Domingo, na capital da Somália, um cinegrafista tornou-se a 100ª vítima em 2012; uma morte a cada 62 horas.
GABRIEL MANZANO - O Estado de S.Paulo.
Guerras
na Síria e na Somália, conflitos no Paquistão e na Nigéria, crime
organizado no México, violência urbana e impunidade por toda parte.
Essa
receita, vivida diariamente por jornalistas em todo o planeta, resultou
num recorde: 100 profissionais de mídia mortos neste ano, segundo a ONG
suíça Press Emblem Campaign (PEC), de Genebra.
A 100.ª vítima, o
cinegrafista Mohamed Moallin, levou dois tiros em um subúrbio de
Mogadíscio, capital somali, no domingo.
A
conta dá um jornalista morto a cada 62 horas nos primeiros 260 dias de
2012. O recorde da PEC, que faz esse trabalho desde 2006, era de 122
baixas no ano inteiro de 2009, que representaram uma a cada 72 horas.
Na
lista, que inclui 21 países, quatro respondem por mais da metade desses
crimes: Síria, com 20 vítimas, México e Somália com 10 cada, e o Brasil
com 7.
Embora
exiba a lista completa - dia, lugar e nome da vítima - a PEC não
utiliza os mesmos critérios de outras entidades que acompanham o
assunto, o que resulta em dados diferentes.
A conta pode incluir
operadores de câmeras, técnicos de som e os chamados "netizens" (junção
de internet + citizen), não necessariamente jornalistas profissionais,
mas que se encarregam de divulgar, pela rede, informações das áreas de
conflito onde vivem.
Há
ONGs que exigem mais de duas fontes para confirmar o crime ou que
aguardam investigação oficial para ter certeza de que ele foi, de fato,
relacionado à busca de notícias.
Por isso, o International News Safety
Institute (Insi), por exemplo, contou até agora 90 jornalistas
assassinados no ano.
A ONG Repórteres Sem Fronteira registrou 68. O
Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), de Nova York, conta 64
vítimas.
De
qualquer modo, os números são altos e o assunto já chegou à agenda do
presidente da Assembleia-Geral da ONU, Abdulaziz al-Nasser. Em encontro
com várias dessas entidades, há uma semana, ele considerou "inaceitável
que jornalistas continuem sendo assassinados, ano a ano, e os criminosos
continuem quase sempre livres".
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