sexta-feira, 24 de março de 2017

Desvendando as mentiras da Reforma da Previdência para impedi-la. por Roberto Requião.

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Foto - Senador Roberto Requião.

Roberto Requião[1].
Depois de ler e reler as propostas de reforma da Previdência do Governo, depois de ouvir desde os meus conterrâneos lá nos fundões do Paraná até qualificados especialistas no assunto, concluo: estamos diante de um dos maiores embustes da história brasileira. 
Mais que isso, estamos diante de uma das maiores crueldades que se ousou perpetrar contra o nosso povo.

Talvez ela seja comparável com a monstruosa emenda constitucional que pretendeu congelar por 20 anos os gastos públicos no país.

Com uma diferença: como suponho que o país não enlouqueceu completamente, o congelamento dos gastos será revogado no devido tempo.

Mas a pretendida reforma previdenciária preocupa. Ela, caso aprovada, será mais difícil de ser cancelada.

É que a PEC da Morte, como ficou conhecida, fere não apenas os interesses gerais da sociedade, mas também grupos de interesse que giram em torno do Estado. Já a Previdência é uma instituição do povo e para o povo, embora dela se beneficiem também alguns grupos corporativos.

O grande capital, os grupos financeiros, os especuladores jamais lutarão por uma Previdência Social decente e justa no Brasil.

Ao contrário, eles estão por trás das grandes pressões em favor da reforma apresentada por Henrique Meireles e Michel Temer.

Não vou me ater a todos os aspectos particulares da reforma proposta. Já são suficientemente conhecidos deste plenário e da própria população.

Aliás, várias entidades da sociedade civil apresentaram estudos examinando-a em profundidade, mostrando de forma definitiva, cabal a sua impropriedade.

Destaco, no entanto, entre os itens mais malignos, facinorosos, a mudança nas regras de aposentadoria.

Querem agora exigir um mínimo de 65 anos de idade e contribuição de 25 anos para aquisição desse direito, que sequer é uma aposentadoria integral, mas apenas 50% de uma média.

Não, não vou me ater a detalhes. Vou procurar mostrar a natureza das forças fundamentais que estão por trás do projeto.

Em uma palavra, o que se pretende, com a iniciativa Meirelles/Temer, é abastardar a Previdência contributiva pública – a Previdência financiada pelos trabalhadores e pelos patrões -  a fim de piorá-la, degenerá-la para abrir espaço para a previdência privada, financiada apenas pelos trabalhadores.

Com isso, milhões de brasileiros serão expelidos de qualquer forma de proteção, pois perderão a Previdência pública e não terão como pagar a privada.

O mais grave é que toda a reforma está concebida, funda-se em uma falácia.

A Previdência contributiva pública não tem déficit. Na verdade, ela faz parte do Sistema de Seguridade Social instituído pela Constituição de 88. As fontes de financiamento do sistema cobrem suas despesas, e a pequena parte que não é coberta o Governo Federal, por mandato constitucional, tem que cobrir.

Contudo, em lugar de cumprir esse mandato constitucional, o Governo, desde 1989, sequestra recursos da seguridade para pagar juros da dívida pública e cobrir os rombos do orçamento fiscal.

Comete-se, portanto um crime social em larga escala!

Até aqui, os programas de privatização dos sucessivos governos visavam a setores produtivos, com apenas algumas exceções.

Mas, agora se trata de privatizar um serviço social vital para o povo, abrindo espaço para áreas ainda mais sensíveis como o abastecimento de água.

Outras áreas de serviços, como aeroportos, também em processo de privatização, não afetam o consumidor em larga escala, exceto pelo alto custo das tarifas que lhes são impostas.

Evidencio um ponto adicional: a chamada transição etária. A justificação do Governo para a emenda é que a população brasileira está envelhecendo e a acumulação futura de aposentadorias pode comprometer o equilíbrio do fundo previdenciário.

Isso é, de novo, um grande embuste, uma fraude!

A expectativa de vida dos brasileiros é extremamente diferenciada por região – pode variar entre 53 e 78 anos -, e não faz sentido ter uma única referência de idade para todos.

O mais grave, contudo, é que o sistema atuarial no qual se baseou o Governo para fazer suas projeções previdenciárias de longo prazo – até 2060! – está fundado em estimativas absolutamente equivocadas!

Por que equivocadas?

Porque tais estimativas, essenciais para determinar o equilíbrio futuro do sistema, ancora-se em dados de 2002, de maneira determinista, mecânica. Ou seja, os resultados são tidos como certos, fatais.  Entretanto, todas as estimativas feitas para a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, para cumprir determinação legal, desde 2002, revelaram-se erradas, de acordo com estudo coordenado pelos economistas Denise Gentil e Cláudio Puty. 

Portanto, estamos diante de um projeto de emenda fundado em bases falseadas, mal formuladas, mal concebidas e profundamente prejudiciais para a sociedade brasileira.

Apenas a absoluta insensibilidade do Congresso e, particularmente deste Senado, resultaria em aprovação do monstrengo.

Como disse, só se compara a essa iniciativa a delituosa emenda 55, aqui desgraçadamente aprovada, embora a pretendida reforma da Previdência tenha um conteúdo de impiedade ainda maior, pois se abate sobre a parte mais vulnerável da população brasileira.

Conclamo às senhoras e senhores senadores a examinar essa questão não apenas com as mentes, mas também com o coração.

Afinal, é manter um mínimo de justiça social através do sistema de seguridade social brasileira.

Não basta que sejamos um dos países líderes da desigualdade social, o que mais cava fundo e intransponível o fosso entre os que mais têm e os que nada têm?

Não basta que tenhamos sido o último país a, pelo menos formalmente, acabar com a escravidão, o que, até hoje, produz sequelas gravíssimas?

Não basta? Querem mais ainda? Querem agora eliminar uma das poucas possiblidades de os brasileiros terem um mínimo de dignidade e de proteção na velhice?

Por favor, não me venham com o discurso falacioso do déficit ou aquela indecência de que é preciso reformar hoje para garantir o amanhã.

Por fim, insisto e reforço quatro pontos:

- Em 2015, 79% das pessoas que se aposentavam por idade não conseguiram contribuir por 25 anos. Sua média de contribuição era de sete meses em um ano.   

Portanto, no regime proposto pelo Governo, para se aposentar teriam que continuar contribuindo muito além dos 65 anos. Não é apenas um equívoco. É uma crueldade.

2º- Chamo de novo a atenção das senhoras e dos senhores para esta informação:  o sistema atuarial no qual o Governo se baseou para estimar a situação a longo prazo da Previdência (até 2060) é totalmente equivocado, para não dizer desonesto. 

As projeções são distorcidas, conforme demonstraram de forma irrespondível os pesquisadores Denise Gentil e Cláudio Puty, no documento “Plataforma Política Social”, publicado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal e outras instituições, leia [http://plataformapoliticasocial.com. br/ wp-content/uploads/2017/03/Doc-3_final-redes.pdf].

Notem que na elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO deve-se, todo o ano, fazer projeções sobre as perspectivas da Previdência. Isso deveria considerar no mínimo três cenários possíveis, associado cada um a probabilidades, mas o Governo leva em consideração apenas um, como se fosse uma tendência única, e não apenas probabilística. Com isso, erros de estimativa comprovado de receita em determinados anos chegam a 35%, mesmo quando se usam apenas os próprios dados oficiais.

3º-  Uma das principais razões pelas quais o Governo subestima exageradamente o déficit a longo pazo da Previdência é que ele usa, como base de suas projeções, a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2009.

Ora, sabemos que em 2008, como consequência da crise internacional, a economia e o emprego, base da Previdência, afundaram. A partir daí as estatísticas do IBGE superestimam a despesa e subestimam a receita. A única justificativa para isso é o propósito deliberado de dizer que a Previdência pública vai falir, a fim de preparar logo o espaço para a entrada no vácuo da previdência privada.

- Para justificar a reforma, o Governo estabeleceu comparações de expectativa de vida com outros países, notadamente com a OCDE.

Eis outra fonte de distorção e manipulação. Temos um país imenso, com grande diversidade de situações. A expectativa de vida difere de lugar para lugar, não só entre regiões, mas até mesmo dentro de uma mesma cidade.

Em São Paulo, por exemplo, no Alto Pinheiros, a expectativa de vida é de 79,5 anos; no Grajaú, de 56. Não faz nenhum sentido basear a Previdência numa expectativa de vida média, pois isso seria uma tremenda discriminação contra os pobres, muitos dos quais não chegariam a aposentar-se porque morreriam antes da aposentadoria.

À guisa de conclusão, como se dizia antigamente, refiro-me à uma antiquíssima, cinco vezes centenária prática nacional de nossas classes mais abastadas e também das nem tanto endinheiradas: a sonegação.

Segundo estimativas consideradas bastante conservadoras, apenas meia centena de grandes empresas brasileiras devem cerca de 500 bilhões de reais à Previdência.

Quinhentos bilhões!

Mas, como é tradição neste país que rico não paga imposto, pretendem escorchar, esfolar, esbulhar, saquear, roubar os trabalhadores e os idosos para suprir um fantasioso, mentiroso, fraudulento déficit da Previdência.

Não vamos permitir que aprovem esse aburdo!
      

[1] Roberto Requião é senador da República em seu segundo mandato. Foi governador do Paraná por 3 mandatos, prefeito de Curitiba e deputado estadual. É graduado em direito e jornalismo com pós-graduação em urbanismo e comunicação. É capitão reformado do Exército Brasileiro.

Sugestão de leitura. [https://ufrj.br/docs/jornal/2007-marco-jornalUFRJ24.pdf] nota do blogueiro.

“Um bem de todos não pode virar lucro de alguns”, afirma Zé Inácio, sobre privatização da Caema.



Aconteceu na tarde da última quarta-feira (23) a audiência pública “A defesa da água como direito humano e não como mercadoria”, uma iniciativa da Central única dos trabalhadores (CUT), do Sindicato dos Urbanitários do Maranhão e do deputado Zé Inácio, que coordenou a mesa.

Durante a audiência foi discutida a política pública de saneamento e esgotamento sanitário desenvolvido pelo Governo do Maranhão e a privatização da Caema.

Os urbanitários presentes pediram esclarecimentos sobre a adesão do Maranhão ao programa de concessões do BNDES e sobre o projeto do Governo do Estado para o saneamento e a Caema.

Davi Teles, presidente da Caema, afirmou que o governador Flávio Dino, dia 25 de janeiro último, manifestou-se, no twitter, claramente contra a privatização da CAEMA e que o problema do saneamento no Brasil é a falta de dinheiro.

O deputado Zé Inácio reafirmou seu comprometimento com a defesa da Caema pública e disse estar à disposição para dar continuidade aos debates, que ele considerou muito representativo e rico.

Integrou a mesa de debates o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia, Rafael Leitoa, o diretor do Sindicato dos Urbanitários do Maranhão, José do Carmo Vieira de Castro; o secretário Geral da CUT do Maranhão, Nivaldo Araújo; o assessor jurídico do STIU, Guilherme Zagalo; o sociólogo e assessor de saneamento da FNU, Edson Aparecido da Silva; o presidente da CAEMA, Davi Teles e o deputado Bira do Pindaré (PSB).


Ainda pela manhã o deputado Zé Inácio usou a tribuna da assembleia para tratar do tema e destacar a importância da água para a população mundial e que esta não deve ser tratada como mercadoria.

O deputado lembrou ainda que as ações de privatização do setor de saneamento tem ganhado força no governo Michel Temer. “Após o golpe no Brasil, a situação se agrava e as ameaças de privatização do setor de saneamento vão se tornando realidade, com mudança no seu marco legal e outras medidas que incentivam e facilitam a participação do setor privado.”, disse.

Zé Inácio reafirmou ainda sua aversão à privatização da Caema, já que tal ação é sinônima de vantagens para empresas e prejuízos aos trabalhadores e para a população em geral.

“Um bem de todos não pode virar lucro de alguns, e esta é a luta dos urbanitários, por uma Caema pública e melhor.”, declarou.

O parlamentar finalizou dizendo, “A água, cada vez mais, se torna um bem precioso e os empresários passam a ter um olhar visando não atender a população, mas o lucro.”

Brasília. Ministério da Educação quer rediscutir proposta de lei de responsabilidade educacional.

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O deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) pediu nesta quarta-feira (22) a retirada de pauta do projeto sobre a lei de responsabilidade educacional (PL 7420/06), apesar de haver quórum para votação do texto na comissão especial que analisa o assunto.
A proposta estende punições previstas na Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) ao gestor público que permitir, injustificadamente, o retrocesso da qualidade da educação básica nos estados, municípios e Distrito Federal.
Representando a liderança do governo no colegiado, Izalci se comprometeu a agendar uma reunião com o ministro da Educação, Mendonça Filho, para discutir a proposta. “O governo solicitou um prazo maior, para debater um pouco mais”, disse. “É preciso buscar a responsabilização dos atores, mas temos que ver de que forma.”
Crítica e apelo
O relator na comissão especial, deputado Bacelar (PTN-BA), lamentou o adiamento na votação. Ele leu complementação de voto apresentada em dezembro – incluindo sugestões de parlamentares, entidades sociais e do Executivo – e criticou a posição do governo.

“Ninguém é responsável pelos desastres da educação brasileira, e o governo Michel Temer continua nesse mesmo caminho”, afirmou. “Pelo Plano Nacional de Educação [PNE - Lei 13.005/14], a lei de responsabilidade educacional já deveria estar aprovada desde 2015”, continuou.
Bacelar fez um apelo para que entidades ligadas à educação se mobilizem a favor do projeto. Para ele, só assim a lei de responsabilidade educacional será aprovada. Se aprovado na comissão especial, o texto precisa passar também pelo Plenário.

O Vice PGE Nicolau Dino, pede apuração do vazamento de depoimentos de Marcelo Odebrecht.



Trechos que estão sob segredo de Justiça foram publicados ontem pela imprensa.
O vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, protocolou, nesta sexta-feira (24), um pedido de apuração do vazamento das declarações de Marcelo Odebrecht na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE 194358), que pede a cassação da chapa formada pela ex-presidente da República Dilma Rousseff e pelo atual presidente da República Michel Temer. Eles foram candidatos pela Coligação Muda Brasil nas eleições de 2014.
De acordo com o vice-procurador-geral-eleitoral, o site O Antagonista e o Jornal Nacional publicaram, hoje e quinta-feira (23), trechos de declarações prestadas pelo empresário ao TSE no processo. “O episódio em tela configura grave e inaceitável ruptura do dever legal de sigilo, com inequívocos contornos de ilicitude, estando a merecer, pois, rigorosa apuração das circunstâncias em que se deu o apontado 'vazamento'”, afirma.

Ele explica que esses e outros depoimentos prestados se encontram, até o presente momento, sob segredo de Justiça, tendo em vista, inclusive, as investigações que envolvem agentes públicos com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal.

Desta forma, o vice-PGE pede que sejam determinadas providências administrativas para apurar tais irregularidades. Nicolao Dino ainda ressalta que, “em face da possível configuração de ilícito penal, hão de ser adotadas, a tempo e modo, por parte do Ministério Público Federal, as devidas medidas de índole criminal”.

Assessoria de Comunicação Estratégica do PGR - Procuradoria-Geral da República - pgr-noticias@mpf.mp.br - (61)3105-6400/6405.


O GOLPE CONTRA OS DIREITOS SOCIAIS. Por Mário de Andrade Macieira.

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Foto - Advogado e Professor Mario Macieira

Tudo começou quando um espúrio processo de Impeachment derrubou uma presidente legitima, para colocar em seu posto, um vice que urdiu traiçoeiramente, junto com um Congresso fisiológico e reacionário, o golpe na democracia.

Golpeou-se a democracia para implementar um projeto econômico de aniquilação dos Direitos Sociais. Primeiro foi a PEC da Morte, já aprovada e convertida na Emenda 95/2016, que congela por 20 anos a “despesa primária”, conjunto de gastos públicos não destinados ao pagamento de dívidas, justamente para fazer superávit para pagar juros aos bancos.

Ontem foi a Terceirização das Atividades Fim, com drásticas consequências para os trabalhadores. Isso vai produzir demissões, as empresas vão demitir empregados para contratar terceiras que fornecerão mão de obra mais barata, aviltando profissões. 

Outra consequência da “terceirização total” é o enfraquecimento dos sindicatos, imaginem a quantidades de trabalhadores terceirizados prestando serviço próprios de uma determinada categoria profissional (Bancários, por exemplo), sem estarem vinculados ao respectivo sindicato.

Precarizadas as relações de trabalho e enfraquecidos os sindicatos estará aberto o campo para o avanço da destruição dos direitos trabalhistas, a começar pela extinção da Justiça do Trabalho, já proposta. Livre das “amarras” da lei trabalhista o mercado-Deus (Soberano do Estado de Exceção Permanente a que estamos submetidos – Agamben) estará livre para lucrar explorando o trabalho mais barato (é incrível como as pessoas acreditam no engodo de que o custo do trabalho no Brasil é alto, uma das piores desigualdades econômicas do mundo, um salário mínimo de US$ 300,00!). Sem “freios civilizatórios” a exploração estará liberada e “modernizaremos” as relações de trabalho no Brasil, retrocedendo ao período pré revolução industrial (vale lembrar “O Germinal” – Zola). “Modernizar” em “novilingua” (1984 – Orwell) quer dizer ao mesmo tempo trazer para agora o mundo “moderno” do Século XVIII.

Para os próximos capítulos a (Contra) Reforma da Previdência, cujo projeto, a cada vírgula, espanta pelo nível de crueldade social e política nela incrustrados. É a velha vocação escravocrata da “Casa Grande” no Brasil. 

Tudo executado por um governo ilegítimo, controlado totalmente por Corruptos notórios. Donos de privilégios tão arcaicos como os do “ancien regime” querem impor à senzala um Laissez-faire do (neo) liberalismo, dando aos trabalhadores o direito de aceitarem “livremente” as negociações com os patrões. Como lembrou Marx, no mercado, a liberdade e a igualdade dos que nada têm senão sua força de trabalho, é a liberdade de ser escravizado.


Texto de Mário de Andrade Macieira. Advogado. Professor da UFMA. Mestre em Direito pela UFPE. Ex-Presidente da OAB/MA.

STF. OAB questiona condução coercitiva na fase de investigação criminal.

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O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheça a não recepção, pela Constituição Federal de 1988, do artigo 260 do Código de Processo Penal (CPP), no que se refere à aplicação da condução coercitiva na fase de investigação criminal. 
A questão é tema da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 444, ajuizada, com pedido de liminar, pela entidade.
O dispositivo preceitua que “se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”. Segundo a OAB, a norma prevê a condução coercitiva do acusado para fins de realização de interrogatório e outros atos no âmbito do processo judicial, mas a regra tem sido interpretada em contrariedade com os ditames constitucionais ao se permitir a sua utilização para a constituição de atos no curso da investigação criminal. 
Sustenta ainda que a medida tem sido sistematicamente adotada sem a observância da premissa do próprio artigo 260 do CPP, “ou seja, sem que o cidadão tenha descumprido anterior intimação”.
A entidade alega que a condução coercitiva durante a fase investigativa, ainda que decretada pela autoridade judiciária competente, viola os preceitos fundamentais da imparcialidade, do direito ao silêncio, do nemo tenetur se detegere (o direito de não produzir prova contra si mesmo), do princípio do sistema penal acusatório, do devido processo legal, da paridade de armas, da ampla defesa e do contraditório. “É incabível a determinação de sua condução forçada durante a fase de inquérito, pois se trata de medida cautelar que deve ser somente utilizada na fase judicial, se necessário”, afirma.
Caso não seja acolhido o pedido principal, a entidade pede que seja declarada a inconstitucionalidade da interpretação ampliativa do dispositivo do CPP, a fim de que não seja permitida a condução coercitiva sem prévia intimação e não comparecimento injustificado do acusado.
Rito abreviado
O relator da ação, ministro Gilmar Mendes, adotou rito abreviado previsto no artigo 12 da Lei 9.868/1999 ao trâmite da ADPF 444, tendo em vista a relevância da matéria. A medida permite que o STF analise a questão de forma definitiva, sem prévia análise do pedido de liminar, tendo em vista a relevância da matéria e sua importância para a ordem social e segurança jurídica.
O ministro Gilmar Mendes observou que a ADPF 395, com objeto semelhante, está liberada para julgamento pelo Plenário. No despacho, o relator determinou ainda a requisição de informações à Presidência da República, à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, a serem prestadas no prazo de 10 dias. Em seguida, os autos deverão ser encaminhados, sucessivamente, para manifestação da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da República, para que se manifestem no prazo de cinco dias.
EC/AD
Processos relacionados
ADPF 444

João Clímaco coordenador nacional do Fonasc - CBH. Participa nesta sexta-feira, do evento "Revitalização dos Rios Maranhenses e Suas Nascentes".



O coordenador nacional do Fonasc.CBH (Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas), João Clímaco e a vice-coordenadora Thereza Christina Pereira Castro irão participar nesta sexta-feira, 24, do evento "Revitalização dos Rios Maranhenses e Suas Nascentes", que será realizado no Auditório Alberto Abdalla, na FIEMA.

O Fonasc.CBH é uma instituição que representa o segmento da sociedade civil em diversos órgãos colegiados que discutem a Política de Recursos Hídricos, como o CNRH (Conselho Nacional de Recursos Hídricos). Através de seus representantes, a entidade desenvolve ainda projetos de educação ambiental e mobilização social pelas águas de todo o País.