quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Crianças superdotadas 'escondem' habilidades em troca de aceitação social


Purificación León
Da Efe.

Brilhantes e com grande talento, mas também com dificuldades de relacionamento com colegas e amigos. 

Assim são algumas crianças superdotadas, que em troca de maior aceitação social acabam optando por esconder suas habilidades superiores a média geral.

Genética e o mundo à volta. A inteligência é herança, mas também se adquire ao longo da vida. "Esses são os dois tipos de inteligência que se conjugam em uma só e dão como resultado a capacidade do indivíduo para realizar tarefas, desenvolver-se, aprender e, definitivamente, adaptar-se ao meio", indica Celestino Rodríguez, professor de Psicologia da Educação na Universidade de Oviedo.

Um ambiente enriquecedor aumenta as possibilidades de desenvolver a inteligência. "No entanto, existem ocasiões em que embora o mundo seja adequado não se está predisposto geneticamente para o desenvolvimento cognitivo", afirma.


Para o especialista, costuma-se considerar superdotado um indivíduo cujo quociente intelectual é de 130 ou superior, enquanto o quociente intelectual médio da população é de 100. Rodríguez, entretanto, garante que a definição de superdotação não se determina só em função do número.


"A superdotação não é um estado homogêneo. Ao contrário, há mais diferenças do que semelhanças. Só levando em conta a inteligência em nível psicométrico é possível encontrar diferenças importantes entre as crianças de quociente intelectual 130 e os de mais de 200", detalha María del Carmen Blanco Valle na "Guia de identificação e acompanhamento de alunos superdotados".


Estas crianças "apresentam geralmente uma série de traços que podem ajudar em sua identificação", acrescenta. Engatinhar aos seis meses, ter vocabulário avançado aos dois anos e contar até dez seis meses mais tarde são algumas das características que podem ajudar a detectar as crianças com habilidades acima da média.
 
Na hora de detectar um aluno com altas capacidades, os professores devem fixar-se em características como "a criatividade, além da capacidade de estar atento e de sintetizar com rapidez tudo o que ouve ou vê", explica Celestino Rodríguez.

As crianças superdotadas têm grande capacidade para reter informações. "Podem entrar em uma sala, permanecer ali por aproximadamente dez segundos, sair e comentar tudo que tem dentro. Poucos segundos são tempo de sobra para fazerem uma radiografia exata do lugar", afirma o professor de Psicologia da Educação.
 
Além disso, os superdotados "costumam ter dom com as artes plásticas, a música e outras especialidades não puramente cognitivas", aponta.

No entanto, frequentemente apresentam dificuldades de convívio social. "Costumam ser crianças dominantes, para as quais é difícil integrarem-se a um grupo", aponta Mercedes Fernández, professora da educação primária.

Mercedes conta o caso de uma criança com altas capacidades que aos três anos conta de dois em dois em inglês de trás para frente simplesmente para se divertir enquanto seus pais o levam de carro de casa para escola. Mas se trata de uma criança com tendência ao isolamento e com poucos amigos.


Alunos seletivos "Os superdotados são seletivos. Eles gostam de tirar boas notas em suas matérias preferidas, mas não se saem bem em outras disciplinas, podendo ficar até níveis abaixo do restante da turma", afirma.

"Os alunos superdotados precisam de desafios educacionais diferentes para evitar o fracasso escolar", defende Esteban Sánchez Manzano, membro do Departamento de Didática e Organização Escolar da Universidade Complutense de Madri no livro "O processo de ensino e aprendizagem".

"Com frequência estes estudantes ficam chateados com a dinâmica das aulas e deixam de prestar a atenção às explicações do professor", aponta. "Muitos deles não manifestam suas capacidades e habilidades para parecerem iguais aos demais e serem aceitos por professores e companheiros, mas isto faz perder a espontaneidade do comportamento, podendo desenvolver transtorno obsessivo e depressão", assinala Sánchez Manzano.


O professor Celestino Rodríguez conhece casos de crianças que tentam esconder suas capacidades. "Mas a grande parte podem ser classificados como aqueles que tudo sabem e isso pode levar a um cenário de assédio psicológico", opina.


"Muitas vezes a criança atua desta maneira e, inclusive, fracassa em seus estudos. Uma das razões pode ser não querer mostrar a grande capacidade que tem para os colegas e correr o risco de ser excluído do grupo", especifica.


Rodríguez afirma que as crianças com altas capacidades precisam de "uma estimulação flexível em função de suas preferências. Seu ambiente deve se basear naquilo que mais o motive e estimule e não anular sua capacidade em um currículo escolar letivo rígido".


"A inteligência é dinâmica", afirma. "Se somos capazes de estimular uma criança, um quociente intelectual de 100 pode se transformar em 120 e 130", afirma.


Há capacidades que muitas vezes "estão adormecidas pela falta de motivação, de atenção e pelo fato de não viverem em um ambiente enriquecedor. Mas é possível trabalhar a inteligência dessas crianças", garante.

MATÉRIA COPIADA DE : http://noticias.br.msn.com/mundo/criancas-superdotadas-escondem-habilidades-em-troca-de-aceitao-social

WikiLeaks - Silêncio vergonhoso.

Paulo Moreira Leite: Silêncio vergonhoso

Hipocrisia contra o WikiLeaks

por Paulo Moreira Leite, no blog Vamos Combinar em Época

Há menos de um mês, um número colossal de jornalistas levantou-se para defender uma propaganda de sutiã e calcinha.

Agora, ouço o silêncio barulhento sobre o bloqueio econômico ao Wikileaks. É de envergonhar.

Vamos combinar. O sutiã e a calcinha de Gisele Bundchen faziam parte de uma campanha publicitária. Como diz o estatuto do conselho que regula o trabalho das agências, é um debate que expressa a liberdade de expressão comercial. Você pode até considerar que o esforço para tirar a propaganda do ar foi um absurdo mas tem de reconhecer que há uma diferença nessa discussão.

O Wikileaks é parte da liberdade de expressão — sem adjetivos. Com certeza, seus documentos incomodam. São provocadores, como acontece com todas revelações que mostram que o rei está nu.

Foi assim, há mais de três décadas, com os papéis do Pentágono, que, graças a uma senteça da Suprema Corte, o New York Times pode divulgar em plena Guerra do Vietnã, trazendo para o público americano as discussões internas de Washington sobre o conflito.

A liberdade de expressão pode ser tão inconveniente como toda denúncia que incomoda os donos do poder nos EUA, na França, na Russia e no Brasil.

Ao liberar um conjunto de 250 000 documentos da diplomacia americana o Wikileaks prestou um favor à democracia mundial. Contribuiu para a transparência. Permitiu que os cidadãos ficassem melhor informados sobre a atuação do governo americano. Flagrou figurões que diziam uma coisa em público e falavam o oposto quando se encontravam com a diplomatas dos EUA.

Numa demonstração de que não pretendia fazer um serviço leviano nem irresponsável, o Wikileaks entregou seu arquivo para respeitáveis veículos da imprensa internacional, reconhecidos por sua credibilidade e senso de responsabilidade. Nos EUA, o órgão escolhido foi o New York Times. Na França, Le Monde. Na Espanha, El País. E assim por diante.

Mesmo assim, a Casa Branca decidiu mobilizar sua máquina política para sufocar a organização. Mantém atrás das grades o militar que é suspeito — apenas isso, suspeito — de fornecer os documentos divulgados.

Seria equivalente a mandar prender o executivo do FBI que estava por trás das denúncias que alimentaram o escândalo Watergate.

Traduzindo em termos brasileiros e atuais, seria o mesmo que o governo Dilma Rousseff mandar prender o PM que faz acusações contra o ministro dos Esportes Orlando Silva — e olha que ele nem sempre se apoia em documentação tão sólida para dizer o que diz. Imagino a reação.

Não importa. Washington foi mais fundo. Pressionou empresas de cartão de crédito e outras instituições financeiras para cortar os canais de financiamento do Wikileaks, num esforço óbvio para inviabilizar seu funcionamento. Numa demonstração de que o mercado nem sempre obedece a uma célebre mão invisível, elas preferiram atender aos apelos da Casa Branca e interromper os pagamentos que garantiam o funcionamento do Wikileaks.

http://www.viomundo.com.br/politica/paulo-moreira-leite-silencio-vergonhoso.html

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Anonymous desmascara a Veja: Um show de manipulação




A Veja desta semana tenta linkar o movimento Anonymous com os protestos anti-corrupção no Brasil, utilizando a máscara de Guy Fawkes, símbolo do movimento, em sua capa. Um show de manipulação, já que uma coisa não tem nada a ver com outra.
Em resposta à Veja, o Anonymous postou este vídeo no Youtube

http://www.viomundo.com.br/denuncias/anonymous-desmascara-a-veja-um-show-de-manipulacao.html

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Projeto propõe equiparar salário de professor ao de vereador

Projeto propõe equiparar salário de professor ao de vereador

De acordo com o vereador Fernando Frederico, de Jahu (SP), o projeto é uma estratégia para que os colegas despertem para a urgência de desenvolver políticas de melhoria da qualidade da educação pública no município.
 
O vereador Fernando Frederico de Almeida Junior (PMDB), da cidade de Jahu, a 290 quilômetros de São Paulo, vai apresentar nos próximos dias um projeto de lei para equiparar o salário dos vereadores ao dos professores de educação infantil da rede pública do município. Atualmente, um vereador da cidade recebe cerca de R$ 4 mil. Já o professor ganha em torno de R$ 1,4 mil. Para ser aprovada, a proposta precisa dos votos de dois terços dos 11 vereadores. 

O projeto acrescenta um parágrafo ao artigo 14 da Lei Orgânica do Município, com a seguinte redação: “Os subsídios dos vereadores, de que trata o inciso V deste artigo, não poderão superar a média aritmética obtida entre o menor e o maior valor previsto na escala de vencimentos dos professores de educação infantil, referente à classe de docentes, estabelecida na lei que dispõe sobre o Estatuto e o Plano de Carreira do Magistério Público Municipal de Jahu”. 

De acordo com o vereador, o projeto é uma estratégia para que os colegas despertem para a urgência de desenvolver políticas de valorização do professor e de melhoria da qualidade da educação pública no município. “Houve um verdadeiro aviltamento da remuneração destes profissionais e desvalorização da profissão, na qual se encontram cada vez menos adeptos e, inversamente, cada vez mais estão expostos a situações de risco e de sofrimento no ambiente escolar da rede pública”, disse. 

Fernando Frederico destacou que “a melhora da educação não está fundamentada apenas no salário do professor, mas é evidente que este é o primeiro passo para uma real mudança no sistema educacional público”. 

http://www.cgceducacao.com.br/canal.php?c=1&a=16208

domingo, 23 de outubro de 2011

A Inquisição contra Leonardo Boff. Punição do teólogo brasileiro

EFEMÉRIDE ESQUECIDA - A punição do teólogo brasileiro.

Por Deonísio da Silva em 18/10/2011 na edição 664.


A Inquisição mudou de nome e preferiu chamar-se Santo Ofício, que inclusive dá nome ao palácio, em Roma, onde está instalada.

Museus e iconografias ainda registram o uso de ferros e correntes para extrair declarações e confissões. E depois, a execução no garrote vil ou na fogueira, ou nos dois, pois eram opções queimar a vítima viva, queimá-la depois de recém-executada ou queimar-lhe os ossos, desenterrados para serem levados ao fogo. E, quando não eram encontrados, queimava-se uma tábua na qual era desenhada a figura do condenado quando vivo.

Mas o significado inicial da palavra inquisição era o de perguntar, interrogar, investigar. Depois que passou a designar o tribunal eclesiástico instituído para investigar e punir crimes contra a fé católica, a palavra cobriu-se de trevas apavorantes.

No Brasil do século 18, a Inquisição condenou 1.074 pessoas e executou o dramaturgo brasileiro Antônio José da Silva, garroteado e queimado em Lisboa, a poucas quadras de onde era representada uma peça de sua autoria, como comprovam Alberto Dines em sua obra referencial sobre o tema, Os vínculos do fogo, e as pesquisas da professora da USP Anita Novinsky, transformadas em livros e ensaios de indispensável consulta quando o assunto é a Inquisição no Brasil nos tempos coloniais.

“A Inquisição não perdoa”
Antônio José foi interrogado em Lisboa no século 18. Outros dois casos emblemáticos o precederam: Giordano Bruno, condenado à morte na fogueira, entre o fim do século 16 e o alvorecer do século 17, e o de Galileu Galilei, punido com prisão domiciliar na primeira metade do século 17.

Há um outro caso ainda, do qual pouco se fala. E a vítima está viva porque contra ela foram aplicadas outras punições. É o do frade e teólogo catarinense Leonardo Boff, castigado com o “silêncio obsequioso” em 1985. Inconformado, ele deixou a ordem em 1992. Porque a alternativa que lhe foi dada era mudar-se para as Filipinas ou para a Coreia do Sul.

Leonardo Boff sentou-se e foi interrogado no mesmo banquinho do Palácio do Santo Ofício onde se sentaram e foram igualmente interrogados os outros dois. Os três fizeram declarações que se tornaram célebres. Galilei disse, em italiano: Eppur si muove (ela ainda se move), reiterando que é a Terra que gira ao redor do Sol. Bruno disse, em latim: “Maiori forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam” (“Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la”). Boff disse, em português: “A Inquisição não esquece nada, não perdoa nada, cobra tudo.”

A mídia deixou passar essa importante efeméride. No ano passado, em 01/05/2010, se completaram 25 anos da condenação de Leonardo Boff. Em 2012 completam-se 20 anos de outra efeméride: em 1992, sendo vãos os imensos apoios que recebeu, inclusive de cardeais como Dom Paulo Evaristo Arns, ele deixou a ordem, único modo de livrar-se das garras de um inquisidor que puniu, não apenas a ele, mas outros 140 teólogos. O inquisidor, o cardeal Joseph Ratzinger, tornou-se papa com o nome de Bento 16.
***
[Deonísio da Silva é escritor, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, professor e um dos vice-reitores da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro; autor de A Placenta e o Caixão, Avante, Soldados: Para Trás e Contos Reunidos (Editora LeYa)]

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_a_punicao_do_teologo_brasileiro

Brasil investe pouco em defesa, dizem especialistas

Importância estratégica crescente do país justificaria gasto maior no setor, segundo participantes de debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional

O investimento em defesa feito pelo governo brasileiro é relativamente baixo, considerando as riquezas nacionais e o papel crescente do país numa reorganização geopolítica global. A análise foi feita ontem por especialistas ouvidos na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) sobre a Estratégia Nacional de Defesa (END). Na audiência presidida por Fernando Collor (PTB-AL), o tema foi avaliado de forma mais ampla do que uma questão estritamente militar.

Para o professor Gunther Rudzit, coordenador do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), de São Paulo, a Constituição de 1988 gerou confusão entre segurança nacional e defesa nacional. Citando exemplos, o professor afirmou que a segurança vai muito além da defesa.

Um dos grandes problemas no reaparelhamento das Forças Armadas, segundo Rudzit, diz respeito à educação. Ele afirmou que há, por exemplo, uma dificuldade de compatibilizar a alta tecnologia com o serviço militar obrigatório. A baixa capacitação dos soldados limita a capacidade de se absorver tecnologia avançada.

O general Aderico Mattioli, diretor do Departamento de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, elogiou o comprometimento do governo com a END, ressaltando que a questão permeia todos os ministérios.

Segundo o general, a END tende à centralização de compras, e o ministério se adapta a demandas de produtos “desafiadores”. Ele destacou que a compra e venda de produtos de defesa também contribui com o comércio exterior, mas os militares estão preocupados com a demanda brasileira por produtos de média e alta tecnologia que têm de ser importados – algo que, afirmou, “não é nosso sonho, mas nossa realidade”.

Transferência limitada de tecnologia gera entrave
Outro problema apontado pelos debatedores na CRE foi a série de limitações na transferência de tecnologia para o Brasil, levando em conta as implicações diplomáticas decorrentes do longo período de vínculo com o país fornecedor.

Cláudio Moreira, presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, estimou o mercado mundial de produtos de defesa em US$ 1 trilhão, sendo que o Brasil participa com 0,1% desse montante. Para ele, há grande potencial de ampliação da presença brasileira, haja vista a necessidade de estratégias de defesa que levem em conta as questões da Amazônia, da exploração do petróleo na camada pré-sal e do acesso a alimentos e água doce. No entanto, Moreira assinalou que o país sofre embargos tecnológicos que atrasam a geração de produtos civis derivados dos militares.

Para Darc Antônio da Luz Costa, presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), o Brasil está “ficando rico”, e riqueza e poder andam juntos. Na sua opinião, a nova situação requer um investimento mais compatível com o produto interno bruto (PIB) do país. Segundo ele, o país deve aproveitar sua posição geográfica para estreitar vínculos com países do Mercosul e funcionar como uma possibilidade de contestação ao domínio dos Estados Unidos.

by O Informante

sábado, 22 de outubro de 2011

A máfia no poder, por Mino Carta.

Quando adolescente, já perguntava aos meus imberbes botões por que o Brasil, país de imigração campana, calabresa e siciliana, entre outras, não conhecia o fenômeno mafioso. Desde logo, formulei uma tese sem qualquer pretensão científica, mas convincente na opinião dos botões. Não temos uma Cosa Nostra no Brasil porque eméritos mafiosos estiveram e estão no poder, líderes em atividades diversas -teoricamente legais, em condições de agir às claras e a salvo dos riscos corridos, e sofridos, por Al Capone ou Totò Riina.

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Capone e Riina, e muitos outros do mesmo porte, acabaram na cadeia, aqui os equivalentes viveram e vivem à larga, ou estão soltos, quando não são nome de ruas e praças. Não faltam exemplos -recentes nas -áreas mais diversas, a começar pela política, a qual, a rigor, está em todas porque por trás de tudo. Algo espantoso se deu por ocasião do Panamericano do Rio. Previu-se um orçamento de 400 milhões, gastaram-se dez vezes mais para realizar obras hoje inúteis e entregues ao descaso. Serviços de todo gênero foram encomendados aos familiares e amigos dos organizadores da tertúlia monumental, a despeito dos nítidos conflitos de interesse. Que aconteceu com os responsáveis por tanto descalabro?

É do conhecimento do mundo mineral que quem mandou no Panamericano mandará nas Olimpíadas de 2016. Também é, quanto ao futebol, que a Fifa é um antro mafioso desde os tempos de João Havelange e que Joseph Blatter e Ricardo Teixeira são seus profetas. Desde a posse de Dilma- Rousseff na Presidência da República-, -CartaCapital permite-se chamar a atenção do governo para as péssimas consequências de um Mundial de Futebol desastrado, exposto ao risco do desmando, e várias vezes voltamos à carga no mesmo sentido.

Não nos precipitamos a endossar agora as suspeitas levantadas em relação ao ministro do Esporte, Orlando Silva, mesmo porque apressadamente veiculadas por Veja. CartaCapital jamais deixou de defender o princípio in dubio pro reo e enxerga na reportagem da semanal da Editora Abril insinuações e conjecturas em lugar de provas. Para variar. Certo é, contudo, que um ministro do Esporte chamado a lidar com Ricardo Teixeira e Joseph Blatter deve necessariamente situar-se acima de qualquer suspeita.

A presidenta, tão determinada no combate à corrupção, obviamente -sabe disso e saberá precaver-se, a bem do -País e do seu governo. CartaCapital insiste, de todo modo, em suas preocupações diante da clara presença no gramado e fora dele da máfia do futebol mundial.

Cabe encarar a questão também de outro ângulo, a partir da análise do singular destino da esquerda nativa. Refiro-me neste exato instante ao PCdoB, nascido da costela do Partidão em nome de uma fidelidade ideológica e moral que os discípulos de Luiz Carlos Prestes teriam traído. 

Outro aspecto da história brasileira que amiúde me levou a convocar os botões diz respeito à efetiva e duradoura existência de uma esquerda brasileira.

Desabrido, Lula já me disse, em entrevista publicada em CartaCapital há seis anos, “você sabe que eu nunca fui de esquerda”. Resta ver o que significa hoje ser de esquerda. Para mim claro está, ao menos, que é de esquerda quem se empenha, clara e honestamente pela igualdade, e sem medir esforços, para a redenção dos herdeiros da senzala. Parece-me que alguns passos neste rumo o ex-presidente deu.

Confirma-os, e com objetivos maiores, Dilma Rousseff ao definir o projeto de acabar com a miséria. Inevitável, entretanto, observar que um sem-número de políticos está a cuidar é da sua própria riqueza, e entre eles, pasmem, não faltam os ex-comunistas do B. Orlando Silva desde os começos de sua atuação ministerial é alvo de inúmeras denúncias de corrupção encaminhada pelas sendas do dinheiro das ONGs, a envolverem não somente o próprio, mas também seu partido. Era de se esperar? Desfecho inescapável de um enredo movido a ganância acima e além de crenças e princípios? O PCdoB já teve, entre outras razões de orgulho, a lisura e a coerência dos seus filiados. No poder, é mais um que se porta como os demais.
 http://www.cartacapital.com.br/politica/a-mafia-no-poder