sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Em memória de Oscar Niemeyer.


No Rio de Janeiro faleceu um clássico da arquitetura mundial, o brasileiro Oscar Niemeyer. Faltavam apenas dez dias para cumprir 105 anos.

Em memória de Oscar Niemeyer - I.

Oscar Niemeyer contribuiu em quase todas as áreas da arquitetura moderna. Ele implementava a ideia da construção de edifícios em concreto armado com grande aspecto plástico.  Ministério das Relações Exteriores da Argélia, a sede da ONU em Nova York, a Catedral de Brasília ... Oscar Niemeyer não significa apenas as centenas de construções em muitas cidades do mundo. É também uma lenda real: 

o mais famoso experimento urbano do século XX - a nova capital do Brasil - a cidade futurista de Brasília, erguida em 1960, segundo o plano geral de Niemeyer. Desde então ficou claro que surgira um novo gênio arquitetônico, que não ficou intimidado com trabalho gigantesco: 

em poucos anos, no deserto, foi construída uma das cidades mais impressionantes do mundo. Aliás, ela está incluída na Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO.

O arquiteto falava assim: "Quando construíamos Brasília, parecia-nos que criávamos um mundo novo - diferente, livre, feliz, jovem. "Mais tarde, porém, amargamente comentava: "Nós construímos um santuário para burocratas. Os trabalhadores de lá não têm onde viver. Não, um arquiteto deve ser de esquerda."

As convicções de esquerda, comunistas, de Niemeyer desempenharam um papel significativo no reconhecimento das suas realizações na União Soviética. Seus livros foram publicados em russo e às inúmeras premiações de Niemeyer foi acrescentado o prémio Internacional Lenin Pela paz entre as nações, e a Ordem Russa da Amizade que foi lhe entregue em 2007. 

O renomado arquiteto Andrei Chernikhov em entrevista à Voz da Rússia assim falou sobre a morte do mestre: "Ele, de fato, era uma época inteira. Ele mostrou com a sua própria vida que a arquitetura como arte não tem idade. Nós todos desenhamos a "Brasília" dele - estes dois paralelepípedos finos, cones, tigelas invertidas. Assim que apareceram os projetos de Niemeyer com belíssimas viseiras curvas, todos os arquitetos soviéticos curvaram as viseiras em seus edifícios."

"Arquitetura não pode mudar nada, mas a vida muda totalmente a arquitetura ." Assim pensava o grande arquiteto Oscar Niemeyer. Ele sempre gostava de olhar para as nuvens, esperando a revelação nas suas formas em transformação constante ." Apesar de sua idade, Niemeyer continuava a trabalhar até os últimos dias. Na sua mesa ficou o projeto do novo edifício de um restaurante famoso NO Rio de Janeiro.

Oscar Niemeyer, principal nome da arquitetura no Brasil, morreu pouco antes das 22h desta quarta-feira (5), aos 104 anos, no Rio.

Em memória de Oscar Niemeyer - II.

Ele estava ao lado da mulher, Vera Lúcia, 67, de sobrinhos e de netos no momento da morte. Cerca de dez pessoas o acompanhavam em seu quarto.

Nascido no bairro de Laranjeiras, no Rio, Oscar Niemeyer se formou em arquitetura e engenharia na Escola Nacional de Belas Artes em 1934. 

Em seguida, trabalhou no escritório dos arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão, onde integrou a equipe do projeto do Ministério da Educação e Saúde.

Por indicação de Juscelino Kubitschek (1902-1976), então prefeito de Belo Horizonte, Niemeyer projetou, no início dos anos 1940, o Conjunto da Pampulha, que se tornaria uma de suas obras brasileiras mais conhecidas.

Em memória de Oscar Niemeyer - III.

 Em 1945, o arquiteto ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB), entrando em contato com Luiz Carlos Prestes e outros políticos. Ao longo das décadas, travou amizades com diversos líderes socialistas ao redor do planeta, viajando constantemente à União Soviética - conjunto de países comunistas liderado pela Rússia - e a Cuba.

Em 1947, Niemeyer fez parte da comissão de arquitetos que iniciou o projeto da sede da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York. A proposta elaborada por Niemeyer com o franco-suíço Le Corbusier serviu de base para a construção do prédio, inaugurado em 1952.

Em memória de Oscar Niemeyer - IV.

Durante os anos 50, projetou obras como o edifício Copan e o parque Ibirapuera, ambos em São Paulo, além de comandar o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Novacap, responsável pela construção de Brasília.

Ao lado de Lúcio Costa, ajudou a dar forma à nova capital, concebendo edifícios como o Palácio da Alvorada e o Congresso Nacional.

Em memória de Oscar Niemeyer - V.

Inaugurada em abril de 1960, Brasília transformou a paisagem natural do Brasil central em um dos marcos da arquitetura moderna.

Impedido de trabalhar no Brasil pela ditadura militar, Niemeyer se mudou em 1966 para Paris, onde abriu um escritório de arquitetura. Projetou a sede do Partido Comunista Francês, fez o Centro Cultural Le Havre, atualmente Le Volcan, realizou obras na Argélia, na Itália e em Portugal.

Após a anistia, retornou ao Brasil, no início dos anos 1980. No Rio, projetou os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública, apelidados de "brizolões") e o Sambódromo, durante o primeiro governo de Leonel Brizola no Estado (1983-1987).

Em 1988, Niemeyer se tornou o primeiro brasileiro vencedor do prêmio Pritzker - o Óscar da arquitetura. Depois dele, Paulo Mendes da Rocha recebeu a honraria, em 2006. Ainda em 1988, Niemeyer elaborou o projeto do Memorial da América Latina, em São Paulo.

Em memória de Oscar Niemeyer - VI.

Nos anos 1990 e 2000, a produção de Niemeyer continuou em alta, com a inauguração do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e o Auditório Ibirapuera, dentro do parque, em São Paulo.

Em 2003, exibiu sua versão de um pavilhão de exposições na tradicional galeria londrina Serpentine - que todo ano constrói um anexo temporário.

Em memória de Oscar Niemeyer - VII.

Em 2007, projetou o Centro Cultural de Avilés, sua primeira obra na Espanha, construída durante três anos ao custo de R$ 100 milhões. Inaugurado em março de 2011, o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer foi fechado após nove meses, em meio ao agravamento da crise econômica, desentendimentos entre o governo local e a administração do complexo no dia do aniversário de 104 anos de Niemeyer. Em meados de 2012, no entanto, o centro foi reaberto.

Em memória de Oscar Niemeyer - VIII.

Mais de 60 anos após a realização do Conjunto da Pampulha, o arquiteto voltou a assinar um projeto de grande porte em Minas Gerais em 2010, com a inauguração da Cidade Administrativa do governo do Estado, na Grande Belo Horizonte.

Atualmente, em Santos, está em execução o projeto de Niemeyer para o museu Pelé. A previsão é que a obra seja concluída em dezembro de 2012.

Fontes: 


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