quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Precisamos falar sobre feminicídio: crimes contra a vida das mulheres cresce de forma alarmante no Maranhão.


O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. A constatação é da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo dados do órgão, o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres.
Em 2017, já foram confirmados 30 casos de feminicídios no Maranhão, sendo 07, especificamente, na Região Metropolitana de São Luís. O número já ultrapassa o registrado em 2016, quando ocorreram 26 casos.
Neste ano, os maranhenses acompanharam perplexos todo o desenrolar dos crimes cometidos contra Mariana Costa, estuprada e morta pelo cunhado, e Alanna Ludmila, de apenas 10 anos, estuprada e morta pelo ex-padrasto.
O Mapa da Violência do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea) aponta o Maranhão como o estado onde mais morrem mulheres assassinadas no Brasil. Também foi onde este tipo de crime mais cresceu entre 2005 e 2015. O aumento foi de 130%.
De 10 a 13 deste mês, será realizada a I Semana de Combate ao Feminicídio no Maranhão. Com o tema “Quem silencia, dá voz à violência”, o projeto foi idealizado pelo Departamento de Feminicídio do Maranhão. O objetivo é mostrar à população maranhense o grave cenário de violência contra a mulher no estado e difundir a necessidade de combatê-lo.
A semana de conscientização será contemplada com audiências, caminhadas, ato-show, apresentação de um grupo de balé e aulas de defesa pessoal.
O Sinpol/MA apoia a iniciativa e repudia qualquer forma de agressão contra mulheres.
Denuncie pelos números
190 / 180 / (98) 99176 7142
Disque denúncia
(98) 3223 5800 (Capital)
0300 313 5800 (Interior)
Programação
10 de novembro de 2017
Abertura da Semana de Combate ao Feminicídio
19h _ Shopping da Ilha com o Ballet Feminicídio
20h _ Aula de defesa pessoal com Delta.

11 de novembro de 2017
16h30 _ Caminhada pelo fim do Feminicídio. Concentração: em frente a Casa das Dunas.

12 de novembro de 2017
8h _ Ato Show na Feirinha de São Luís – Praça Benedito Leite.

13 de novembro de 2017
15h _ Audiência Pública no auditório Fernando Falcão – Assembleia Legislativa.

Saiba mais:
O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher. As mulheres negras são ainda mais violentadas. Apenas entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.
Com a Lei 13.140, aprovada em 2015, o feminicídio passou a constar no Código Penal como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A regra também incluiu os assassinatos motivados pela condição de gênero da vítima no rol dos crimes hediondos, o que aumenta a pena de um terço (1/3) até a metade da imputada ao autor do crime. Para definir a motivação, considera-se que o crime deve envolver violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Minas Gerais. Sargento da PM sobe nas passarelas com a missão de ser a mais bela do Estado.


Policial e miss, Késsila Miranda mantém o charme diante dos desafios - (foto: Arquivo pessoal).
por Landercy Hemerson.
Depois de vencer o concurso de miss de Governador Valadares 2017, policial militar se prepara para a disputa do título estadual, na próxima semana. Ex-modelo, ela segue confiante.

Uma policial na disputa pelo título da mais bela mulher de uma cidade, de um estado, de um país ou - por que não? - do mundo. O que parece ser um divertido roteiro de cinema, como o do filme Miss Simpatia, com Sandra Bullock, no papel da agente do FBI Gracie Hart, é a mais nova missão da ex-modelo profissional e atual sargento da Polícia Militar de Minas Késsila Alves Miranda, de 24 anos.


Depois de se sagrar miss Governador Valadares 2017, sua cidade natal no Vale do Rio Doce, o próximo passo da militar é em direção à coroação como a mais bonita de Minas Gerais, em 2017, concurso que terá resultado conhecido no dia 15. “Aos 18 anos conheci a carreira de modelo e fui para a Turquia para fazer catálogo e desfile. 

Depois de quatro meses retornei e decidi realizar meu sonho de ser policial, como minha mãe e minha irmã. Há três anos e meio estou na Polícia Militar. Entrei como soldado, fiz curso de sargento e quando terminar a graduação de direito vou estudar para ser oficial. Não importa até onde possa ir no concurso de miss, mas não largo a PM”, afirmou. 


Késsila diz que a decisão de ir em busca do título de a mulher mais bonita de sua cidade veio de repente. “Fui convidada e, inicialmente, por ser policial, considerei que seriam atividades antagônicas. Meu namorado, também militar, me incentivou e então me inscrevi e não contei para as pessoas. 

Com a conquista do título de miss, então veio a preocupação de como isso soaria dentro do quartel, mas obtive total apoio de meus superiores e colegas de farda. Fui incentivada a representar a Polícia Militar no concurso”, contou a sargento. 

Título de miss Governador Valadares foi uma realização(foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
Se antes a jovem militar imaginava que circularia por extremos, não demorou para se ver em ambientes semelhantes ao da corporação. “Como mulher, militar, não me vejo limitada para buscar outras realizações, fora da carreira policial, como ser miss. 

Quando entrei no concurso, logo percebi princípios semelhantes ao da vida militar, de valorização da cidadania, da preocupação com o bem-estar social, e não apenas uma disputa de quem é mais bonita”, argumentou. Depois que passou a atuar nas ruas, na 4ª Companhia do 1º Batalhão, junto com colegas de farda, a jovem se envolveu no projeto social “Educarte”, voltado para ressocialização de menores infratores.


Mesmo sem nunca ter precisado atirar contra bandidos, a sargento se diz treinada e preparada para  enfrentar os desafios de uma policial militar para garantir a segurança da sociedade. 

Na unidade móvel em que trabalha busca ser uma referência no atendimento das pessoas que, por vez, a incentivam a ser modelo, sem saber de sua trajetória. “Estou vivendo o momento, me realizando, sem a preocupação de aonde vou chegar. São muitas as concorrentes, todas com suas histórias, que não se resumem em ser apenas uma mulher bonita”. O concurso Miss Mundo é um dos dois principais do gênero no país e é realizado pela CNB (Concurso Nacional de Beleza). 

A parcela de pobres no Brasil volta acrescer de forma exponencial.

A parcela de pobres no Brasil volta acrescer de forma exponencial. 27636.jpeg

A parcela de pobres no Brasil, que vinha diminuindo na última década, volta acrescer de forma exponencial.
O novo sistema para abalizar o crescimento da pobreza no Brasil passou a ser posto em prática, neste mês, pelo Banco Mundial.
O objetivo é delimitar a quantidade de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, no Brasil estes índices apontam que mais de 22% já ocupam esta faixa.
Outros dados estarrecedores apresentados, e nada alentadores, apontam  índice  que se eleva de 8,9 milhões para 45,5 milhões o número de brasileiros considerados pobres, o que corresponde a 1/5 da população.
por Sérgio Jones *
De acordo com avaliações feitas pelo corpo técnico do setor do Banco Mundial a parcela de pobres no Brasil, que vinha diminuindo ao longo da última década, voltou a subir em 2015.
Os novos parâmetros adicionais foram bem avaliados por economistas.
"Parece positivo considerar linhas de pobreza mais realistas. A de US$ 1,90 subestima a pobreza de países não pobres", diz Celia Kerstenetzky, professora da UFRJ.
Segundo ela, é "louvável" considerar as múltiplas dimensões de bem-estar para medir a pobreza, e não apenas a renda, um conceito alinhado às ideias defendidas por Amartya Sen, indiano laureado com o Nobel de Economia, cujo trabalho é mencionado pelo Banco Mundial na justificativa para a adoção das novas linhas complementares.

*Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Minas Gerais: Roubo rende R$ 20 Milhões. Polícia troca tiros com suspeitos em Uberaba.

Empresa de valores ficou destruída - (foto: Sergio Teixeira/Policia Militar)
As buscas pelos criminosos responsáveis pelo roubo milionário a uma empresa de valores de Uberaba, na Região do Triângulo Mineiro, continuam. No início da tarde desta quarta-feira, policiais civis trocaram tiros com suspeitos do assalto em Conceição de Alagoas, que fica a 66 quilômetros da cidade onde aconteceu o crime. Um homem foi preso. Porém, ainda será investigado se ele participou do ataque ou foi dar apoio ao grupo. Três pessoas foram presas em Goiás nessa terça-feira. 

De acordo com o delegado-chefe do 5º Departamento de Polícia Civil, Heli Andrade, os policiais foram surpreendidos por um veículo suspeito. “O tiroteio aconteceu em Conceição de Alagoas. O veículo onde os homens estavam foi atingido por tiros. Eles abandonaram o veículo e fugiram”, comentou. 

Segundo Andrade, uma grande mobilização foi feita entre policais civis e militares. “As buscas continuaram e conseguimos encontrar esse suspeito entre Ituverava e Guaíra. Ele é conhecido na cidade como praticante de delitos e estava com R$ 3 mil. Estamos averiguando se ele foi buscar o dinheiro ou foi dar apoio ao grupo. Ainda é cedo para fazer qualquer conjectura sobre o caso”, concluiu o delegado. 

Nessa terça-feira, três pessoas suspeitas de participação no ataque ousado a empresa de valores foram presas em Caldas Novas, em Goiás. Segundo a Polícia Militar da cidade, confessaram o crime. Com eles foi recuperado aproximadamente R$ 300 mil, além de uma pistola glock. Todos seriam de uma organização criminosa que atua em São Paulo. 


O assalto
Moradores de Uberaba foram surpreendidos pela ação ousada dos criminosos na madrugada de segunda-feira. A ofensiva teve tiros de fuzil, transformadores de energia elétrica estourados à bala, barricadas com carros e pneus queimados, correntes e “miguelitos” (objetos perfurantes para estourar pneus), tudo para barrar a reação policial. Somente depois de duas horas de cerco sob fogo as forças de segurança foram capazes de montar bloqueios nas saídas da cidade, o que não evitou a fuga do bando de aproximadamente 20 homens.

A investida teve início às 3h e terminou às 5h15. Uma pessoa se feriu e bairros inteiros ficaram sem energia elétrica. O grupo roubou uma quantia que pode chegar a R$ 20 milhões segundo fontes extraoficiais – o valor não foi informado pela empresa nem pela polícia. Buscas seguem em cidades do Triângulo Mineiro e em outros estados que fazem fronteira.

Os Estados Unidos e a Base de Alcântara por Samuel Pinheiro Guimarães.


Os Estados Unidos, além de suas frotas de porta aviões, navios e submarinos nucleares que singram todos os mares, possuem mais de 700 bases militares terrestres fora de seu território nacional nos mais diversos países, em muitas das quais instalaram armas nucleares e sistemas de escuta da National Security Agency (NSA).
Os Estados Unidos têm bases de lançamento de foguetes em seu território nacional, como em Cabo Canaveral, perfeitamente aparelhadas com os equipamentos mais sofisticados, para o lançamento de satélites.
Os Estados Unidos não necessitam, portanto, de instalações a serem construídas em Alcântara para o lançamento de seus foguetes.
O objetivo americano não é impedir que o Brasil tenha uma base competitiva de lançamento de foguetes; isto o governo brasileiro já impede que ocorra pela contenção de despesas com o programa espacial brasileiro.
O objetivo principal norte americano é ter uma base militar em território brasileiro na qual exerçam sua soberania, fora do alcance das leis e da vigilância das autoridades brasileiras, inclusive militares, onde possam desenvolver todo tipo de atividade militar.
A localização de Alcântara, no Nordeste brasileiro, em frente à África Ocidental, é ideal para os Estados Unidos do ângulo de suas operações político-militares na América do Sul e na África e de sua estratégia mundial, em confronto com a Rússia e a China.
O Governo de Michel Temer tem como objetivo central de sua politica (que nada mais é do que o cumprimento dos princípios do Consenso de Washington) atender a todas as reivindicações históricas dos Estados Unidos feitas ao Brasil não só em termos de política econômica interna (abertura comercial, liberdade para investimentos e capitais, desregulamentação, fim das empresas estatais, em especial da Petrobras etc.) como em termos de política externa.
À politica externa cabe cooperar com a execução deste programa de Governo, cujo objetivo é atrair investimentos estrangeiros, além de ações de combate à Venezuela, de afastamento em relação aos vizinhos da América do Sul, de destruição do Mercosul, a partir de acordo com a União Europeia, cavalo de Troia para abrir as portas de um futuro acordo de livre comércio com os Estados Unidos, de adesão à OCDE, como forma de consolidar esta política econômica, e de afastamento e negligência em relação aos países do Sul.
Nesta política geral do Governo Temer, o acordo com os Estados Unidos para a utilização da Base de Alcântara configura o caso mais flagrante de cessão de soberania da história do Brasil.
Os Estados Unidos, se vierem a se instalar em Alcântara, de lá não sairão, pois de lá poderão “controlar” o Brasil, “alinhando” de fato e definitivamente a política externa brasileira e tornando cada vez mais difícil o exercício de uma política externa independente.
Samuel Pinheiro Guimarães - Secretário Geral do Itamaraty (2003-2009); Ministro de Assuntos Estratégicos (2009-2010).

Maranhão - Seminário sobre ensino da história africana e afro-brasileira é realizado na PGJ.

Seminario 1
Seminário abordou ensino de história africana, afro-brasileira e indígena.

Com o objetivo de efetivar a implementação do ensino das histórias africana, afro-brasileira e indígena nas escolas do estado, o Ministério Público do Maranhão promoveu, na manhã desta terça-feira, 7, no auditório da Procuradoria Geral de Justiça, o seminário “Conhecendo a História Africana e Afro-brasileira”.

Seminario 2
Sandra Elouf falou sobre medidas já adotadas pelo MPM
Organizado pelo Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos (CAOp-DH), o evento teve como referência as leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, que preconizam o ensino obrigatório do referido conteúdo nos currículos das escolas brasileiras. Membros do MPMA, gestores, professores e representantes de entidades do movimento negro acompanharam o seminário.

No encontro, o MPMA informou que expedirá uma Recomendação aos prefeitos e gestores da educação, concedendo prazo até março de 2018 para a inclusão dos temas nos currículos escolares dos municípios. Também será encaminhada uma orientação técnica para efetivar a oferta do conteúdo, que poderá ser adequado a matérias já existentes na grade curricular.

Seminario 5
Lana Pessoa enfatizou que descumprimento de Recomendação pode levar à responsabilização de gestores.

Na abertura, a coordenadora do CAOp-DH, procuradora de justiça Sandra Lúcia Mendes Alves Elouf, informou que, durante o último mês de maio, o MPMA reuniu gestores da educação, representantes da área de Direitos Humanos e do movimento negro para debater a efetivação do ensino e o cumprimento da legislação. “Além do mapeamento do que já foi implementado nos municípios maranhenses, o Centro de Apoio discutiu políticas públicas para assegurar a transmissão dos referidos temas”, acrescentou.

Seminario 3
Para Luiz Gonzaga Coelho, ensino também representa reparação simbólica.

Em seu discurso, o procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, ressaltou que a história dos negros africanos que vieram para o Brasil e de seus descendentes precisa ser conhecida, bem como a dos indígenas, como forma de reparar simbolicamente as consequências da diáspora africana. “Daí, a importância do projeto do CAOp-DH, visando à criação de meios para a implementação deste ensino”, disse.



Luiz Gonzaga Coelho acrescentou que a medida pedagógica está prevista em lei e que não há motivo para o seu descumprimento. “Ao não possibilitar esta reconstrução, o município viola os direitos fundamentais, garantidos internacionalmente e no texto constitucional”, completou.



Apesar da previsão legal de medidas repressivas, em caso de desobediência, o procurador-geral garantiu que o MPMA busca o diálogo com as administrações municipais. “Juntos podemos encerrar esta dívida histórica com nosso povo, em especial com crianças e adolescentes que têm direito à memória de sua formação histórica”.



O secretário de estado da Educação, Felipe Camarão, comentou que o Maranhão é um dos estados com maior população negra do país e, por isso, tem o dever de efetivar o ensino de história africana e afro-brasileira. “Vejo que o MPMA, todos os gestores municipais e representantes de instituições e entidades estão discutindo estes temas com muita seriedade e propriedade. Quero parabenizar o empenho de todos”, declarou.



RESPONSABILIZAÇÃO



A promotora de justiça Lana Cristina Barros Pessoa, integrante do CAOp-DH, enfatizou que o ensino dos conteúdos das histórias africana, afro-basileira e indígena é uma forma de contribuir para a diminuição do preconceito e da desigualdade racial. “Quando estudamos a história do Brasil nas escolas, nos confrontamos com a narrativa de que os brancos foram os heróis que atravessaram os oceanos para conquistar e civilizar outros povos. Por isso, temos que construir uma nova história, a verdadeira. E esta responsabilidade recai especialmente às instituições”, enfatizou.



Lana Pessoa informou, ainda, que o gestor que descumprir o prazo previsto na Recomendação poderá ser responsabilizado por improbidade administrativa.


Seminario
O Professor Carlos Benedito da Silva apresentou a trajetória dos movimentos negros.

IDENTIDADE.
Em seguida, o professor-doutor da Universidade Federal do Maranhão, Carlos Benedito da Silva, apresentou a palestra “Trajetória dos movimentos negros e as lutas contra o racismo”, na qual traçou um panorama histórico de grupos, entidades, movimentos e manifestações, tanto sociais quanto culturais, que levantaram as questões étnico-raciais, como forma de combate às desigualdades, ao preconceito e ao racismo. “A luta por relações mais democráticas na sociedade brasileira e por políticas públicas para a população negra no Brasil não é nova”, enfatizou.



Entre os inúmeros grupos e manifestações elencadas pelo acadêmico, que defenderam e difundiram a identidade negra, estão a Frente Negra Brasileira (fundada em 1931), o Teatro Experimental dos Negros (criado em 1934, que revelou atores como Ruth de Souza, Milton Gonçalves e Léa Garcia), o grupo afro Ilê Ayê, da Bahia, além dos bailes blacks dos anos 70, no Rio e em São Paulo, e do movimento hip hop, difundido desde os anos 80, nas cidades brasileiras.

Seminario 7
Para Érica Beckman, conhecimento permite maior respeito às diferenças.


ESTRUTURA.
A coordenadora do CAOp - Educação, promotora de justiça Érica Ellen Beckman, enalteceu a iniciativa do CAOp-DH de promover o seminário. “Nós temos que trazer este conhecimento para nossos alunos para que a sociedade tenha mais tolerância e respeito às diferenças”.


Érica Beckman explicou, ainda, o objetivo da campanha “O dinheiro do Fundef é da educação – por uma educação de qualidade para todos os maranhenses”, coordenada pela Rede de Controle da Gestão Pública no Maranhão, integrada por várias instituições, cujo objetivo é garantir que os recursos a serem recebidos pelos municípios maranhenses, referentes ao Fundef, sejam aplicados exclusivamente na área da educação, como prevê a lei. “Nós estamos trabalhando para que os municípios recebam 100% destes recursos, mas este dinheiro é vinculado à educação”, frisou.



Também se manifestaram no seminário a secretária-adjunta de estado de Igualdade Racial, Socorro Guterres, e o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Antonio Magno Melo.



Igualmente estiveram presentes o presidente da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (Ampem), Tarcísio José Sousa Bonfim, o defensor público-geral do Maranhão, Werther Lima Júnior, e a representante da Secretaria Municipal de Educação, Ilma Fátima de Jesus.



Redação: Eduardo Júlio (CCOM-MPMA)



Fotos: Francisco Colombo (CCOM-MPMA)

Brasil. Técnicos do Ipea cobram políticas de segurança lideradas pelo governo federal.



Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil

Ações e políticas de segurança pública adotadas no Brasil desde a década de 1990 estão na contramão do que mostram as pesquisas e as evidências. É o que aponta publicação divulgada hoje (7) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 
Para os pesquisadores do instituto, o governo federal deveria liderar a política de segurança pública com uma atuação baseada na indução, na capacitação e no financiamento, assim como ocorre em países como Estados Unidos, Inglaterra e Espanha. Somente a operacionalização direta de ações é que deveria ser atribuição dos governos estaduais.
"No Brasil, muita coisa acontece na base do achismo, de última hora. Então ocorre uma chacina, daí se faz uma reunião e daqui a pouco coloca uma força policial naquela localidade ou o Exército. E são ações que se caracterizam apenas como espetáculos midiáticos. Porque não vão resolver nada. Daqui a uma semana, volta tudo a ser do mesmo jeito", avalia o pesquisador Daniel Cerqueira, técnico do Ipea.
Cerqueira é um dos autores que colaboram com a 11ª edição do Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi), produzido periodicamente desde 2011 com o objetivo de fomentar o debate sobre temas de relevância da vida política brasileira. A atual edição é voltada para a discussão da política nacional de segurança pública e reúne 11 artigos assinados por pesquisadores do Ipea e colaboradores externos.
Uma das principais preocupações dos pesquisadores está ligada ao alto índice de homicídios no país. De acordo com dados do Atlas da Violência publicado pelo Ipea, o Brasil registrou 59.080 assassinatos em 2015. A avaliação dos especialistas é que o governo federal se isenta, deixa a responsabilidade para os governos estaduais, mas atua em episódios específicos.
Alberto Kopitkke, pesquisador e diretor do Instituto Cidade Segura, destaca que os Estados Unidos criaram, ao longo das últimas décadas, diversos órgãos federais com pessoal especializado, entre eles agências nacionais voltadas para formular e induzir políticas e ações sobre crimes sexuais, violência contra a mulher, delinquência juvenil, etc. Ele cita ainda iniciativas na Inglaterra, como a Inspetoria Nacional de Polícia, que faz inspeções anuais nas polícias de cada região do país e criam relatórios que orientam a distribuição dos recursos.
"E [os Estados Unidos] são um país muito mais descentralizado que o Brasil em termos de segurança pública. Lá, as polícias são municipais. Mas o governo federal não abre mão do seu papel indutor. Enquanto isso, aqui nasceu a Lei Maria da Penha, que é um grande avanço. Mas onde está a agência para estruturar a política que vai garantir a aplicação da lei?", questiona. Segundo ele, com planejamento, o gasto dos recursos públicos também seria racional, evitando desperdícios com ações que não trazem resultado.
Ministério da Segurança
Para induzir políticas na área, Alberto Kopitkke defende a criação de um Ministério da Segurança Pública. "Não há uma solução simples, mas eu pessoalmente acredito que é preciso criar. Não é o suficiente, mas é necessário. Mas qual ministério? Tem que ser um órgão com estrutura técnica, o que no Brasil sempre é difícil. Tem que ser voltada para a gestão da segurança".
Ele lembra que o Brasil possui atualmente cinco órgãos ocupados majoritariamente por militares com status de ministério: o Exército, a Marinha, a Aeronáutica, o Ministério da Defesa e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). "Não entendo qual o medo de se ter esse ministério. Nós temos cinco ministérios militares. Porque não podemos ter um ministério com estrutura civil para tratar de um dos problemas mais sérios do Brasil?", questiona.
De acordo com o estudo do Ipea, para enfrentar a violência, o Brasil ainda precisa superar a visão militarista da segurança pública, que privilegia o confronto e a força, e se pautar por uma formação mais voltada para a segurança e as garantias do direito do cidadão. Neste sentido, a Constituição de 1988 não foi capaz de apresentar uma nova proposta de segurança pública, mantendo o formato e as atribuições dos órgãos. De lá pra cá, iniciativas nesse sentido também não evoluíram dentro dos governos. As polícias militares ainda são regulamentadas por um decreto-lei de 1983 e mantém concepções da década de 1970.
Os pesquisadores apontam também as limitações da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), criada em 1997, integrada ao Ministério da Justiça. O órgão, que poderia ter um papel importante na indução de políticas, terminou o ano de 2016 com menos de 60 servidores. “Tem poucos recursos humanos, além de pertencer a um ministério altamente complexo, que trata desde a questão indígena, passando pelo processo de nomeação de ministros do STJ e chegando a questões de justiça, exilados políticos e direito do consumidor”, diz Daniel Cerqueira.
Controle policial
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 17.688 pessoas foram mortas por policiais no Brasil entre 2009 e 2015. Ao mesmo tempo, acumulam-se casos de corrupção policial. Mudar todo esse quadro, na visão dos pesquisadores, demandaria uma mudança na política de controle das polícias.
A Constituição de 1988 manteve um dispositivo vigente no regime militar segundo o qual o Ministério Público (MP) tem a responsabilidade exclusiva pela fiscalização externa das atividades policiais. Uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) mostrou que os próprios membros do MP avaliam como pífia sua atuação neste sentido. Entre promotores de Justiça e procuradores da República, 88% disseram não ver esta atribuição como prioritária. Além disso, de 27 websites mantidos pelo MPs estaduais, 15 sequer mencionam essa linha de atuação.
De acordo com os pesquisadores, diante da inoperância do MP, surgiram as ouvidorias de policias estaduais, com poderes muito restritos. Elas recebem denúncias, encaminham para a corregedoria, acompanham e respondem. No entanto, não têm autonomia para investigar e dependem do trabalho de apuração interna da própria polícia. "O controle das polícias não pode ser apenas reativo. Não pode ser aquele controle que só vai em cima após o recebimento de uma denúncia", diz Daniel Cerqueira.
O estudo do Ipea aponta a necessidade de órgãos de controle não sujeitos à manipulação politica, que atuem não apenas na punição, mas também na prevenção de desvios nas condutas. Os pesquisadores defendem que exista um órgão federal específico para esta função, que seja ainda dotada de uma ouvidoria nacional para receber queixas relacionadas à conduta policial.
Edição: Davi Oliveira.
Baixe aqui o Atlas da Violência de 2017 http://www.ipea.gov.br/atlas violencia/download/2/2017.