segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Projeto propõe equiparar salário de professor ao de vereador

Projeto propõe equiparar salário de professor ao de vereador

De acordo com o vereador Fernando Frederico, de Jahu (SP), o projeto é uma estratégia para que os colegas despertem para a urgência de desenvolver políticas de melhoria da qualidade da educação pública no município.
 
O vereador Fernando Frederico de Almeida Junior (PMDB), da cidade de Jahu, a 290 quilômetros de São Paulo, vai apresentar nos próximos dias um projeto de lei para equiparar o salário dos vereadores ao dos professores de educação infantil da rede pública do município. Atualmente, um vereador da cidade recebe cerca de R$ 4 mil. Já o professor ganha em torno de R$ 1,4 mil. Para ser aprovada, a proposta precisa dos votos de dois terços dos 11 vereadores. 

O projeto acrescenta um parágrafo ao artigo 14 da Lei Orgânica do Município, com a seguinte redação: “Os subsídios dos vereadores, de que trata o inciso V deste artigo, não poderão superar a média aritmética obtida entre o menor e o maior valor previsto na escala de vencimentos dos professores de educação infantil, referente à classe de docentes, estabelecida na lei que dispõe sobre o Estatuto e o Plano de Carreira do Magistério Público Municipal de Jahu”. 

De acordo com o vereador, o projeto é uma estratégia para que os colegas despertem para a urgência de desenvolver políticas de valorização do professor e de melhoria da qualidade da educação pública no município. “Houve um verdadeiro aviltamento da remuneração destes profissionais e desvalorização da profissão, na qual se encontram cada vez menos adeptos e, inversamente, cada vez mais estão expostos a situações de risco e de sofrimento no ambiente escolar da rede pública”, disse. 

Fernando Frederico destacou que “a melhora da educação não está fundamentada apenas no salário do professor, mas é evidente que este é o primeiro passo para uma real mudança no sistema educacional público”. 

http://www.cgceducacao.com.br/canal.php?c=1&a=16208

domingo, 23 de outubro de 2011

A Inquisição contra Leonardo Boff. Punição do teólogo brasileiro

EFEMÉRIDE ESQUECIDA - A punição do teólogo brasileiro.

Por Deonísio da Silva em 18/10/2011 na edição 664.


A Inquisição mudou de nome e preferiu chamar-se Santo Ofício, que inclusive dá nome ao palácio, em Roma, onde está instalada.

Museus e iconografias ainda registram o uso de ferros e correntes para extrair declarações e confissões. E depois, a execução no garrote vil ou na fogueira, ou nos dois, pois eram opções queimar a vítima viva, queimá-la depois de recém-executada ou queimar-lhe os ossos, desenterrados para serem levados ao fogo. E, quando não eram encontrados, queimava-se uma tábua na qual era desenhada a figura do condenado quando vivo.

Mas o significado inicial da palavra inquisição era o de perguntar, interrogar, investigar. Depois que passou a designar o tribunal eclesiástico instituído para investigar e punir crimes contra a fé católica, a palavra cobriu-se de trevas apavorantes.

No Brasil do século 18, a Inquisição condenou 1.074 pessoas e executou o dramaturgo brasileiro Antônio José da Silva, garroteado e queimado em Lisboa, a poucas quadras de onde era representada uma peça de sua autoria, como comprovam Alberto Dines em sua obra referencial sobre o tema, Os vínculos do fogo, e as pesquisas da professora da USP Anita Novinsky, transformadas em livros e ensaios de indispensável consulta quando o assunto é a Inquisição no Brasil nos tempos coloniais.

“A Inquisição não perdoa”
Antônio José foi interrogado em Lisboa no século 18. Outros dois casos emblemáticos o precederam: Giordano Bruno, condenado à morte na fogueira, entre o fim do século 16 e o alvorecer do século 17, e o de Galileu Galilei, punido com prisão domiciliar na primeira metade do século 17.

Há um outro caso ainda, do qual pouco se fala. E a vítima está viva porque contra ela foram aplicadas outras punições. É o do frade e teólogo catarinense Leonardo Boff, castigado com o “silêncio obsequioso” em 1985. Inconformado, ele deixou a ordem em 1992. Porque a alternativa que lhe foi dada era mudar-se para as Filipinas ou para a Coreia do Sul.

Leonardo Boff sentou-se e foi interrogado no mesmo banquinho do Palácio do Santo Ofício onde se sentaram e foram igualmente interrogados os outros dois. Os três fizeram declarações que se tornaram célebres. Galilei disse, em italiano: Eppur si muove (ela ainda se move), reiterando que é a Terra que gira ao redor do Sol. Bruno disse, em latim: “Maiori forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam” (“Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la”). Boff disse, em português: “A Inquisição não esquece nada, não perdoa nada, cobra tudo.”

A mídia deixou passar essa importante efeméride. No ano passado, em 01/05/2010, se completaram 25 anos da condenação de Leonardo Boff. Em 2012 completam-se 20 anos de outra efeméride: em 1992, sendo vãos os imensos apoios que recebeu, inclusive de cardeais como Dom Paulo Evaristo Arns, ele deixou a ordem, único modo de livrar-se das garras de um inquisidor que puniu, não apenas a ele, mas outros 140 teólogos. O inquisidor, o cardeal Joseph Ratzinger, tornou-se papa com o nome de Bento 16.
***
[Deonísio da Silva é escritor, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, professor e um dos vice-reitores da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro; autor de A Placenta e o Caixão, Avante, Soldados: Para Trás e Contos Reunidos (Editora LeYa)]

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_a_punicao_do_teologo_brasileiro

Brasil investe pouco em defesa, dizem especialistas

Importância estratégica crescente do país justificaria gasto maior no setor, segundo participantes de debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional

O investimento em defesa feito pelo governo brasileiro é relativamente baixo, considerando as riquezas nacionais e o papel crescente do país numa reorganização geopolítica global. A análise foi feita ontem por especialistas ouvidos na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) sobre a Estratégia Nacional de Defesa (END). Na audiência presidida por Fernando Collor (PTB-AL), o tema foi avaliado de forma mais ampla do que uma questão estritamente militar.

Para o professor Gunther Rudzit, coordenador do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), de São Paulo, a Constituição de 1988 gerou confusão entre segurança nacional e defesa nacional. Citando exemplos, o professor afirmou que a segurança vai muito além da defesa.

Um dos grandes problemas no reaparelhamento das Forças Armadas, segundo Rudzit, diz respeito à educação. Ele afirmou que há, por exemplo, uma dificuldade de compatibilizar a alta tecnologia com o serviço militar obrigatório. A baixa capacitação dos soldados limita a capacidade de se absorver tecnologia avançada.

O general Aderico Mattioli, diretor do Departamento de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, elogiou o comprometimento do governo com a END, ressaltando que a questão permeia todos os ministérios.

Segundo o general, a END tende à centralização de compras, e o ministério se adapta a demandas de produtos “desafiadores”. Ele destacou que a compra e venda de produtos de defesa também contribui com o comércio exterior, mas os militares estão preocupados com a demanda brasileira por produtos de média e alta tecnologia que têm de ser importados – algo que, afirmou, “não é nosso sonho, mas nossa realidade”.

Transferência limitada de tecnologia gera entrave
Outro problema apontado pelos debatedores na CRE foi a série de limitações na transferência de tecnologia para o Brasil, levando em conta as implicações diplomáticas decorrentes do longo período de vínculo com o país fornecedor.

Cláudio Moreira, presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, estimou o mercado mundial de produtos de defesa em US$ 1 trilhão, sendo que o Brasil participa com 0,1% desse montante. Para ele, há grande potencial de ampliação da presença brasileira, haja vista a necessidade de estratégias de defesa que levem em conta as questões da Amazônia, da exploração do petróleo na camada pré-sal e do acesso a alimentos e água doce. No entanto, Moreira assinalou que o país sofre embargos tecnológicos que atrasam a geração de produtos civis derivados dos militares.

Para Darc Antônio da Luz Costa, presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), o Brasil está “ficando rico”, e riqueza e poder andam juntos. Na sua opinião, a nova situação requer um investimento mais compatível com o produto interno bruto (PIB) do país. Segundo ele, o país deve aproveitar sua posição geográfica para estreitar vínculos com países do Mercosul e funcionar como uma possibilidade de contestação ao domínio dos Estados Unidos.

by O Informante

sábado, 22 de outubro de 2011

A máfia no poder, por Mino Carta.

Quando adolescente, já perguntava aos meus imberbes botões por que o Brasil, país de imigração campana, calabresa e siciliana, entre outras, não conhecia o fenômeno mafioso. Desde logo, formulei uma tese sem qualquer pretensão científica, mas convincente na opinião dos botões. Não temos uma Cosa Nostra no Brasil porque eméritos mafiosos estiveram e estão no poder, líderes em atividades diversas -teoricamente legais, em condições de agir às claras e a salvo dos riscos corridos, e sofridos, por Al Capone ou Totò Riina.

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Capone e Riina, e muitos outros do mesmo porte, acabaram na cadeia, aqui os equivalentes viveram e vivem à larga, ou estão soltos, quando não são nome de ruas e praças. Não faltam exemplos -recentes nas -áreas mais diversas, a começar pela política, a qual, a rigor, está em todas porque por trás de tudo. Algo espantoso se deu por ocasião do Panamericano do Rio. Previu-se um orçamento de 400 milhões, gastaram-se dez vezes mais para realizar obras hoje inúteis e entregues ao descaso. Serviços de todo gênero foram encomendados aos familiares e amigos dos organizadores da tertúlia monumental, a despeito dos nítidos conflitos de interesse. Que aconteceu com os responsáveis por tanto descalabro?

É do conhecimento do mundo mineral que quem mandou no Panamericano mandará nas Olimpíadas de 2016. Também é, quanto ao futebol, que a Fifa é um antro mafioso desde os tempos de João Havelange e que Joseph Blatter e Ricardo Teixeira são seus profetas. Desde a posse de Dilma- Rousseff na Presidência da República-, -CartaCapital permite-se chamar a atenção do governo para as péssimas consequências de um Mundial de Futebol desastrado, exposto ao risco do desmando, e várias vezes voltamos à carga no mesmo sentido.

Não nos precipitamos a endossar agora as suspeitas levantadas em relação ao ministro do Esporte, Orlando Silva, mesmo porque apressadamente veiculadas por Veja. CartaCapital jamais deixou de defender o princípio in dubio pro reo e enxerga na reportagem da semanal da Editora Abril insinuações e conjecturas em lugar de provas. Para variar. Certo é, contudo, que um ministro do Esporte chamado a lidar com Ricardo Teixeira e Joseph Blatter deve necessariamente situar-se acima de qualquer suspeita.

A presidenta, tão determinada no combate à corrupção, obviamente -sabe disso e saberá precaver-se, a bem do -País e do seu governo. CartaCapital insiste, de todo modo, em suas preocupações diante da clara presença no gramado e fora dele da máfia do futebol mundial.

Cabe encarar a questão também de outro ângulo, a partir da análise do singular destino da esquerda nativa. Refiro-me neste exato instante ao PCdoB, nascido da costela do Partidão em nome de uma fidelidade ideológica e moral que os discípulos de Luiz Carlos Prestes teriam traído. 

Outro aspecto da história brasileira que amiúde me levou a convocar os botões diz respeito à efetiva e duradoura existência de uma esquerda brasileira.

Desabrido, Lula já me disse, em entrevista publicada em CartaCapital há seis anos, “você sabe que eu nunca fui de esquerda”. Resta ver o que significa hoje ser de esquerda. Para mim claro está, ao menos, que é de esquerda quem se empenha, clara e honestamente pela igualdade, e sem medir esforços, para a redenção dos herdeiros da senzala. Parece-me que alguns passos neste rumo o ex-presidente deu.

Confirma-os, e com objetivos maiores, Dilma Rousseff ao definir o projeto de acabar com a miséria. Inevitável, entretanto, observar que um sem-número de políticos está a cuidar é da sua própria riqueza, e entre eles, pasmem, não faltam os ex-comunistas do B. Orlando Silva desde os começos de sua atuação ministerial é alvo de inúmeras denúncias de corrupção encaminhada pelas sendas do dinheiro das ONGs, a envolverem não somente o próprio, mas também seu partido. Era de se esperar? Desfecho inescapável de um enredo movido a ganância acima e além de crenças e princípios? O PCdoB já teve, entre outras razões de orgulho, a lisura e a coerência dos seus filiados. No poder, é mais um que se porta como os demais.
 http://www.cartacapital.com.br/politica/a-mafia-no-poder

Reflexões I - Prostituição. O duro caminho de volta

Vou criar este topico onde noticias "de ontem" mas importantes para a nossa questão social serão aqui "requentadas" independente do nexo temporal.

Reflexões I - Prostituição.

O duro caminho de volta 

Nas paredes do instituto, meninas escrevem suas histórias na Europa em papel cartolina. 
“Várias vezes ficou em dúvida se realmente queria ir, mas ela queria experimentar outra coisa, ficar um tempo longe do homem com quem teve um relacionamento por vários anos e com quem agora só vivia conflitos. 

Como ela estava combinando a viagem junto com uma colega, uma estimulava a outra. 

Quando embarcou, ainda pensou em desistir, mas queria encarar ao mesmo tempo sabendo que já estava devendo dinheiro da passagem e passaporte. Agora de volta, parece que o tempo passou tão rápido, como se não tivesse ido, não tivesse acontecido tanta coisa. Voltar sem nada também não era bem o que queria. Como encarar a família, os vizinhos? Alguém iria entendê-la?”

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O relato, uma ficção baseada em suas próprias histórias, provocou choro entre 11 mulheres do Pará que, durante oito meses, criaram codinomes inspirados em pedras preciosas para falar sobre sua experiência no exterior. O resultado desse trabalho foi apresentado em Belém, na terça-feira 13, a representantes de ONGs, universidades e autoridades locais, pelas 11 mulheres. O pesquisador Marcel Hazeu e a psicóloga Lucia Isabel da Conceição Silva ajudaram a colher os relatos das mulheres, identificadas com nomes como Ametista, Jade, Diamante e Cristal.

Cinco delas haviam voltado da Europa. As outras seis viviam no Suriname, país vizinho que atrai brasileiros (e brasileiras) por causa dos garimpos. Todas tinham histórias parecidas: deixaram o Brasil em busca de uma oportunidade, acumularam dívidas com os empregadores e se tornaram prostitutas em boates ou áreas próximas de garimpos.





Das 11 mulheres, três foram enganadas sobre o tipo de trabalho que iam fazer e acabaram na prostituição. Outras quatro sabiam que iam se prostituir, mas foram surpreendidas pelas condições de trabalho nas boates. Confrontadas com dívidas altas (os donos das boates cobrando caro pela passagem, a comida e a cama) tiveram que trabalhar duro para conseguir sua liberdade (e seu passaporte) de volta.

De volta ao Brasil, fizeram parte do projeto “Mulheres em Movimento”, da ONG Sodireitos, sediada na capital paraense. 

Os relatos produzidos por elas servirão como material de discussão para a elaboração do II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que está sendo elaborado em Brasília. O programa foi financiado pela UNGift, junto com mais 12 projetos (entre 440) sobre tráfico de pessoas, recebidos de 76 países em 2010.

A preocupação com o tema tem fundamento: a cada ano, cerca de 60 mil brasileiros são vítimas das redes internacionais de tráfico de pessoas e têm como principais destinos a Espanha, Portugal e Suíça, segundo dados divulgados em agosto de 2010 pela Secretaria Nacional de Justiça (SNJ).

Os primeiros resultados do I Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2008 e 2010) mostraram que 80% dos brasileiros e brasileiras deportados pela Espanha eram imigrantes ilegais relacionados a algum tipo de crime de tráfico de pessoas, especialmente destinados à exploração sexual.

Segundo estimativas do Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (Unodc), a exploração sexual é a maior causa do tráfico de pessoas: 79% dos casos, sobretudo mulheres. 

O tráfico de pessoas só perde para o tráfico internacional de drogas e armas como tipo de crime organizado mais lucrativo no mundo, movimentando 2,5 milhões de pessoas e mais de 32 bilhões de dólares por ano. 

De acordo com a antropóloga Maia Sprandel, do Grupo de Trabalho de Migrações Internacionais da Associação Brasileira de Antropologia e Assessora Técnica da Liderança do PT no Senado, o tráfico de pessoas é difícil de identificar, pois se confunde muitas vezes com a migração irregular. O fato de ser um estrangeiro sem documentos torna a pessoa mais vulnerável ao tráfico, lembra ela.

No caso das mulheres do Pará, o trabalho feito pelas ONG tinha como objetivo fazer com que elas narrassem os próprios casos para que tivessem consciência da exploração sofrida tanto por aliciadores como pelos empregadores – e também pelo país que não as protegia. Assim, evitariam um possível retorno ao local, já que a maioria, ao voltar para casa, encontrava as mesmas dificuldades que a levava a buscar uma alternativa em outra nação.

Os relatos desenvolvidos pelo grupo capturaram as lembranças pessoais das vítimas da exploração. Num dos contos, a personagem relembra as saudades do País, que tentava vencer usando chinelos havaianas, tomando caipirinha e acompanhando a seleção brasileira de futebol. A situação é comparada por ela como a de “um soldado na guerra”. E a recepção no País de origem não era menos dolorosa: “Depois da alegria do reencontro, ela sabe que sua presença seria desnecessária para os outros, às vezes incômoda, às vezes até sem sentido, para ela e para os outros. Uma vida de dois anos em duas malas”.
Num dos contos, apersonagem relembra as saudades do País, que tentava vencer usando chinelos havaianas, tomando caipirinha  e acompanhando a seleção brasileira de futebol. A situação é comparada por ela como a de 'um soldado na guerra'.

Embora com destinos diferentes, as histórias tinham desfechos comuns: Cristal era babá no Suriname, mas fugiu depois de três meses de trabalho escravo; Ametista trabalhava de forma ilegal na Alemanha e na Holanda, também como babá, mas um acidente a obrigou a voltar para o Brasil; Diamante trabalhou de forma ilegal num restaurante em Portugal e foi expulsa do país. “Depois de três anos procurando trabalho, eu consegui uma vaga em um restaurante. Já ia me legalizar. Mas antes disso acontecer, acabei sendo deportada, presa e humilhada”, conta Diamante.

Ágatha, de 30 anos, relembra sua experiência na Espanha: “Chegando lá, fui recebida por um homem que me levou para o clube em Ribadeo e lá eu fiquei durante três meses, sem poder sair, pagando uma dívida de passagem que não tinha fim. Este clube foi fechado em uma operação da polícia espanhola uma semana depois do término do pagamento do meu ‘bilhete’. Trabalhei em vários clubes em Lugo, Leon e Burgos. Já tinha mais ou menos um ano lá quando comecei a pensar em trabalhar em outros lugares que não fossem clubes, mas como não tinha ‘papeles’, não consegui”.

No Suriname, Jade, de 26 anos – e cinco filhos – teve que fugir do clube onde trabalhava para se livrar dos aliciadores. Passou dois anos vivendo na rua e só voltou ao seu país com a ajuda do consulado brasileiro. “Consegui voltar para casa, trazendo meu filho mais novo. Não sei ler e escrever e gostaria de aprender”, conta.

Estigmas
Segundo o relatório Mulheres em Movimento, as mulheres exploradas no exterior não optaram e nem se identificaram como “prostituta” ou “imigrante”, mas escolheram migrar, às vezes por meio da prostituição, sem imaginar as consequências desta decisão.

Ao final, quando sua história foi narrada pelas próprias mulheres houve “um silêncio absoluto” no público, conta pesquisador “Assim, toda mulher migrante do Brasil, de classe baixa, começa a ser identificada como uma prostituta, atuando e muitas vezes se reconhecendo como tal”, diz o relatório. “Esta identidade é produzida no contexto migratório”, aponta o documento.

Segundo a ONG, ao chegar a outro país, as mulheres se deparam com um mercado que se alimenta da “erotização da imagem da mulher brasileira, como mais aberto ao sexo e, consequentemente, mais ‘quente’ e liberal que as demais”. A consequência é que esse discurso, segundo a entidade, “também começa fazer parte do discurso das próprias mulheres migrantes”.

O preço que se paga é alto, perceberam as mulheres. Ao invés de serem vistas como mulheres trabalhadoras, querendo sair das periferias para melhorar de vida, como as gerações anteriores já fizeram a partir do Nordeste e do interior da Amazônia, elas são muitas vezes simplesmente vistas como “putas”.

“Em geral, trata-se de mulheres não mais tão jovens, às vezes semianalfabetas, para quem não existe amparo financeiro ou programas de capacitação do governo”, diz o pesquisador Marcel Hazeu.

De volta ao Brasil, mulheres se reuniram, criaram codinomes inspirados em pedras preciosas; relatos ajudavam na compreensão da exploração que sofriam no exterior.

Ao final da apresentação do relatório, a um público de cerca de 130 pessoas reunidas em Belém, uma cena simbólica: Ametista, uma das mulheres do grupo, voltou para casa de barco. 

Ela mora numa ilha próxima a Belém, para onde voltou depois de uma experiência na ilegalidade na Holanda. É o mesmo lugar onde Marcel Hazeu a buscou diversas vezes para que ela participassem, a contragosto no início, do grupo de pesquisa. Ao final, quando sua história foi narrada pelas próprias mulheres, houve “um silêncio absoluto” no público, relembra Hazeu.

Ametista não pensa mais em voltar para a Europa, onde trabalhava como babá. “Depois de três tentativas consegui entrar numa faculdade. Estou fazendo engenharia ambiental. Estou trabalhando como educadora social, alfabetizando jovens e adultos na periferia.” Ela ganha 800 reais, mais um dinheiro para o transporte. A ONG Sodireitos lhe ajudou a comprar um barco, que leva Amentista e os outros moradores das ilhas para a cidade. “Pago minha faculdade e convivo com minha filha de sete anos e meus pais”.

copiado de : http://www.cartacapital.com.br/politica/o-duro-caminho-de-volta

AS RELAÇÕES AMBÍGUAS DO GOVERNO COM A MÍDIA

 Por Gilberto Maringoni


“Enquanto seus apoiadores acusam a mídia de ser golpista, o governo prestigia e destina farta publicidade aos grandes meios de comunicação. Uma única edição de “Veja” recebe cerca de R$ 1,5 milhão em anúncios oficiais. É preciso regular e democratizar as comunicações. Mas também é necessário deixar mais claro os interesses de cada setor nessa disputa.

Nesta semana, a revista “Veja” fez mais uma denúncia de corrupção contra um Ministro de Estado. É difícil saber o que há de verdade ali, pois a reportagem vale-se apenas do depoimento de uma testemunha [ suspeita]. A matéria pautou os principais veículos de comunicação, com destaque para o Jornal Nacional, da Rede Globo.

O Ministro, por sua vez, sai atirando. Responde ao acusador no mesmo calibre. “Bandido” é a palavra que ricocheteia em todas as páginas e telas. O caso é nebuloso. A relação promíscua do Estado com ONGs e “ entidades sem fins lucrativos” precisa sempre ser examinada com lupa potente. É um dos legados da privatização “esperta” dos anos 1990, feita através de terceirizações de serviços que deveriam ser públicos.

Aliados do governo tentam desqualificar não apenas a denúncia, mas o veiculo que a difunde. Volta o debate de que estaríamos diante de uma imprensa golpista, que não se conforma com a mudança de rumos operada no país desde 2003, que quer inviabilizar o governo etc etc. A grande imprensa [batalhadora pela volta da direita e demotucanos ao poder], por sua vez viciou-se em acusar todos os que discordam de seus métodos de clamarem pela volta da censura. Há muita fumaça e pouco fogo nisso tudo, mas faz parte do show. Disputa política é assim mesmo.

MANIQUEÍSMO

É preciso colocar racionalidade no debate sobre os meios de comunicação no país, para que não deslizemos para maniqueísmos estéreis. Vamos antes enunciar um pressuposto.

A grande imprensa brasileira está concentrada em poucas mãos. Oito empresas – Globo, Bandeirantes, Record, SBT, Abril, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e Rede Brasil Sul (RBS)– produzem e distribuem a maior parte da informação consumida no Brasil. O espectro vai se abrir um pouco nos próximos anos, para que as gigantes da telefonia mundial se incorporem ao time, através da produção de conteúdos para a TV a cabo. Mas o conjunto seguirá como um dos clubes mais fechados do mundo.

As empresas existentes há cinco décadas – Globo, Estado, Folha e Abril– apoiaram abertamente o golpe de 1964. Até hoje, não explicaram à sociedade brasileira como realizam a proeza de falar em “democracia” tendo esse feito em sua história.

Entre todos os meios, a revista “Veja” se sobressai como o produto mais truculento e parcial da imprensa brasileira.

Sobre golpismo, é bom ser claro. As classes dominantes brasileiras não se pautam pelas boas maneiras na defesa de seus interesses. Sempre que precisaram, acabaram com o regime democrático. Usaram para isso, à farta, seus meios de comunicação.

A IMPRENSA É GOLPISTA?

No entanto, até agora não se sabe ao certo porque essa mídia daria um golpe nos dias que correm. O sistema financeiro colhe aqui lucros exorbitantes. A reforma agrária emperrou. Grandes empresários têm assento em postos proeminentes do Estado – caso de Jorge Gerdau Johannpeter– ou têm seus interesses mantidos intocados.

Algumas peças não se encaixam na acusação de golpismo da mídia. Voltemos à revista “Veja”. Os apoiadores do governo precisam explicar porque a administração pública forra a publicação com vultosas verbas publicitárias, além de sempre prestigiarem suas iniciativas. Vamos conferir, pois está tudo na internet.

“Veja” tem uma tiragem de 1.198.884 exemplares ( http://www.publiabril.com.br/tabelas-gerais/revistas/circulacao-geral), auditados pelo IVC. Alega ter total de 8.669.000 leitores. Por conta disso, os preços de seus espaços publicitários são os mais altos entre a imprensa escrita. Veicular um reclame em uma página determinada sai por R$ 330.460. Já em uma página indeterminada, a dolorosa fica por R$ 242.200 (http://www.publiabril.com.br/marcas/veja/revista/precos).

Quem anuncia em “Veja”? Bancos, a indústria automobilística, gigantes da informática, monopólios do varejo e… o governo federal. Peguemos um exemplar recente para verificar isso.

Na edição de 12 de outubro – que noticiou a morte de Steve Jobs– havia cinco inserções do governo federal. Os anúncios eram do Banco do Brasil (página dupla), do BNDES, do Ministério da Justiça, da Agência Nacional de Saúde e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Supondo-se que as propagandas não foram destinadas a páginas determinadas, teremos, de acordo com a tabela, total de R$ 1.525.200.

Exato: em uma semana apenas, o governo federal destinou R$ 1,5 milhão ao semanário dos Civita, a quem seus aliados chamam de “golpista”.

PRESTÍGIO POLÍTICO

Há também o prestígio político que o governo confere ao informativo. Prova disso foi o comparecimento maciço de ministros de Estado e parlamentares governistas à festa de quarenta anos de “Veja”, em setembro de 2008. Nas comemorações, estiveram presentes o então vice-presidente da República, José Alencar, o ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o ex-ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, o ministro da Educação, Fernando Haddad e a senadora Marta Suplicy (confiram em http://veja.abril.com.br/veja_40anos/40anos.html).

E entre julho de 2010 e julho de 2011, nada menos que seis integrantes dos altos escalões governamentais concederam entrevista às páginas amarelas da revista. São eles: Dilma Rousseff, Aldo Rebelo, Cândido Vaccarezza, Antonio Patriota, General Enzo Petri e Luciano Coutinho.

Nenhum demonstrou o desprendimento e a sensatez do assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia ( então presidente interino do PT). Ao ser convidado para conceder uma entrevista a Diogo Mainardi, em novembro de 2006, deu a seguinte resposta: “Sr. Diogo Mainardi, há alguns anos –da data não me lembro– o senhor dedicou-me uma coluna com fortes críticas. Minha resposta não foi publicada pela “Veja”, mas sim, a sua resposta à minha resposta, que, aliás, foi republicada em um de seus livros. Desde então, decidi não falar com a sua revista. Seu sintomático compromisso em não cortar minhas declarações não é confiável. Meu infinito apreço pela liberdade de imprensa não vai ao ponto de conceder-lhe uma entrevista”.

RBS, OLÍVIO E LULA

As relações ambíguas do governo e dos partidos da chamada base aliada com a grande mídia não se restringem à “Veja”.

Entraram para a história a campanha de denúncias e o desgaste sistemático que os veículos da RBS moveram contra o governo de Olívio Dutra (1999-2003), do PT, no Rio Grande do Sul. Ataques sem provas, calúnias, mentiras e todo tipo de baixaria foi utilizada para inviabilizar uma gestão que buscou inverter prioridades administrativas. No auge dos ataques, em 2000, o jornal “Zero Hora”, do grupo, fez ousado lance de marketing. Convidou Luís Inácio Lula da Silva para ser colunista regular. Até a campanha de 2002, o futuro presidente da República escreveu semanalmente no jornal, como se não tivesse relação com as ocorrências locais. Quando abriu mão da colaboração, Lula afirmou que o jornal prejudicava seu companheiro gaúcho ( http://noticias.terra.com.br/imprime/0,85198,OI38721-EI342,00.html). O jornal ganhou muito mais que o ex-metalúrgico nessa parceria. Ficou com a imagem de um veículo plural e tolerante.

No mesmo ano, o ex-Ministro José Dirceu foi entrevistado pelo “Pasquim 21”, jornal lançado pelo cartunista Ziraldo. Naqueles tempos, as empresas de mídia enfrentavam aguda crise, por terem se endividado em dólares nos anos 1990. Com a quebra do real no final da década, os débitos ficaram impagáveis. Lá pelas tantas, Dirceu afirmou que salvar a “Globo” seria uma “ questão de segurança nacional”.

COMEMORANDO JUNTOS

As boas relações com a grande mídia se mantiveram ainda nas comemorações dos 90 anos da “Folha de S. Paulo”, em janeiro deste ano. Estiveram presentes à festa ( http://www1.folha.uol.com.br/folha90anos/879061-politicos-e-personalidades-defendem-a-liberdade-de-imprensa.shtml) a presidente Dilma Rousseff –convidada de honra, que proferiu discurso recheado de elogios ao jornal– a senadora Marta Suplicy, colunista do mesmo, Candido Vaccarezza, líder do governo na Câmara, os ex-Ministros José Dirceu e Marcio Thomaz Bastos e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. A “Folha” também recebe farta publicidade governamental, do Banco do Brasil, da Petrobrás, da Caixa Econômica federal, entre outras.

Nos momentos de dificuldade, dirigentes do governo procuram sempre a grande imprensa para exporem suas idéias. Foi o caso de Antonio Pallocci, em 3 de junho último. Acossado por denúncias de enriquecimento ilícito, o ex-Chefe da Casa Civil convocou o “Jornal Nacional”, para dar suas explicações ao público ( http://www.youtube.com/watch?v=Y5m_wyahXjY).

O mesmo Antonio Palocci –colunista da Folha de S. Paulo entre 2009 e 2010– dividiu mesas com Roberto Civita, Reinaldo Azevedo, Demetrio Magnoli, Arnaldo Jabor, Otavio Frias Filho e outros, em palestra no afamado “Instituto Millenium”, em março de 2010 (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16432). A entidade congrega empresários do ramo e seus funcionários e se opõe a qualquer tipo de regulação em suas atividades.

Os casos de proximidade do governo e seus partidos com a imprensa são extensos. Uma das balizas dessas relações é o bolo da publicidade oficial. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom http://www.secom.gov.br/sobre-a-secom/publicidade/midia/acoes-programadas-em-r/copy3_of_total-geral-administracao-direta-todos-os-orgaos-indireta-todas-as-empresas), a receita publicitária oficial em 2010 foi de R$ 1.628.920.472,60. Incluem-se aí os custos de produção e veiculação de campanhas, tanto da administração direta quanto indireta. Ressalte-se aqui um ponto: é legítimo o governo federal valer-se da publicidade para se comunicar com a população. A maior parte do bolo vai para os grandes grupos do setor.

No caso das compras de livros didáticos feitos pelo MEC, para as escolas públicas, o grande beneficiário é o “Grupo Abril”, que edita “Veja”  ( http://www.horadopovo.com.br/2010/dezembro/2921-08-12-2010/P4/pag4a.htm).

RECLAMAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO

Apesar do PT, partido do governo, ter feito uma moção sobre a democratização das comunicações em seu último Congresso e do ex-ministro José Dirceu ter sido injustamente atacado recentemente pela “Veja”, é difícil saber exatamente que tipo de relação governo e partidos aliados desejam manter com os meios de comunicação. De um lado, como se vê, acusam a mídia de ser golpista. De outro, lhe dão todo o apoio.

[ OBS deste ‘democracia&política’: apesar de esses apoio e recursos financeiros serem, nos últimos anos, relativamente muito menores do que os concedidos à mídia nos governos FHC/PSDB/DEM no âmbito federal e nos governos Serra e Alkmim (PSDB) em São Paulo, o que a “grande” mídia (Globo, Bandeirantes, Record, SBT, Abril, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e Rede Brasil Sul-RBS) quer em sua campanha há nove anos contra os governos Lula e Dilma é a volta da direita ao poder federal para ela deixar de ganhar muito e voltar a receber muitíssimo mais, em detrimento dos demais veículos da mídia brasileira que passaram a ter seu quinhão no bolo].


Dois dos eleitos pela grande mídia (capas da "Veja"
após intenso esforço de embelezamento
por photoshop)

Pode ser que tenham medo da imprensa. Mas o que não se pode é ter um duplo comportamento no caso. Diante da opinião pública falam uma coisa, enquanto agem de forma distinta na prática.

O ex-presidente Lula reclamou muito da imprensa em seu último ano de mandato. No entanto, “ Não houve qualquer alteração fundamental no quadro de concentração da propriedade da mídia no Brasil entre 2003 e 2010”. Essa constatação é feita pelo professor Venício Lima em brilhante artigo, publicado no final de 2010 (http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4902).

As resoluções da “ Conferência Nacional de Comunicação”, realizada em 2009, mofam em algum escaninho do Ministério das Comunicações. O “Plano Nacional de Banda Larga”, que deveria fazer frente ao monopólio das operadoras privadas, acabou incorporando todas as demandas empresariais. O projeto de regulação da mídia elaborado pelo ex-ministro Franklin Martins desapareceu da agenda.

Como se pode ver, o governo e seus partidos de sustentação convivem muito bem com a mídia como ela é. Têm muita proximidade e pontos de contato, apesar de existirem vozes isoladas dentro deles, que não compactuam com a visão majoritária.

Nenhum dos lados tem moral para reclamar do outro…”

FONTE: escrito por Gilberto Maringoni e publicado no blog “Escrivinhador”  (http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/maringoni-as-relacoes-ambiguas-do-governo-com-a-midia.html#more-10156) [imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sonífera Ilha - Titãs


Não posso mais viver assim
Ao seu ladinho
Por isso colo o meu ouvido
No radinho de pilha
Prá te sintonizar
Sozinha, numa ilha...
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz...
Não posso mais viver assim
Ao seu ladinho
Por isso colo o meu ouvido
No radinho de pilha
Prá te sintonizar
Sozinha, numa ilha...
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz...
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz


Me enche de luz
Composição: Branco Mello / Marcelo Fromer / Tony Bellotto / Ciro Pessoa / Carlos Barmack