Por Luiz Martins da Silva em 01/10/2013 na edição 766
Reproduzido de Brasília em Debate nº 3, junho/2013, publicação da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan); intertítulos do OI
Houve um tempo em que “sair na imprensa” era coisa de elite ou de
marginais. Nessa era de extremos midiáticos, havia até a queixa do
cancioneiro popular, de que “a dor da gente não sai no jornal”. Dizia a
letra de “Notícia de jornal” (composição de Haroldo Barbosa e Luiz Reis e
interpretações de Chico Buarque de Hollanda e Miltinho) que: “Ninguém
notou, ninguém morou/Na dor que era o seu mal”. Referia-se, como numa
“crônica policial” de “imprensa marrom”, a uma “Joana de tal” que, por
causa de um “tal João”, havia atentado contra a vida e, como saldo, tudo
de ruim se lhe havia acontecido, até a perda do lar, pois tudo em volta
se acabara.
Não que não haja mais Joanas e Joãos desesperados em seus humildes
barracões; não que não sofram, de dramas pessoais e sociais. Mas muita
coisa mudou, tanto na realidade social brasileira, uma realidade de
milhões de pessoas ainda dependentes de “bolsa-família”, quanto no
tratamento que os cidadãos merecem da imprensa, sejam eles celebridades
ou “cidadãos comuns”. Aliás, não existem mais cidadãos de segunda.
Todos
merecem respeito e dignidade, prerrogativas que, se ultrajadas, contam
imediatamente pelo menos com um “disque” de prontidão ou de toda a
imprensa, sempre disposta a denunciar agressões, discriminações e mal
atendimento do cidadão ou do mesmo na sua versão de senhor da coisa
pública: contribuinte.
Hoje, na relação com a imprensa, a situação se inverteu. Agora, o povo é
de fato, o tal, mas num sentido positivo, de atenção, carinho,
prestação de serviço e utilidade pública. Servir ao cidadão é uma marca
da imprensa brasiliense, espaço no qual o cidadão, a não ser ele que
atente contra a própria existência, contra a vida e contra os direitos
de outros cidadãos ou de uma coletividade, terá muitas chances de sair
bem no filme.
Isso mesmo, tanto o cidadão é boa notícia, quanto no seu planejamento
diário, a mídia de Brasília prioriza o cidadão como foco de uma série de
pautas, orientadas, sobretudo, pelo que é de utilidade pública e pelo
que como um serviço ao público, desde as primeiras horas do dia ao
retorno ao lar, passando pelo que está no cotidiano e nas agendas:
semanal, mensal, anual. São orientações sobre prazos, dicas de locais e
horários de atendimento, oportunidades e uma variedade de
esclarecimentos em torno de impostos, direitos, deveres, vacinações,
procedimentos etc.
Boas histórias
Colunas, seções e espaços cativos, incluindo a contratação de
consultores, já há muito tempo têm garantidas as suas “retrancas”, como
se diz no jargão jornalístico, a começar pelos assuntos mais dramáticos
para o exercício pleno da cidadania: saúde, segurança, transporte,
trabalho e muitos guias: o que fazer, como fazer, como evitar, como
cuidar e, em todos os casos, qual o destinatário das queixas e
sugestões; quais os telefones úteis e quais os endereços, físicos, de
internet, de e-mail etc.
Há ofertas dos mais variados conteúdos e, de
quebra, a orientação de especialistas, até sobre como entender o ‘seu’
animal doméstico que de uma hora para outra regrediu, fazendo as suas
necessidades pela casa afora. Por vezes, a ocasião faz o “gancho” para a
oferta de matéria ou de espaços de serviço, tornando-se os mesmos um
diferencial da edição.
No dia 25 de maio de 2013, véspera do jogo
inaugural do Estádio Mané Garrincha (ao qual compareceram mais de 60 mil
pessoas), o Correio Braziliense publicou em página dupla um
“Guia do Torcedor”, contendo mapas e numerosas indicações sobre acessos,
linhas de ônibus e metrôs, locais de estacionamento, emergências e
localizações das arquibancadas.
Na imprensa brasiliense e na imprensa em geral, áé tão frequente a
oferta de páginas e conselhos dedicados à saúde que o fenômeno já tem
até designação por parte dos estudiosos. Trata-se da
“mídia-consultório”, seja na oferta de matérias especializadas, seja no
franqueamento de especialistas para responder a perguntas: “Escreva para
nós... Encaminhe as suas dúvidas...” Mas há também os atendimentos
voltados para as “comunidades”, por exemplo, dos “concurseiros”; dos
fanáticos por novas tecnologias; dos amantes do vinho; da boa comida; do
turismo de aventura e, por alguns meses do ano, orientações acerca do
Imposto de Renda.
Uma característica muito marcante no relacionamento imprensa-cidadão
passou a ser as oportunidades que são oferecidas às pessoas para que
elas também participem da elaboração dos conteúdos midiáticos, graças às
facilidades de interação e interatividade proporcionadas pelos novos
meios técnicos, entre eles, as redes sociais. Antes, o máximo que lhe a
mídia lhe proporcionava era o status de fonte de informações. Agora,
podem ser autoras ou co-autoras de matérias.
O professor Alex Primo, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, referência no assunto,
considera que há três níveis de interatividade: um, mais elementar, das
interações pessoa-máquina; outro, das interações entre pessoas, mediadas
por computador; e um terceiro, mutuamente cooperativo, quando duas ou
mais pessoas interagem, via suportes digitais, na produção de um texto,
mensagem ou produto multimidiático (que reúne texto, voz, imagens e
movimento).
Foi o advento dos cenários midiático-interativos que proporcionou o que
se tem denominado de “jornalismo cidadão”, sinônimo de “jornalismo
colaborativo”, modalidades que representam avanços com relação ao
outrora (década de 90) novo “jornalismo público”, tradução para um
movimento que teve origem nos Estados Unidos, o do civic journalism, também chamado de public journalism,
ou seja, o jornalismo comprometido com os problemas das comunidades,
sem, no entanto, se confundir com o “jornalismo comunitário”, por
exemplo, das rádios comunitárias.
O jornalismo cívico (ou cidadão) norte-americano consiste na cooperação
entre imprensa e movimentos sociais ou de associações de bairros, no
enfrentamento de problemas tais como violência e drogas. Originalmente, o
civic journalism tinha como bandeira as campanhas em torno do
voto e do voto responsável. Como nos EUA o voto não é obrigatório, as
comunidades, com o apoio da imprensa, entenderam que ir votar e
acompanhar o cumprimento dos compromissos por parte dos eleitos eram
duas etapas fundamentais para a consecução dos seus objetivos.
No Brasil não houve, como ainda há nos Estados Unidos, parcerias
financeiras na realização de projetos de jornalismo público, em geral,
entre fundações privadas de direito público e empresas jornalísticas.
Aqui, a receptividade da ideia do jornalismo público (que não é
propriamente um gênero, mas um movimento) foi muito forte e com uma
característica muito peculiar: a liga que uniu comunidades e mídia foi
dada pelo interesse público, mesmo sem o altruísmo financeiro de grandes
corporações.
Foi assim que se deu, por exemplo, com a campanha “Paz no
trânsito”, nascida na redação do Correio Braziliense, abraçada
pelo Governo do Distrito Federal e respaldada pelos brasilienses. O
respeito à faixa de pedestres é uma marca de Brasília e um exemplo bem
sucedido de mobilização social que está sendo copiado em outras cidades.
A parceria entre o Correio Braziliense e a Capital Federal
existe desde a inauguração dos dois, ou seja, 21 de abril de 1960,
quando Assis Chateaubriand teve de “pagar” a aposta que fez com
Juscelino Kubitschek: ‘Se você inaugurar uma cidade naquele ermo, eu
inaugurarei lá um jornal’. Ao longo de mais de meio século, o CB
tornou-se mais do que jornal-aposta e homenagem ao ideário republicano
de Hipólito José da Costa, tornou-se, como no título de uma das suas
colunas, o Correio do Braziliense,
pertença que não tem sentido apenas retórico, muito pelo contrário. “Um
jornal serve para servir”, publicou certa vez em editorial de primeira
página o Correio Braziliense, profissão de fé cumprida com
capricho e merecedora ao longo de sua história de mais de uma centena de
prêmios, tanto o jornal quanto os seus jornalistas.
Numa de suas edições, o Prêmio Esso de Jornalismo, a mais conceituada
distinção do gênero no Brasil, recaiu sobre uma série de reportagens do
CB. Até aí, nenhuma novidade, a não ser pelo fato de que essa premiação,
geralmente atraída por coberturas dramáticas, rendeu-se aos encantos de
relatos de impacto social: onze reportagens de uma série intitulada
“Amores possíveis”, de autoria de Conceição Freitas, narrando “boas
histórias” de pessoas que, a despeito de serem deficientes físicos,
moradores de ruas, mudos, cegos, cadeirantes, presidiários e internos de
um hospital psiquiátrico, construíram histórias de amor. Modesta,
Conceição havia inscrito a sua produção no âmbito regional, do
Centro-Oeste. A Comissão Julgadora considerou, no entanto, que a série
merecia o primeiro lugar na categoria Esso Nacional de reportagem.
Linha direta
Prêmios, inclusive internacionais, tornaram-se uma rotina para o CB
e seus repórteres e editores. Premiações, no entanto, são apenas
protocolos de reconhecimentos ocasionais de grande brilho. No dia a dia,
é difícil folhear o CB sem que alguma matéria faça parte do clipping
de quem recolhe demonstrações dessa relação univitelina entre imprensa e
cidadania. Imprensa e cidadania é, por sinal, nome de uma das linhas de
pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de
Brasília.
Rotina, portanto, é encontrar-se nas páginas do CB matérias de serviço
ou notas de serviço ancorando as reportagens, como no exemplo “clipado”
do caderno “Cidades” do dia 18/05/2013: “Adoção bate recorde”. Pouco
menos de uma página inteira, não sobre o lar desmoronado de uma “Joana
de tal”, por causa de um “tal João”, mas, a “boa notícia” acerca das
estatísticas de adoção de crianças no DF e, como exemplo, a adoção de
três irmãos por um casal sem filhos.
E, como é típico nas matérias de
cidadania e “impacto social”, um boxe dando o serviço, ou seja, o “Passo
a passo” instrucional, para quem queira adotar uma criança, um decálogo
tendo como fonte o Conselho Nacional de Justiça. O “gancho” para a
matéria, como se diz no jargão jornalístico, era o fato de ter ocorrido
um aumento de 34,8 por cento – o maior da história –, nesse tipo de
ação, entre 2009 e 2013. Em geral, quando o assunto é a mobilização
social em torno de causas sociais e humanitárias, as matérias contam com
a participação de uma tríade de protagonistas: autoridade pública,
cidadão e repórter.
Mas o Correio Braziliense tem ido mais longe na sua política
editorial voltada para a cidadania, privilegiando pessoas cuja vidas são
exemplos de batalhas, pioneirismo e realizações em benefício coletivo.
Fugindo do lugar-comum de abrir espaços para o brilho de celebridades, o Correio
se notabilizou pelo resgate de centenas de personagens que participaram
da construção e da consolidação de Brasília, ao longo de seus 50 anos: a
senhora que foi caminhoneira; os operários que manufaturaram os moldes
das colunatas do Palácio do Planalto; os marceneiros que trabalharam na
construção do Catetinho (primeira mora do presidente Juscelino); ou
simplesmente o casal que festejou 70 anos de casamento, juntando na
celebração (na qual novamente disseram SIM), toda a sua prole: dez
filhos, 26 netos e 14 bisnetos. Páginas sem anúncios por vezes são
abertas para que o público concorra à melhor foto da cidade ou para
algum repórter fotográfico que montou um ensaio sobre os ipês amarelos,
roxos e brancos da Capital.
Nessa linha de fazer de uma publicação impressa uma espécie de álbum de família do brasiliense, os Diários Associados decidiram publicar em Brasília a revista Encontro,
que já existia em Belo Horizonte, e que se dedica inteiramente aos
brasilienses que, de alguma forma, fazem Brasília com os seus talentos
nas mais variadas “retrancas”: arquitetura, música, filantropia,
gastronomia, lazer, literatura, negócios, pintura, turismo etc. E como
não poderia deixar de ser, com muitas dicas de serviço, como na matéria
de capa de uma das primeiras edições, em que foram destacadas, numa
matéria especial de Leilane Menezes, dez entidades que no DF cuidam de
crianças resgatadas do abandono e de situações de risco.
Semanalmente (a Encontro é mensal), é a Revista do Correio
que trata de afagar a autoestima dos moradores do DF, nas suas 40
páginas, bem diagramadas e valorizando as pessoas, suas histórias e
competências, como na edição de número 394 (2/12/2012), cuja chamada de
capa festejava “Os novos velhos brasileiros”, ou seja, aqueles que, a
caminho dos 100 anos de idade, curtem a vida, adotam hábitos saudáveis e
são verdadeiros “pés de valsa”.
Invariavelmente, a Revista do Correio traz uma página dupla
central com assuntos de saúde. Na referida edição, uma matéria didática
sobre como enfrentar um certo “Aperto incontrolável” (incontinência
urinária). E como saúde é literalmente o que interessa, tome mais
revista: o mesmo pacote daquela edição dominical do CB trazia ainda um
encarte-revista da série “Viva Melhor – Qualidade de vida em foco”, uma
matéria de capa sobre “O caminho do bem-estar”, relatando a experiência
de pessoas que decidiram mudar a sua rotina sedentária, obtendo com isso
“mais disposição e saúde, perda de peso e ganho de qualidade de vida”.
Por sua vez, o Jornal de Brasília (JBr), fundado no início da década de 70 e que já recebeu no passado a perífrase de o “Washington Post brasileiro”,
pela dedicação com que cobria a Capital, não tem ficado para trás em se
tratando de dar atenções aos brasilienses, assim considerando os
habitantes de toda a “Região Metropolitana do Distrito Federal”,
abrangendo, portanto, todas as regiões administrativas desse complexo
urbano que se estende para além das fronteiras do DF com os Estados de
Goiás e Minas Gerais.
Além das colunas e espaços de serviço dedicados à cidadania, a exemplo do “Ponto do Servidor”, o Jornal de Brasília
criou uma unidade de reportagem itinerante, que a cada semana permanece
numa cidade do DF cobrindo os assuntos locais e atendendo as sugestões
de pautas da população. Intitulada “Você repórter”, esse projeto
transformou-se no carro-chefe de interação com a comunidade.
Literalmente, o carro é uma van, à disposição dos moradores. Os
repórteres e fotógrafos escalados vão lá para dar forma às contribuições
dos populares. Uma semana antes da visita, é realizada uma ampla
divulgação, incluindo panfletagem, para que a cidade da vez se mobilize
em torno de suas pautas, que são cobertas e envidadas de lá mesmo.
“Se você não der voz aos cidadãos, não há como fazer do jornal um
companheiro da comunidade”, afirma a editora-chefe, Maria Eugênia, há 20
anos no JBr, enquanto explica que as ligações telefônicas dos
leitores são atendidas diretamente por ela ou pela editora-executiva,
Nelza Cristina, não havendo intermediação nem mesmo da secretária, sendo
esta uma das razões pelas quais o JBr optou por não ter
ombudsman, e sim, uma linha direta com o cidadão, cujo número é
3343-8061. Mas o público também pode recorrer ao jornal por meio de
e-mails e redes sociais.
Velha máxima
Com 20 anos de existência e com uma tiragem gratuita de 130 exemplares, o Jornal da Comunidade,
como o próprio nome indica, é um veículo focado na vida dos
brasilienses, sempre destacando personalidades cujos perfis se confundem
com a história de Brasília e do DF. É o que se pode ver semanalmente no
“Caderno VIP” e em matérias como a seguinte: “Minha vida daria um
filme”, depoimento do primo-irmão de JK, Carlos Murilo, e ex-deputado
federal.
Personalidades do cotidiano brasiliense ganham também o seu
destaque, principalmente no jornal Coletivo, também gratuito, vinculado ao grupo Comunidade. Outra referência em se tratando de mídia gratuita é o jornal Metro,
do grupo internacional que circula em 23 países e atinge 20 milhões de
países. Produto tipicamente brasiliense, no entanto, é o jornal Lotus (Ano
26, 17 mil exemplares), guia de medicina alternativa e de filosofias
que procuram harmonizar corpo, mente e espírito. Nessa mesma sintonia,
circula há 13 anos a revista Terceiro Milênio (11,5 mil exemplares), igualmente gratuita.
Porta-voz permanentemente atento às reivindicações, denúncias e contribuições dos cidadãos é a Central Brasileira de Notícias (CBN),
que além das linhas dedicadas ao “Telefone do ouvinte”, tem explorado
intensamente as redes sociais para interagir com a população do DF,
partícipe de um “jornalismo colaborativo” que a emissora pratica desde
que foi criada.
Diariamente, mas com ênfase pelas manhãs e fins de
tarde, quando a população se desloca para o trabalho e dele retorna, os
ouvintes da CBN transformam-se em repórteres “tuiteiros”, fornecendo
informações de todos os pontos do DF sobre as condições de trânsito:
fluxo, acidentes, retenções e rotas alternativas. Eles chegam ao
requinte de prevenir acidentes e prejuízos, por exemplo, avisando de
buracos nas pistas, especialmente em dias de chuva.
Um dos fatores que têm contribuído para o sucesso dessa experiência de
contar com as pessoas do público como co-autoras dos conteúdos
jornalísticos tem sido a credibilidade alcançada por parte do público.
Geralmente, as ocorrências não são relatadas por uma única pessoa, sendo
que algumas delas fazem questão de fotografar ou filmar os
acontecimentos e transmiti-los às redações, evitando, assim que os
jornais e emissoras tenham de deslocar equipes para os locais dos
incidentes.
Por vezes, quando esse deslocamento é providenciado, até que
uma viatura da reportagem chegue ao local ou a cena já se desfez ou o
problema já foi resolvido. É claro que a imprensa também conta com a
colaboração direta das autoridades, especialmente da polícia e dos
bombeiros. Com frequência, pessoas do público e autoridades são
confrontadas ao vivo. “Momentos como esses são gratificantes para o
jornalista, na sua missão de intermediar respostas do Poder Público ao
próprio público”, como afirma a repórter Raquel Miura, há dez anos na
CBN.
No DF, as câmeras dos telejornais funcionam como olhos avançados do
interesse público, sendo muito comum as redações serem alertadas antes
mesmo dos plantonistas de serviços essenciais. Chamar a imprensa para
documentar o motivo das queixas é uma forma utilizada pela população
para pressionar as autoridades e por vezes criar a necessidade do
comparecimento das mesmas aos locais dos problemas. Nada mais
convincente na caracterização das denúncias do que deixar aos próprios
usuários dos serviços públicos a narrativa dos seus dramas, ao vivo,
direta e simultaneamente.
Deslocar uma equipe de TV, com toda a tecnologia necessária para
transmissões diretas, não é simples, mas às vezes é necessário. E isto
tem sido feito pelas sucursais das redes de TV estabelecidas em
Brasília, razão pela qual as suas linhas figuram na lista dos “telefones
úteis” da Capital, onde o DF-TV, por exemplo, está comemorando 30 anos de serviços prestados, ao lado do Bom dia DF,
ambos referências no atendimento à população, funcionando como
verdadeiras ouvidorias públicas, tal a sua capacidade de intermediação,
não só de queixas e denúncias, mas também dos bons exemplos de
cidadania. É quando o cidadão faz exemplarmente a sua parte e merece ser
“boa notícia”, invertendo-se a velha máxima do jornalismo, aquela
segundo a qual “más notícias, boas notícias” (bad news, good news).
***
Luiz Martins da Silva é jornalista e professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília.