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Ministro Pepe Vargas |
Dilma demite Florence por baixo desempenho e nomeia gaúcho Pepe Vargas; mudança reduz poder de Jaques Wagner.
Por: Luiza Damé, Catarina Alencastro e Gerson Camarotti.
BRASÍLIA.
A presidente Dilma Rousseff, surpreendendo até mesmo aliados, deu mais
um passo para fechar a reforma ministerial e imprimir o seu estilo de
governar.
Descontente com o fraco desempenho do ministro e enfrentando
reclamações de movimentos sociais sobre a paralisia do setor, Dilma
demitiu ontem o titular do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, que
será substituído pelo deputado gaúcho Pepe Vargas (PT-RS). Aliado do
governador da Bahia, Jaques Wagner, Florence (PT-BA) voltará para a
Câmara dos Deputados. Pepe Vargas, da corrente Democracia Socialista
(DS), a mesma de Florence, foi convidado na última quarta-feira, mas o
anúncio só foi feito na noite de ontem.
É o 12º ministro substituído pela presidente em pouco mais de um ano e dois meses de governo. Assim como fez ao afastar o ex-ministro da Pesca Luiz Sérgio, Dilma elogiou publicamente a atuação do ministro que sai. Em nota à imprensa, ela agradeceu "os inestimáveis serviços prestados" por Florence e disse que ele conduziu "com dedicação e eficiência ações que fortaleceram a agricultura familiar e contribuíram para a redução da pobreza no campo". A presidente desejou "boa sorte" a Vargas, "certa de que ele exercerá as novas funções com o mesmo empenho e compromisso que têm caracterizado sua vida pública".
O ex-ministro foi pego de surpresa. A assessoria do ministério já divulgara a agenda dele, na próxima terça-feira, em Maceió, onde participaria da entrega de retroescavadeiras a 31 municípios de Alagoas, dentro do programa de financiamento da construção e de recuperação de estradas vicinais.
O desempenho de Florence não agradava ao Planalto nem aos movimentos ligados à reforma agrária. Só após um ano de governo é que Dilma conseguiu fazer suas primeiras desapropriações de terras para reforma agrária. Foram desapropriadas 60 fazendas em 13 estados, que devem atender 2.739 famílias.
A saída do ministro enfraquece o poder de Jaques Wagner no governo federal e amplia o espaço dos gaúchos. Alguns já falam na criação da "República do Guaíba" ou "República do Chimarrão". Integram a ala gaúcha Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Luís Inácio Adams (Advocacia Geral da União), Marco Antônio Raupp (Ciência e Tecnologia), Maria do Rosário (Direitos Humanos), Alexandre Tombini (Banco Central), Mendes Ribeiro Filho (Agricultura) e Giles Azevedo (chefia de gabinete da Presidência).
Na formação do governo, Afonso Florence nunca foi o preferido de Dilma Rousseff. A outra opção era Lúcia Falcon, indicação do governador Marcelo Déda, de Sergipe. Ela chegou a ser convidada, mas prevaleceu a indicação de Wagner e da corrente DS.
- Fico surpreso com a formalização da troca. A expectativa era que Florence ficasse. Ele precisava consolidar o trabalho que vinha sendo feito de forma correta - comentou o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).
Correligionários de Florence admitem que ele já poderia ter caído há mais tempo, mas Dilma resolveu esperar um pouco, porque sua demissão seria um baque muito grande para o governador Jaques Wagner e a Bahia, que já tinham perdido José Sérgio Gabrielli da presidência da Petrobras e Mário Negromonte, do ministério das Cidades.
Dos 37 ministros que tomaram posse com Dilma, 11 saíram antes de Florence: Antonio Palocci (Casa Civil), Carlos Lupi (Trabalho), Alfredo Nascimento (Transportes), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esporte), Wagner Rossi (Agricultura), Nelson Jobim (Defesa), Fernando Haddad (Educação), Mário Negromonte (Cidades), Iriny Lopes (Mulheres) e Luiz Sérgio (Pesca).
FONTE: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha (Jornal O Globo)
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