Entidades de imprensa pedem reforço federal nas apurações do assassinato de jornalista. Execução estaria ligada a reportagens.
São Luís — Caso de pistolagem premeditada. Na
tarde de ontem, o titular da Secretaria Estadual de Segurança Pública
(SSP), Aluísio Mendes, em entrevista coletiva sobre as investigações da
morte do jornalista Décio Sá, disse que a ação dos assassinos tem
características claras de crime realizado por encomenda de um ou mais
mandantes.
Enquanto aguardava um amigo na Avenida Litorânea, na noite
da última segunda-feira, o repórter foi abordado por um homem ainda não
identificado, que atirou seis vezes com uma pistola .40, arma de uso
exclusivo da polícia, fugindo em seguida.
Em nota oficial, a Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), solicitou ao governo a interferência da
Polícia Federal no caso para garantir a celeridade das investigações.
Segundo Mendes, as investigações serão coordenadas pelos delegados
civis Maymone Barros, Jeffrey Furtado e Guilherme Filho e vão contar
com o apoio das polícias Militar e Federal. Para a polícia maranhense,
existe clara ligação entre o crime e o trabalho do jornalista em seu
blog. A investigação está concentrada na análise de matérias publicadas
na página. A última postagem ocorreu na segunda-feira. O título: "PV
não se entende e apoia PCdoB na Raposa". No mesmo dia, ele publicou
outra notícia contra dois homens a quem acusa de pistoleiros.
Polêmico, Décio Sá se autointitulava "O Detonador", em alusão às
críticas que fazia a políticos e órgãos do estado. Segundo o diretor de
redação do jornal O Estado do Maranhão, Ribamar Corrêa, o repórter
tinha predileção para os assuntos difíceis de apurar. "Ele era
polêmico, controvertido e às vezes provocador, mas era da natureza
dele", disse. "Não quero ver [Décio Sá] como uma vítima, mas como uma
referência às novas gerações de jornalismo que se formarem."
No fim da tarde de ontem, o jornalista foi enterrado no Cemitério
Jardim da Paz, na Estrada de Ribamar. Em torno do túmulo, a família e
os demais presentes proferiram orações e expressaram os sentimentos da
dor e da revolta diante do crime inesperado e brutal. O clima era de
comoção e indignação pela violência.
Notas de pesar
» Em comunicado conjunto, a Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís (MA) e o
Sindicato dos Radialistas do Maranhão se dirigiram às autoridades
locais para pedir uma apuração rápida do crime e a punição dos
culpados.
As entidades reivindicaram também que o Congresso Nacional
aprove projeto de lei que federaliza crimes cometidos contra
jornalistas. A nota ressalta "a atuação destemida" de Décio Sá e
destaca que "seu covarde assassinato deixa entristecida toda a
categoria dos jornalistas maranhenses e indignados todos os jornalistas
brasileiros".
» A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou, em nota, um
apelo à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, para que determinem à Polícia Federal que acompanhe as
investigações do assassinato de Décio Sá.
O comunicado pede que a PF
"não permaneça indiferente diante de tal brutalidade, que constitui
grave lesão à liberdade de expressão assegurada pela Constituição". A
ABI destacou também que a natureza do trabalho do jornalista levou à
sua morte. "Ele fazia um jornalismo combativo e esse foi, por certo, o
motivo de sua eliminação por sicários a serviço dos denunciados por
suas reportagens e suas opiniões."
FONTE:http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/25/pf-vai-investigar-morte-de-reporter/?searchterm=
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