segunda-feira, 19 de março de 2012

Eleições 2012. Contas Sujas. Passa dos 20 mil os políticos atingidos pela decisão do TSE.

Visão do Correio.


Não bastou reunir cerca de 1,6 milhão de assinaturas, bancar a aprovação e aguardar a confirmação da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa. A cidadania ainda não pode relaxar. É verdade que, desde o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que eliminou qualquer dúvida quanto à validade da lei e de sua aplicação nas eleições deste ano, vem surgindo no país clima favorável a iniciativas de ampliação da faxina.
 
Há animador sentimento de reconstrução da vida pública brasileira, como tem sido a extensão dos impedimentos previstos na Ficha Limpa à formação dos quadros de gestão e de servidores em todos os níveis da administração. Mas a purificação do processo eleitoral ainda requer a vigilância da cidadania contra reações e espertezas, enquanto se fazem a garimpagem de esconderijos e a eliminação de escurinhos que facilitam a sobrevivência de espertalhões.

É o caso da acertada decisão do Superior Tribunal Eleitoral (TSE) de que, para disputar eleição ou reeleição para prefeito ou vereador em outubro, o candidato dependerá de ter as contas da campanha de 2010 aprovadas pela Justiça Eleitoral. A exigência é tão correta e coerente com os propósitos da Ficha Limpa que a primeira reação das pessoas de bem é estranhar que só agora ela tenha sido adotada. De fato, até as eleições passadas, bastava o candidato fazer a entrega da prestação de contas para obter o registro da candidatura.

O TSE decidiu também que o registro poderá ser concedido aos candidatos que tiverem prestado contas, mas ainda aguardam o julgamento da Justiça Eleitoral. A preocupação do TSE com essas contas se justifica. É exatamente nesse momento que ocorrem os primeiros e definitivos lances do envolvimento do futuro administrador público ou legislador com interesses particulares. O encarecimento desenfreado das campanhas e o desejo de amealhar recursos extras (caixa 2) costumam ser tentações irresistíveis para os que se infiltram na política com propósitos escusos. Se o que a sociedade espera com a Ficha Limpa é fechar a porta aos corruptos, as contas de campanha rejeitadas pela autoridade são claramente atestado de mau comportamento.

Especialistas estimam que passa dos 20 mil os políticos atingidos pela decisão do TSE. Apenas nos três estados mais populosos — São Paulo, Minas e Rio de Janeiro — levantamentos preliminares com dados da Justiça Eleitoral indicam que 1.756 políticos que se candidataram em 2010 correm o risco de ser barrados pela decisão do TSE. Mas essa tranca na porta dos malfeitos eleitorais corre perigo. Primeiro foi o PT, que ingressou no próprio TSE solicitando a revisão da exigência. Depois, dirigentes de praticamente todos os partidos se uniram para pressionar o TSE a liberar a contabilidade não aprovada, sob o argumento de que a exigência configuraria mudança de regra em ano eleitoral.

Alegam os políticos que os partidos teriam de contar com mais tempo para se preparar. É de se perguntar com que propósito a legislação eleitoral, anterior à Ficha Limpa, exige a prestação das contas de campanha se não for para aprová-las ou rejeitá-las. A reação dos partidos era previsível, mas a sua intensidade chega a soar como alerta de que o TSE acertou em cheio e, por isso mesmo, precisa resistir à pressão. É o que espera a cidadania interessada no combate à corrupção.

FONTE: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha

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