstram a intenção de Maura Jorge de Alves Ribeiro de levar ao conhecimento geral sua candidatura e o apoio do pré-candidato à presidência, Jair Bolsonaro”, disse.
O Ministério Público Eleitoral requer que o outdoor seja imediatamente retirado, bem como qualquer outro presente no estado do Maranhão, e o pagamento de multa prevista no artigo 4º da Resolução TSE nº 23.551/2017, entre R$ 5.000,00 e R$ 20.000,00.

Líder quilombola da comunidade Turé III é assassinado no nordeste do Pará.

Nazildo dos Santos Brito (Arquivo da família)

Nazildo dos Santos Brito estava ameaçado de morte e não recebia proteção da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
Belém (PA) – A Polícia Civil do Pará investiga a suspeita de crime de execução para o assassinato do líder quilombola Nazildo dos Santos Brito, 33 anos, da Comunidade de Remanescentes de Quilombo Turê III, na divisa dos municípios de Tomé-Açu e Acará, no nordeste do Pará. Seu corpo foi encontrado em um ramal da comunidade neste domingo (15) com marca de tiros nas costelas e na cabeça. Segundo a polícia, a motocicleta e objetos pessoais da liderança não foram levados pelo autor dos disparos, daí a suspeita de execução.
Conforme informações da Delegacia do Distrito de Quatro Bocas, o crime aconteceu por volta das 19h30 de sábado (14) no ramal da Roda D’Água, a caminho do quilombo Turê III, na zona rural de Tomé-Açu. De acordo com a investigação, apesar das característica de execução ainda não há informações sobre a motivação e nem pistas sobre o responsável pelo crime. 
Nazildo dos Santos Brito, ex-presidente da Associação de Moradores e Agricultores Remanescentes Quilombolas do Alto Acará, era ameaçado de morte por denunciar crimes ambientais na região. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) do Pará, ele estava no programa de proteção, no entanto, não recebia a segurança solicitada à Secretaria de Segurança Pública (Segup).
Desde 2015, Nazildo respondia à oito processos, sendo acusado de crimes de turbação (perturbação), invasão, ameaças, furto e roubo impetrados pela empresa Biopalma da Amazônia S/A, subsidiária da Vale, na Comarca de Acará.
A liderança quilombola, junto com indígenas Tembé, comandou a ocupação da empresa Biopalma, em 2015, para denunciar desmatamento ilegal, poluição de agrotóxicos nos mananciais de Tomé-Açu. Durante o protesto foram incendiados veículos e tratores da empresa. A Biopalma produz óleo de palmiste para as indústrias farmacêuticos, cosméticos, óleos-químicos e produtos de higiene pessoal em Aracá.
Nazildo Brito é a terceira liderança assassinada nos últimos quatro meses na região nordeste do estado. Em Barcarena foram mortos, em crimes de autoria desconhecida, no dia 12 de março, Paulo Sérgio Almeida Nascimento, segundo-tesoureiro da Associação dos Caboclos Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama). Em 22 de dezembro do ano passado foi assassinado Fernando Pereira, também liderança da Cainquiama. Eles denunciavam crimes ambientais das mineradoras e conflitos fundiários na região. Até o momento, nenhuma pessoa foi presa pelos crimes.

Um telefonema

O território quilombola Turê III fica na divisa entre os municípios de Acará e Tomé-Açu, ambos no nordeste do estado. Em entrevista à agência Amazônia Real, Railson da Silva, disse que seu cunhado, Nazildo dos Santos Brito, recebeu um telefonema por volta das 19h15 do sábado (14) e disse que iria para casa. “Eu pedi pra ele não ir embora, porque estava à noite, mas ele foi mesmo assim”, lembrou Silva.
Para a liderança indígena Paratê Tembé, que também protestou contra os danos ambientais da empresa Biopalma e responde a processos na Comarca de Acará, todos que denunciam a indústria sofrem muitas ameaças. “Aqui nós vivemos sob constante ameaça e criamos sistema de proteção entre a gente, porque sabemos que há ofertas de dinheiro pelas nossas cabeças. Queremos que as autoridades investiguem o caso, que os culpados sejam presos. O Nazildo era um guerreiro, ele lutava com a gente na região do Vale do Acará”, lamenta.
Desde 2012, os índios Tembé da Turé-Mariquita tentam obter compensações e ações de mitigação para os impactos que sofrem com as atividades da Biopalma, mas pouco foi conquistado desde então. “Nós até fizemos um acordo que envolvia a questão do saneamento, mas tudo foi meio vago. Eles [a Biopalma] não cumprem o acordo feito junto com a Funai, organizações quilombola e MPF e isso acaba gerando novamente a expectativa de um novo conflito. A nossa situação com a Biopalma é muito complicada”, afirma Paratê Tembé.
Neste domingo, Paratê utilizou sua página no Facebook para se despedir do amigo Nazildo Brito: “nosso povo indígena e quilombola amanheceu de luto, perdemos um dos nossos guerreiros, um símbolo, um pai, um esposo, um ser humano. Nazildo Quilombola, líder do quilombo Turê lll em Tomé-Açu, que foi brutalmente assassinado ontem (14). Você partiu cedo demais contudo suas ações entre nós vai ecoar pela eternidade.”

Hildo Rocha e servidores debatem lei que melhora vida dos agentes de saúde.


O que muda a partir da entrada em vigor da Lei 13.595/18, que define as atribuições dos Agentes de Saúde (ACS) e Agentes de Combate a Endemias (ACE)?  Com o objetivo de responder a essa e outras questões o deputado federal Hildo Rocha se reuniu, neste fim de semana, com servidores públicos do município de São João do Paraíso que atuam no setor. 
Rocha esteve no município a convite do ex-prefeito Zé Aldo e vereadores. 
Segurança jurídica
O parlamentar enfatizou que agora os profissionais que atuam nessa área tem a garantia de que nenhum ministro de Estado poderá, por meio de portarias, promover mudanças prejudiciais às duas categorias.
“Hoje, as atribuições desses profissionais estão definidas e asseguradas por lei. Nenhum ministro da saúde poderá promover alterações prejudiciais à categoria, como já aconteceu. Considero que a segurança jurídica foi a conquista mais significativa que a categoria passa a ter”, destacou Hildo Rocha.
A Lei 13.595/18, tem origem no Projeto de Lei 6437/16, aprovado no Senado em setembro e na Câmara em dezembro do ano passado. O texto altera pontos da Lei 11.350/06, que regulamenta a profissão. Rocha lembrou que o poder executivo havia vetado alguns itens da nova lei, mas a presidente da Confederação dos Agentes Comunitários de Saúde, Hilda Angélica Correia, liderou uma grande mobilização que contou com o apoio de deputados e senadores sensíveis à causa e os vetos foram derrubados.
“Tive a honra de participar desse e de tantos outros momentos importantes dessa luta que felizmente terminou de forma satisfatória para a categoria”,destacou Hildo Rocha.
Gratidão
O vereador Vonis Aguiar, que também é agente de saúde, agradeceu a presença de Hildo Rocha, lembrou que o parlamentar foi membro destacado da comissão especial que aprovou o PL 6437/2016 e destacou a importância da atuação do deputado na aprovação da lei e na derrubada dos vetos presidenciais.
Hildo Rocha participou ainda de reunião na casa do ex-prefeito José Aldo onde vereadores, lideranças comunitárias e servidores municipais prestigiaram o encontro que contou com a presença do deputado estadual Léo Cunha.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Maranhão. Peixes aparecem mortos no Rio Itapecuru em Codó.

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Centenas de peixes apareceram mortos em córrego do Rio Itapecuru na zona urbana de Codó, a 290 km de São Luís. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente do município, a principal causa da morte seria a poluição no rio.
O córrego onde os peixes apareceram mortos leva na maior parte do ano o esgoto da cidade para o Rio Itapecuru. Com as chuvas, ele ficou represado e com a grande quantidade de lixo no local eles começaram a aparecer mortos. A mortandade dos peixes chamou a atenção de quem passa pelo local.
De acordo com Ivaldo José da Silva, Secretário de Meio Ambiente de Codó, as mortes estão sendo causadas por falta de oxigenação na água, somados ao acúmulo de lixo e esgoto. A estação elevatória da Companhia de Esgoto e Saneamento de (SAAE) não teve capacidade sufi ciente de enviar tanto esgoto para a estação de tratamento.
“Nesse momento a bomba que está aqui está com um pequeno problema e você não consegue bombear esse material. Vem o advento do rio, o subir o volume normal do que se imaginava e ele adentrou essa área onde fica o esgoto então houve essa mistura de produtos in natura e ai teve essa perda de peixes”, explicou o secretário.